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História Saint Seiya - Memórias: A História Oculta do Santuário - INTERLÚDIO :: Van Qüine


Escrita por: Katrinnae e Draconnasti

Notas do Autor


Esse será o penúltimo capítulo antes de migrar para uma nova fase dessa história, e o próximo Interlúdio, fechando esse ciclo, trará muitas novidades com ponte para uma nova história a ser publicada em breve. :)

Capítulo 33 - INTERLÚDIO :: Van Qüine


Não foi a sua melhor noite. Deitara e se levantara inúmeras vezes naquela noite com mil pensamentos rondando sua mente, sem contar o aperto em seu peito que o levava a massagear a região. Olhava o corpo como se esperasse ainda encontrar-se sujo de sangue. Por mais limpo que estivesse, ainda era capaz de sentir aquele cheiro que, no momento que a tomou nos braços, não foi capaz de perceber.

Queria estar lá quando acordasse, mas Kiki o expulsou antes disso para que as servas pudessem fazer o seu trabalho, acabando por ficar em Gêmeos. Nem mesmo conseguia se concentrar no diário, deixando-o na mesinha de cabeceira ao lado da cama e olhando as estrelas.

O céu estava lindo, e uma estrela brilhava intensamente naquela noite.

Era Antares, da constelação de Escorpião.

 

Nem bem o dia amanheceu Qüine desceu as escadarias direto para Áries, encontrando-a silenciosa. Avançara em direção aos aposentos privativos do Templo esperando não encontrar Kiki e este o expulsasse novamente. Porém, não viu qualquer sinal dele. Empurrou levemente a porta do quarto onde estava Antares e uma das servas ao lado da cama da jovem, ainda desfalecida, e voltando-se para a imagem do Qüine que tinha o olhar voltado para Antares.

— O senhor não pode ficar aqui! — disse a serva recolhendo as bandagens sujas, voltando-se para Qüine. — O Sr. Kiki disse que ninguém pode ficar aqui.

— Bom, ele não vai saber se você não contar. — disse Qüine ainda na porta, olhando pra fora para ver se Kiki aparecia, mas esperava que fosse demorar. — Pode deixar, eu não direi que me viu entrar. Precisava... Precisava vê-la como está. — disse num tom preocupado e se aproximando da cama.

— A febre diminuiu, mas ainda requer cuidados. — disse a jovem olhando para Antares e voltando para um Qüine estarrecido. — Eu vou preparar mais unguentos. Apenas, molhe os lábios dela de vez em quando. — sorriu para ele, sendo agradecida por Qüine que fecha a porta no trinco somente.

Quando sozinho, Qüine se voltou para a Antares deitada, ainda inconsciente desde que a tomou em seus braços desmaiada. Aproximou-se da cama e ficou a observar seu corpo, tão pequeno e frágil recebendo treinamentos tão árduos. Kiki não lhe contava nada, e aquilo o deixava às cegas, injuriado. Pior ainda se ele o visse ali, mas sentia-se impelido a vê-la, sobre seu progresso.

Infelizmente, não houve progresso algum.

Estava pálida pela perda de sangue, embora não parecesse tão ruim quanto quando a carregou até Áries. Lábios arroxeados e olhos fundos tornavam seu semblante pesado, quase como uma máscara mortuária. As mãos estavam pousadas sobre a barriga, uma sobre a outra.

Estava usando um vestido leve, de cor branca que em nada fazia para esconder as ataduras que estavam em contato direto com sua pele febril. Três manchas vermelhas se faziam presentes sobre as faixas de linho esterilizadas em seu torso, de um ombro a outro, aparentando grande precisão.

Teria sido obra de algum daqueles quatro?

Ele puxou uma cadeira e colocando ao seu lado, próximo à mesa de cabeceira onde descansava uma bacia com água da qual ele conferiu estar fresco. Certamente usavam para fazer compressas. Ele molhou o pano e torceu, mas não muito. Queria deixá-lo suficientemente úmido para molhar aqueles lábios tão ressecados.

