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História Saint Seiya: Sob o Sangue do Escorpião - A Fúria do Leão


Escrita por: Draconnasti e Katrinnae

Notas do Autor


Íficles de Leão enfrenta o traidor que está facilitando a entrada dos Espectros no Santuário de Athena. Vitória ou Derrota?

Capítulo 32 - A Fúria do Leão


A nuvem de poeira baixava lentamente, mas o som da respiração pesada de Íficles era perfeitamente audível. Estava furioso como poucas vezes estivera antes. Se souberem que um de seus subordinados é um traidor, parte da culpa também cairá sobre seus ombros. Fosse por não ter conseguido inspirar lealdade o bastante, e por não ter conseguido mantê-lo sob controle..

“É sempre assim… Todos eles, no fim das contas, tentam me fazer de idiota!”, ele pensou, cuspindo no corpo a sua frente. “E, como sempre, eu os puno sem qualquer piedade… Eu sou o Leão Dourado de Athena, e eu vou esmagar a todos que se colocarem em meu caminho!”.

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Íficles olhava o horizonte da sacada do lar materno naquela noite sem vento. Mais uma vez, todas as atenções eram voltadas para seu irmão que mal parava no próprio lar. Haviam nascido com apenas uma noite de diferença, mas eram tratados de forma muito diferente. Héracles, filho de sua mãe e do Deus dos Deuses, era um completo irresponsável com suas obrigações, passando mais tempo fora que cuidando de seus afazeres como um dos membros da família real de Micenas. Ainda assim, era aclamado como a um herói e nunca tinha a atenção chamada.

Enquanto a ele, juntar-se à elite dos Guerreiros de Athena só lhe rendeu críticas. Ele, que havia feito isso de modo que pudesse honrar seus familiares e cuidar das defesas de seu lar pessoalmente, caso houvesse necessidade. Ainda assim, fora acusado de tê-lo feito apenas para fugir da nova esposa, por quem largou a primeira.

Ganhou sua mão após ajudar um rei e não seria interessante para ele e sua família recusarem tamanha oferta. Ela, claro, não recebeu aquilo muito bem e implorou para que não fosse devolvida à família daquela forma. O Leão entendia o quão vergonhoso aquilo seria e isso o fez tentar negociar alguma coisa com seus pais e seu irmão mais velho.

Chegaram enfim a um consenso de que a mulher iria mandada para uma das propriedades reais, onde poderia usufruir do que obtivesse daquelas terras. Um bom número de escravos a acompanhou, para que pudesse ter regalias. Teria ouro e prata o suficiente para viver bem até o fim de sua vida, teria o direito de se casar novamente e construir uma nova família, e ainda poderia receber a visita de Iolaus, seu filho com Íficles.

Ele achou justo, uma vez que o garoto tinha muito de sua afeição, porém, não garantiu que a mulher veria seu ex-esposo novamente. Na verdade, o leonino sequer pretendia visita-la. Desde então, tratou de ocupar seus dias constantemente, com alguma coisa, e se voltou cada vez mais para o papel de Cavaleiro.

Quando tomou sua nova esposa, uma princesa tebana, passou algumas noites intensas com ela e depois retornou ao Santuário, como se nada de novo tivesse acontecido em sua vida. E isso gerou cobranças constantes da família real de Micenas, fazendo com que o Leão começasse a entender o porquê dos Príncipes Espartanos evitarem passar muito tempo em sua terra natal.

Embora nunca os ouvissem falar a respeito, imaginava que eles passavam pelo mesmo problema. Principalmente Pollux, que estava destinado a ser o próximo Rei de Esparta.

Naquele dia, havia retornado ao palácio somente para descansar um pouco e reaver seu filho. Mantinha-o afastado ao máximo do Santuário, ainda que os conselheiros de sua mãe e de seu sogro lhe dissessem para deixar que o jovem assumisse o manto de Cavaleiro em seu lugar. Sabia que isso seria uma forma de tirar o garoto da sucessão do trono, contudo, nunca permitiria tal coisa.

Não queria Iolaus trancado em um Templo, correndo o risco de ser chamado a qualquer hora para enfrentar semideuses, monstros ou outros servos divinos poderosos. Preferia ouvir histórias de sua bravura em outras terras, lutando em guerras contra pessoas normais e sendo um bom Rei, como Íficles sabia que nunca seria. Diferente do filho, ele foi feito para lutar.

