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História Safety - A varanda


Escrita por: Carol__R

Notas do Autor


ok ok eu nao pretendia postar tao rapido, mas nao me controlo

Capítulo 2 - A varanda


Fanfic / Fanfiction Safety - A varanda

Foi difícil para Antony ficar observando aquele jovem. Aquele menino dormindo com a cabeça em seu ombro era tudo o que Antony sufocou em seu peito por dezesseis anos vindo a tona e aquilo doeu mais que um tiro. Ele já havia levado dois deles e não machucaram tanto assim. Quando se é jovem, é praticamente impossível não foder com tudo pelo menos uma vez e Antony havia feito isso diversas vezes. Não acreditava ser merecedor de uma segunda chance até ver o rosto de Zach iluminado pela chama do isqueiro.

Ainda iluminando o rosto do mais novo, ele aproxima os dedos da bochecha dele e toca apenas as pontas, temendo que ele acorde. Seu peito se apertou, lembrando-se de como fora injusto no passado. A expressão calma do outro transmitia alguma paz ao mais velho. O telefone de emergência tocou, atrapalhando o momento de contemplação de Antony, que suspira e tira cuidadosamente a cabeça de Zach para o lado.

-Boa noite senhor, poderia nos informar se tem mais pessoas no elevador com você? - o técnico fala no outro lado da linha.

-Sim, tem um jovem comigo - responde observando-o.

-Tivemos problemas sérios, mas que já foram resolvidos. O elevador retornará o funcionamento normal dentro de um minuto. Perdoe-nos pelo transtorno e uma boa noite aos senhores.

Não demora muito e o elevador volta a se mover. As luzes acendem e logo eles estão no andar desejado. Antony larga o isqueiro no chão e sai assim que as portas de metal se abrem. Zach abre os olhos, tentando acostumar-se com a luz e olha em volta, procurando seu “companheiro de cela”. Franze as sobrancelhas ao não achar nada além do isqueiro ao seu lado. Ele levanta, pega a mochila e sai antes que alguém apareça por ali. Atravessa o corredor rapidamente e entra em seu apartamento, encontrando o mesmo arrumado - bem diferente de quando saiu.

-Mãe? - pergunta, adentrando mais à sua casa.

-Oi filho, aqui na cozinha - a mais velha diz e ele percebe o sorriso na fala da mãe. - Você estava demorando, então resolvi fazer algo para comermos.

-Acabei ficando preso no elevador com problema por esse tempo todo - comenta, escorando-se na bancada da cozinha.

-E você está bem? - ela larga tudo e segura o rosto do caçula entre as mãos. - Não teve nenhuma crise?

-Tive um princípio, mas um cara gentil me ajudou - sorri de lado, lembrando-se dos esforços do outro para mantê-lo distraído.

-Que bom que ainda exista gente legal por aí - ela sorri abertamente. - Seu irmão quer te ver - comenta ela, voltando às panelas.

-Sério? - ele arregala os olhos. Zach tinha apenas oito anos quando o irmão sofreu um acidente grave. Depois disso, o mais velho se mudou para a Austrália morar com um amigo de sua mãe, desde então, eles se viam pouco. - Ele está aqui?

-Falou comigo? - o outro aparece no cômodo, sorrindo também.

-Ai meu deus - Zach largou o copo d’água em cima da bancada e correu para abraçar seu irmão. - Que saudades que eu estava de você!

-Eu mentiria se dissesse que também não senti sua falta.

-Quando você chegou? - perguntou animadamente, ainda abraçado de lado no irmão.

-Calma, Zach, seu irmão está cansado - a mãe ri da euforia do mais novo.

-Desculpa - ri, envergonhado.

-Tudo bem. Eu cheguei hoje e, se meu irmãozinho permitir, pretendo ficar por aqui um bom tempo - fala, sentando-se por começar a sentir-se cansado.

-Se depender de mim você nunca mais sai daqui - estreita os olhos.

-Socorro mãe, seu neném pretende me deixar em cárcere privado - finge estar amedrontado e depois os três riem.

-E então, qual é a sensação da prótese nova?  - o caçula pergunta curioso, sentando-se ao lado do irmão.

-Nem parece que eu perdi metade da minha perna há alguns anos - fala fazendo pouco caso.

-Você é um idiota mesmo, Jamie - Amber fala rindo dos dois filhos.

