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História Saint Seiya: Sob o Sangue do Escorpião - O Último Teste


Escrita por: Draconnasti e Katrinnae

Notas do Autor


Uma jovem e desconhecida aspirante tenta o seu lugar entre os homens mais poderosos de seu tempo. O que será que vai acontecer?

Capítulo 1 - O Último Teste


Fanfic / Fanfiction Saint Seiya: Sob o Sangue do Escorpião - O Último Teste

O sol há muito havia deixado o alto do céu, derramando sobre o mundo uma luz morna e agradável.

O Anfiteatro principal do Santuário estava cheio para uma tarde comum. Aprendizes e Guerreiros Sagrados se apinhavam nas arquibancadas de pedra para poderem assistir aquele evento. O boato de que um Cavaleiro estava para renunciar a Armadura Sagrada em prol de seu aprendiz deixou todo o Santuário em polvorosa. Queriam saber quem havia sido, por qual motivo e quem haveria de sucedê-lo.

Sempre era daquele jeito.

Reunidos nas arquibancadas, os guerreiros se misturavam, como se não houvessem patentes. Aspirantes acompanhavam seus mestres, que viam naquele evento uma oportunidade de ensina-los um pouco mais sobre o que teriam pela frente. Homens vestidos em suas sagradas proteções de batalha exibiam-se uns para os outros e comentavam seus feitos para quem quisesse ouvir. A animosidade era geral.

Os Cavaleiros de Ouro, a Elite do Santuário, não tardaram a surgir, roubando a atenção dos que já estavam presentes. Eram treze em sua totalidade, embora sempre fossem referidos como Os Doze Cavaleiros de Ouro. Eram raros os momentos em que todos eles eram vistos juntos, no auge de sua glória.

Athena, Deusa da Guerra e da Sabedoria, chegou pouco depois, com seu séquito de jovens sacerdotisas guerreiras. Sua guarda pessoal e damas de honra, as Saintias. Sua presença acalmou a plateia ruidosa de tal modo que era quase possível ouvir a respiração frenética da pequena coruja castanha empoleirada no ombro da deidade. Em seu posto, o ponto mais elevado das arquibancadas, e o único coberto, onde repousava o trono com sua insígnia, ela deixou seus olhos azuis percorrerem cada alma presente naquele lugar.

O vento morno esvoaçou seus cabelos púrpuras e sua túnica alva, protegida apenas por uma versão mais simples de sua Armadura Divina. O corselete áureo cobria seu torso por completo, unindo-se com o gorjal (01). As ombreiras longas acompanhavam os traços de seus braços definidos, até a altura dos cotovelos, onde braçadeiras douradas davam continuidade à proteção até as manoplas (02).

- Meus bravos guerreiros. Hoje iremos contemplar mais um novo Capítulo de nossa História. Onde veremos se uma das novas sementes lançadas ao solo vingou. – Anunciou a mulher, dando um passo à frente, com sua voz era firme e inspiradora. Lançou seus olhos azuis e cristalinos sobre a multidão que lotava o lugar e respirou fundo. – Fui incumbida por Zeus a ser a protetora dos Homens e de seu mundo! Para isso, ergui meu Santuário e derramei meu poder sobre ele. Ao lado do Olimpo, enfrentei os Giga (03). Aprendi nessa Guerra que nem sempre o poder dos Deuses é o bastante, que era necessário que houvesse união entre o mortal e o divino. Juntos, fomos vitoriosos!

Por um instante, ela se calou, voltando a atenção brevemente aos treze homens parados a sua frente, alguns degraus mais abaixo. Os melhores guerreiros que havia conseguido reunir, pela fé em seus ideais, pelos interesses comuns, ou mesmo por meio de acordos.

- Vocês, Humanos, ergueram esse Santuário em minha honra. Como retribuição, eu derramei sobre os melhores de vocês, as minhas bênçãos. Ajudei a despertar seus Cosmos e a desenvolve-los. – A Deusa prosseguiu, pousando os olhos sobre um de seus guerreiros dourados, e depois tornando a olhar para a multidão. – Sua missão é ajudar a proteger a humanidade contra aqueles que ousarem se erguer contra as ordens de Zeus. É dar esperança àqueles que se encontram em situações desesperadoras, e trazer a paz a esse mundo. Sempre tenham isso em mente, meus Cavaleiros.

 

✶~~✶✶✶~~✶

Os murmúrios não eram completamente audíveis, mesmo para quem aguardava ansiosamente pelo chamado da Deusa. Os exercícios de respiração e a mentalização de lugares calmos já não serviam para conter a ansiedade crescente.

