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História Sala VIP - Senhor Payne


Escrita por: JaxTom

Capítulo 4 - Senhor Payne


Fanfic / Fanfiction Sala VIP - Senhor Payne

    Louis estava vagando pela copa onde alguns funcionários pegavam cafés e chás o tempo todo. Alguns o cumprimentavam e voltavam apressados para suas salas, outros ainda ficavam trocando olhares curiosos por ter um garoto tão jovem por ali, mas não diziam nada. Estava ansioso e um pouco apreensivo, nervoso e, conforme o tempo passava, ele se sentia pior. Tinha uma admiração por quem Liam era, mas assustou-se com o homem que vira hoje cedo, fosse porque não o imaginava tão rude, fosse porque nunca tinha tido um chefe e não sabia exatamente como se comportar agora que tinha um.

    Louis tamborilava os dedos no balcão perto de uma cafeteira, enquanto olhava de longe através da janela de vidro algumas pessoas trabalhando. Era um garoto genuinamente curioso e tinha uma imaginação interessante. Gostava sempre de inventar histórias em sua cabeça sobre os estranhos que encontrava por aí. De longe, ele observava uma moça ruiva - claramente não era ruiva natural - e pensava que ela deveria ser daquelas mulheres práticas, sistemáticas, talvez até chatas, que não sorriam nunca. Outro homem perto dela talvez fosse uma espécie de admirador secreto, já que claramente não tirava os olhos da moça conforme ela se movimentava entre as mesas.

    Talvez aquele tipo de hobby o ajudasse a entender o ambiente em que estava e, para um adolescente cujo gênio não era lá dos mais fáceis, qualquer coisa lhe parecia mesmo muito fascinante.

    - Com licença. - Ele ouviu a voz de um homem alto querendo usar a cafeteira. Ele sorriu e Louis ficou um pouco sem graça, mas retribuiu.

    - Claro, desculpe. - Louis respondeu afastando-se de onde estava, quase bloqueando o caminho do homem que tinha chegado. Com o canto dos olhos, ele percebeu os olhares curiosos do outro.

    - Você é novo por aqui? - O tal homem disse e Louis cruzou os braços apenas concordando com a cabeça. Tinha medo de conversar com qualquer pessoa ali, falar alguma besteira e piorar sua situação naquele dia, que já não era boa. - Seja bem-vindo.

    - Obrigado. - Louis respondeu tentando não parecer tão tímido.

    - Sou Andy Samuels. - Ele se apresentou estendendo a mão para Louis, que imediatamente retribuiu.

    - Louis Tomlinson. - Ele disse simpático, querendo mostrar que tinha uma certa maturidade, embora o homem vestisse terno e ele ajeitasse não muito discretamente seu casaco de moletom verde.

    - Muito prazer, senhor Tomlinson. - Andy disse fazendo Louis rir, era estranho alguém tratá-lo como “senhor” que não fosse uma das empregadas da casa.

    - O prazer é todo meu. - Louis falou normal, mas Andy achou um pouco de graça.

    - Como tem sido seus primeiros dias? - Andy perguntou enquanto colocava duas gotas de adoçante em seu café preto.

    - Ah… Mais ou menos. - Louis respondeu torcendo o nariz. - Em dois dias, consegui pagar dois micos básicos. Tá foda. - Ele disse naturalmente, fez Andy sorrir do jeito adolescente de falar.

    - O que você fez? - Andy perguntou não escondendo a curiosidade.

    - Bom, pra começar chamei meu chefe de pervertido logo no primeiro dia. - Louis disse fazendo Andy gargalhar.

    - Liam? - Ele quis confirmar e Louis assentiu com a cabeça.

    - E hoje, estava meio que fazendo fofoca, e o senhor Payne chegou bem na hora. - Tomlinson continuou, ajeitando um pouco os cabelos e respirando fundo, frustrado só de lembrar-se.

    - O que você estava falando? - Andy perguntou ainda rindo, quase esquecendo-se de tomar seu próprio café. Estava se divertindo com aquela conversa.

    - É que saiu no The Sun sobre ele estar com um modelo aí. - Louis disse meio de canto, com medo que desse azar de novo de estar falando do assunto. - Eu achei que era meio que mentira esse lance de ele ser gay, mas to vendo que é verdade. - Louis não resistiu o sorriso no final da frase e Andy reparou no jeito dele.

    - É, ele não é de falar disso na imprensa e nem nada, mas também não fica se escondendo não. - Andy esclareceu. - Mas não se preocupa, ele é um cara legal, só deve estar de mau humor.

    - Espero… - Louis disse pensativo. - Você é amigo dele?

