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História Saint Seiya: Sob o Sangue do Escorpião - A Última Esperança


Escrita por: Draconnasti e Katrinnae

Notas do Autor


Um Espectro surge para acertar contas com os Gêmeos. Um semideus furioso. Um exército exausto e desenganado que se recusa a deixar a esperança morrer.

Capítulo 43 - A Última Esperança


Pollux despertou sentindo fortes dores no pescoço e no rosto. Levou uma mão cansada à face, sentindo um inchaço próximo do olho e tentou entender o que foi que aconteceu ali. Estava com o irmão, procurando por quem ainda estivesse lutando pela região dos bosques, quando encontrou Antares na Vila das Amazonas. E depois daquilo, não conseguiu se recordar de mais nada.

Aos poucos, os sons iam chegando aos seus ouvidos. Primeiro distorcidos, como que distantes, depois com mais nitidez e foi um choque para ele identificar o que estava ouvindo. Parecia que alguém tentava respirar.

– Ah… minha cabeça… – Resmungou.

Castor, que estava mais adiante socorrendo Antares, ouviu isso e se virou na direção do irmão, vendo-o se mexer e fazer algum esforço para se sentar. Apreensivo, se colocou de pé diante da jovem, que ainda estava deitada e quase imóvel. Ela estava com uma respiração acelerada, desagradável de se ouvir.

– Irmão? – O caçula arriscou chamar.

– Castor… o-o que aconteceu...? Ai! – O mais velho murmurou, tentando reunir forças.

– I-irmão, é você mesmo? – O mais novo questionou, para o estranhamento do outro.

– Mas... que pergunta... é essa?! Claro... que sou eu... irmãozinho! – Respondeu, desistindo temporariamente de mudar de posição e levou as duas mãos à cabeça. – Ah!!! Por quê dói... tanto?!

– Ao menos ele está mais comunicativo que antes. – Murmurou na direção da escorpiana, que, apesar de angustiada, chegou a esboçar um sorriso aliviado. – Acho que voltou a si. – E voltou sua atenção à Amazona, tentando remover parte da Armadura para ajudá-la naquela pressão sobre a área ferida. – Pollux, pode vir aqui?

Com alguma dificuldade, o Filho de Zeus conseguiu se levantar. Tudo doía ao ponto de imaginar ter levado uma surra sem precendentes de seu antigo tutor, com direito às flechas incandescentes que ele usava. Mancou devagar, na direção do irmão mais novo. Um movimento com a mão acabou por arranhar-se, percebendo o gorjal de sua Armadura quebrado, além de alguns furos no peitoral. “Mas o que…?!”

E então a primeira lembrança veio, na forma de um vulto se prendendo ao seu pescoço, fechando-se com força e do ar faltando logo em seguida. Recordava-se de ter tentado tirar aquilo com as mãos, contudo, mal teve resultado.

– Ai… O que foi que aconteceu aqui…? – Ele perguntava, quando viu a jovem caída no chão.

Parte do manto de Castor estava substituindo o pano que ela havia usado para cobrir o rosto, enquanto a outra parte estava servindo para ajudar a cobrir os ferimentos mais graves que ela trazia. Estava com a face virada para o lado, de onde era possível ver vestígios de sangue.

A malha de anéis lemurianos das pernas estava rasgada, exibindo arranhões e marcas vermelhas como se alguém tivesse agarrado suas coxas com força. Partes das placas segmentadas do tronco da Armadura de Escorpião estavam afundadas. Algum sangue escorria por alguns desses pontos, mas havia um em especial que parecia preocupante.

– Você não lembra de nada? Mesmo? – O caçula quis saber, encarando o semideus.

– F-fomos atacados... – Ela falou, rouca, e em meio a um acesso de tosse sangrenta.

– Q… Quem fez isso com ela? – Perguntou o mais velho, apontando para a ateniense e reconhecendo alguns ferimentos, que não havia antes. – Castor… – Ele disse tocando novamente no gorjal, temendo pelo que iria ouvir. – O que aconteceu aqui?

– Fomos atacados por umas borboletas bizarras. Mas agora estamos bem, depois conversamos sobre isso. – O espartano mais novo falou um pouco impaciente. – Me ajuda a remover a Armadura dela!

