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História Saint Seiya: Sob o Sangue do Escorpião - Ansiedade


Escrita por: Draconnasti e Katrinnae

Notas do Autor


Durante a reunião com Phoenix, Antares fala sobre a batalha ocorrida na noite anterior. A reação dos Cavaleiros de Ouro diante do que escutaram não poderia ser diferente...

Capítulo 21 - Ansiedade


Athena olhava para Phoenix com um semblante sério, enquanto os Cavaleiros de Ouro ocupavam os demais lugares naquela sala. Pollux ainda estava visivelmente abatido, e se mantinha ali apenas pelo seu excessivo senso de responsabilidade. Kheiron quase não tirava os olhos de cima dele, receando que desfalecesse mais uma vez. Já Antares não tinha a mesma liberdade para isso, mas o fez, aproveitando-se da cobertura que a máscara lhe fornecia.

Toda a cautela seria pouca naquele momento, uma vez que estava diante de uma “Besta”.

Existia naquele tempo, uma boa quantidade de guerreiros ligados, ou não, aos Deuses, cujo comportamento pouco se aproximava dos humanos ou que nutriam um desprezo sem igual por eles. Muitos agiam de modo irracional, se deixando levar apenas pelos instintos mais básicos, como comer, dormir e procriar, chegando a causar o caos em alguns lugares. Outros faziam questão de agir desse modo. A esses destrutivos combatentes, chamavam de “Bestas”.

Phoenix era chamada de Pássaro de Fogo e, até onde se sabia, era venerada como uma deidade em diversas terras. Diziam ter sido agraciada com o dom da imortalidade, enquanto outros citavam ser a ressurreição o seu real poder. Ninguém sabia afirmar com certeza. O seu passado se perdeu com o tempo. O que a Deusa da Sabedoria tinha conhecimento, era de que seu poder lhe seria uma valiosa aquisição, mesmo que temporariamente.

– Entendo. Para mim, esses últimos eventos deixaram claras as intenções do Senhor do Submundo, Athena. – Phoenix disse finalmente, após ouvir tudo o que ocorreu até então.

Sua veste sagrada estava desprovida do brilho incandescente de mais cedo, mas ainda assim era possível notar que o ambiente estava mais quente, dada a sua presença. Não era menos fantástica, com seu tom prateado e cores azuladas e escuras nas pernas, nos braços e em seus detalhes.

– Sim, mas o que nos deixa de mãos atadas é não termos como nos livrar dos Espectros de forma permanente. Eles revivem horas ou dias depois, a depender dos estados de seus corpos. – Explicou a deusa, batendo o dedo indicador no cabo de carvalho enegrecido de Niké. – Eu poderia erguer uma barreira para evitar seu retorno, mas isso me impediria de participar ativamente da batalha. O Imperador Hades não é alguém que subestime seu oponente, seja ele um Deus ou um mortal. – Completou, olhando discretamente para cada um de seus Cavaleiros de Ouro presentes.

– A questão, é que precisamos de uma grande força que nos ajude a conter o exército de Espectros inativos pelo máximo de tempo possível. – Asterion de Touro tomou a palavra naquele momento, atraindo para si toda a atenção dos presentes. – Alguns de nós tem habilidades incrivelmente destrutivas, no sentido mais amplo da palavra. – E apontou para Pollux, Íficles, Ganimedes e Cadmus, usando-os como exemplo.

Ela assentiu, indicando que estava acompanhando o seu raciocínio.

– No entanto outros aqui não seriam tão eficientes. – Ele prosseguiu, e apontou para o Cavaleiro de Câncer. – Anupo pode enviar almas para o Submundo, mas isso de nada serve quando o nosso inimigo já vem de lá.

– Espectros podem ir e vir livremente da Colina dos Mortos. – O canceriano explicou de maneira mais didática. – Matá-los em si é algo que apenas nos daria tempo, mas a depender do estado em que seus corpos ficarem após a “morte”, seu retorno seria mais demorado. Incinerá-los seria a alternativa mais segura para nós, o que nos daria alguns dias de vantagem sobre eles. Mas será o suficiente? – Completou, lançando a dúvida.

Todos os presentes engoliram a seco com aquela constatação. De fato, o mais seguro seria destruir os corpos dos inimigos da forma mais devastadora possível, e nem todos ali tinham um consenso do que fazer. O próprio Anupo, outrora um Sacerdote da Morte vindo do outro lado do Mar Mediterrâneo, não era alguém que concordava em dilacerar cadáveres, mesmo que não fazê-lo significasse a sua morte.

E certamente ele não era o único com aquela restrição dogmática. Havia outros Cavaleiros ali no Santuário que também achariam.