    - Desde os quinze anos. - Andy disse tomando um gole de seu café.

    - Que massa! - Louis sorriu aberto. - Vocês dois já…? Você também é…? - Louis queria perguntar mas ao mesmo tempo não sabia se deveria. Porém, sua curiosidade falou mais alto.

    - Não. - Andy riu do jeito do outro. - Somos só amigos, sempre fomos.

    - Ah tá. - Louis sorriu um pouco sem graça.

    Pensou em retomar o assunto sobre Liam, estava até curioso, mas viu de longe Maggie deixando finalmente a sala de Payne e nem se despediu de Andy, apenas saiu da copa atrás dela, ela parecia um pouco abalada. Estava séria e andando com pressa. Louis a seguiu até a sala sem conseguir alcançá-la, porém quando chegou perto da porta, a viu tirando uma caixa média debaixo de sua mesa e começando a colocar suas coisas.

    Tomlinson ficou desesperado, para ele, estava claro que ela estava arrumando suas coisas para ser demitida. Ele estava pronto para dizer algo, perguntar o que houve, mas a voz de Liam, de longe, chamou seu nome e ele olhou rapidamente. Payne então fez apenas um sinal com a mão, chamando-o, como se dissesse que ele era o próximo.

    Mal podia acreditar no que estava acontecendo. Ao mesmo tempo que sentia-se culpado, estava com muita raiva. Seu dia não estava indo nada bem desde que acordou. Primeiro, teve que levar Niall no aeroporto, despedir-se dele sem saber ao certo em que pé as coisas estavam entre eles, sem saber se realmente as coisas voltariam ao normal depois de ficarem dois meses longe. E, agora, estava tendo esse problema no trabalho. Aparentemente não ia poder usar o trabalho para ocupar sua mente, pois estava prestes a ter o mesmo destino de Maggie: demissão.

    Não era justo, independente do que tinha acontecido, e ele reconhecia que fazer fofoca de seu chefe não era certo. Mas certamente não era motivo para demissão. Ele marchou até a sala de Liam com cara de poucos amigos e não estava fazendo nem questão de esconder sua indignação. Só pensava que queria ajudar Maggie, pois sabia que aquilo estava sendo desproporcional.

    - Entre, Louis. - Liam disse, mas Louis já estava dentro. - Sente-se.

    - Não, estou bem em pé, obrigado. - Tomlinson respondeu malcriado, cruzou os braços e Liam mal podia acreditar que ele estava literalmente vendo o garoto fazer mesmo um bico de leve com os lábios. Os olhos cerrados e o cenho franzido quase fizeram Liam rir.

    - Certo, como quiser. - Payne respondeu pigarreando para não rir, sentou-se confortavelmente em sua cadeira e apenas observou Louis por alguns segundos. - Não se sabe da política dessa empresa, mas…

    - Ah não dá pra falar nada sobre o chefe. - Louis interrompeu e Liam mal pode acreditar que ele de fato teve coragem de interrompê-lo.

    - Você está sendo petulante, Tomlinson. - Liam interveio com uma certa calma, mas ainda com rigor. - Não me interrompa quando estou falando.

    - Não falar de você, não interromper… - Louis sorriu de canto recebendo um olhar feio de Liam. - É assim essa ditadura que você administra? Porque eu não quero estar aqui, certo? Meu pai está me obrigando! - Louis começou a falar e Liam, percebendo que a curiosidade de ouvir o que o outro tinha pra dizer, de repente falou mais alto. - E, tem mais, eu posso entrar em Oxford a hora que eu quiser, eu posso ir trabalhar no jornal que eu quiser. Acha que não sei que meu pai deve estar pagando pra eu estar aqui?

    - Controle esse tom, Louis. - Liam levantou-se mantendo a calma.

    - Eu falo do jeito que eu quiser! Você vai me demitir mesmo! - Louis disse no típico tom sarcástico. - Igual fez com a Maggie! E se você quer saber, eu vou pedir pro meu pai arrumar um emprego pra ela muito melhor! - Ele concluiu vendo Liam inclinar a cabeça desconfiado.

    - Demitir? - Liam perguntou franzindo o cenho, saindo de onde estava e indo na direção de Louis, que ficou calado sem entender. - Escuta aqui, seu moleque… - Liam rangeu os dentes e invadiu o espaço pessoal de Louis, que deu um passo para trás, mas Liam continuava o seguindo. Estavam há centímetros de distância. - Primeiro, não fala assim comigo porque eu tenho o dobro da sua idade. Segundo, o dinheiro do seu pai pode mesmo te comprar muitas coisas e até mesmo muitas oportunidades, mas não te fará um bom jornalista e nem muito menos te fará trabalhar aqui! - Liam continuava e o garoto estava cada vez mais assustado. Nunca ninguém tinha falado com ele daquela forma. - Terceiro, não presuma coisas que você não sabe sem antes perguntar. - Liam o encurralou quando Tomlinson sentiu a mesa de reuniões atrás de si, não tinha para onde fugir.