Não era preciso dizer mais nada. Tudo ainda era muito nublado na mente do Príncipe-Herdeiro de Esparta, mas lembrava bem terem sido atacados por uma nuvem de borboletas púrpuras e ele ascender o Cosmo para incinerar parte delas. Depois disso, tudo ficou confuso até despertar no chão. Sabia que tinha enfrentado alguma coisa depois disso, contudo não tinha qualquer certeza… até aquele momento.

“Agora entendi…”, ele pensou engolindo a seco e indo de encontro ao irmão para ajudar a Amazona.

– Aguente firme… – Comentou Pollux. – … e me perdoe…

– N-não tem... o porquê de... me... pedir perdão… – Ela respondeu, com alguma dificuldade.

A peça fora removida com cuidado, exibindo os estragos. A roupa de malha metálica e a túnica de linho reforçada que usava para treinamentos foi uma combinação que a protegeu da maioria dos danos, deixando-a apenas com hematomas leves pelo abdômen. Contudo, do lado esquerdo, um pedaço da indumentária projetou-se para dentro de tal forma que rasgou as proteções e a pele de Antares. A área estava inchada, indicando que ali tinha um problema.

Aplausos ecoaram não muito distante de onde estavam, acompanhado por uma chuva de um pó brilhante da qual Castor foi quem primeiro identificou a origem apontando meio a escombros. “Como não tinha notado aquilo antes?”, perguntou-se perplexo em não perceber um grande casulo que estava rasgado e pendurado no teto. Pouco mais abaixo havia uma figura com grandes asas de uma borboleta que ainda se abriam e liberavam o pó brilhante pela área.

Era o mesmo Espectro da primeira invasão, o qual Castor, bêbado como um gambá, expulsou. Papillon flutuava há poucos centímetros do chão, tendo suas delicadas asas de borboleta a se mover suavemente, exibindo suas cores vivas. Era delas que o fino pó brilhante se desprendia. Mesmo com a Súrplice, Papillon era uma pessoa esguia, de aparência andrógina e longos cabelos verdes, em tons claros. Sua pele se mostrava tão clara que parecia uma verdadeira estátua de mármore, cujos olhos eram completamente negros.

– Uma pena que tenham dado fim a um espetáculo tão interessante. – Disse o Espectro com um sorriso cínico. – Estava ansioso para saber quem seria o último a ficar de pé apesar da presença do semideus… – Completou piscando.

A raiva subiu à cabeça do geminiano mais velho. Ser usado daquela forma era vergonhoso demais, além disso, ser o responsável por ferimentos tão graves em um companheiro era algo que o deixava ainda mais aborrecido.

– Então foi você, maldito?! – Pollux rosnou, ficando de pé.

O inimigo o ignorou momentaneamente e voltou-se para a escorpiana.

– … mas a mulher foi uma grande surpresa. Afinal, quem diria que seria capaz de derrotar um dos três Juízes do Mundo Inferior… e sozinha?! – Comentou ele fingindo alguma surpresa. – Bem que dizem que os aprendizes que sobrevivem aos treinamentos do Caçador tornam-se capazes de feitos inacreditáveis...

– Ela o que?! – Os irmãos questionaram uníssonos, com os olhos arregalados.

Castor olhou para ela e depois para o Espectro a sua frente. Nikandros, alguém muito mais experiente que a Amazona, passou por um sufoco descomunal para lidar com um Juiz que havia enfrentado outro Cavaleiro de Ouro. Mas Antares? Ela estava em condições muito melhores que Libra quando a encontraram antes de serem atacados pelas borboletas!

Já Pollux se colocou na defensiva. Aquele inimigo não teria chegado ali apenas para fazer uma provocação.

– O que vocês, Espectros, querem aqui? – Indagou o Príncipe-Herdeiro de Esparta em baixo tom, mas com os olhos dourados incisivos sobre o adversário. – O que é toda essa investida covarde de vocês?

– Ora, Semideus… o que você acha que seria? Teriam minhas borboletas destruído o seu cérebro enquanto o controlavam? – O Espectro replicou, rindo em zombaria. – É claro que viem...

Um clarão no horizonte tomou a atenção do Espectro, calando-o. De súbito, uma imensa onda de um laranja vivo se lançou sobre a Vila das Amazonas deixando um rastro de calor e destruição. Os gêmeos e Antares arregalaram os olhos assustados com aquilo, mas antes que pudesse agir, seus corpos foram banhados de uma intensa luz dourada. A Amazona sentiu seu peito parar de doer, permitindo que respirasse um pouco melhor. Aquilo também os protegeu das chamas que consumiram violentamente o Espectro diante deles.