— Vendo-a assim, nem me parece aquela garota grossa e desbocada que conheci há alguns dias. Você tão... tão frágil... — dizia Qüine, com a voz levemente embargada. Engoliu as palavras que se seguiria e ficando a contemplá-la por alguns instantes, em silêncio. — Onde estava aquela garota quando a tratavam daquele jeito? Onde estava aquela garota marrenta e... e... Droga! A quem quero enganar...

E recostou na cadeira, pousando o pano em seu colo. A garota nem mesmo se moveu, mantendo-se adormecida. Um dia antes havia discutido com ela, e naquela manhã Kiki o obrigara a se desculpar por suas palavras duras das quais aquelas mesmas pessoas estavam a falar-lhe, mas de maneira bem mais depreciativa. Ficara toda a noite relembrando aquilo, consumindo-o. Qüine se sentia um lixo! Embora a tivesse ajudado, nas foi diferente dos outros.

— E-Eu... Eu não fui sincero naquele meu pedido de desculpa. Falei apenas para Kiki não ficar me enchendo, mas... — ele respirava fundo. — Mas eu fui realmente babaca, muito babaca com você, tal como aqueles quatro. Eu fui tão cretino com você como tantas vezes foram comigo.

Qüine pousou seus olhos novamente sobre ela, levando a mão ao seu rosto e limpando-a das mechas de cabelos, arrumando sobre a almofada. A imagem dela deitada lhe causava calafrios inexplicáveis, juntamente com um aperto na garganta.

— Não gosto de comentar sobre isso, mas... Na verdade eu queria esquecer! Quando vi aquilo, tudo veio à tona novamente. — dizia, com seus olhos rondando o quarto sem um lugar definido. — As pessoas sabem ser bem cruéis quando querem, e... e por coisas... tão pequenas! Com você, parece que são pelos olhos... — e ele riu, baixando a cabeça. — Até parece que isso soa bizarro quando rasgamos o chão com um chute e podemos criar coisas tão fantásticas por despertarmos o cosmo. Que coisa estúpida! Comigo foi igualmente idiota, pois era hostilizado somente por ser... adotado.

Dizer aquilo fez Qüine engolir à seco. Porque estava a dizer aquilo, ele não sabia. Jamais conversara aquilo com qualquer um, muito menos com Kiki. Assim como a própria Antares, mostrava-se forte, mas era facilmente coagida por fantasmas como aqueles que ouviu. As lembranças que vieram à sua mente naquele momento foram um tanto traumáticas, principalmente da maneira como lhe dirigiam com palavras tão duras.

— Talvez você não entenda, mas... algumas pessoas possuem certo preconceito com crianças como eu, por não ser um filho 'legítimo'. Isso faz algum sentido pra você? — Ele mordiscava os lábios, tentando sorrir, arqueando o semblante e franzindo em seguida. — Nunca fez pra mim. Eram cruéis porque faziam questão de me dizer isso, dizendo que fui abandonado, largado pelos meus pais. Chegaram a dizer que... que eu... — Qüine sentiu a boca secar naquele momento. — Que eu fui jogado no lixo por eles porque não me queriam... Disso passaram a dizer que fui encontrado no lixo e meus pais me adotaram por pena e que... que um dia... também me jogariam fora.

Qüine sentiu a lágrima ganhar sua face quando se voltou para Antares, limpando em seguida. Molhou a mão na bacia para lavar o rosto e o pano que ainda tinha em mãos. Torceu com cuidado, mantendo-o úmido suficiente para dobrar e colocar na fronte dela.

Por um instante aquilo a fez lembrar de sua mãe adotiva, Anne Elise, quando colocava compressa em sua testa quando teve o que foi diagnosticado de 'febre emocional'. Riu, deixando uma nova lágrima ganhar sua face.

— Eu bati tanto nos garotos nesse dia que acabei dando razão para comentários piores. Passaram a falar que eu era violento porque meus pais deveriam ser bandidos, que nasci na cadeia e... e tantas outras coisas que não queria mais sair de casa. — e ele olhou pra cima, como se buscasse forças para continuar aquela confissão. — E lembro quando fiquei doente.... A única vez que fiquei doente, com uma... ‘febre emocional’ como o médico disse. Tudo isso porque... porque fui o único não convidado para a festa de aniversário... por ser uma má influência aos ‘garotos de família’.

Aquela lembrança o fez soluçar, mas Qüine se controlou. O que menos queria era chamar atenção naquele momento, mas era tarde demais.