    - Liam, eu… - Louis tentou.

    - “Senhor Payne”. - Liam corrigiu, ainda mais enfezado.

    - Senhor Payne… - Louis disse engolindo a seco, estavam tão perto que ele conseguia sentir o cheiro do perfume caro de seu chefe. - Peço desculpas, eu realmente pensei que…

    - Estou cansado de ouvir isso da sua boca. - Liam disse passando a língua pelos lábios, automaticamente Louis olhou para a cena, mesmo sem querer. - Em dois dias, essa é a segunda vez que pede desculpas… E em ambas as vezes, o único motivo foi a sua malcriação. Mais nada.

    - O senhor está certo. - Louis disse num sussurro, inseguro se poderia falar ou não. Direcionou novamente seus olhos para os olhos de Liam e ambos se encararam por alguns segundos, que pareceram mais longos do que de fato foram.

Liam surpreendeu-se em ouvir aquilo de Louis, imaginou que o garoto fosse brigar até o fim, mas admitir que estava errado, foi algo significativo realmente. Os olhos azuis do garoto estava fixos nos de Payne que, por sua vez, não sabia exatamente porque estava tão perto daquele garoto. Ele deu um passo para trás e era como se Louis pudesse respirar novamente, Liam sabia que perdeu um pouco das estribeiras embora tivesse convicção de que não estava errado. Se é que era possível, Louis estava ainda mais constrangido.

- E a última coisa… - Liam disse, ajeitando a gravata como se a sufocasse por um segundo, sempre se sentia assim quando se exaltava. - Não estou demitindo ninguém, pelo contrário. Pedi a ela pra mudar de sala e deixar aquela pra você. - Ele finalizou e Louis sentia que a altura da janela agora era convidativa para se atirar de lá de cima.

Liam girou o corpo voltando para perto de sua mesa e Louis deu alguns passo como se pudesse segui-lo e observou-o cruzar os braços e enconstar-se no móvel caro, apenas olhando pra ele como se esperasse que ele dissesse algo muito significativo, que realmente o convencesse a mudar de opinião em relação a ele. Louis sabia que ganhar o respeito e a admiração de um homem como Liam Payne iria levar muito mais que dois dias. Especialmente se aqueles dois dias ele só estava fazendo besteiras.

- Não estou tentando arrumar desculpas e nem nada, mas… - Louis começou, cuidadoso, ficando cada vez mais próximo de Payne. Por algum motivo, ele sentia que se conversasse com ele mais de perto, as coisas teriam outro tom. - Eu estou um pouco chateado com alguns lances pessoais e acabei trazendo isso pro escritório. - Tomlinson comentou, mas Liam pareceu não muito convencido. - Eu acabei de contar para os meus pais que sou gay… - Ele finalizou e agora sim tinha a atenção de Liam. - Sei que isso não é da sua conta e que ninguém tem a ver com meus problemas, mas meu namorado também vai passar dois meses longe… Enfim… - Louis respirou fundo, já achou que estava falando demais e dando detalhes a mais. - Desculpe, senhor Payne.

Liam ouviu aquilo e mudou de expressão quase que imediatamente. Se antes ele gostava de achar que não tinha nada em comum com aquele garoto, as coisas tinham acabado de mudar. Seus olhos novamente se encontraram e Liam, por um segundo, viu algo novo em Louis que não tinha visto antes, e o nome daquilo era empatia.

- E como seus pais reagiram? - Não que ele tivesse muito interessado, mas havia passado pela mesma coisa e, quando duas pessoas que tinham algo em comum se encontravam, era natural que a troca de experiências viesse em algum momento.

- Bem eu acho… Não posso reclamar. - Louis disse, vagamente, especialmente lembrando-se da forma como tudo aconteceu. Não era como se ele, de fato, tivesse aberto seu coração para seus pais. Ele foi praticamente forçado a contar depois do que sua mãe havia visto. - Mas claro que meu pai não gostou muito.

- Eles nunca gostam, não é mesmo? - Liam disse com um sorriso triste, lembrando-se da decepção nos olhos de seu pai, mesmo que ele não tivesse sofrido represália forte, seu pai nunca mais o tratou da mesma maneira. Pensou que talvez Louis tivesse mais sorte que ele nesse aspecto.