– S-senhora Athena… – Ela murmurou em choque.

– O-o que?! – Os Gêmeos interrogaram uníssonos, virando-se para a jovem, e a vendo desacordada.

✶~~✶✶✶~~✶

Alguns Espectros já haviam revivido e retornado à invasão, confrontando-se diretamente com os guardas e Cavaleiros de Bronze estrategicamente posicionados para detê-los. Cavaleiros de Prata estavam mais atrás, coordenando seus subordinados, junto com os Cavaleiros de Ouro.

Embora não parecesse uma situação crítica, todos estavam preocupados. Muitos estavam cansados e feridos, preocupados com os civis. Já começavam a correr boatos sobre pessoas desesperadas falando de suicídio, caso os Cavaleiros não conseguissem protegê-los. Os sacerdotes estavam se empenhando em cuidar de quem precisava de atenção e permitir que os guerreiros e os muito dispostos ao combate pudessem retornar ao campo e enfrentar os inimigos.

Karthal de Águia, ainda sem condições de voltar a vestir sua Armadura, ajudava a receber os que buscavam abrigo na Fonte de Athena. Ao seu lado, Ificles de Leão ditava ordens para os guardas, enquanto ele mesmo se postava no pátio frontal do templo. Não permitiria que nenhum Espectro passasse por ali.

Foi então que se ouviu o piado de uma ave de rapina ecoar por toda a área, atraindo a atenção de todos. O céu escuro se iluminou de um vermelho alaranjado intenso, que ia das nuvens à terra que pisavam. O ar, frio e sepulcral, tornou-se repentinamente quente e seco.

Os combatentes se preparavam para o pior, quando se viram envoltos por um cosmo dourado e gentil. O calor abrasador era palpável, mas não os afetava. O pássaro sobrevoou o entorno do Santuário, deixando um rastro de chamas como uma longa cauda. Não demorou para que um Esqueleto começasse a fumegar, gritando de dor pelo metal superaquecido que vestia como proteção, antes de virar uma tocha humana e ser incinerado até a morte. E isso se repetiu entre cada um daqueles que ousaram estar naquele cerco com seus Cosmos negros.

– O que está acontecendo…? – Indagou Karthal assistindo aquilo enquanto também reconhecia a figura que sobrevoava a vila. – É...a Phoenix?!!

– Por que não estamos sendo incinerados como eles? – Questionaram alguns soldados intimidados com tudo aquilo.

– Porque estamos sendo protegidos pela própria Athena! – Apontou Crisômalo de Áries, agradecido por aquilo uma vez que não mais tinha forças para continuar sustentando as barreiras de cristal. – Vejam!!! – E apontou na direção da ave.

O animal de fogo descia do firmamento e, ao seu lado, rivalizando com sua claridade, uma estrela dourada ia devagar ao chão. O cansaço deixou o corpo dos Cavaleiros e a esperança os preencheu. Os que estavam para se dar por vencidos ergueram suas cabeças e ficaram de pé, erguendo os punhos e as lanças para continuar a batalha.

– Esses Espectros insolentes ainda ousam continuar com essa invasão perdida? – A voz de uma mulher ressoou do pássaro, que agitou suas asas com força, criando fortes ventos de calor abrasador. – Então enfrentem a fúria da AVE PHOENIX!!! – Ela urrou.

As chamas que a envolviam mergulharam em um ponto, onde se adensaram e foram lançadas diretamente contra o campo de batalha, destruindo tudo o que não estava protegido pelo cosmo dourado da Deusa da Guerra e da Sabedoria…

✶~~✶✶✶~~✶

Embora o sol raiasse preguiçoso por trás das montanhas daquela região pedregosa, a movimentação no Santuário já era intensa. Quem estava em condições se empenhava em limpar a passagem das ruínas e a libertar aqueles que ficaram presos pelos escombros. Enquanto isso, os Cavaleiros feridos e os civis mais graves foram encaminhados para o templo da Fonte de Athena.

Antares estava sentada no leito, com os olhos fundos olhando para a fumaça do incenso que subia ao seu lado. Levou algum tempo para assimilar onde estava e então ficou ali, concentrando-se para não pensar no que houve. Tentou voltar a dormir, mas sempre que fechava os olhos, via aquele maldito sorriso no rosto de Pollux, o que terminava por fazê-la lembrar do pesadelo que Melinoe a fez ter. Optou então por ficar acordada o máximo que pudesse.