– E onde está o Caçador? – Questionou Phoenix, pousando os olhos flamejantes sobre cada um dos presentes.

Demorou-se notoriamente na escorpiana entre o centauro e o cretense, talvez se questionando quanto aquela singular pessoa entre todos aqueles homens. Qualquer que fosse o seu pensamento, não foi algo que pareceu deixar a filha de Scorpio confortável, e a visitante percebeu isso no ar.

– O Caçador não mais se encontra no Santuário. – A Divindade replicou prontamente, ainda que soubesse que aquela era uma pergunta da qual quase todos queriam saber a resposta. – Mas, em seu lugar, deixou sua aprendiz, Antares. E ela tem se mostrado bastante eficiente até então.

O elogio inesperado fez com que a jovem corasse e mordesse os lábios por debaixo da máscara. Em gratidão, apenas curvou-se discretamente diante da Deusa, mantendo-se calada.

– Conhecendo-o como o conheço, ele não deixaria alguém inferior em seu lugar. – Phoenix ponderou por um momento. – O Caçador é orgulhoso demais de suas crias para deixa-las voar tão alto sem a certeza que elas aguentarão o peso em seus ombros.

No entanto, sua observação teve um efeito curioso naquela sala. Era como se o interesse de quase todos os presentes fosse despertado. Mesmo Ganimedes não escondeu a surpresa por aquelas palavras, fazendo-o olhar da jovem para a Besta, tentando decifrar aquilo.

“Como ela deduziu isso?”, pensou o troiano, sentindo um suor frio descer por sua testa. “Não tem como ela saber que Antares seja...! A menos que... A menos que o próprio tenha lhe falado qualquer coisa!”, ponderou, imaginando que em breve faria uma visita ao velho amigo para questiona-lo sobre essa situação.

Outros ficaram a imaginar o que ela quis dizer com aquilo, enquanto Íficles se remoía, ainda sentindo os músculos das costas repuxarem em seus movimentos. Estaria aquela mulher (01) tão jovem e ainda tímida escondendo o seu real poder?

Já Pollux manteve-se apático, completamente indisposto pela exposição que tivera ao poder de Phoenix. Apenas rezava para aquilo acabar logo e agradecia pelo irmão ter acordado doente e assombrado pelos espíritos da bebida. Não conseguia evitar de pensar no que aconteceria se os dois estivessem no mesmo ambiente: Castor se incendiaria como um barril de azeite, apenas com a proximidade daquela Besta.

– De certo que não. – Comentou Athena com um sorriso discreto e polido, assentindo as palavras da Phoenix e percebendo a expressão de surpresa e curiosa de seus Cavaleiros, contudo foi a vez dela de estranhar. – Sinto a ausência de um de vocês. Aconteceu algo do qual eu não tenha sido comunicada?

– O meu irmão mais novo… senhora Athena… encontra-se indisposto no momento… – O Cavaleiro de Gêmeos respondeu exausto e se voltou para a entidade diante dele. – E agradeço… que ele não esteja… aqui agora… E-Eu… me responsabilizo… de repassar tudo… que for acordad… acordado aqui.

– Depois de descansar, espero. – Ela ponderou e voltou-se para os demais, embora seus olhos tivessem pousado mais demoradamente sobre o Cavaleiro de Leão. – E então, meus Cavaleiros? A marcha é certa até o Reino do Submundo. Quero que aqueles que não estejam capaz de combater no prazo de uma semana tratem de procurar minhas Sacerdotisas, na Fonte. Digam que eu ordenei que tratem de seus problemas como prioridades.

– Senhora Athena, como iremos até o Submundo? – Anupo inquiriu de imediato. – Não posso levar a todos com meu golpe sem correr o risco de matar uma boa quantidade de bons guerreiros. O caminho pelo Jardim das Hespérides é proibido para um grupo tão grande quanto um exército...

– Existem outros caminhos que nos levarão até a entrada do Submundo. Embora menos perigosos que por meio dos Jardins ou pela Colina dos Mortos, não é motivo para que nossos exércitos se descuidem. Às vezes, a própria natureza é traiçoeira o bastante. – O Oráculo de Virgem afirmou, voltando-se para o canceriano.

– E... se entre eles houver mais de um Espectro que possa passar despercebido? – Foi a vez de Antares se manifestar.

Sua pergunta fez com que o virginiano se voltasse para ela, erguendo uma sobrancelha.

– Como disse?

– Ontem... durante a invasão... nenhum dos senhores percebeu um Espectro subindo às Doze Casas? – Ela quis saber, estranhando a reação deles. Teria sido apenas ela quem o interceptou? – Ele usava um chicote de vértebras que se movia sozinho... O... senhor Ganimedes me ajudou a despacha-lo para longe daqui, em pedaços!