- Sei lá… - Louis coçou a cabeça e, meio que sem pensar, ficou ao lado de Payne, encostado na mesa. - Acho que meu pai nunca vai estar cem por cento satisfeito com nada do que eu fizer. Sempre vai achar que eu poderia ter feito melhor.

- Não se preocupe com isso. - Liam disse olhando para o garoto ao seu lado. - Vai ter tempo pra perceber que a única aprovação que precisa é a sua própria.

- E a sua. - Louis disse olhando nos olhos de Liam, num claro impulso. Payne ficou um tanto sem palavras com aquilo, a forma de olhar daquele garoto era um tanto invasiva, ele não escondia a curiosidade, embora escondesse as perguntas que Liam sabia que ele estava louco pra fazer.

- Elogiei você ontem, do que mais precisa? - Liam sorriu erguendo o queixo de leve.

- De mais. - Louis disse desencostando de onde estava e olhando Liam firme. - Quero que aquilo seja apenas o começo. - Para um garoto de dezessete anos, Liam tinha que admitir que viu ali muito mais ambição do que pensava.

- Então volte ao trabalho. - Payne disse olhando para ele de canto por alguns segundos e saindo lentamente de onde estava, circulando sua mesa e sentando-se calmamente em sua poltrona de couro preta. - Temos uma festa nesse final de semana, temos que mostrar serviço aos investidores.

- Sim, senhor. - Louis disse sorrindo aberto, vendo um Liam tão mais calmo que mal lembrava o que tinha visto há poucos minutos.

Os dois ainda ficaram se encarando por alguns segundos e Louis segurou o riso, sem entender exatamente o que aquele homem estava pensando, achou que escapou por pouco de arrumar um problema sério dentro daquele jornal. Ele saiu da sala, mas olhou novamente para Liam antes de fechar a porta e percebeu que ele não tirou os olhos dele em nenhum momento. Era até estranha aquela sensação de ser vigiado, Louis realmente acreditou que Liam era o tipo de chefe que estaria em todos os lugares, o tempo todo, que tinha olhos por todos os cantos. Ao mesmo tempo que teve que admitir que aquele homem era tão poderoso que, de fato, a ideia começou a excitá-lo só de pensar a respeito.

x.x.x

    Liam voltou de seu horário de almoço com Andy e ambos foram para a sala de Payne conversando sobre qualquer trivialidade do jornal. Liam sabia que precisava contratar alguém para organizar a festa da Times UK naquela semana, para celebrar sua volta ao país e sua posição oficial como CEO da sede. Precisava impressionar e não pouparia esforços - ou dinheiro - para que tudo desse certo. Quase ninguém o conhecia ali e, apesar de não ser nenhum jovem de vinte e poucos, seus 34 anos ainda eram considerados inexperientes para um cargo tão importante.

    Ele sabia que precisaria se provar se quisesse estar ali e não poderia fazer nos bastidores. Precisava mostrar para todos verem, e faria questão de impressionar.

    - Eu ainda estou pensando em quem contratar para organizar essa festa. - Liam dizia enquanto Andy o seguia para dentro da sala fechando a porta após passar por ela. - Eu preciso que seja algo realmente surpreendente…

    - Sabe que não vai ganhar a confiança de um bando de velho rico dando festinhas com uísques caros e charutos, não é mesmo, Payne? - Andy disse colocando as mãos nos bolsos da calça social e olhando Liam de longe.

    - O que quer dizer? - Payne franziu o cenho espelhando o movimento do amigo.

    - Que você precisa parar de sair no The Sun. - Ele disse sério e Liam revirou os olhos. - Precisa sair das colunas de fofoca, Liam…

    - Eu não tenho culpa desses abutres atrás de mim! - Liam disse levemente indignado, inquieto, passando a andar de um lado para outro.

    - Se não desse motivo, não estariam atrás de você! - Andy rebateu sem dó.

    - Ah e o que eu tenho que fazer? Parar de ter uma vida normal? - Liam disse e Andy suspirou, sabia que o amigo tinha razão. - Onde eu possa sair com pessoas ou me divertir em festas?

    - Liam, primeiro, você tem 34 anos. - Andy disse aproximando-se do amigo, mas usando um tom mais calmo dessa vez. - Já passou essa sua fase de ficar de “curtição”. Você não tem mais 22 anos, onde pode simplesmente sair com todo mundo! Além do mais… Não, Lee… Você não pode ter uma vida normal! - Samuels dizia como se tudo aquilo fosse óbvio, mas tudo que Liam fazia era negar com a cabeça. - Os holofotes estão em você, por favor… Apenas tome mais cuidado.