Enquanto um momento feliz em família acontecia no apartamento de Zach, Antony estava sentado no sofá da sala de estar, não acreditando no que lia. Não poderia ser verdade. Por que diabos isso viria à tona depois de trinta e dois anos? “Causa da morte: hemorragia causada por projétil”. “Testemunha ocular, esposo da vítima.” Sua cabeça girava, então ele desistiu de tentar entender aquilo agora e apenas guardou os arquivos na caixa. Levantou-se necessitado de algo forte e foi até o bar no canto da sala de jantar, servindo-se de uma dose de uísque doze anos. Hoje parece que a vida resolveu brincar com a sua cara. Pegou o copo sem gelo e encaminhou-se para a varanda, disposto a tomar um ar.

O ar estava gelado, nem parecia que estavam em Los Angeles que mesmo nos meses de inverno fazia calor. Olhou para o lado e avistou uma mulher de mais ou menos cinquenta anos. Ela tinha uma taça de vinho na mão e na outra um cigarro. Ela olha para ele e sorri, soltando a fumaça pela boca. Ele parecia conhecer seu rosto, mas não se recordava de onde.  Ele é arrancado de seus pensamentos quando a campainha toca. Ele volta para dentro, fechando a porta de correr e foi até a porta da frente ver quem o visitaria essa hora da noite.

-Eu preciso de um lugar para ficar - Joe fala parado na sua porta, com o terno parcialmente aberto e uma marca avermelhada na bochecha.

-Você precisa mesmo é de uma dose de uísque e de um contrato de divórcio - fala, abrindo espaço para o irmão entrar.

-Você podia parar de implicar com meu casamento - Joe resmunga, largando sua mochila na mesa de centro.

-Que culpa eu tenho se você não ama sua esposa? - Antony pergunta, servindo agora duas doses de uísque. -Melhor dizendo, que culpa eu tenho se você é um covarde e não luta por quem ama?

-Você sabe que é impossível, Tony - Joe suspira, tomando um longo gole do líquido âmbar.

-Só é impossível porque você quer - deu ênfase no “você”, sentando-se ao lado do irmão.

-Desculpa não ser tão corajoso quanto você - retruca irônico, arrancando uma risada do outro.

-Somos dois covardes - Antony comenta, tão amargo quanto a bebida que ambos apreciavam.

-Pelo menos alguém dessa família tem coragem de fazer alguma coisa - bufa uma jovem, entrando estrondosamente no apartamento.

-Todo mundo resolveu invadir minha casa hoje? - Antony reclama, mas a mais nova apenas dá de ombros.

-Brigou com a mulher de novo? - Sophie pergunta, jogando-se na poltrona.

-Cadê a novidade? - o dono da casa ironiza, pegando um outro copo para a irmã.

-Vocês dois são um porre - Joe protesta.

-E você está perdendo o amor da sua vida - a garota estreita os olhos. - Falando nisso, Tony eu preciso conversar com você.

-Não tem nada para comer? - Joe pergunta, esfregando a barriga por cima da camisa social branca.

-O dono de restaurante de luxo aqui é você, se vira - Tony responde, recebendo um revirar de olhos do irmão. - Então, o que você quer? - Pergunta para a caçula quando o outro sai em direção à cozinha.

-Podemos ir até a varanda? Preciso de um ar e você também vai precisar depois do que eu vou falar - ele assente e os dois caminham em silêncio até a varanda. Antony se apoia de costas para a sacada do vizinho, prestando atenção na sua irmã, que está com uma expressão de surpresa no rosto. - Tony - Sophie arqueja com os olhos arregalados.

-O que foi? - ele pergunta, franzindo as sobrancelhas. Ela até abre a boca para falar alguma coisa, mas falha miseravelmente, apenas apontando com a cabeça para algo atrás do irmão.Antony então se vira e seu queixo cai ao chão.Piscou com força para ter certeza que não era uma miragem. simplesmente não podia ser verdade. Derrubou o copo vazio, deixando o mesmo alcançar o piso e se espatifar, chamando a atenção dos dois vizinhos. O sorriso de um deles se desfaz instantaneamente enquanto eles se encararam surpresos.

Era claro que James iria encontrá-lo, isso seria inevitável, mas não achou que seria tão cedo. Ele sequer teve tempo de conversar com seu irmão direito, contar a história que nunca tivera coragem. Levou dezesseis anos para conseguir voltar e logo no primeiro dia toda sua vida volta à tona. Ok, ele era um homem de trinta e três anos, mas sentia-se com dezessete novamente. Sentia-se em choque, da mesma maneira que quando acordou no hospital ou quando recebeu as cartas. Já Zach estava confuso com a situação presente. Ele encarava o homem que estava preso consigo mais cedo naquele elevador, se perguntando o por quê de seu irmão estar tão surpreso.

-Acho que nossa conversa vai ficar para outro dia - comenta, virando o olhar para o irmão.