Estava de pé, diante da grade que separava o vestíbulo escuro do palco do Anfiteatro. Mexia nervosamente nos cabelos azul-escuros curtos e arrepiados, passava as mãos enfaixadas no chão, para que a poeira enxugasse o suor que brotava de sua palma. Orou em silêncio, agradecendo à Athena por aquela oportunidade.

As palavras da Deusa seguiam, junto à prece de quem esperava. Em certos momentos, era como se fossem uma coisa só, fazendo com que se sentisse com mais coragem. O momento havia chegado.

- Que o teste tenha início! – Bradou a deidade, sentando-se no trono destinado a ela.

Os guerreiros se agitaram em euforia, mas não demorou para que suas vozes silenciassem pouco a pouco. O entusiasmo deu lugar ao ultraje diante daquela pessoa que caminhava lentamente, das sobras para o centro do anfiteatro. Nem mesmo os Cavaleiros de Ouro ficaram imunes àquilo, e comentavam entre si, divididos entre a curiosidade e a ofensa. Apenas um deles se mantinha em sua posição rígida, observando com mais interesse que os demais.

O corpo magro e esguio não parecia apto para o teste. A túnica, alva e curta, não escondia as pernas grossas, cujas bandagens seguiam dos tornozelos até pouco acima dos joelhos. Os braços eram delicados, sem sombra de qualquer realização de trabalho físico intenso, além de braçadeiras de couro simples e faixas que iam de seus dedos até pouco além dos cotovelos.

No torso, um colete de couro cru sem qualquer decoração ou reforço, servia apenas para suavizar suas formas. As únicas peças que possuíam qualquer vestígio de metal estavam em seus joelhos e ombros, embora fosse algo mais decorativo que uma proteção. E em seu rosto, uma máscara de metal claro desenhava os contornos gerais de sua expressão, embora os curtos cabelos azul-escuros, cheios e revoltos, as cobrisse. Também servia para encobrir o nervosismo daquela garota de dezesseis primaveras.

Cobranças eram proferidas, tanto em voz alta como em silenciosos olhares, na direção de Athena, que solenemente fingiu não nota-los. Seus olhos azuis deitaram discretos em seus guerreiros de elite, enfileirados a sua frente. Observou bem suas curiosas reações diante daquilo, em especial.

Era o único ali que parecia tranquilo, como se já soubesse o que viria pela frente. Sua Armadura Sagrada tinha dois esporões levemente curvos nos ombros, e nas costas trazia uma longa capa vermelha com detalhes dourados. Pela postura, acreditava que ele estivesse com os braços cruzados sobre o peito, como tantas vezes o notou fazer quando assistia a eventos como aqueles.

A única dúvida que tinha em mente era se estava com o característico sorriso predatório no rosto, ou se, pela primeira vez o Caçador estava apreensivo. A Deusa não teria como saber naquele momento. Limpou a mente e ergueu uma mão, sinalizando para que o primeiro oponente viesse. Ela, mais que ninguém, queria saber como seria o desempenho daquela jovem.

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O Caçador não escondia a satisfação em seus olhos vermelhos diante do que via. Tinha certeza de que quase nenhum dos presentes estava preparado para ver o adversário que entrava, tombar diante de seus olhos, jorrando sangue sem que qualquer movimento parecesse ter sido executado.

Mas ele conseguiu ver cada passo, desde o momento em que ela saiu de sua postura usual e avançou, ao momento em que o golpe fora dado. O inimigo caiu sem entender como sua garganta fora retalhada de modo que um leão se sentiria envergonhado por não fazer metade daquilo.

Somente um dentre os Cavaleiros de Ouro percebeu o discreto sorriso que se insinuou em sua face cuidadosamente barbeada. E a ele, o Caçador dirigiu um breve olhar cheio de confiança, antes de pousa-lo novamente na arena. Seria uma prova de resistência da qual, sabia muito bem, que terminaria com um combate realmente digno daquela jovem.

Embora de costas, pode perceber quando a deusa autorizou a segunda parte daquela luta.  Um burburinho se formou. O que outrora era chacota e protesto sem fim, rumava ao silêncio mais absoluto. Cada desafio enviado estava sendo combatido dura e rapidamente de tal modo que o chão da arena ganhou tons de vermelho.

Criminosos comuns e guerreiros renegados tinham naquele momento, uma chance de ganharem a liberdade. Achavam que seria simples, contudo, o Caçador sentiu o cheiro do medo que preencheu seus corações e, um a um, passaram a hesitar.