Sem que percebesse, Kiki estava a ouvi-lo escondido atrás porta, recostado na parede, comovido igualmente ao garoto que se confessava a jovem adormecida, enfraquecida pelos ferimentos. Mantinha-se em silêncio, apenas ouvindo tudo aquilo. Jamais ouviu Qüine comentar ou mesmo demonstrar tamanha sensibilidade. Nem mesmo o lemuriano fazia ideia da tribulação do garoto.

Seguia para ver Antares após uma visita rápida no Templo do Patriarca quando ouviu a voz do irmão mais novo. Iria repreendê-lo por desobedecer a uma ordem, mas ouvindo aquilo, desistiu, ficando apenas a ouvir.

Dispensara até mesmo a serva que voltava com mais unguentos. Não queria interromper aquele momento, embora ele mesmo estivesse propenso a entrar no quarto e abraçá-lo, mas estava resistindo.

— Nem sei por que estou te contando isso. Eu-... Eu nunca contei nada disso ao Kiki. Não queria que ele... que ele pensasse que meus pais foram relapsos, muito pelo contrário. Eu os amava demais! Eles jamais... jamais permitiram que... que eu dissesse ser adotado. — ele dizia, soluçando. — A minha mãe enchia o peito para dizer ‘Meu filho!’, e me disse que não fui encontrado no lixo... — ele riu novamente, levando a mão ao rosto, secando as lágrimas. — Que meus pais não me abandonaram... Mas eu guardei isso por anos. Guardei esse sentimento de desprezo até... até...

Qüine se virou puxando uma bolsa que trazia sempre consigo, tirando dele um diário, pousando em seu colo. Seus dedos passaram sobre a capa de couro com um SS e sorriu, voltando-se para Antares deitada.

— O meu desprezo deu lugar a forte admiração à minha mãe. Ela me deixou esse presente. Ela me deixou suas memórias, não somente dela como de meu pai. — ele dizia com orgulho, ainda com a voz embargada. — E sabe o que é realmente estranho? Ela escrevia como se esperasse deixar isso pra mim um dia. A maneira como ela descreve os lugares, me guiando a cada lugar... Sinto como se ela estivesse comigo todo o tempo. Foi ela quem me guiou até o Campo das Amazonas, onde a conheci naquela noite. — e ele riu novamente. — Será que ela também sabia disso?

 “Ela narra tantas coisas, sobre seus dias como aprendiz e sobre o Santuário, sobre as estrelas que ela adorava contemplar e de como conversava com elas... Mais que isso, é ler o que diz sobre meu pai. Ela o admirava! A maneira como ela fala dele me faz ver o brilho de seus olhos. Numa passagem ela diz que meu pai comparou seus olhos a uma íris, uma flor roxa da qual ele a presenteou... e ela guardou isso aqui, nesse diário. E está aqui, até hoje.

Ela fala dos dias de treino com ele, hora com meu tio Kanon, irmão gêmeo de meu pai. Hora quando os assistia treinar e brigar, ou quando os dois ficavam a assistir ao pôr-do-sol numa clareira onde tem vista para todo o Santuário. Era o local preferido deles... Aliás, seus olhos... eles são exatamente como o pôr-do-sol, e não deveria se envergonhar deles. Quando acordar, vou levá-la até essa clareira, ok? É uma promessa!”

Qüine percebeu, algum tempo depois, que estava a tocar na face da garota. Ao perceber o gesto, recolheu a mão, pensando quando fez aquilo. Porém, sorriu, suspirando. Guardou o diário de volta à bolsa, levou a mão ao rosto, jogando as mechas escuras de seu cabelo para trás e se levantou. Removeu o pano de sua fronte, molhando-o mais uma vez, passando cuidadosamente em seus lábios.

— Veja se acorda, ok? Kiki está bem preocupado contigo e... Sabe. Quando ele fica assim, fica muito chato! — disse rindo, sussurrando, olhando para a porta para ver se não via o irmão. — Ele gosta muito de você, então. Melhora, ok? Eu vejo você mais tarde e, se quiser, eu leio o diário aqui, junto de você. Acharia interessante?