-Infelizmente - James responde e se retira. Zach olha para o lado, mas a sacada vizinha também estava vazia. Ele bufa e se atira no sofá de vime. Puxa a carteira de cigarros do bolso traseiro e acende um com o isqueiro encontrado no elevador.

A vida do seu irmão sempre o intrigou. Sempre foi um grande ponto de interrogação para ele. Afinal, seu companheiro ficara dezesseis anos longe, incluindo um em coma, e Zach nunca soube o que aconteceu no dia daquele maldito acidente. E ele nunca perdoaria o causador de tudo aquilo, a pessoa que tirou seu melhor amigo de perto de si. Nunca perdoaria por ver sua mãe chorar de saudades do primogênito e ver seu pai brigando com ela por causa do garoto.

-Filho? - Amber pergunta, parada na porta e observando o seu garotinho.

-Oi mãe - ele responde sem desviar os olhos da paisagem noturna de Los Angeles.

-Não fique bravo com seu irmão por ele ter saído - ela fala calmamente se aproximando do jovem e retirando o cigarro que repousava entre os lábios do mesmo, jogando-o fora. - Será que você está disposto a ouvir uma história? - Pergunta, sentando-se ao lado de Zach.

-Depende do tipo de história - ele sorri de lado, repousando a cabeça sobre as pernas da mãe.

-Uma bem dramática, mas também divertida - ela dá uma risadinha. - Você vai saber que sua mãe também era aventureira - brinca, enroscando os dedos nas madeixas compridas e negras do caçula. - Quando eu tinha mais ou menos sua idade, um ou dois anos antes de Jamie nascer, foram os melhores da minha vida. Não me entenda errado, é claro que eu fui feliz depois que tive vocês, mas é que aqueles foram os anos dourados sabe - ela suspira nostálgica. - Éramos um grupo de amigos músicos. E a gente era realmente bom no que fazíamos, viajamos o mundo inteiro tocando por aí. Até que chegou uma garota nova. Ela era incrível sabe, logo nos tornamos melhores amigas. Você teria amado conhecê-la, era difícil não gostar dela. Mesmo que a gente não soubesse muito sobre o seu passado, ela conquistou cada um de nós. Cassie era seu nome. Meu melhor amigo e “líder” do nosso grupo acabou se apaixonando por ela. Depois de eles muito enrolarem naquele chove não molha, eles casaram e tiveram dois gêmeos e uma garotinha. O problema é que ela tinha um irmão gostoso pra caramba. É sério, ele era um pedaço de mau caminho - ela fala arrancando risos do mais novo. - E bem, naquela época o meu relacionamento com seu pai não estava indo muito bem e numa noite regada a champanhe, eu acabei transando com ele.

-Ai meu deus você transou com o irmão da sua melhor amiga? - olha para ela num misto de incredulidade e divertimento.

-Sim. No dia do casamento dela - comenta, rindo ainda mais. - Bom, chegando no ponto que eu queria, foi meio que nesse dia que o seu irmão Jamie foi concebido - comenta alisando as bochechas de Zach.

-Jamie não é filho do Dylan? - o queixo do mais novo cai em sinal de surpresa, isso era algo que ele não esperava.

-Não. Esse amigo meu que mora na Austrália é o pai dele. A gente tinha perdido o contato, mas eu não conseguia ver seu irmão sofrer, então passei por cima do meu orgulho e o mandei para morar com Damon.

-E o resto do grupo? - questiona curioso.

-Cassie faleceu no parto da sua menina, o marido dela, Sonny, ficou muito ocupado cuidando das três crianças e de uma gravadora de sucesso, acabamos nos afastando. Outro casal de amigos se mudou para a Suíça com os dois filhos adotivos, um deles foi visitar os pais no japão e acabou falecendo em um tsunami e o outro… eu nunca mais tive notícias - suspira tristemente.

-E você nunca pensou em procurá-los?

-Nosso tempo acabou de uma forma trágica, não sei se conseguiríamos voltar a ser como era antes, entende? - o garoto não entendia muito bem, mas assentiu mesmo assim.

-Onde você quer chegar com essa história? - franze o cenho, sentando-se ereto.

-Porque a gente se separou por causa de um acidente que a gente nunca superou e nunca teve coragem de falar sobre. Não quero que isso aconteça com meus dois nenês, eu não quero que vocês se separem.

-Mãe, eu praticamente não convivi com o James. Eu posso viver mais alguns dias com ele longe - Zach suspira, recostando a cabeça no ombro da progenitora.

-Você sempre foi a pessoa mais sensata dessa família - ela ri acariciando os cabelos do caçula.


Notas Finais




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