– Meu senhor, não deseja ir para a cama? Ordenei aos servos que deixassem uma jarra de seu vinho favorito para matar sua sede. – A voz de uma mulher soou a suas costas, fazendo-o se virar. – Porque não vem se deitar e permitir que eu o aqueça em meus braços?

Era uma jovem de dezoito anos, vestida com uma rica túnica cor de lavanda, presa em dois pontos de seus ombros. Os longos cabelos platinados desciam por suas costas, vindas do penteado elaborado em sua cabeça. Pyrra, sua segunda esposa, e cuja sua única preocupação no momento era a de gerar um novo herdeiro.

O Cavaleiro respirou fundo, engolindo sua raiva e sua frustração. Odiava aquele convite, feito daquela forma tão dócil e obediente. Na verdade, tudo o que precisava naquele instante era de uma guerra. Sentir o hálito da morte em sua nuca, deixando-o anestesiado de qualquer alegria ou tristeza.

Dispensou-a, dizendo que iria encontra-la no leito mais tarde. Em outro momento, teria cedido fogosamente ao convite, no entanto a discussão, quase briga, que tivera mais cedo com seus familiares tirou-lhe qualquer vontade de usufruir de sua esposa.

Ruminou de raiva por mais algum tempo, não sabia ao certo quanto. Só queria mesmo era ficar sozinho, remoendo as palavras que não tinha dito apenas por respeito aos seus pais. Tamanho o silêncio que fazia naquele momento que percebeu o som das sandálias se aproximando por suas costas. Maldisse sua esposa por isso.

– Pensei que já tivesse ido dormir, Pyrra. – Ele falou, disfarçando o aborrecimento. – Vá na frente, que eu irei logo em seguida...

– Lamento decepcioná-lo, irmão, mas provavelmente Pyrra realmente deve ter ido dormir. – Uma voz masculina soou à suas costas, fazendo-o se virar. – Mas se servir de consolo, trouxe algo para nós dois.

Era um homem tão alto quanto ele, de cabelos levemente cacheados, entre o castanho e o ruivo. O corpo musculoso parecia talhado no mármore e trazia manchas características de quem passou um bom tempo navegando. E, a julgar pelas faces avermelhadas, estava levemente embriagado depois de ter bebido três grandes jarras de vinho sozinho.

Ele trazia em mãos uma ânfora de prata, cheia de mais bebida com especiarias, se bem o conhecia, e duas taças. Era seu jeito de se aproximar do irmão um dia mais novo.

– Por algum motivo, imagino que você ficou mais feliz em me ver que à sua amável nova esposa… – Comentou o irmão mais velho, diante do outro, com um sorriso ébrio.

– Aquela jovenzinha não é de todo o mal, Héracles, mas não me serve muito além de…

– Tudo bem, eu não preciso ouvir isso agora! – O outro respondeu rindo, enquanto se aproximava, já oferecendo uma taça cheia a Íficles. – Depois você me conta as utilidades dela, mas agora eu queria saber de outra coisa. – Pontuou, olhando-o. – Tornou-se mesmo um Cavaleiro de Athena?

– É o que parece, não? – Resmungou o Leão, aceitando o copo e vendo-o ser preenchido.

– Nossa, que humor terrível! – Riu seu irmão, levando a jarra diretamente à boca e tomando um farto gole. – Não vou recriminá-lo por isso. Essas coisas da corte nunca combinaram conosco.

Aquelas palavras fizeram com que o mais novo erguesse uma sobrancelha e olhasse de esguelha para o mais velho. Bebeu rapidamente um gole daquela bebida forte e sorriu em seguida. Disso ele tinha razão. Os dois nunca gostaram muito daquela formalidade toda. Quando crianças, preferiam montar estratégias e enfrentar um ao outro em joguetes de guerras imaginárias, no pátio do palácio de Micenas. A única queixa de seus tutores era que se dedicavam mais àqueles jogos que ao restante do conhecimento.

– Falando assim, eu quase acredito que você aceita bem o fato de que não é o rei de Micenas, porque o maldito do Euristeu nasceu primeiro que nós dois. – Leão riu daquilo e esvaziou seu copo.