Para aqueles que estavam observando o teste a sério, se mostraram confusos no início. Aceitaram razoavelmente que prisioneiros comuns não fizessem frente ao seu poder, pois muitos deles não estavam levando aqueles testes tão à sério quanto deveriam. Achavam-se muito acima daquela jovem e ignoravam o fato de estarem sendo testados da mesma forma que ela estava sendo.

Mas derrubar facilmente um guerreiro de outra divindade, treinado e com certa experiência, era algo assombroso demais. Uma possibilidade aterradora demais para ser real. Alguns Cavaleiros haviam se dado ao trabalho de saber algo sobre quem seria testado naquele dia, e descobriram apenas que que havia sido treinado em segredo por um Cavaleiro poderoso, com a permissão da deusa Athena. Aquilo significava que seu mestre era alguém de grande prestígio dentro do Santuário.

Ele percebeu alguns olhares em sua direção e não escondeu o sorriso orgulhoso. A resposta que muitos ali temiam confirmar.

O céu começava a tomar tons vermelhos, quando o último oponente da garota caiu no chão, tentando conter inutilmente o sangramento em seu pescoço. Ela olhou para onde a deusa Atena se encontrava, sentada em seu trono, observando o combate. Seu rosto parecia satisfeito com o que via. Tendo Niké em sua mão direita, sob o formato de um báculo, ela tratou de chamar a atenção de todos, batendo seu cabo metálico quatro vezes no chão de pedra.

Todos voltaram sua atenção para a deusa. Aquele era o sinal do último teste.

Todos se levantaram e observaram ansiosos pelo apontamento da Senhora do Santuário. Ela lançou os olhos azuis por cada um dos seus Cavaleiros Dourados, dispostos à sua frente, até encontrar aquele a quem procurava. Ergueu o báculo e apontou em sua direção.

- Pollux de Gêmeos. – Foi o nome que a mulher falou em alto e bom tom, ordenando que se dirigisse à arena, para o último teste da aprendiz.

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Os olhos dourados de Gêmeos cerraram-se, e nem precisou voltar-se para o irmão mais novo ao seu lado e perceber o quanto ele queria ter sido o nomeado para aquele momento. O ouviu reclamar sobre aquilo a tarde inteira. Jamais se esqueceu do que a garota lhe fez há quatro anos, muito menos do doloroso resultado das Agulhas do mestre dela.

Porém, Athena sabia o quanto o orgulho do Filho de Zeus estava ferido. Tantas desavenças com aquela jovem envolvida, as vezes culpada, as vezes vítima. Percebeu todos os olhares sobre ele, o que o fez caminhar dar um passo à frente, aceitando a ordem da deusa.

- Te mandar lutar com uma mulher? – O Cavaleiro comentou com um deboche para seu irmão, voltando seus olhos castanhos para ele. – Sinceramente, eu esperava mais da Senhora Athena.

- Pois bem. Que seja! – Disse o gêmeo mais velho, sem emoções na voz.

Pollux saiu da formação onde estava, sem dizer uma palavra a respeito do que o irmão falara, deixando seus passos ecoarem no pátio de pedras do anfiteatro. A sua capa púrpura e sedosa esvoaçava, junto com seus cabelos castanhos, e se colocou no centro do anfiteatro, muito calmo e observador, diante daquela garota.

Pelo que pudera perceber de sua postura, nem mesmo ela estava acreditando que teria de enfrenta-lo. “Está se achando boa demais ou... Não... ela não esperava ter que me enfrentar...”, ele pensou em uma análise rápida. Respirou fundo e prestou um pouco mais de atenção àquela garota.

Era quase meio metro menor que ele, e tinha metade de sua largura. Uma constituição de aparência muito delicada e frágil para aquele teste, contudo, sabia bem como as aparências enganavam. Se não estivesse com as costas voltadas para os outros Cavaleiros de Ouro, teria olhado diretamente para aquele que lhe ensinou aquela dura lição.

Respirou fundo, tirando o elmo e o prendendo ao cinto. Não havia necessidade daquilo, nem de uma postura de combate. A missão dela já era praticamente impossível. Jamais que Pollux de Gêmeos se deixaria ser ferido em um teste de aprendizes, contudo, seria justo. Se aquela garota se mostrasse realmente a altura, ele sinalizaria à sua meio-irmã, como havia prometido.