– Antares? – A voz de Ganimedes a chamou com um sussurro apreensivo que quase lhe pareceu um grito. – Antares, você está bem?! – Ele quis saber, se aproximando, mas ela não respondeu.

A jovem limitou-se a baixar os olhos, sentindo as mãos dele pousarem em seus braços frios.

– Antares? Está sentindo alguma coisa? Quer que eu chame o Kheiron? – O Cavaleiro questionou apreensivo com seu silêncio.

Aquele olhar a incomodou e fez com que a Amazona se desvencilhasse dele, e voltasse a deitar, cobrindo o corpo, tão cheio de bandagens que poderia fazer as vezes de roupa.

O rosto estava inchado e as manchas roxas já eram bem visíveis próximas aos olhos e boca. Com cuidado, o aquariano explicou sua condição: uma parte da placa abdominal da Armadura se rompeu para dentro, fazendo com que pedaços do metal perfurassem sua pele e quebrassem uma de suas costelas. Isso estava fazendo sua respiração ser mais superficial que o devido.

– Se quiser, posso tentar convencer Kheiron a preparar algo para a dor. Assim você poderá voltar a dormir e...

– Eu não quero dormir. – Ela respondeu com um sussurro rouco e cortante, que o assustou.

– Mas por que não? – O aquariano questionou surpreso. – Precisa de descanso para poder se recuperar!

– Eu não quero! – A escorpiana respondeu com um tom mais alto e ríspido.

– A-Antares! – Ele murmurou em choque. – Por que está dizendo essas coisas? Não pode! Precisa de descanso e sabe muito bem disso!!!

– Eu não quero dormir!!! – Ela teria gritado se tivesse conseguido, mas o pouco que elevou a voz a fez curvar-se, levando as mãos à costela quebrada.

– Não nega de quem é filha… – Comentou Ganimedes bufando em seguida, passando uma mão pelos cabelos. – Olha, Antares… Quanto mais resistir, mais tempo e dor passará nessa cama. A decisão é somente sua! Não é mais uma criança a quem devemos obrigar a qualquer coisa. – Disse enquanto se levantava. – Chamarei Kheiron para vê-la, quer você queira ou não. Não é a única que necessita de cuidados… – E suspirou. – … embora há outros que estão preocupados com você e já vieram vê-la diversas vezes.

Foi a vez de Antares respirar fundo, ou tentar, soltando o ar pelo nariz, como um touro raivoso. Se encolheu no leito, puxando um pouco a coberta para tentar se aquecer e se sentir confortável, enquanto observava o troiano saindo em busca do centauro. E não tardou em voltar com ele, mal dando a ela algum tempo para remoer o que tanto a incomodava.

– Ah, aí está você… Como se sente, Antares? – Sagitário questionou com um tom gentil, se aproximando dela.

– Eu não quero dormir… – Foi tudo o que a jovem conseguiu falar, em um murmúrio trêmulo.

– Por que não? Está sentindo alguma coisa? – Ele quis saber, olhando discretamente para Ganimedes. – Náuseas? Dores fortes? Tinha um pouco de sangue no seu ouvido, percebi que estava atordoada.

– N-não… eu só… não quero dormir… – Ela disse apenas, virando as costas para ele.

O sagitariano olhou para o outro Cavaleiro no aposento, que pareceu confirmar alguma coisa naquele olhar. Kheiron suspirou pesadamente e colocou um sorriso gentil no rosto, o qual a jovem não viu.

– Tudo bem! Se não quer dormir, não darei nada para dormir. – Ele falou, tirando um pequeno frasco de cerâmica de sua bolsa, contornando o leito e mostrando a ela, mal conseguindo sua atenção. – Mas imagino que queira tomar algo para dor, não? Respirar um pouco melhor talvez ajude a acalmá-la. – E destampou o recipiente, permitindo que ela sentisse o cheiro suave e agradável de seu interior. – Consegue beber?

– A-acho que posso beber um pouco… – A escorpiana falou, virando-se, segurando o frasco.

– Beba devagar. – O centauro instruiu, deixando-a tomar tudo, embora notasse uma careta por parte dela. – Isso mesmo, mocinha. Agora, se me permite, irei ver os outros feridos. – Falou olhando-a nos olhos. – Caso continue sentindo alguma dor, não hesite em chamar, ouviu?



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