"Apreciando os bons tempos
Perdoando todos os maus tempos
Indo embora
Lembre bem de mim."
(Remember me well - Sarah Kelly)
Hal Jordan caminhava por uma estrada estreita em OA, sabia que fora convocado, mas não sabia o motivo. A cada meia hora perguntava ao anel como estavam os seus amigos na Terra e a resposta era a mesma: “Tudo como você deixou.”.
Sobre Carol não perguntava mais, pois sabia que não lhe interessava. O que queria era que todo aquele pesadelo acabasse de uma vez por todas, a Liga da Justiça voltasse a ser o que era as pessoas livres para dizer o que pensam e os vilões e heróis cada um em seu devido lugar. Mas depois de tudo o que aconteceu naquela triste tarde em Metropolis em que Lois Lane havia falecido o mundo não seria mais o mesmo. Sentia falta de alguns amigos como o Caçador de Marte e Oliver Queen que foram brutalmente assassinados pelo homem de aço. Lembrou-se de Dinah, de como ficara profundamente magoada com sua decisão de ir para o lado de Superman. Mas ela nunca mais deu notícias, queria encontra-la para pedir perdão, mas não sabia se estava viva ou morta. Se estiver viva já deve saber que sou um insurgente como eu sempre deveria ter sido, pensou.
- Está pensativo hoje, Jordan – disse uma voz grave bem familiar vinda do seu lado direito.
Hal se virou e sorriu para John Stewart que caminhava ao seu lado há alguns minutos e respondeu:
- Até demais.
- Já estou sabendo de tudo, fiquei muito tempo fora de casa em outra missão – disse Stewart – Quando soube fiquei estarrecido.
Hal Jordan olhou para o chão orando para que John não falasse sobre o tempo em que ficou na tropa Sinestro, mas já era tarde.
- E quanto a você ter ficado na Tropa Sinestro eu...
- Por favor, não vamos falar sobre isso, tudo bem?
Stewart olhou para o amigo, sabia que ele estava envergonhado e que queria empurrar o passado para debaixo do tapete. E disse:
- Tudo bem! Você já foi julgado por esse crime e te aceitaram de volta a nós. Espero que não faça isso novamente.
- Nunca mais farei isso. – garantiu Hal olhando para o seu anel esverdeado com o símbolo da tropa dos Lanternas Verdes.
A conversa dos dois terráqueos foi interrompida por Tomar-Re, que veio ao encontro deles flutuando com a ajuda do anel. Pousou suavemente no chão rochoso da pequena estrada em que os dois caminhavam e disse a Hal:
- Os guardiões querem falar com você.
- Por que o chamaram aqui? – perguntou Stewart preocupado.
- Tentei saber – Respondeu Tomar-Re pegando Jordan pelo braço – mas não quiseram adiantar o assunto.
- Vou com vocês – disse John indo com eles até os guardiões.
Os guardiões estavam em seus devidos lugares, olhavam para os dois terráqueos e o habitante de Xudar com jeito de poucos amigos. Hal e seus companheiros olhavam em direção aos guardiões como se esperasse alguma fala deles, um silêncio perturbador pairava naquele ambiente até que Jordan perguntou:
- Por que me chamaram aqui?
Um dos guardiões respondeu:
- Temos notado que você não atendeu o chamado do seu anel esta noite, sr. Jordan.
Hal olhou alguns instantes para o chão para tentar uma resposta convincente e não ser desrespeitoso para com aqueles seres. Respirou fundo e respondeu:
- Acaso vocês não sabem o que está acontecendo no planeta Terra?
- Sabemos tudo sobre o regime de Superman – respondeu outro guardião – mas você não pode se omitir ao seu dever.
- Estou ciente disso – respondeu Hal – mas se eu atender ao chamado posso ser morto pelo...
- Carol quase foi morta em seu apartamento ontem à noite.
- Por quem? – perguntou Hal com um tom de desespero na voz.
Tomar-Re que estava ao seu lado o segurou murmurando a palavra Calma.
- Por agentes do Regime – respondeu um guardião.
- Perdoe-me, mas... – Hal estava confuso – Carol trabalha para o governo. Como pode acontecer isso?