    - Andy…

    - Você acabou de voltar pra Londres. - O amigo o interrompeu, tocando seus ombros como um bom conselheiro. - As pessoas colocam expectativas nisso, achando que a Suíça o evoluiu, o amadureceu… Mostre a eles que estão certos.

    - Eu sou competente e minha vida pessoal não deveria interferir em nada disso. - Payne disse calmo, mas com raiva.

    - Não odeie o jogador, odeie o jogo. - Andy disse e Liam entendeu perfeitamente a simbologia da frase. - Ninguém disse que seria justo, cara, mas as coisas são como são.

    Andy sabia que não poderia censurar o amigo daquela forma, ele tinha noção de que as coisas estavam erradas, mas não havia muita opção ali. Talvez quando Liam estivesse fora do país e numa posição não tão visível para as pessoas, não seria notícia que ele aparecesse em lugar algum. Mas desde que botou os pés em Londres para ser o novo CEO da Times UK, sua vida parecia ter voltado ao showbusiness, igual a quando era adolescente e “filho do magnata Geoff Payne”.

    - O que quer que eu faça? - Liam abriu os braços um tanto resignado, rendido, pensando que realmente talvez seu amigo tivesse razão e ele precisasse mudar de postura.

    - Mostre Baptiste ao mundo. - Andy disse e Liam franziu o cenho. - Assuma seu relacionamento, mostre que não é só mais uma noite, que está levando a sério.

    - Andy… - Liam riu do quão absurdo aquilo soava. - O cara já está puto comigo…

    - Ele é apaixonado por você, Liam! - Andy disse convicto. - Está escrito na cara dele…

    - Ele foi embora ontem muito irritado… E com razão. - Liam lembrava-se da discussão dos dois. - É sério, ele não quer me ver.

    - Pois vá atrás dele. - Andy disse num tom motivador. - Ele é o cara certo pra você, Lee…

    Liam respirou fundo e, em termos técnicos, sabia que seu melhor amigo tinha razão. Baptiste era bonito, bem educado, estava acostumado com fotos para todos os lados, era refinado e, mesmo que para algumas pessoas isso não contasse muito, naquele meio era sim uma grande coisa que aquele homem fosse francês. Europeus sempre tinham mais credibilidade nesse quesito do que americanos. Liam não via problemas em relacionar-se a longo prazo com o modelo bonito, o problema é que ele não estava nem perto de apaixonar-se por ele.

    - Certo. - Liam disse suspirando conformado. - Talvez você tenha razão…

    - Ao menos apareça na festa com ele, tire fotos ao lado dele, apresente ele às pessoas… - Andy incentivou. - Se daqui um mês você não o quiser mais, beleza, mas pelo menos não vão poder dizer que está com um homem diferente a cada semana.

    - Mesmo se eu tivesse, isso não interfere na minha capacidade de…

    - Eu sei, Liam. - Andy aproximou-se novamente do amigo, segurando-o pelos ombros e olhando em seus olhos. - Eu sei do profissional que você é. Mas também entendo das relações públicas desse jornal… E das suas. - Liam sabia que não tinha como rebater aquele argumento. - Tente ao menos.

    - Eu não gosto nenhum pouco dessa ideia. - Liam disse suspirando, achando mesmo que a vida que levava estava mesmo boa demais para ser verdade.

    - Pode ser que não goste agora. - Andy disse dando de ombros, preparando-se para sair da sala. - Mas quem sabe a longo prazo, veja que não foi nenhum sacrifício tentar um relacionamento sério com um dos modelos mais bonitos e mais bem pagos do mundo. - Andy concluiu e viu um pequeno sorriso presunçoso de Liam se abrir. - Até depois.

    - Até. - Liam disse mas, antes que seu melhor amigo deixasse a sala, ele olhou pela pela janela de vidro de sua sala, onde podia ver seus funcionários. Louis andava com os fones de ouvido balançando a cabeça enquanto comia um sanduíche andando pela redação. - Andy… - Liam chamou antes que o amigo fechasse a porta da sala. Sem tirar os olhos de Louis, ele continuou falando. - Fique de olho nele por mim, certo? - Payne disse aumentando o sorriso e então Andy olhou na mesma direção que Liam olhava.

    - Tenho um pressentimento que esse garoto vai te trazer problemas. - Andy disse sincero, observando os movimentos de Louis um pouco de longe. Ele esperava a impressora terminar de imprimir alguma coisa enquanto mastigava seu almoço como se fosse a coisa mais deliciosa do mundo. Por um segundo, Liam poderia jurar que ele estava ouvindo rap.

    - Não vejo como isso possa acontecer. - Liam deu de ombros despreocupado. - Ele é só um adolescente que está estagiando aqui meio período. Não vejo maneiras de ele fazer um grande estrago. - Payne comentou e ajeitou a postura, ainda olhando para Louis.