– Como se eu me importasse com aquela prisão a céu aberto que é o trono. – Héracles riu de volta, enchendo o copo do leonino outra vez. – Mas falando de coisas boas, fico feliz que você pareça ter se encontrado como Cavaleiro, meu irmão.

– Já que não estou na linha de sucessão mais próxima, preciso fazer alguma coisa, não é? – Íficles rebateu, erguendo o copo num brinde. – Uns se tornam reis pelo nascimento, outros nascem semideuses ... já eu tenho que fazer alguma coisa para passar o tempo.

– Então faça por merecer essa sua posição! – E tomou todo o vinho de seu cálice num só gole. – Mostre a eles a força do Leão!!!

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– Íficles! – Ele ouviu a voz de Nikandros chama-lo à distância, fazendo-o desviar momentaneamente a atenção. – Merda…!

– O que quer aqui, Libra? – O leonino questionou hostil.

– Senti seu cosmo explodindo de longe e... O que exatamente aconteceu aqui? – Questionou o Cavaleiro que se aproximava, pousando os olhos sobre o corpo massacrado de Nyctimus. – Outro Espectro? – Quis saber, preocupado.

– É… ou coisa assim. – Assentiu o Leão Dourado com visível desgosto, embora torcesse para que o libriano não o reconhecesse. – Mas eu já cuidei dele, como pode ver. Vou atear fogo até que não sobre mais que poeira desses malditos ossos.

– Merda! Como eles estão conseguindo entrar tão facilmente?! – Questionou Nikandros, cruzando os braços. Sua voz soou mais apreensiva que o de costume.

– Não sei, mas se for necessário, eu mesmo faço a ronda, já que os guardas incompetentes e os inúteis Cavaleiros de Bronze não estão fazendo seu serviço direito. – Íficles rosnou, lançando um discreto olhar para o homem caído no chão, antes de se voltar para Libra.

Nikandros o olhou e mal conteve um suspiro resignado. Aquelas invasões constantes eram preocupantes, ainda mais naquele instante em que Athena se encontrava ausente e que muitos Cavaleiros ainda se recuperavam da invasão massiva anterior.

– Farei uma ronda por precaução. Tome cuidado, Leão. Não podemos nos dar ao luxo de perder ninguém. – Disse o libriano se afastando.

– Faz bem, Libra. – O Cavaleiro de Leão concordou com um rosnado. – Irei me desfazer desse lixo. Este solo sagrado é bom demais para essa carcaça sem valor.

O libriano assentiu sem dizer qualquer palavra, mas estava bem longe da tranquilidade. Podia perceber que o outro escondia alguma coisa e tinha a ver com o Espectro arrebentado no chão. Também sentia uma desconfortável sensação de que já o tinha visto alguma vez, contudo preferiu não falar mais qualquer coisa. Não tinha dúvidas a respeito da lealdade do Leão. Ele faria as coisas ao seu modo, e provavelmente o Cavaleiro de Libra o censuraria, mesmo não tendo ideias melhores de como lidar com a situação.

Às vezes, fazer de conta que não viu nada além era o melhor que ele poderia fazer.

– Irei adiantar seus planos e fazer uma rápida ronda pelos limites. Avisarei se encontrar alguma coisa. – Falou Libra, desviando o olhar para onde iria. – Tenha cuidado, Íficles. Não podemos nos dar ao luxo de perder mais ninguém, mesmo que temporariamente. – E se foi.

Íficles bufou de raiva.

– Cuide de seus assuntos, cretense bastardo. – Resmungou o Leão, cuspindo sobre o Cavaleiro Renegado e o chutando em seguida. – E você, seu merda, já descansou o suficiente! Levante daí e venha lutar comigo!!!

O corpo de Nyctimus rolou por quase dois metros à frente, antes do novo golpe vir, fazendo-o vomitar mais sangue. Ao finalmente cair no chão, fez um esforço enorme para se colocar de pé. Seus olhos estavam carregados de terror diante do Cavaleiro de Ouro. Já havia recebido algumas punições físicas dele, entretanto nenhuma com tamanha força e violência.

– O que foi? Onde está a prepotência e toda a confiança de há pouco? A terra comeu a sua língua, seu lixo desprezível? Farei com que se banqueteie com seus restos…!!! – Provocava o leonino, levantando punho, pronto para um golpe quando algo o impediu.

