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História Sangue Fresco. - Roxo


Escrita por: PabloCBrunoro

Capítulo 15 - Roxo


Derek estava dentro da rodoviária de Vitória esperando no ônibus que o levaria até Alfredo Chaves, ele continuaria dando aulas, mas por vídeo em tempo real.

Ele seguiu até uma lanchonete onde comprou sonhos de creme, logo que se virou viu Rize pagando a conta dele.

_ O que você faz aqui?_ disse ele depois mordeu o doce.

_ Passei no seu prédio, uma garota loira de olhos azuis que estava com uma roupa que parece que faltou tecido na confecção disse que você ia viajar, honestamente ela parecia triste quando eu disse que estava te procurando!

_ Jasmine, acho que exagerei com ela!

_ O que aconteceu?

_ Dei um fora nela no elevador.

_ Como aconteceu?

_ Vou falar o mesmo que falei com ela. Por favor! Me diga que está fazendo uso de cocaína e se apaixonou pela garota que lhe deu a carta!

_ Você teve sorte que ela não te denunciou por assédio moral ou sexual!

_ Eu imaginei!

_ O que ela tem? Digo, por que não aproveitou pra usá-la como a maioria faz?

_ Não sou como a maioria, não acho ela interessante, além do mais não consigo ser atraído por quem não tem conteúdo intelectual, o gosto de livros dela é horrível, na verdade acho que ela não lê, mas o pior é o gosto musical! Não suporto músicas de teor sexual explícito com batidas repetitivas! Me dá dor de cabeça!

_ Você é muito exigente!

_ Nem tanto, não ligo para a estética, sou atraído por pessoas ecléticas de conhecimento!

O som do relógio dele tocou sinalizando que precisava ir até a estação onde entraria no ônibus, o ônibus não era muito luxuoso, mas era suficientemente confortável para ele, o cobrador recebeu ele com um sorriso amigável que transparecia honestidade, o motorista dava bom dia e cumprimentava cada um deles.

_ Amo esse companheirismo de cidades pequenas, pena que isso torna tão fácil um serial killer tão bem sucedido, esse tipo de lugar é perfeito para eles!_ disse Derek para Rize que se sentou ao lado dele como quem da uma aula para à aluna.

_ Por que você diz isso?_ perguntou ela.

_ Às pessoas em cidades grandes por mais que mais cautelosas caem no preconceito de que isso só acontecem com os outros no caso de serem ricos, mesmo assim contratam empresas de segurança, já os lugares pequenos são o contrário, acham que isso não acontece nas cidades pequenas abaixam a guarda, contam com os vizinhos, com animais, com sua família e até mesmo Deus, mas quando alguma coisa acontece todos ficam com medo, e isso os deixa mais cautelosos, porém isso também pode gerar descuido, tudo isso os deixa mais ousados por terem atenção e vítimas mais fáceis de escolher pois todos conhecem todos, basta se manter informados.

_ Interessante!

_ Nem tanto, isso é na minha perspectiva, se perguntar aos outros as respostas podem ser diferentes.

Rize dormiu no acento perto da janela, Derek estava lendo um atlas de biologia, na curva do trevo de Guarapari ele foi parcialmente jogado pro lado dela, seu rosto acabou sendo levado até o cabelo dela, a luz de um poste iluminou o lado do ônibus e Derek finalmente percebeu algo que ele não havia notado, o cabelo dela era tingido de roxo uva escuro, um ponto de personalidade que poderia dizer muito sobre ela com um pouco de esforço, mas isso é algo que não se deve julgar tão rápido, Derek preferia entender esses fatores com o tempo.

O ônibus fez uma parada na qual o solavanco acordou Rize percebeu que Derek havia caído no sono com a cabeça apoiada no seu ombro, ele não roncava e olhando rápido dava a impressão de que se tratava de um cadáver moreno e consideravelmente bonito, mas quando seu cabelo mal cortado se mechia com a respiração muito lenta a vida podia ser percebida.

Ela tocou o ombro dele para o acordar, mas ele tinha um sono incrivelmente pesado, o que fazia sentido já que ela acordou com o solavanco e ele não.