    - Se você diz… - Andy comentou e agora reparou que Liam praticamente vigiava o garoto.

    Andy deixou a sala sem fazer mais comentários a respeito, percebeu que Liam estava dando uma atenção a Louis mais do que para qualquer outro funcionário ali. Talvez por ser jovem demais, talvez por ser filho de um investidor, talvez por querer demonstrar as boas relações com Troy Austin. Andy não sabia e não iria transformar aquilo num jogo de adivinhação. Mas tinha algo dentro dele, uma intuição, que lhe avisava que aquele garoto era sinônimo de problema.

x.x.x

    O único barulho ouvido no quarto de hotel era dos talheres batendo nos pratos de porcelana vez ou outra. Liam trocou olhares com Baptiste durante o jantar, mas poucas vezes o modelo correspondeu. Claramente não queria estar ali, mas Liam telefonando sem parar o dia todo tornava-se impossível de ser ignorado. Eles já estavam na terceira taça de vinho e, apesar da comida estar perfeitamente feita, nenhum dos dois elogiou e sequer conseguiu apreciar como deveria.

    - Fico feliz que tenha aceitado jantar comigo. - Liam disse após limpar os lábios com um guardanapo quando finalizou a refeição. - Quero conversar com você.

    - Eu também. - Baptiste disse repetindo o gesto do outro. - Porque não espero que ache que estou aqui por outro motivo. - Ele concluiu deixando claro que não iria para cama com ninguém aquela noite.

    - Bap…

    - Liam, olha só… - O modelo interrompeu a tentativa de Payne de começar a conversa de maneira suave. Liam não insistiu, apenas decidiu ouvir. - Eu sei da sua fama, eu já li tudo a seu respeito, o mundo inteiro sabe quem você é… Só que eu não vou ser mais uma das suas conquistas. Eu gostaria de deixar isso claro. - O francês comentou convicto, decidido. - Eu gosto de você e não é pouco… Mas gosto muito mais de mim.

    - Eu o chamei aqui justamente para falar sobre isso. - Liam começou tranquilo, segurando a mão do outro sobre a mesa. - Eu não quero que ache que você é só mais uma conquista, eu quero ficar com você… - Payne comentou e Baptiste relaxou os ombros, seus olhos demonstravam um medo enorme de acreditar naquilo. - Quero que seja meu namorado. - Payne não sabia nem como fazer aquilo direito, mas o silêncio do modelo o fez pensar se tinha falado algo de errado.

    Liam olhava nos olhos azuis dele se perguntando o que aquele homem deveria estar pensando. Ele sorriu ao ver que, aos poucos, o olhar surpreso se transformava em algo carinhoso e, apesar de um tanto assustado, Baptiste sorriu.

    - Não brinque com isso, Liam… - Ele disse baixando os olhos e levantando-se de onde estava. - Está falando sério?

    - Estou. - Liam também levantou-se e o seguiu pela pequena sala que tinha no quarto. - Quero que me ajude a procurar um apartamento pra eu me mudar, quero que vá à festa da Times comigo, quero realmente mostrar às pessoas que você está comigo. - Liam disse um tanto robótico e sem emoção, mas tentou se esforçar para parecer convincente.

    O modelo não disse nada, apenas o abraçou forte, rendeu-se ao sorriso e mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Liam o abraçou de volta, passando as mãos por suas costas e pensando que, por mais que estivesse se esforçando, tinha plena noção de que o que começava errado, terminava pior ainda.

    - Se você soubesse quanto eu esperei por isso… - Baptiste dizia sem conseguir tirar as mãos de cima de Liam. Seus corpos permaneciam juntos, ele apenas acariciava o rosto de Payne, olhando em seus olhos genuinamente feliz. - Eu nunca pensei que você sentisse por mim o que sinto por você. - Ele complementou e, por falta de uma boa resposta e por medo de achar que o modelo iria acabar percebendo ao olhar em seus olhos que aquilo não era verdade, Liam o beijou longa e demoradamente, frustrando os planos do outro sobre não dormir com alguém naquela noite.

x.x.x

    - Mas foi só isso mesmo, acho que agora está tudo bem. - Louis estava ao telefone com Niall há quase vinte minutos. Era quase meia noite e ele tinha um cobertor enrolado para proteger-se do vento levemente frio, estava sentado em uma das cadeiras perto da piscina de sua própria casa.

    - Seu pai vai te matar se você for demitido na primeira semana. - Niall riu do outro lado da linha e Louis ficou feliz de ouvir aquilo, ao mesmo tempo que sua saudade aumentou.

