O dia do casamento de Amyra Martell e Ramsay Bolton finalmente chega. O salão onde a festividade ocorrerá está ricamente decorada à maneira Dornesa, com flores, lanças, sóis de ferro amarelos e muita cor por todos os lados. Os olhos de Ramsay ardem com toda a cor que há no local e ele não vê beleza nenhuma na opulência Dornesa, mas precisa causar uma boa impressão na família Martell, pelo menos até ele e Amyra partirem para o Norte.
Toda a família Martell, além de empregados e nobres de todas as partes de Dorne vieram para o grande dia. Os convidados esperam os noivos com ansiedade, sorrindo largamente. Ramsay espera por ela ao lado do Alto Septão e de Roose Bolton.
Um grupo de menestréis começa a cantar e tocar quando Amyra adentra o salão acompanhada do pai, que mesmo com dificuldades para caminhar fez questão de entrar com ela. Ela usa um vestido vermelho-sangue longo, amplo e esvoaçante, com pedras preciosas e fios de ouro bordadas em todo ele; um colar grosso e pesado de ouro e rubis, juntamente com brincos feitos do mesmo material e o cabelo semi-preso em um coque no alto da cabeça, enfeitado com tranças finas e uma coroa feita de correntes de ouro. As costas nuas estão decoradas com uma espécie de tatuagem de hena, com um desenho elaborado. Sua beleza é tamanha que todos no salão prendem a respiração, como se ela fosse uma presença espiritual, quase divina, flutuando pelo corredor decorado com flores. Ramsay sorri involuntariamente depois de olhar minuciosamente por todo o corpo dela.
Doran dá um beijo na testa de Amyra e então Ramsay a toma por uma das mãos. Os dois se colocam diante do Alto Septão, que amarra as mãos do casal com uma corda vermelha enquanto profere os votos sagrados.
- Na visão dos Sete, eu, por meio deste selo, uno essas duas almas como uma só pela eternidade. Agora olhem um para o outro e digam as palavras.
Amyra e Ramsay viram de frente um para o outro, com as mãos amarradas. Ele sorri exultante, ela continua séria. Repetem as palavras juntos, em uma só voz.
“Pai. Ferreiro. Guerreiro. Mãe. Donzela. Velha. Estranha. Eu sou dela/Eu sou dele; Ela é minha/Ele é meu; a partir desse dia até o último dos meus dias”.
As mãos de ambos são soltas. Ramsay pega um longo e pesado manto preto com o símbolo de sua casa, um homem esfolado preso à uma cruz em formato de X, e o coloca sobre os ombros de Amyra. Depois ele a beija e Amyra não tem outra escolha senão aceitar o beijo.
Entre sorrisos e cochichos na multidão, Hemon observa à tudo calado. Uma lágrima cai de seu olho.
*****
Ramsay e Amyra estão sentados à uma grande mesa de madeira entalhada, decorada com uma longa toalha com o símbolo da família Martell, com comidas e bebidas à sua disposição. Doran Martell, Roose Bolton, Oberyn Martell, Trystane Martell e Myrcella Baratheon dividem a mesa com o casal. Os demais convidados ocupam outras mesas espalhadas pelo grande salão de festas.
- Vou lhe dizer uma coisa, realmente não há vinho tão bom quanto o de Dorne. – Ramsay comenta com Amyra, que nesse exato momento bebia a última gota de vinho em sua taça e já estendia o braço para que o empregado lhe servisse mais. – E pelo visto você concorda comigo.
Amyra toma mais um gole de vinho, agora com a taça já cheia novamente, e olha para ele, mas não diz nada.
- Desde quando gosta tanto de vinho? – Ele pergunta surpreso por vê-la bebendo tanto.
- Desde que me casei. – Ela responde.
Ramsay ri. A audácia de Amyra é interessante e o diverte. Amyra não muda sua feição de tédio e desinteresse.
