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História Sangue Lupino - Laços


Escrita por: Yelly

Notas do Autor


"Designer da capa por keroppi-chan"

Foca só na capa maravilhosa que ela fez para mim. Fala se não é a melhor designer do mundo 🥰😍

Capítulo 1 - Laços


SANGUE LUPINO

Laços

Escrito por Yelly

 

 

- Sakura acorda – dizia uma linda mulher na beira da cama de sua filha. Seus dedos faziam carinhos nos cabelos da mais nova na tentativa de acorda-la com carinho – acorda minha pequena cerejeira – um resmungo foi sua resposta.

A garota abriu um olho, se remexeu, deixando escapar mais um resmungo, abrindo lentamente seus olhos com cor de esmeraldas, herança de sua mãe. Assim como a cor dos cabelos, rosa claro. Uma era o espelho da outra, com diferença apenas dos traços maduros que a mãe tinha.

- Bom dia mamãe, adoro acordar com seus carinhos – se aconchegando mais no colo da mãe, abraçando suas pernas – poderia dormi o dia todo – sussurrou.

- Vamos levante, temos muitos afazeres hoje, filha.

Sakura sentou na cama, olhando atentamente sua mãe. Olhando pela janela, sorriu vendo como o dia estava bonito. O céu estava limpo e o sol brilhava no horizonte prometendo um dia ensolarado. Aproveitaria o máximo possível.

Sem contar que hoje era um dia especial.

- Senhora Mebuki Haruno, não pensei que esqueci - disse a Sakura pulando nos braços da mãe – parabéns mamãe. Feliz aniversário. – Sua mãe sorriu alegre retribuindo o abraço.

- Obrigada queria.

- Hoje é seu aniversário e por isso pode deixar que eu mesma vou fazer os afazeres enquanto você descansa. 

Sakura se soltou do braço e puxou sua mãe pela mão. Seguindo porta a fora de seu quarto e descendo as escadas em direção a cozinha. Iria começar preparando um café da amanhã para sua mãe.

- Nem pense nisso, eu não consigo ficar parada sentada e mais, se seu pai chegar e me ver deitada vai me chamar de desleixada – disse seguindo a filha. Sakura revirou os olhos. Seu pai Kizashi Haruno não era um homem fácil de se lidar e conviver.

Não entendia como sua mãe, uma mulher tão doce e amorosa, acabou por se casar com ele. Ela sabia que os maridos, na grande maioria dos casos, eram escolhido pela família, mas ainda assim não entendia. A família de sua mãe, não devia a amar o suficiente para entrega-la para um homem como ele ou ele conseguiu enganar a todos.

Sakura tentava a todo custo ter uma boa relação com seu pai, mas o temperamento explosivo e o tempo que ficava fora de casa não contribuía para isso. Além de que nunca gostou do modo que algumas vezes o pegou a olhando. Não sabia explicar, era um certo descontentamento, como se fosse indesejada pode-se dizer assim. Será que nunca quis uma filha? Como será que era o casamentos deles antes dela?   

- Não pense nele agora mamãe, provavelmente ele chegara pelo anoitecer, como sempre, então vamos aproveitar o seu dia – disse a rosada fazendo a mãe se sentar.

- Vou preparar um café da manhã maravilhoso para a senhora, ontem colhi umas laranjas e estão muito suculentas, do jeito que você gosta. Só me de uns minutos para me lavar e logo voltarei - disse Sakura. Ela não esperou por uma resposta, só saiu apresada em direção ao banheiro. 

- Obrigada minha pequena – respondeu com um sorriso de orelha a orelha, sua filha é sua única felicidade na vida já que seu marido a desprezava e a ofendia sempre que podia. 

 

 

(...)

 

 

Após o café da manhã, Sakura fez sua mãe se sentar na varanda da casa, com a missão de terminar a leitura de seu livro. Depois saíram para um breve passeio, caminhando até um local rodeado por árvores de cerejeira. Por ser um lugar distante do centro da vila, ninguém costumava perambular por ali. Por esse motivo, o lugar acabou por se torna um refúgio para as duas. Um lugar para relaxar e conversarem sobre tudo sem medo de serem repreendidas por Kizashi, seu pai.

Para Sakura a mãe era sua única e melhor amiga, desejava que ela guardasse boas lembranças desse dia.