Um forte uivo ecoou nas proximidades, fazendo-o desviar momentaneamente os olhos, buscando a origem daquele possível som que soava tão próximo. logo em seguida, sentiu como se seu punho encontra-se uma barreira invisível que o impediu de concluir seu intento, e, ao se dar conta disso, já era tarde demais. Uma luz surgiu diante dele e apenas foi possível ver uma orbe crescente em sua direção.

“MALDITO!!”, praguejou em pensamento. Tentou saltar como um felino mediante um perigo, mas havia sido imobilizado com seu punho em riste sem uma chance de poder conter o golpe em sua direção. Preparou-se para o impacto como pode, vendo sua manopla rachar com a proximidade daquela energia. No entanto, uma luz prateada sobrepôs ao púrpura com veias esverdeadas que já o alcançava. Ainda assim, não foi o suficiente para conter o golpe que os lançou a metros de distância com fragmentos de Armaduras que se espalharam juntamente com o sangue que lavou seu rosto.

Tanto Leão como o Renegado precisaram de alguns segundos para compreender o que aconteceu ali. E logo que se deu conta, o Cavaleiro de Ouro não conseguiu esconder seu choque.

– Um Leão… defendido pelo seu passarinho… – Provocou Nyctimus com escárnio, cuspindo sangue enquanto se levantava aos tropeços.

– Não… será… desta… vez…!!! – Murmurou o Cavaleiro de Prata, com um sorriso confiante, na boca cheia de sangue.

Karthal de Águia fez um esforço imenso para se colocar de pé, e se colocou em guarda. “Eu morrerei pelo senhor com um sorriso no rosto”, ele pensou, ascendendo seu Cosmo. E tratou de deixar isso bem evidente para o oponente a sua frente.

Mesmo que estivesse em melhor condição, o traidor sabia muito bem que jamais poderia fazer frente a um Cavaleiro de Prata e um de Ouro ao mesmo tempo. As bênçãos que recebeu do Submundo não lhe davam tamanho luxo e isso o fez praguejar em silêncio. Contudo, a expressão na face de Íficles era muito satisfatória. Certamente tinha se dado conta do que poderia ter acontecido caso sua nova técnica o atingisse em cheio.

Considerou aquilo uma vitória.

– É… o seu dia…. de sorte… Leãozinho…!!! – O Renegado riu com desdém e desapareceu meio uma nuvem púrpura que se perdeu no entardecer.

Íficles ainda nem bem o que dizer, se é que tinha ouvido qualquer frase em meio à cena diante dele. Mal percebeu quando seus braços seguraram o corpo que caia diante de si. Kathal estava gravemente ferido, com perfurações em seus braços e peitos provocados pela Armadura de Águia quebrada que havia se espalhado por aquele terreno.

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Antares abriu os olhos atordoada, quando sentiu algo úmido e frio tocar seu braço e deslizar suavemente por ele. Kalipto, uma de suas escravas, passava um pano levemente perfumado com lavanda por sua pele, limpando-a. Estava nua, com a túnica aberta e o fino lençol a cobrir parte de seu quadril.

Lembrava de pouca coisa. Alguns fragmentos do combate e da presença de Ganimedes em seus aposentos. Por um momento, teve a impressão de sentir o cheiro e ouvir a voz de seu pai naquele quarto, mas se sentia tão fraca que sequer conseguiu entender o que estava acontecendo. Só compreendia que estava mergulhada na escuridão, com o corpo quase totalmente entorpecido e sem forças para fazer qualquer movimento, por mais simples que fosse.

Não duvidaria que tivessem lhe dado uma dose mais forte que o usual de valeriana.

– Quanto tempo…? – A Amazona perguntou com a voz empastada, respirando fundo.

– Um dia inteiro, minha senhora. – A serva respondeu com um murmúrio, sem interromper sua atividade. – O senhor Ganimedes está jantando na sala. Disse que eu o chamasse quando terminasse seu banho. Agave preparou uma sopa de peixe com lentilhas para a refeição e um pedaço de pão de cevada estava para sair do forno quando vim para cá. – E segurou um riso ao perceber que a jovem torceu a face em desgosto por saber da refeição do dia. – Não faça essa desfeita. Ela se dedicou muito no preparo.