Ela passeia o olhar por todo o lugar, parando vez ou outra em algum convidado ou enfeite da decoração, mas nada prende a atenção dela, nada parece ser capaz de fazer com que ela se divirta ou aproveite o momento. De repente seus olhos param em Hemon que está parado em pé não muito perto do resto das pessoas, observando o casal. Ela coloca a taça na mesa e o olha com pesar. Gostaria de poder conversar com ele, pedir perdão pelo comportamento de Ramsay e dizer o quanto gosta dele e o quanto sente-se triste pelo absurdo que o pai decretara, mas não pode se aproximar dele. Ele parece entender o que ela diz com o olhar, eles são capazes de conversar apenas por olhares, graças à anos de amizade. Ele sorri para ela. Um sorriso triste e cheio de pesar, que ela também entende imediatamente. Estão tão pertos um do outro, mas tão longe ao mesmo tempo.
Hemon a olha uma última vez, aperta os lábios em um claro sinal de tristeza, faz um leve manejo com a cabeça e se afasta, deixando o casamento para trás.
Ramsay nota o momento entre os dois e decide que é hora de saírem dali.
- Vamos nos recolher. – Ele fala ao ouvido de Amyra, segurando-a pelo braço.
- Está cedo, nossa festa mal começou! – Ela se manifesta. Quanto mais demorar para irem para o quarto e ela tiver de passar, obrigatoriamente, pelo fatídico momento de se deitar com ele, melhor.
- Eles podem festejar sem nossa presença. - Ele a puxa com força e ela se vê obrigada a se levantar e acompanha-lo.
Atravessam o salão de braços entrelaçados, com a manifestação alegre e barulhenta dos convidados, que jogam flores no casal, riem e gritam.
Chegam ao quarto. Ramsay fecha a porta trás de si. Amyra se dirige à uma pequena mesa com uma garrafa de vinho e duas taças. Enche a taça e a leva à boca, mas não bebe de seu conteúdo.
- Já teve o suficiente. - Ramsay retira a taça de sua mão e a coloca novamente na mesinha.
- Nem todo o vinho de Dorne seria suficiente. – Ela fala baixo.
- Como é?
- Nada, Milorde.
- Já te disse para não me chamar mais assim. Meu nome é Ramsay.
Sem que ela tenha a oportunidade de dizer qualquer coisa ele a toma nos braços e a beija ferozmente. Com uma mão ele aperta a cintura dela, trazendo-a para mais perto dele, e com a outra ele segura a cabeça. O beijo é urgente, como se ele quisesse isso há muito tempo. E de fato queria.
Ao se soltarem os olhos de Ramsay estão ainda mais azuis, mesmo que Amyra não entenda como isso seja possível. Seu olhar é de desejo; um desejo ameaçador e que faz com que Amyra se sinta desconfortável.
Ele rasga o vestido dela com poucos movimentos, deixando-a apenas com a roupa íntima, que em Dorne é bem menor que em outros lugares. Ele a observa por um minuto, satisfeito com o que vê. Assustada, ela tenta esconder o corpo com as mãos.
- Não se esconda de mim. - Ele retira as mãos dela do caminho. – Você nunca poderá se esconder de mim.
Ele a pega no colo e a joga na cama. A beija mais uma vez e depois desce os beijos para o pescoço, aspirando o perfume, que lhe agrada.
- Ramsay... Entende que preciso que seja cuidadoso, certo? – Ela pergunta com a voz suplicante.
Ele para com os beijos e a encara. Parece não gostar da ideia de ter sido interrompido e menos ainda de ter de ser cuidadoso, mas respira fundo, se controla e diminui o ritmo. Enquanto não chegassem em Forte do Pavor ele não poderia machuca-la ou assustá-la, do contrário, Doran poderia cancelar o casamento, mesmo que ela não fosse mais virgem.
“A cultura Dornesa é deprimente” ele pensa. A beija mais devagar e nessa noite se controla, mesmo que sua vontade seja o oposto disso.
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