- Tenho um presente para a senhora – ela estendo um pequeno embrulho de pano.

- O que? Mas como você conseguiu? Não me diga que fugiu de casa e foi a cidade? – perguntou preocupada, se Kizashi descobrisse. Não gostava nem de pensar.

- Como se eu pudesse – revirou os olhos – pai me mantei prisioneira nessa casa – abaixou os olhos triste – e sem motivos.

- Sinto muito querida – Mebuki colocou as mãos sobre as da filha, não tinha muito o que fazer ou dizer sobre esse assunto.

Kizashi proibia a filha de ficar perambulando pelo centro da vila, era restrita a apenas os arredores de sua casa e só conseguiu essa “liberdade” depois de muito implorar e prometer que não fugiria. Por isso não tinha contato com ninguém e consequentemente não tinha nenhum amigo. Zero. Ele dizia que era para protege-la, mas nunca falou do que ou de quem. Sakura não se atrevia a questiona-lo.

Sempre que seu pai estava fora, Mebuki a levava para um passeio, mas nunca para a cidade ou perto de outras pessoas. Sakura tentava não reclamar, só o fato de poder sair daquela casa e respirar um ar fresco a deixava feliz e não queria perde isso com sua lamurias.

- Tudo bem – voltou a estender seu presente, querendo mudar de assunto – abra foi eu mesma que fiz.

Mebuki abriu a pequena embalagem e virou o conteúdo na outra mão. Uma pulseira apareceu, feita com retalhos de tecido e uma linda pedra esverdeada como pingente.

- Eu achei a pedra perto de casa, enquanto fazia a colheita. – sorriu orgulhosa.

Queria poder dar o mundo para sua mãe. A vida das duas não era fácil, suas lembranças tinham momentos de dor, tristeza e até solidão, mas os momentos felizes eram todos com ela. E esses momentos simples, onde as duas apenas conversavam na sombra de uma cerejeira, são seus preferidos. Ver o sorriso de sua mãe, alegre com algo que ela fez é ótimo.  

- Eu amei minha pequena, é realmente linda, muito obrigada – Abraçou a filha agradecida. Estendeu o braço para que Sakura colocasse a pulseira em seu pulso. – Vou usar todos os dias.

           

(...)

 

            No fim da tarde, depois de muita conversas e risadas decidiram voltar para casa.

Pela janela da cozinha Sakura observava a escuridão da noite aumentar enquanto preparava o jantar. Sua mente estava perdida. Sempre se imaginava pegado um cavalo e cavalgando mundo a dentro, descobrindo o que tinha além do que seus olhos alcançava, mas era só um sonho e não via possibilidade de uma dia realiza-lo.

- Mãe o jantar está pronto – disse Sakura erguendo a panela com o ensopado e colocou sobre a pequena mesa de madeira.

- Eu poderia ter ajudado, não é porque é meu aniversário que tenho que ficar sem fazer nada o dia todo – resmungou Mebuki da entrada da cozinha, cruzou os braços e fez um bico.

- É exatamente por isso mãe.

– Não sou uma velha invalida ainda – completou virando o rosto para o lado contrário.

- Não precisa fazer drama mãe... – Sakura não aguentou e gargalhou achando graça da insatisfação – agora senta aqui, vem – puxou uma cadeira para ela. A contra gosto, ela descruzou os braços e caminhou até a filha, sorrindo em seguida.

 – Obrigada querida – disse dando um beijo em sua testa e se sentou em seguida.

O cheiro da comida se espalhou pela cozinha assim que Sakura destampou a panela com o ensopado. O estômagos das duas roncaram, se entreolhando acabaram por rir juntas. Logo se serviram

- Nossa filha está delicioso – Mebuke estava com a boca cheia e com os olhos brilhando.

- Obrigada – agradeceu colocando uma garfada da comida na boca.

 

Durante o jantar as duas ficaram conversando sobre coisas aleatórias interrompido apenas pela gargalhada que eram solta em um momento ou outro. O clima estava leve e alegre, mas a alegria acabou no instante de sua chegada.

O som de cavalo se aproximando preencheu o ambiente e logo em seguida o ranger da velha porta sendo aberta. Kizashi chegou e com ele o clima pesado envolto de um silencio.