Ela resmungou alguma coisa com a voz ainda empastada.

–Tivemos o cuidado de amassar bem e fazer uma pasta. Isso fez o caldo ficar um pouco grosso, mas a textura me pareceu ficar mais apetitosa. – Comentou a outra, achando que aquela queixa se dava por isso.

A escorpiana sorriu e tornou a fechar os olhos. Pelo tempo que pareceu de um segundo, ouviu a voz do aquariano a chama-la e o cheiro da sopa preencher o quarto.

– Uma sopa ajudará a aquecer esse corpo e reanimá-la um pouco, filhote. – Disse o aquariano sentando-se ao lado da cama e assistindo as servas trazendo a refeição. – O pão está ótimo! Suas servas são maravilhosas e separaram uma peça para eu levar para Aquário!

– Deve estar mesmo… – Ela respondeu rouca, fazendo algum esforço para se sentar, notando que estava seca e vestida novamente. – E… em que dia estamos?

– Faz pouco mais de uma hora que seu banho foi dado. – Ele explicou, tomando o prato de sopa em mãos. – Pedi para que deixassem você descansar um pouco mais, antes de servir a refeição.

– E P… Gêmeos!? Como eles…? – A Amazona se apressou em perguntar, ansiosa por notícias, principalmente a respeito de Pollux, mas calou-se diante dos olhos verde-água do Cavaleiro. – Ah… desculpe.

– Não tem com o que se desculpar, Antares. – Ele falou de modo terno. – Não é errado que se preocupe com seus companheiros de batalha. Apenas quero que tenha cuidado com a forma como o faz. – Explicou, molhando um pouco do pão na sopa espessa. – Você deixa transparecer muito de sua… “emoção”, vamos chamar assim, ao falar aqueles espartanos. Principalmente no que se refere ao mais velho deles.

Um silêncio breve se fez. Aquário estava certo em lembrá-la daquilo. Fizera votos, abrindo mão de muitas coisas, e aquela era uma delas. Ainda assim tinha dificuldades em não pensar a respeito, principalmente quando tinha a vaga lembrança de tê-lo escutado chamá-la por seu nome, enquanto sua mente havia nublado com o cheiro de sangue.

– Não encare isso como uma bronca. Eu estou muito longe de poder cobrar qualquer coisa a esse respeito de você. Compreendo que o respeite e o admire, pois de fato é alguém digno disso. – Ele continuou, atraindo novamente sua atenção. – Contudo, enquanto pretender ser uma Amazona, deverá ter em mente que homem algum poderá ser visto com maior afeição que um irmão. – E entregou para ela o prato morno em mãos. – O mesmo vale para caso algum dia pense em se tornar Saintia ou sacerdotisa.

– Perguntei porque cheguei e os vi totalmente subjugados por aquela… aquela… – Ela dizia, mas sentiu-se nauseada em pensar naquele momento. – Depois não consigo lembrar bem do que aconteceu depois. Tudo ficou… vermelho...

– Você cedeu à uma sede de sangue, não sei por qual motivo. – Ganimedes falou, com um tom paternal, vendo-a arregalar os olhos rubros em sua direção. – Bom, seu pai chama de “Êxtase do Caçador”. Acho que ele já falou disso algumas vezes pra você.

– A-aquilo era…!

O Cavaleiro assentiu, partindo um pedaço de pão e molhando na sopa dela.

– Parece que foi a sua primeira vez com isso, não? – Ele comentou e forçou a sorrir um pouco, colocando o alimento na boca da jovem obediente. – Tudo bem, não tema. Scorpio fazia aquilo o tempo todo, então terminou aprendendo a controlar aquilo, então acho... não, tenho certeza de que você também consegue. Só precisa se recuperar e treinar a respeito.

– O-o que exatamente eu fiz…? – Ela quis saber.

O troiano engoliu a seco, não esperando por aquela pergunta naquele momento. Poderia dizer apenas que ela colocou Melinoe para correr com um cão sarnento ao encontrar um lobo faminto, porém aquilo só geraria mais perguntas.

– Bom, eu contarei tudo, mas só depois que você comer. – Ele disse, enquanto pensava no que iria fazer.



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