    - Nah… - Ele respondeu despreocupado. - Até parece que o Payne ia me aceitar lá de bom grado apenas, certamente tem muito dinheiro envolvido.

    - Não acho que ele seja o tipo de cara que precise do dinheiro do seu pai pra te manter por lá… - Niall observou e Louis realmente ponderou a respeito.

    - É, talvez você tenha razão… - Louis disse distraído olhando o céu estrelado de início de verão. - Sinto sua falta.

    - Também sinto. - Niall disse suspirando do outro lado da linha.

    - Vai fazer o que hoje? Vão sair? - Louis perguntou curioso e com um pouco de ciúmes.

    - Não, estávamos na praia, mas eu acho que vou ficar no hotel hoje pelo menos, estou muito cansado. - Horan respondeu bocejando. - Mas acho que amanhã vamos para um clube no centro, tem algumas festas temáticas na praia também…

    - Com quem você está no quarto? - Louis não queria perguntar de fato, não queria pressionar, não queria pensar naquilo. Mas era inevitável, por mais que tivesse dito a Niall que ele poderia fazer o que quisesse no verão, ele tinha uma esperança ínfima de que ele realmente se mantivesse “fiel”, mesmo Louis sabendo que aquilo era pedir demais.

    - Com Josh. - Niall respondeu e um longo silêncio se fez depois disso no telefone. Louis sentiu-se mal ao ouvir o nome do outro, sabia muito bem quem era Josh: o universitário com quem Niall andava trocando mensagens e saindo vez ou outra.

    - Por que com ele? - Tomlinson perguntou já deixando claro seu ciúmes.

    - Porque ele quis, ele pediu se poderia ficar comigo. - Niall disse encarando aquilo com naturalidade, mas sabendo perfeitamente que tinha acabado de comprar um problema com Louis.

    - Mas que merda, hein Niall! - Louis não conseguiu se controlar.

    - Olha só, eu poderia muito bem ter mentido pra você. - Niall disse político e calmo. - Mesmo sabendo que você não ia gostar, eu falei a verdade sobre quem está dividindo o quarto comigo. - Ele pontuou e Louis realmente não tinha um bom argumento para rebater aquilo, não tinha motivos para brigar, afinal, Niall estava sendo honesto e o mínimo que Tomlinson poderia fazer, era apreciar aquele detalhe. - Nada está acontecendo… Eu juro. Acredita em mim.

    - Eu acredito, é só que… - Louis respirou fundo, sentia uma dor em seu coração. Aquela notícia tinha mesmo acabado com sua noite. - Niall, eu não quero que você durma com ele.

    - Louis…

    - É a única coisa que vou pedir. - Louis interrompeu sabendo que o outro iria censurá-lo. - Pode ficar com quem quiser, sério… Pode até transar com outros caras, mas não com ele… É só isso que te peço, o Josh não. - Louis disse convicto e ouviu apenas Niall suspirar cansado do outro lado da linha.

    - Tá, tá bom, Louis. - O loiro respondeu sem dar muita importância àquilo. - Como você quiser. - A verdade era que Horan estava cansado demais para discutir com Louis sobre aquelas coisas.

    - Eu estou falando sério. - Louis disse falando mais alto.

    - Tá, tá bom, Louis! - Niall respondeu ligeiramente enfezado. - Você vai precisar confiar em mim um hora ou outra…

    - Eu confio, eu só… - Tomlinson suspirou e fechou os olhos, não queria transformar tudo aquilo num problema e estragar as férias do outro. - Desculpe, Nialler… É só que eu realmente estou com saudades, achei que isso seria mais fácil, mas não está sendo…

    - Eu sei, eu sei… - Niall disse bocejando novamente. - Eu sei que acabei de chegar aqui e estou tentando me divertir, mas queria muito que você estivesse aqui…

    - Eu também queria estar. - Louis disse com a voz ligeiramente triste, morrendo de vontade de simplesmente largar tudo e entrar num avião para a Espanha. - Mas vai lá, sei que está com sono…

    - Eu te ligo amanhã. - O loiro respondeu já com voz de sono. - Se cuide, está bem? E não fique desempregado. - Ele brincou fazendo Louis rir.

    - Pode deixar. - Tomlinson não queria desligar, mas sabia que também precisava acordar cedo. - Tchau… - Ele apenas ouviu Niall responder baixinho e ambos desligaram o telefone.