As duas se mantinham quietas. As botas dele contra o piso de madeira era o único som ouvido, enquanto caminhava até a mesa. Seus olhos azuis analisaram as duas mulheres em sua frente e pela expressão fechada não era difícil deduzir que estava de mal humor – não que ele um dia já chegou distribuindo sorrisos. Sakura abaixou o olhar para seu prato, o melhor era continuar sua refeição e manter o silencio.

Pelo canto dos olhos ela via seu pai tirar o grande casaco feito de pele de animal que ele sempre usava. Fora um presente, disse um dia que era motivo de orgulho ter o ganhado, assim como a espada que carregava em sua cintura. O cabo era em formato de cruz, semelhante ao crucifixo que carregava pendurado no pescoço. Seu pai fazia parte da guarda da cidade e todos os guardas usavam esse colar. Além de ser um símbolo de veneração para os cristões, segundo sua mãe, eles os usavam porque o comando da guarda estava nas mão do padre Danzo.

Sakura sempre achou que o dever de uma padre era guiar as pessoas em sua busca pela fé, não que conhecia muito do mundo, então não seria ela a questionar as leis da cidade.

Seu pais arrastou a cadeira e se sentou em seu lugar habitual, na ponta da mesa. Observou ele prendendo os longos cabelos brancos em um baixo rabo de cavalo, dobrar as manga da blusa e apoiar suas mãos calejadas na mesa.

- Sirva-me – Sua voz soou razoavelmente baixa, mas grave ecoou pela cozinha.

- Claro – respondeu Mebuki, se levantando e colocando mais um prato na mesa. Após servi-lo, voltou a se sentar em seu lugar.

Sakura enfim se permitiu olhar para seu pai e finalmente notou três cortes em seu braço.

- O senhor está ferido – disse com preocupação. Sim, ele era frio e distante, mas ainda se preocupava com seu pai. Afinal, esse era o dever de uma filha, certo? - Quer que eu o limpe? como se machucou? – Perguntou

- Como me machuco não lhe diz respeito – grosso como sempre.  – Eu cuido disso sozinho, agora vá para o seu quarto e não saia mais, já passou da hora de se recolher.

Sakura recolheu suas mão de volta para perto do corpo irritada. Ele nem a olhava, como se não fosse digna de sua atenção. Como se não passasse de uma empregada ou estranha para ele.

- Por que o senhor me trata desse jeito? Eu sou sua filha, só queria ajudar – disparou indignada, era sempre o mesmo tratamento – você só me deixa trancada nessa casa, até seu cavalo tem mais liberdade que eu – Ele apenas a encarou com expressão irritada. Odiava esse jeito dele.

- Eu mandei ir para o seu quarto e não vou repetir – respondeu antes de voltar sua atenção para a refeição em sua frente.

Estava realmente irritada. Olhou uma vez para sua mãe que fez um aceno para que obedecesse e como não queria que ele descontasse nela, se retirou.

Subiu para seu quarto o mais rápido possível, se trancando e se jogando na cama. Abraçou o travesseiro, as lagrimas que segurava escorreram livre pelo seu rosto. Ela só queria uma família feliz, um pai amoroso, poder sair e fazer amigos, não entendia o motivo de seu pai a afastar de todos como se fosse algum tipo de monstro contagioso.

- Porque... – sussurrou em meio as lagrimas.

Chorou pela injustiça que era sua vida. Mesmo quando as lagrimas secaram, o tristeza ainda a preenchia. Agora olhando pela janela, observava a lua, em toda sua beleza, parecia até que a chamava.

Se levantou da cama e caminhou até o parapeito da janela, abrindo-a. O vento gelado a fez se arrepiar e se encolher. Levantando a barra do vestido que usava se apoiou e pulou a janela, ficando em pé no telhado. Se virando para a escada que tinha ao lado, subiu para a parte mais alta da casa.

Esse lugar lhe garantia uma bela visão do céu. Sempre que o tempo estava limpo e sem sono, gostava de observar as estrela e a lua. Lhe transmitia uma calma sem igual. Se sentou para apreciar a visão, olhando para frente, observava a floresta não muito distante de sua casa. Ela se estendia a sua frente até as montanhas, altas montanhas eram vistas. O que teria além delas afinal?

Não se surpreendeu quando um toque foi sentido em seu ombro e viu sua mãe se sentar ao seu lado.

