História Sacerdotisa da Morte - Mikos e Reencarnação.

Como prometido, Gaara acompanhou os dois até o templo da reencarnação.

Antes de partirem, Hinata coletou mais pétalas de flores e guardou consigo. Aquela ação despertava uma curiosidade imensa em Naruto, o que Hinata planejava fazer com aquele frasco cheio de ingredientes.

Não demorou muito para chegarem na entrada do templo, Hinata caminhou na frente deles, ela deixava sua mão deslizar pelo corrimão da ponte. Ela abria a porta sem cerimônia, Naruto fitava Gaara sentindo um certo medo.

-Não precisa ficar nervoso. Vai dá tudo certo.

O rapaz entrou no templo deixando Naruto para traz. O loiro engoliu seco, era seu último desafio, sua última conversa.

Passou suas mãos no cabelo, pisava firme no chão causando um leve som alto, puou algumas vezes como se estivesse se preparando para entrar numa luta.

A porta se abre novamente, Hinata deixa exposto apenas seu rosto. Ela observava as ações do rapaz por algum tempo, se sentiu desconfortada por atrapalhar seu momento de concentração.

-Não vai entrar?

-E-e-e-eu já ia fazer isso. –Sentiu vergonha. –Foi mal pela demora.

Hinata ia na frente indicando o local como sempre fez. Quando chegaram numa sala, lá se encontrava Gaara conversando com um rapaz, Naruto deduziu que aquele jovem era a tal reencarnação. Hinata propõe para ele se sentar diante de Shikamaru, enquanto ela e o Gaara iam sentar ao lado dele.

-Devo desconfiar que esse é o rapaz que a Hinata está ajudando. –Shikamaru fitava o loiro.

-E você é a Reencarnação, certo?

-Isso mesmo. –Ele se arrumava na cadeira.

-É... não estou tão impressionado...

Aquele comentário fez surgi umas risadas no ambiente.

-Que ousadia, Naruto. –Hinata cobria uma parte de seu rosto com a manga do kimono.

-Vejo que o bom humor não desapareceu. –Gaara estendia sua mão para Hinata, ela entregava o tal recipiente.

-Para uma situação como essa, ri é bom. –Shimakaru soltava um leve suspiro. –Agora me explique. Por que não quer reencarnar?

-Muito simples! Preciso voltar, quero cuidar de minha mãe, terminar a faculdade. Ter uma vida normal.

Um leve silencio surgiu, tanto Gaara como a Hinata olhavam para o rapaz. Cada vez que ele mencionava sua mãe, sentia que Naruto não aguentava mais aquela conversa.

Shikamaru apenas pegou um relatório que estava sob sua mesa, ele lia e relia.

-Destino deixou isso comigo mais cedo. Aqui está escrito o que aconteceu exatamente contigo na noite. Gostaria de ler? –Ele alcançava a folha para o Naruto.

-Não precisa. Sei muito bem o que aconteceu.

-Shikamaru, Naruto foi vítima de um assalto a mão armada. Nesses casos ele tem chances de voltar não é mesmo? Só gostaria de confirmar. –Hinata pegou a folha para ler.

-Sim, mas não exatamente isso que o matou. O que matou foi a idiotice desse. –Ele indicava com o dedo o Naruto.

-Já sei que minha paixão por ela foi idiotice. Obrigado por relembrar. –Ele já estava perdendo a paciência.

-Não, você ainda não entendo. Já que consegue lembrar, me confirma se estou certo. Você chegou em casa exausto, recebeu um telefonema de um amigo informando que a tal garota havia chegado na cidade.

-Sim. Por enquanto está certo.

-Então concorda comigo quando falo que a área que você mora é perigosa a noite? Possui placas alertando que há presencia de pervertidos e assaltantes.

-Er... Sim.

-O erro não foi você querer sair à noite, mesmo sabendo que era perigoso.

-Está me dizendo que a Tenten disse não era verdade? –Naruto se levantou da cadeira.

-Naruto, ele está dizendo que sua decisão foi compulsiva. Um erro simples. –Gaara procurava acalmar o rapaz.

-Tenten não está errada. –Hinata completava. –Essa paixão tem um pouco de influência na sua decisão.

-AAAH! –Ele jogava a cabeça para trás. –Não aguento mais! Eu só quero retornar pra minha vida, é tão difícil assim?

-Claro que não. Reencarnar, ter o descanso eterno e reviver são coisas simples. Cabe a você escolher! –Shimakaru pegava a folha das mãos de Hinata.

-Então, eu quero voltar. Mas o Tempo disse que vocês iam me mostrar os prós e contras.

-Não há prós e contras. Sua vida só vai mudar apenas. Pode nascer como mulher, ou um animal. Sua vida nova pode ser boa e fácil, ou ter várias dificuldades. Nunca se sabe.

-Que ruim...

-Problemático.

-A pergunta que deve ser respondida é: Está de acordo que o Naruto tenha uma segunda chance? –Gaara demostrava uma expressão de sério.