- A srta Ferris – respondeu um dos seres – descobriu algo sobre Diana de Themyscira que pode comprometer a sua relação com o alto conselheiro. A amazona ao saber foi até ela ameaça-la.
Jordan fechou os punhos e fechou os olhos. Estava tentando achar alguma saída para tudo aquilo, apesar de sentir algo por Kara ele também sentia por Carol. Ele estava dividido e teria que decidir o que fazer. O piloto olhou para os guardiões e perguntou:
- O que vou fazer? Não posso...
- Você precisa sair da sua zona de conforto Hal – disse um guardião – não pode se esconder do Superman para sempre. Precisa cumprir seu dever.
Kal-El estava em sua sala assistindo a reportagem gravada sobre Carol Ferris, entregue pelo diretor de Comunicações do Regime, Carlo Fisher. Assim que terminou o vídeo, Carlo perguntou:
- Perdão, alto conselheiro. Mas não aguento mais os repórteres virem até a mim à procura dessa garota. Não sei o que dizer.
- Não diga nada! – respondeu Kal resoluto – Hoje vou conversar com ela e daremos um jeito.
Ouviram-se duas batidas na porta e Superman pediu para que entrasse. Cyborg entrou na sala, cumprimentou Fisher com um aperto de mão e entregou uma fina pasta com dois papéis ao alto conselheiro. Este perguntou pegando a pasta:
- O que é isso?
- A demissão de Carol Ferris!
Carlo olhou para Victor surpreso e disse se levantando:
- Agora tenho uma resposta plausível aos repórteres.
- Espere, sr. Fisher! – disse Kal que abriu a pasta leu a carta formal de demissão. Na outra folha havia uma carta escrita à mão que fora escaneada, nela estava escrito:
Kal,
Sinto muito ter que deixar meu cargo desta maneira, mas foi necessário para a minha segurança. Espero que fique bem e que um dia nos encontremos para eu lhe contar melhor essa história.
Até breve,
Carol Ferris
Superman engoliu seco, olhou por alguns momentos para aqueles papéis, respirou fundo e murmurou:
- Carol estava estranha nesses últimos dias – se direcionou a Cyborg – Ela falou alguma coisa com você, Victor?
Stone prendeu a respiração por alguns instantes, lembrou-se do ocorrido da noite passada, sabia que tinha que contar a ele, mas ficou com receio de comprometer mais Ferris por isso e escolheu se omitir soltando a respiração:
- Ela só falava que estava cansada, apenas isso.
- Posso dar a resposta aos que me perguntarem? – interrompeu Carlo com uma insistência infantil.
Kal anuiu com a cabeça e Fisher logo saiu da sala. Depois de alguns instantes o kryptoniano delega a Cyborg:
- Chame Diana e Adão! Agora!
Cyborg via ponto pediu para os dois viessem até a sala e sem demora eles vieram. Superman disse a eles:
- Quero que encontrem Carol Ferris.
- O que aconteceu com ela? – perguntou a amazona desconfiada.
- Ela pediu demissão e não veio até aqui pessoalmente. Quero que a tragam para mim. Preciso do motivo de ela ter se demitido vindo dela mesma.
- Mas para que isso agora? – perguntou Adão – Ela se demitiu, já é o suficiente...
- Faça o que estou mandando, Adão Negro.
Adão se retraiu mordendo o lábio inferior e baixando a cabeça. Diana olhou para Adão e disse:
- Vamos logo!
Os três se retiraram da presença do Superman, deixando-o só. Cyborg estava preocupado com o que poderia acontecer com Carol, tentou ligar para ela, mas dava caixa postal. Apenas murmurava em seu íntimo:
- Preciso encontra-la.
Carol Ferris já estava na estrada fazia aproximadamente três horas. Ela adentrava o estado de Illinois com a segurança de que sabia o caminho, queria ir o mais distante possível de Metropolis. Antes de cair na estrada visitou a igreja onde esta a sua nova amiga Jessica, conversaram muito, tiraram fotos juntas e ela permitiu que aquela comunidade cristã orasse por ela. Ferris não queria esquece-los e algumas lágrimas escorriam por sua face ao lembrar deles. Fazia questão de ouvir o CD que ganhara de Jéssica, a última faixa Carol repetia várias vezes, ela não se cansava de ouvir Remember me well de Sarah Kelly e dizia:
- Que eles se lembrem de mim ao ouvir essa música.