    Louis jogou o celular de qualquer jeito entre as cobertas e ainda voltou seus olhos para as estrelas naquela noite bonita apesar de ainda não estar exatamente com cara de verão. Ele respirou fundo, sentindo a umidade do ar ir embora cada vez mais, pensou em como sua vida seria dali em diante, pensou nas suas novas responsabilidades e não percebeu que sorriu ao lembrar-se de seu chefe e da conversa que tiveram naquele dia. Nem tudo estava saindo como ele tinha planejado, mas não iria reclamar da oportunidade que estava tendo, até achava bom ter um chefe um tanto rigoroso quanto Payne, ele sabia que seria fundamental para seu crescimento.

    Pensou que, aquele dia em específico, ele realmente reparou no quanto aquele homem era bonito. Tinha o visto mais de perto e seus olhos eram estupidamente expressivos. De repente, aquela beleza toda que ele tinha visto nele não era mais assim tão óbvia. Louis lembrou-se do cheiro e de como ele ficava charmoso quando tentava maquiar um sorriso apenas. Pegou seu celular e novamente buscou pela matéria do The Sun, que mostrava a foto de Liam com o tal modelo que ele nem lembrava mais o nome. Não pensava muito naquilo, mas realmente achou que o tal francês era um cara de sorte por ter a oportunidade de ir pra cama com alguém como Liam.

    Não que estivesse realmente se dando conta na importância que estava dando pra tudo aquilo, mas pesquisou novamente o nome de Liam e viu várias fotos, de várias épocas e uma página especulando que ele seria a próxima capa da Forbes. Louis fixou os olhos em uma das fotos em que Payne era capa de outras revistas sobre dinheiro e negócios e concentrou-se em sua boca, seus olhos um tanto provocativos e a forma como ele parecia mesmo ter um ego imenso, como se gostasse de elogios e que as pessoas reparassem nele, física e intelectualmente.

    Não resistiu levar a sua mente adolescente para o nível sexual e começou a pensar em como Liam deveria ser na cama. Talvez ele fosse do tipo controlador, que desse ordens e gostasse de mandar. Tomlinson sorriu mordendo os lábios e fechando os olhos ao pensar naquilo com um pouco mais de detalhes. Gostava da boca de Liam mais do que qualquer outra coisa que já tivesse visto, pensou que talvez a experiência que ele tivesse na cama certamente tornaria o sexo maravilhoso. Louis tocou o próprio membro dentro da calça de moletom que vestia, quase como que num instinto, massageou devagar pensando em como seria ser chupado por seu chefe.

    Louis deixou sua mente viajar mais do que deveria, já estava pensando em Liam de uma forma completamente diferente. Pôs a mão dentro da calça e achou que foi mesmo uma boa decisão não colocar cuecas depois do banho. Naquele momento, ele pensou que daria qualquer coisa para ouvir Liam gemendo, chamando seu nome, dizendo que não queria nada além de foder ele com vontade, devagar e aproveitando cada segundo. Imaginava-se beijando aquela boca e tocando cada parte de seu corpo, deixando Payne completamente alucinado, transando com ele em sua própria sala, correndo risco de alguém entrar a qualquer momento. Louis se masturbava enquanto pensava naquelas coisas, completamente concentrando seus pensamentos em seu chefe e, com a outra mão, voltou a olhar a tela do celular para uma foto em que Liam aparecia sem camisa em alguma festa na praia quando era provavelmente mais jovem. Louis estava enlouquecendo naqueles segundos e não se dando conta do que estava fazendo.

    Quando fechou os olhos, sua respiração estava acelerada e, quando gozou, não tinha nada mais em mente que não fosse sua ideia de ter Liam dentro dele, fazendo-o gozar em cima da mesa lustra e cara feita de vidro temperado, como se pudesse marcar seu território dentro daquele cômodo.

Mas, quando abriu os olhos, apenas viu-se com uma das mãos meladas de esperma, assim como sua camiseta preta e parte de suas calças limpas. Ele riu de si mesmo e pensou no quanto estava passando do limite nas fantasias, mesmo assim não se arrependia, foi um dos melhores orgasmos que já teve de todas as vezes que se masturbou. Ele deitou a cabela no encosto da cadeira, riu sozinho e sussurrando para si mesmo.

- Louis, você é um clichê ambulante. - Ele dizia enquanto tirava a camisa para usar para se limpar. Não poderia voltar pra dentro de casa daquele jeito. - Bater uma pensando no chefe… - Ele riu ainda mais falando consigo mesmo. - Agora não está mesmo faltando mais nada na sua lista.

Ele tirou o cobertor deixando em cima da cadeira mesmo e ignorando o frio que sentia por estar sem camisa. Andou devagar pelo enorme jardim que tinham até chegar na piscina, agradeceu por ser tarde e saber que não encontraria ninguém nos corredores da casa no caminho até seu quarto.



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