Ele se levantou, tirando uma rosa vermelha de dentro da bolsa e colocando nas mãos dela, entre seus dedos. Quando na porta, lançou mais um olhar para ela e sorriu, deixando os aposentos.

Kiki não mais estava ali, mas no salão mais abaixo do templo de Áries. Estava sentado na escadaria que levava ao andar superior dentro do primeiro templo zodiacal. Quando Qüine o viu, gelou, mas não viu nenhuma postura rígida por parte do irmão, chegando a sentar-se ao seu lado.

— Como ela está? — indagou Kiki com ar preocupado, sem se voltar para o irmão.

Não foi preciso pensar muito que Kiki o viu no quarto conversando com Antares. Não sabia o que ele poderia ter ouvido da conversa, mas não entraria nos méritos dessa questão. Por hora, seria apenas objetivo em responder o que conversassem sobre a garota.

— Na mesma. — respondeu ele com um longo suspiro. — Não reagiu a nada, nem quando molhei os lábios dela como a serva disse para fazer...

— Antares, sua idiota! Por que não me procurou...! — exclamou Kiki levando as duas mãos ao rosto, deixando o pensamento ganhar voz e surpreendendo Qüine ao seu lado.

— Eu deveria esperar que me perguntasse o que aconteceu para encontrá-la naquele estado, mas algo me diz que quem não sabe o que está acontecendo aqui sou eu. — disse Qüine olhando para Kiki. — O que diabos foi isso? Você sempre me disse que é preciso dar o sangue para defender uma causa... — ele falou, olhando para o ariano. — Mas não imaginava que falava no sentido literal da coisa.

— Qüine, isso não é hora para brincadeiras! — repreendeu Kiki olhando-o sério.

— E você acha que brincaria com uma coisa dessas? — disse Qüine sério. — Kiki, ela estava lavada em sangue! Que raio de treinamento é esse?

— Não posso falar sobre isso. — respondeu Kiki de imediato removendo a mão do rosto e mantendo olhar para frente.

— Não pode? Kiki... — questionou Qüine indignado, mas imediatamente cortado pelo ariano.

— Assunto restrito aos Cavaleiros de Ouro, algo do qual declinou dizendo não estar preparado, Qüine. Não insista! — respondeu enfaticamente e se voltando para o irmão.

Qüine se calou, cruzando os braços injuriado. Odiava quando ele fazia aquele suspense e sabia que não havia nada que o fizesse mudar de ideia para contar-lhe o que estava acontecendo.

Por outro lado, ele era quem menos tinha autoridade de cobrar algo após a confissão feita à Antares, acreditando que Kiki ouvira o suficiente.

Jogou o corpo para trás, apoiando os cotovelos nos degraus e mantendo-se em silêncio por longos instantes. Foi quando algo veio à sua mente, voltando-se para Kiki, ainda com o olhar pesado para frente, notoriamente preocupado com o estado de Antares.

— Era por causa dela? — Kiki se voltou para Qüine sem entender a pergunta de imediato. — Era por causa dela que... que deixava Jamir, não era?

Kiki não respondeu em imediato, apenas assentiu afirmando a resposta mais que óbvia.

— Sim, era pela Antares. Dividia-me entre seu treinamento e ao dela. E antes que me pergunte do porquê não a levei para Jamir, respondo que isso seria prejudicial à ela porque seu treinamento estava restrito aqui. — respondeu Kiki olhando para Qüine. — E acho que não daria conta de vocês dois em Jamir. Não com sua fase rebelde...

Qüine sorriu com aquilo. Se sua matemática não falhasse, o primeiro ano foi realmente de difícil adaptação. Foram meses até se acostumar e ‘limpar’ sua mentalidade com o conforto e tecnologia eletrônica da qual cresceu cercado para a vida mais ‘simples’ de Jamir. Depois era se acostumar com os costumes e outros hábitos, com o clima, seus estudos se fundamentando ao estilo lemuriano com aprendizagem do dialeto de Lemúria e do grego em suas mais diferentes vertentes, além da própria mitologia que nada era como contada.

Quando despertou definitivamente seu cosmo, até dominá-lo demandou tempo por conta de sua displicência, mas Kiki admirou-se com sua inteligência e maneira como absorvia rápido as lições.