Depois de meia hora, Carol parou em um posto de gasolina para encher o tanque do seu Mini Cooper. Enquanto cuidavam do seu carro ela entrou em uma lanchonete que ficava próxima, pediu um lanche bem reforçado, pois sabia que a viagem seria longa. Enquanto comia ela viu duas pessoas voando em alta velocidade, cortando o céu azul daquele lugar. Carol logo reconheceu Diana e Adão, embrulhou o lanche, colocou embaixo do banco que estava sentada e foi para o banheiro. Sabia que se saísse seria vista, de uma forma ou de outra seria descoberta. Ficou ali e apenas orou.
Diana e Adão entraram na lanchonete fazendo todos os que estavam ali parar o que estavam fazendo. Adão olhou para o atendente, que lustrava os copos freneticamente deixando claro o seu nervosismo, e perguntou:
- Ei rapaz! Viu a Carol Ferris por aqui?
- Não sei quem é essa tal de Carol Ferris. – respondeu o atendente sem olhar os visitantes.
Diana o enlaçou deixando-o imobilizado. O laço brilhou fazendo com que o atendente sentisse leves queimadoras em seus braços e abdômen. A amazona fez com que ele se virasse para eles e perguntou:
- Onde está Carol Ferris?
O atendente engoliu seco e respondeu:
- Dentro do banheiro.
A amazona tirou o laço do rapaz, o enrolou e colocou no suporte que estava em sua cintura, deixou Adão com o rapaz e foi ao banheiro para procurar Carol.
Hal Jordan estava voltando a Terra. Quando entrou na atmosfera terrestre o anel apitou, Jordan perguntou:
- O que foi anel?
- Carol Ferris está em perigo em uma estrada próximo ao Rio Illinois.
Jordan respirou fundo e disse:
- Me dê às coordenadas do local exato, anel.
Ele ia cumprir o seu dever, nem que fosse para pagar com a vida.
Adão ordenou que todos deixassem a lanchonete inclusive os funcionários. Ficou ali apenas Carol, Diana e Adão. Ferris estava deitada no balcão e Adão havia terminado de amarrar as mãos e os pés de Carol, ela não se contorceu, sabia que algo muito ruim estava prestes a acontecer.
- Superman quer te ver – disse Diana sentada em uma cadeira de madeira com sua espada na mão – pediu que levássemos você a ele.
- E precisam me amarrar feito um cordeirinho? Vou sem problemas.
- Só que ele vai perguntar o motivo da sua demissão – Diana se inclinou para frente – e nós sabemos esse motivo.
- Está com medo de eu falar alguma coisa, Diana?
- Sabe muito bem que posso dar cabo da sua vida aqui mesmo, não é?
- Você vai se comprometer da mesma forma que irá se comprometer com a morte de Lois.
Diana se levantou enfurecida, pronta para lhe desferir um soco na boca da garota, quando uma mão verde segurou seu punho e uma voz familiar disse:
- Não encoste esta mão imunda nela.
Carol olhou em direção a voz e sentiu uma comoção ao ver Hal. Ela mal conseguia enxerga-lo por causa das lágrimas e mexeu os lábios sem emitir nenhum som:
- Salve-me.
Hal anuiu com a cabeça, soltou Diana e disse:
- O mundo todo irá saber quem vocês são, seus tiranos!
Em seguida ele fez um constructo em forma de mão e jogou Diana contra a parede, ela caiu sobre algumas cadeiras. Adão segurou a cabeça de Carol e disse a Hal:
- Você irá se arrepender de ter feito isso, criança!
Adão virou a cabeça de Carol bruscamente quebrando o pescoço da garota. Jordan ouviu o ruído dos nervos e vertebras do pescoço de Ferris se quebrando e agora via seus olhos claros e sem vida. Lágrimas não paravam de escorrer pelo rosto de Hal que ajoelhou naquele chão empoeirado da lanchonete e gritou:
- Não!
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