Com um gesto simples da cabeça, sinalizou que estava pronto para finalizar aquele teste, do qual julgava ridículo

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A garota não conseguiu evitar um arrepio percorrer por todo o seu corpo, mas não deixou isso tão óbvio para seu oponente. Cerrou as mãos, ainda manchadas com o sangue dos oponentes derrubados. Pela primeira vez, sentiu o coração dentro de seu peito bater mais rápido e o estômago gelar.

Assumiu novamente uma postura neutra, a mesma que adotara por todo aquele teste, com a intenção de não deixar ninguém descobrir quem era seu mestre até o dia da sagração. Estava confiante de que conseguiria sucede-lo, até aquele momento. Enfrentar Pollux não era algo que a jovem estivesse esperando. Agradeceu imensamente pela máscara cobrir sua perplexidade e o olhar inseguro dirigido para seu mestre.

Ela respirou fundo e apertou os lábios. Estaria fraquejando exatamente naquele instante? Preparou-se por com tanto afinco para aquilo, e iria desistir há um passo de sua meta? Jamais! Havia uma pessoa que dependia de seu resultado e a aspirante não iria voltar para sua presença com as mãos vazias!

O geminiano sinalizou com a cabeça, indicando que estava pronto. E ela lhe respondeu com um breve pulsar de Cosmo. Quando o Cavaleiro se deu conta, a aprendiz já estava a poucos centímetros dele, com uma mão erguida em punho, para golpeá-lo.

Ele arregalou os olhos, incrédulo sobre aquela velocidade espantosa e segurou o pulso dela, torcendo-o e fazendo com que a jovem fosse ao chão. Com uma flexibilidade felina, ela contorceu o corpo de modo a manter as articulações intactas e cair de pé. A aspirante quase sorriu. Sua primeira impressão naquela luta não estava sendo de toda ruim.

Uma nova explosão brusca de Cosmo se fez sentir e novamente ela já estava sobre Gêmeos, com um forte chute encaminhado. Tudo o que lhe restou fazer fora bloquear o golpe com o braço, sentindo a onda de choque no metal áureo que o protegia. Mas a garota também sentiu sua perna imobilizada naquele momento.

Não tinha como se defender naquele momento e se amaldiçoou por aquele descuido. Sentiu um pulso de energia vindo do Cavaleiro atingi-la no rosto, atordoando-a. A parte superior de sua máscara se quebrou, revelando os olhos amendoados, vermelhos e fendidos, brilhantes de expectativa. Naquele instante ela não se ateve muito àquele detalhe, além de fechá-los por um momento, evitando que as lascas pudessem cegá-la.

Ascendeu o seu Cosmo com violência, fazendo parecer que seu corpo delicado estivesse em chamas escarlates.

Pollux franziu o cenho, posicionando um pé para trás, mudando sua postura para uma mais defensiva. Meneava a cabeça, de um lado para o outro, mostrando que já havia entendido o seu truque, obrigando-a a adotar um posicionamento mais firme.

Arriscou um novo chute, na altura das costelas do homem e empalideceu quando o viu segurar sua perna e arremessá-la contra algumas pilastras do outro lado do anfiteatro. Pensou rápido, girando o corpo e aproveitando o impulso que ele havia lhe dado, subindo pilar acima, quase parecendo que estava a caminhar pelo próprio céu.

O Cavaleiro de Gêmeos a aguardava voltar com tudo em cima dele. Sabia que ela faria aquilo, sendo determinada como estava se mostrando. Assim como a aspirante já estava preparada para seu contra-golpe.

Pollux aguardou pacientemente por um novo pulso de Cosmo, mas o que se seguiu foi algo um pouco pior.

Atento, ele acompanhou o movimento do corpo esguio da jovem mergulhar em sua direção, como uma bola de fogo ou como um pássaro flamejante. Sentiu-a queimar o Cosmo com mais intensidade que das outras duas vezes que o atacara. Ele aguardou até o último instante, levantando a mão e a bloqueou no ar. Seus olhos se cruzaram por aquele brevíssimo momento, antes de uma explosão de luz cegá-la, jogando-a novamente longe.

O combate havia terminado.


Notas Finais


01 – Gorjal: Parte metálica de uma armadura, cuja finalidade é proteger a região do pescoço, porém limita sua mobilidade, sendo uma peça opcional entre os usuários de armaduras pesadas.

02- Manopla: Proteção metálica para as mãos. Geralmente são feitas para cobrir a mão inteira.

03 – Guerra dos Deuses contra os Giga: Gigantomaquia, a Guerra entre os deuses e os Gigas, onde os deuses precisaram se aliar aos homens, para obterem a vitória.


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