-Por mim... Só não entendo por que o Neji mandou ele fazer essa caminhada toda. –Shikamaru fitava a Hinata.

-Nem me pergunte. Não entendo que se passa naquela cabeça. –Hinata olhava para o outro lado.

-Posso voltar agora? –Em um só pulo, Naruto se levantava da cadeira.

-Essa parte que não é fácil.

-Você disse que as coisas são fáceis!

-Decisões são fáceis, ações não.

-Sério? –Hinata olhava para ele com um tom de desconfiança.

-É que nem se declarar. Você decide, mas não tem coragem de se aproximar. –Gaara respondia para ela.

-Acho que tens razão. Não vai completar? –Ela olhava para o recipiente.

Shikamaru pegava a garrafa, levantou de sua cadeira e caminhou para o fundo de um corredor. Lá eles ouviram sons de coisas caindo no chão, idêntico a Tenten.

Ele retorna para sala com pacote cheio de pó amarelo brilhando, derrama uma certa quantidade no frasco. Entregando a garrafa para Hinata.

-O que é isso? –Naruto tentava observar de longe.

-Haha, logo saberá. –Ela guardava a garrafa. –Preciso coletar mais um ingrediente. Poderia me acompanhar, Naruto?

-C-claro. Mas não vamos falar com o Tempo?

-Primeiro deixe o Gaara e o Shikamaru conversarem mais um pouco. Eles precisam colocar algumas coisas em dia. Por favor, venha.

Hinata se retirou da sala sem falar uma palavra, Naruto olhou para os dois rapazes, eles apenas fizeram sinal com a mão para ele se retirar. Ele apenas correu para tentar alcançar a mulher.

Hinata já estava na metade da ponte, ele percebeu que ela estava caminhando rápido demais. Sem entender o porquê, ele correu em direção dela, segurando-a pelo braço.

A mulher parou ao sentir o toque dele, novamente na sua frente, Naruto procurava recuperar o folego.

-Desculpe, eu fiquei um pouco afobada. Está melhor?

-Sim, não tem problema. Você caminha muito rápido.

-Perdão. Preciso terminar essa tarefa. –Novamente ela pegou o frasco.

-Agora pode me explicar pra que serve isso?

-Me acompanhe. –Novamente ela voltou a caminhar. –Isso vai ser útil para completar sua jornada. É sua chave para voltar no passado e corrigir seus erros.

-E aonde certamente errei? Não estou entendo mais nada.

-Bem provável que você deve de retornar na infância, quando conheceu a garota. –Ela continuou caminhando até parar na frente de uma arvore gigante.

-E minha vida irá mudar muito? –Naruto contemplava a imensidão da arvore.

-Não, só vai mudar os momentos que teve com ela ou pensou nela.

-É... –Ele se sentou no chão, encostando na arvore. –Ficando perto de meus pais já está de bom tamanho.

-Sim. –Ela arrancava uma lasca da caca da arvore.

-Antes de ir, gostaria de saber mais como é sua passeada no nosso mundo.

-Passeada?

-Sim. Você mesma disse que tem razões para caminhar em nosso mundo.

-Oh, você quer saber mais? –Ela coletava a seiva na arvore.

-Claro! –Ele parecia animado.

-Tudo bem. –Ela guardava o frasco. –Por onde devo começar? –Sentou ao lado dele.

-Das mikos!

-Estou espantada por você não souber essa história. Existiu um clã, composto por essas mikos que ouviam o último desejo das pessoas em seus leitos de morte. Elas não podiam revelar aqueles segredos para ninguém.

-Nunca ouvi sobre elas infelizmente.

-Já faz um bom tempo que elas não praticam mais esse ato.

-Por que?

-Entre as mikos mais velhas, havia uma mais jovem. Na sua primeira vez, ela ouviu o desejo de um senhor de idade rico. Uns dias depois, ela sumiu sem deixar rastros. No outro dia, após de seu sumiço, encontraram o corpo dela na beira de um riacho, com sinais de tortura. A morte dela me marcou, de alguma forma me pus no lugar dela.

-Aquele velho deveria ter passado informações para ela, não é mesmo?

-Sim. Eu conversei com ela, e não estava triste, nem sentia ódio pelas pessoas que causaram a morte dela. Estava feliz por realizar um desejo. –Ele deu uma leve pausa. –Consegue compreender?

-Não. Nem um pouco.

-Nem eu. Desde então, eu volto para o mundo de vocês, com a mesma idade e a mesma roupa que ela usava.

-E você meio que cumpri a missão dela, não é mesmo?

-Sim.

-Que história interessante. –Ele olhava para o céu.

-Possui uma história interessante, Naruto?

-Não. Minha vida nem é tão interessante assim.

-E quer voltar a viver dizendo isso? Não deixe ninguém ouvir! –Ela ria.

-P-pois é. Bem lembrado, vou ficar quieto.

De longe perceberam que Gaara estava saindo do templo de shikamaru. Hinata se levantou do chão, pediu para o Naruto fazer o mesmo. Estava na hora de retornar para o templo de Neji e ajustar a vida de Naruto.