Ao receber o diário com as técnicas de Gêmeos, devorou com afinco, principalmente quando soube ter sido escrito por sua mãe. Afinal, a outra fase do diário seria somente quando partisse finalmente para o Santuário, onde conheceu Antares, a jovem que treinava até anos antes que ele.

Porém, seu treinamento mostrava-se bem mais difícil. E tudo o que sabia sobre ele era que tinha que subir o Monte Zodiacal.

— A quanto tempo ela treina aqui? — Qüine perguntou com a voz baixa.

— Desde os seis anos de idade. — Kiki respondeu com um longo suspiro. — É a idade mínima para se começar qualquer treinamento de Cavaleiro, aqui no Santuário.

— Nossa! Isso... isso é bastante tempo, não é? — O rapaz perguntou, tentando não pensar em coisas muito ruins. — Ela... ela é bem talentosa... Me pegou de surpresa naquele dia... Nem parecia uma... uma aspirante, mas... uma Amazona já sagrada... De Prata, no mínimo...

Kiki percebeu um leve vacilo na voz de seu irmão.

— Ela é forte, Qüine. — O ariano respondeu baixando a cabeça. — Ela é forte... Vem treinando para isso então...  então... não se preocupe, tá certo? Vai ficar tudo bem... — Falou tentando animar o rapaz, conseguindo sentir sua culpa pelo que aconteceu. — Vai ficar tudo bem!

— Não é a primeira vez que isso acontece, não é? — tentou Qüine mais uma vez, e viu Kiki sorrir.

— Não. Não é a primeira vez.

— Mas ela vai ficar bem, não vai?  — Qüine indagou com a voz embargada.

— Ela sempre conseguiu. — Kiki forçou um sorriso, voltando-se para o irmão. — Sim, ela vai. Pode demorar, mas ela vai ficar bem. É o que eu quero. Que nós dois queremos. — e respirou fundo, juntando a mão em forma de prece, colocando frente ao rosto. — Qüine, me perdoe...

Era a vez de Qüine agora se voltar para Kiki com estranhamento, indagando de o porquê perdoá-lo, sobre o que. Jogou o corpo para frente, franzindo o cenho e arqueando o outro, chamando a atenção do lemuriando que se voltava, de frente pra ele.

— Por não poder cuidar de você, de protegê-lo de tudo que aconteceu e... — e Kiki fechou os olhos, baixando a cabeça. Não diria aquilo, pois se condenaria que ouvira sua confissão junto à Antares. Porém, aquilo estava doendo em seu peito. — Eu gostaria muito de ter evitado tudo isso. Se eu fosse mais velho, soubesse onde encontrá-lo...

O lemuriano sentiu as mãos de Qüine pousarem sobre seu ombro, fazendo-o levantar a cabeça. Qüine sorria pra ele, os olhos levemente vermelhos pelas lágrimas.

— Não tem por que me pedir perdão, Kiki. O que importa é que me encontrou. Não imagina o orgulho que tenho quando ouço dizer que sou seu irmão mais novo. — e riu de um jeito moleque. — E eu sempre quis um irmão mais velho. Ficava irritado quando brigava comigo, mas quando vinha pra cá, não imaginava a falta que sentia, mesmo sabendo que voltaria. Não tem que ficar se culpando por isso.

— Desculpe por... — dizia Kiki se referindo ter ouvido a conversa. — Não foi minha intenção.

— Tudo bem. Acho que foi mais fácil assim, e acho que foi melhor porque... — disse Qüine suspirando. — Eu jamais teria coragem de te contar assim... cara-a-cara. Não sem você se sentir como vejo agora e digo. Você não tem culpa de nada. Ninguém tem. Obrigado, Kiki. Obrigado por ser meu irmão.

Uma lágrima queimou a face de Kiki, acompanhado de um sorriso. Ambos se abraçaram fortemente, permanecendo assim por longos minutos.

Desde quando o encontrou sozinho naquela casa em Munique e todos aqueles anos em Jamir, jamais tinham se abraçaram daquela forma.


Notas Finais


Próximos capítulos:
será fechado esse ciclo, rumo ao ciclo mais sombrio e com mais novos personagens. Sentem falta de alguém nessa história?


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