Todos os presentes se entreolharam. De fato, não haviam notado nada de anormal, além dos súbitos cosmos em Escorpião explodindo quase no mesmo instante que tantas outras presenças surgiram. Quase todos acordaram sobressaltados com a invasão, preocupando-se em alertar aos seus subordinados, apenas, enquanto se preparavam para receber aos invasores.

– Chegaram a Escorpião…? Mas, como?! – Indagou Aegipan de Capricórnio, virando-se para a escorpiana, com a surpresa escancarada em seu rosto.

– Havia outros espectros entrando no Santuário, mas não havia como ele passar com as armadilhas nos Templos Zodiacais. – Comentou Crisômalo de Áries, pensativo.

– Nem mesmo se pode usar teleporte em virtude dos selos criados desde a última Guerra Santa. – Pontuou Nikandros de Libra, intrigado.

Um burburinho teve início. Alguns alegavam ser aquilo impossível, enquanto outros tentavam encontrar falhas em seus sistemas de defesa. Quem iria assumir ter deixado um Espectro, um inimigo, passar por seu posto daquele modo que ela sugeriu ter acontecido? Não demoraria muito para alguém acusá-la de mentir diante da Deusa Athena, algo que poderia ser considerado uma grande profanação, quando alguém se manifestou.

– O Espectro foi o mesmo que feriu Scorpio uma vez. – Lembrou Ganimedes, atraindo a atenção de todos para si. – Talvez algo relacionado a isso seja a causa.

– Ele disse ter vindo atrás de meu mestre. – Comentou Antares, levando uma mão ao queixo, pensativa. – Eu estranhei vê-lo em meu Templo sem sequer ter sido alertada por qualquer indício de batalha nos demais Templos. Compreenderia se ele passasse por um ou dois locais desertos, mas... Sete?

– Em uma terra distante ao oeste existe histórias de uma criatura que pode entrar em qualquer lugar. Alguns dizem que ele é convocado por um Deus de uma daquelas tribos bárbaras. (02). – Phoenix disse, com um tom brando. – Uma porta trancada instantaneamente se abrirá para ele, se seu intento estiver atrás dela. Talvez por isso ele tenha chegado tão longe sem que os demais percebessem.

– Espere aí! Está querendo dizer que, se esse Espectro quisesse... – Foi a vez de Cadmus se mostrar preocupado.

– Exatamente. Se ele quisesse, poderia ter subido por todos os Templos e ido diretamente à Deusa Athena. – A visitante comentou, voltando-se para sua anfitriã. – Não que ele fosse ter grandes chances contra aquela que tem a Vitória ao seu lado...

– Como assim? Não haveria nada que pudéssemos fazer?! – Questionou Nikandros de Libra, visivelmente inconformado.

E novamente a discussão começava a preencher o aposento, com Cavaleiros de Ouro debatendo entre si, com ânimos quase exaltados. Correram um grande perigo e sequer tinham percebido. Era uma afronta grande demais.

– Talvez devamos reforçar a barreira em torno do Monte Zodiacal. – O virginiano ponderou, levando uma mão ao queixo.

– Eu me encarrego da barreira em torno do Monte. – Athena falou, batendo seu báculo no chão de modo a chamar a atenção de todos ali. – Concentrem-se apenas em estarem prontos para essa Guerra. – Completou, lançando um olhar incisivo para Íficles e Antares.

– Athena… – Chamou o Oráculo voltando-se para ela. – Compreenda. Se há como chegarem aqui assim, a nossa guarda é nula! No entanto, após o apontamento de Phoenix, acredito que além de vossa barreira, haja outros meios de bloquear qualquer aquele que deseja atravessar as Doze Casas, mas isso também impediria a qualquer um de nós.

– Estou ciente disso, e infelizmente é o preço que terá de ser pago. – A Deusa apontou. – Vocês possuem o benefício de percorrer grandes distâncias em um ínfimo tempo com suas próprias pernas. – Completou, voltando sua atenção inteiramente para o virginiano. – Se algum dia acontecer do Santuário ser tomado, os Templos deste Monte devem ser os últimos bastiões de esperança dos homens.

– Talvez possa permitir que os Guardiões possam chegar diretamente às suas Casas, mas ainda assim sob sua bênção, Athena. – O Cavaleiro de Virgem falou.

– Conversaremos melhor sobre isso em outra ocasião. – Ela pontuou, olhando de soslaio para Phoenix.

Mas não havia muito mais o que ser discutido ali, por aquelas horas. Quando os últimos pormenores foram tratados, Pollux foi o primeiro dos Guardiões Zodiacais a sair, algo extremamente raro de se acontecer. Pouco depois dele, os demais.