Às luzes se acenderam Rize viu uma foto no bouço do moletom que ele usava, ela pegou o papel celofane com a ponta dos dedos com cuidado para não a derrubar, nela tinham seis crianças das quais apenas cinco sorriam, a outra era um garoto por volta dos dez anos de idade sentado de lado sobre uma calcada com um boneco de madeira sem cabeça em mãos, ele era moreno com um semblante triste e até melancólico, ela notou que Derek era parecido com o garoto sozinho, talvez um irmão, ou até mesmo o próprio pensou ela quando viu Derek tremendo e selando os punhos até ficarem pálidos.

Rize o sacudiu com mais força dessa vez e ele acordou.

_ Meu ombro está doendo!_ disse ela com calma.

Derek retirou a tensão das mãos e procurou a foto apalpando os bolsos, quando não encontrou entrou em um breve pânico vasculhando dentro deles.

_ Procurando por isso?_ perguntou Rize estendendo a mão com a foto._ Caiu no chão quando você dormiua.

_ Obrigado! Não posso perder isso!_ disse ele pegando a foto sem olhar a imagem e guardou no bolso.

_ Quem são?

_ Não é importante!

_ Uma delas era a Megan?

_ Sim, mas não importa mais!

_ Você era o garoto sozinho?

_ Não quero falar sobre isso!_ disse ele com raiva._ Quer se tornar detetive? Um concelho, não investigue seus companheiros de equipe com o conhecimento deles, se for investigar, perguntar é a última parte!

Mais um período da viagem seguiu em silêncio até o cobrador sentar no banco do lado e perguntar._ Primeira vez na cidade?

_ Não exatamente, mas é a primeira vez que venho de ônibus._ respondeu Derek com um sorriso discreto e sonolento.

_ Pena que já passou o período das férias de final de ano, a cidade fica linda!

_ Não sou muito de estética urbana! Prefiro algo mais histórico!_ respondeu Derek se aconchegando no banco reclinável.

_ Bem vou deixar o casal a sós, mas só visando, vamos chegar na cidade de Alfredo Chaves em vinte minutos, tem alguma bagagem na parte debaixo?

_ Só a mala dela, uma preta se não me engano!_ disse Derek em seguida beliscou com força o antebraço pra se manter acordado.

Os dois desceram do ônibus às 21horas em ponto.

_ Já sabe onde vai ficar?_ perguntou ela para Derek.

_ Acho que posso passar uma noite no hotel, depois peço a Megan pra dividir a tenda comigo._ respondeu ele se alongando.

_ Tenho um quarto de hóspedes no meu apartamento, se quiser pode ficar lá durante a investigação acabar.

_ Oficialmente ela já está arquivada.

_ Mas o que você veio fazer aqui?

_ Oficialmente a polícia parou, mas a Interpol ainda tem interesse pelo caso e jurisdição devido a garota chinesa morta. E sim, aceito seu convite

O apartamento era bem amplo com assoalho de madeira, uma varanda ligada a janela três quartos uma cozinha grande, dois banheiros e uma coberta com churrasqueira de tijolos embutida.

_ Não sabia que você era "rica"!_ disse ele surpreso enquanto colocava a mala no chão do quarto que lhe foi oferecido.

_ Não sou, meu pai podia ser um escroto, elitista e machista, misógino, miserável, mas vivia por aparências e isso se estendia aos filhos._ explicou Rize pegando no guarda roupas uma toalha e coberta.

_Seu pai era melhor que o meu!_ disse ele precionando uma das várias cicatrizes da infância sob o bolso do moletom.

_ Ainda dói?

_ Como?

_ Seu comportamento quando fala dele, você sempre coloca sua mão no abdômen no mesmo lugar, o que sugere um trauma psicológico forte, talvez um espancamento ou algo do gênero.

_ Fui esfaqueado, depois disso fui a uma sala de cirurgia pela minha mãe que me levou contra a vontade do meu pai. Por que estou contando isso a você?

_ Tenho esse efeito nas pessoas, mas pelo que pesquisei e o que Megan me falou que você também tem, acho que temos isso em comum.



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