- Está uma linda noite – Sakura apenas assentiu e em seguida deitou a cabeça sobre o ombro de sua mãe. Inspirando o seu perfume.

- Queria que as coisas fossem diferente.

- Eu sei filha – respondeu passando o braço sobre meu pescoço a envolvendo em uma pequeno abraço -  você é minha pequena cerejeira, você é forte e um dia vai encontrar sua felicidade esteja onde ela estiver, você vai encontrá-la. Vai ser livre um dia.

Um dia. Um sorriso brotou em seu lábios e apenas decidiu se aconchegar mais em sua mãe. Continuando a admirar a paisagem. Sua mãe era seu pilar, sempre sabia o que falar para anima-la.

- Mãe a senhora já foi além daquelas montanhas? – Perguntou

- Não filha e ninguém se atreve a ir.

- Por que? – Perguntou se afastando para poder encara-la

- É só uma lenda que os moradores contam, nada de mais – disse dando de ombro. Sakura a encarou interessada.

- Que lenda? Me conta – Mebuki suspirou, não teria para onde fugir, sabia que ela não iria desistir até ela lhe contar toda a história.

- Está bem, está bem. Volta aqui que te conto – disse abrindo os braços para pode a abraçar novamente, com um sorriso de vitória e voltou para perto dela - os moradores acreditam que ali vivem monstros, criaturas da noite e assassinas. Os lobos... alguns dizem que podem se transformar em homens... – a interrompi.

- Serio? Homens lobos? – Perguntei meia incrédula.

- Eu não disse que acreditava. – riu antes de continuar - mas dizem que nem sempre foi assim, diziam que as montanhas sempre foram consideradas sagradas para o povo, que os lobos eram animais que viviam nas regiões montanhosas e como habitantes das mesmas, correndo livres e que também eram animais sagrados. As vezes até considerados o próprio espirito da montanha. Eram os guardiões sagrados que cuidavam e vigiavam as montanhas, suas florestas, e seus habitantes. No entanto, em uma época tudo tinha mudado, que esses lobos tinham deixado de proteger os habitantes e matavam todos que se aproximavam sem um pingo de piedade. Dizem que muitos e muitos homens foram mortos por eles e que se tivessem zelo pela própria vida nunca deveriam ir aquelas montanhas novamente.  

- Nossa mãe você nunca me contou isso.... Mas, por que esses seres – sorriu com descrença que uma dia esse lobos podem ter existido. – que deveriam proteger, decidiram atacarem?

- Alguns dizem que os culpados foram os homens, que em sua ganancia resolveram domar uma raça que nasceu para ser livre, outro dizem que foi apenas a verdadeira natureza assassina dessas criaturas que se revelou. Quem sabe? – deu de ombros com o olho distante – para mim, acho que essa história foi contada por um velho que morava na montanha, que só queria que ninguém o perturbasse, afinal, o povo não se aventura por elas – concluiu rindo

- Você deve estar certa – concordou rindo junto.

- Vamos entrar? – Perguntou se levantando e estendendo a mão para ajudá-la a levantar

- Sim – concordou mais tranquila.

Sakura olhou uma última vez para a floresta, piscou duas vezes para ter certeza do que via. Era um homem. Um homem, não tinha como negar. Ele estava com uma mão apoiada em uma arvore, seus cabelos em vermelhos e seus olhos estavam fixo nela. Mesmo percebendo que ela o notou, não se escondeu e com certa tranquilidade deu as costa e foi embora.

Estranho, nunca tinha visto ninguém pelas redondezas. Pensou em conta para sua mãe, mas só a deixaria preocupada.

Voltaram pelo mesmo caminho. Mebuki se despediu de sua filha com uma beijo casto na testa e desejando uma boa noite. Sakura enfim de aconchegou em baixo das cobertas e observou pensando na história contada por sua mãe.

- Lobos, homens lobos – Seria realmente incrível sua existência.

Eram seres livre pelo que sua mãe lhe disse, ninguém foram capazes de os prenderem. Queria ser como eles. Deixar de ser a menina medrosa que olha o mundo pela janela.

Afinal o que estava esperando. A situação que vivia não mudaria se ficasse parada, de cabeça baixa e de costa para o que desejavam. Amanhã... amanhã seria o primeiro dia da luta pela conquistar de liberdade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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