Antares acompanhou Ganimedes até o Décimo Primeiro Templo. Ele tinha pedido para falar-lhe e, conhecendo-o bem, tinha uma ideia do que era. Com antecedência, tratou de pensar em algo para se defender, ainda que tivesse certeza alguma de que ninguém havia percebido. Ninguém exceto ele, claro.

O aquariano parecia farejar suas falhas quase da mesma forma que Scorpio fazia. A única diferença entre eles era que Ágape sempre a socorria naquelas ocasiões. E ela não estava presente naquele instante.

– O que eu fiz de errado dessa vez? – A jovem perguntou sem cerimônias quando chegaram ao corredor do Templo de Aquário.

– Ficou nervosa novamente ao falar na Reunião Dourada. – Ele apontou rapidamente, vendo-a bufar por conta disso. – Antares, eu não tenho dúvida alguma de sua capacidade como guerreira, só que não é a mim a quem você precisa convencer agora! – Explicou respirando fundo. – Deve provar que é capaz a cada um daqueles malditos, e não irá conseguir isso gaguejando em uma reunião importante.

– Desculpe, e-eu fiquei nervosa quando falei do Espectro e os vi olhar daquele jeito para mim. – A escorpiana murmurou, baixando a cabeça, envergonhada pela repreensão. – E-eu achei que eles iam pensar que...

– Antares, você não é louca! – O Cavaleiro falou, antecipando os pensamentos dela. – Eu também vi aquele Espectro e me questionei como ele conseguiu chegar em Escorpião sem enfrentar os outros. E eu o vi lá! Em seu Templo! Eu vi você enfrentando aquele maldito. Não eles!

O aquariano pontuava isso com cuidado enquanto analisava sua reação através de pequenos gestos dela. Se bem a conhecia, tanto quanto o escorpiano, sabia o quanto ouvir aquela chamada que ele fazia era desagradável.

– Além do mais, pedirei que seja mais discreta em suas ações quando se trata de Pollux. – O troiano comentou, ainda que a contragosto.

Ela corou por debaixo da máscara e baixou os olhos. Uma reação tão rotineira que ele até previa e ainda ousava imaginar o que a Amazona diria em seguida em sua defesa.

– Mas ele... ele... Era preciso fazer algo! – A jovem tentou argumentar, fazendo exatamente o que ele pensou que diria.

– E o que você iria fazer, Antares? – Questionou Ganimedes calmamente, voltando seus olhos verde-água em sua direção. Seu tom não era de deboche, mas de cuidado. – Iria usar seu cosmo par resfria-lo? Pollux já estava sendo assistido por Kheiron. Não tinha necessidade de você ir lá, a menos que ele estivesse envenenado. – Pontuou. – Aí sim, eu concordaria com a possibilidade de sua aproximação.

– Mas eu... só queria ser útil...!

– E será! Mas primeiro você precisa aprender a perceber quando será útil, Antares. – Ele falou. – Naquele momento, você poderia mais atrapalhar que ajudar. Não adianta apenas querer. Lá dentro, na reunião, você foi útil ao falar daquele Espectro com chicote de vértebra. Ali sim, a sua ação foi relevante. Aprenda a discernir essas coisas.

Um suspiro longo e pesado escapou dos lábios dele. O aquariano caminhou alguns passos em direção dela, tocando em seus ombros, mas puxando seu rosto para que pudessem manter os olhos fixos um no outro, embora a máscara impedisse uma ação direta.

– Longe de mim querer ser seu… mestre. – Ele disse, deixando implícito sua real intenção. – Apenas quero ajudá-la a compreender onde está, situá-la. Não interprete mal minhas palavras, está bem?

– S-sim... – Ela murmurou.

– Agora, erga os ombros e descanse um pouco. – O troiano completou, se forçando a abrir um sorriso para encoraja-la. – Temos muito o que fazer hoje e, pelo visto, alguém terá que cobrir o espaço que aqueles gêmeos vão deixar vago hoje. 


Notas Finais


01 – Embora eu não costume me referir a Antares como uma mulher, por uma convenção atual, até por volta da chamada Idade Moderna (1500 – 1900) não se existia o conceito de Adolescência. Havia apenas três fases da vida: Infância, Idade Adulta e Terceira Idade.

02 – Alguns mitos de Dullahan afirmam que, uma vez que seu alvo esteja definido, o cavaleiro-sem-cabeça o perseguirá sem piedade, não adiantando nenhum esforço para mantê-lo do lado de fora. Todas as portas e trancas se abririam no momento em que o Dullahan se aproximasse para apanhar sua presa. Outras versões alegam que Dullahan é uma das materializações do deus celta Crom Dubh.


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