História Save ME - Novo trabalho. Trabalho?

Bangtan Sonyeondan? BTS? Sim, eu já havia ouvido esse nome em algum lugar antes, só não lembrava onde. Fiquei com o pensamento de ter visto na TV em comerciais, já que eles eram um grupo famoso de Kpop, como havia dito Jeon Chae Won. Depois que ela disse aquilo, toda a mesa ficou olhando para mim, acho que eles ficaram esperando alguma reação vindo de mim, algo como um grito ou repreensão à JiWoo por não ter me contado antes. Mas como eu permaneci no mesmo lugar com a mesma expressão, foram eles que me estranharam.

- Qual é o seu problema? - perguntou Lee Ha Hung, ele passou as mãos pelo cabelo fazendo ele ir para trás e para frente quase instantaneamente.

- Meu? Nenhum, por que? - perguntei.

- Nossa você é tão sem graça. - disse Soonsoo.

- Olha como fala da Tae hein. - disse JiWoo jogando um guardanapo em Soonsoo.

Depois disso nossos pedidos chegaram, quando os pratos borbulhantes e quentes já estavam na nossa frente é que voltaram com o assunto novamente, na verdade Kim Hye que voltou com isso, por que o resto estavam mais preocupados com seus pratos e molhos.

- Você não gosta do Kpop não? - perguntou ela.

- Não, na verdade odeio. - novamente toda a mesa olhou para mim.

Soonsoo tinha metade do ramen na boca quando olhou assustado para mim, na verdade todos eles olharam assustados para mim. Eu sabia que isso era demais para a população coreana, eles se chocavam em excesso quando eu dizia que não gostava de Kpop. Eu ainda não conseguia entender onde estava escrito que eu deveria gostar do Kpop. Depois da olhada em grupo para mim eles se entreolharam e levantaram os ombros em sinal de “fazer o que”. O resto da noite foi turbulenta, eu acho que não vi nem metade dela depois que a primeira garrafa de Soju chegou à mesa. Primeiro foi uma bagunça, por que todo mundo queria beber, mas não podia muito por que eles tinham que trabalhar no dia seguinte. Mas depois que Soonsoo disse que ia pagar todas as garrafas de Soju da noite aí se tornou a verdadeira guerra, garrafas sobre garrafas de Soju chegaram à mesa. Os que não podiam beber beberam muito e os que podiam, que era eu e a JiWoo, bebemos mais que o suficiente. Eu já estava falando tudo que me via a mente quando reclamei o que eu poderia vir a me arrepender depois.

- Eu não quero mais nada. - disse com a voz embolada, estava tonta e tudo estava meio que rodando - Eu não tenho dinheiro. Não tenho, não tenho. O que fazer? Hã? Me diga JiWoo, o que fazer. - JiWoo ao meu lado apenas ria, ela já estava com as bochechas vermelhas e me lembrava animes quando o personagem bebia tanto que ficava vermelho. Ela era como isso naquele momento.

- Não sei Tae. - disse ela colocando mais Soju no copo, jogava mais para fora do que para dentro por que ainda estava rindo.

- Como eu vou pagar a faculdade? Eu não tenho dinheiro para a mensalidade do próximo período. JiWoo! - soltei um grito e ela olhou para mim arregalando os olhos - Cadê a solução? Hã? Onde? Não vejo. Cadê?

- Eu tenho uma! - gritou ela.

- Não faça isso JiWoo, ela não vai mais conseguir sair. - disse Soonsoo que também estava bêbado, mas bêbado moderadamente.

- É a única forma. - disse ela levantando os ombros.

- Que forma? - agarrei a blusa de JiWoo a sacudindo de um lado para outro.

- Na na na. Sai de mim! - disse ela tentando se afastar.

- Ah chinjja.* - fiz cara de nojo para ela me afastando - O que é então? Eu quero um emprego, preciso do dinheiro da mensalidade, eu já tentei emprego de meio período, mas não me chamaram.

- Trabalhe comigo. - disse ela.

- Trabalhar? Como? Onde? - perguntei.

- Trabalhe comigo como staff, a Kim Hye e o Soonsoo estão precisando de assistentes, você poderia ser uma. - disse ela em um tom de que havia encontrado a solução para a Paz Universal - Na verdade duas em uma, mas tudo bem.

- Hã...?

- Isso mesmo que você ouviu. - disse ela virando outro copo de Soju, o batendo na mesa fazendo um barulho consideravelmente alto - Terminei por hoje.

- Eu aceito! - disse quase gritando. JiWoo e o resto da mesa toda olharam para mim. Quase pude ouvir seus pensamentos dizendo “Para quem odiava o Kpop aceitar trabalhar com eles assim tão rápido, você é definitivamente estranha”, mas não liguei, eu precisava do emprego afinal de contas.

JiWoo e o resto praticamente me arrastaram de volta para casa, eu nunca tinha ficado tão mal em toda a minha vida e tinha medo do dia seguinte. Por que dias seguintes de noites de bebidas são as piores, não por causa da ressaca, isso era o de menos, mas sim das verdades de que eu havia dito enquanto estava “inconsciente”. Mas como no dia seguinte JiWoo não tinha dito nada a respeito disso eu apenas ignorei e deixei passar.

E sim, JiWoo ficou a semana inteira me cobrando para ir até a sede da empresa BigHit para entregar meu currículo. Ela disse que eu precisava entregar o currículo para as coisas ficarem “formais” já que ela e o resto do staff iria me colocar lá de qualquer jeito. Fora isso a semana foi tranquila e ao mesmo tempo repleta de tensão por todo lado. Os estudantes estavam aflitos atrás de notas e outros atrás das recuperações, e como sempre, alguns alunos vieram até mim pedir ajuda. E, como sempre, eu disse que ia ajudar mas arrumava uma desculpa em cima da hora. “Eu não vou para o céu” dizia sempre que algo como isso acontecia comigo. Por que já não bastava no colegial, agora na faculdade a mesma coisa, já estava farta. Fora isso para mim a semana foi tranquila, eu havia ficado em primeiro na lista de todas as matérias.

- Em estatística eu fiquei em segundo. - disse JiWoo surgindo ao meu lado apontando seu nome da turma 1A - Tá ótimo! Ainda mais para alguém que mal teve tempo para dormir.

- Você trabalhou na época de provas? - perguntei à ela enquanto nos afastávamos do mural de informações.

- Claro Tae! Trabalho não tem dia de folga não, ainda mais para mim, você não reparou que enquanto eu tinha livros de números em torno de mim ao mesmo tempo eu tinha croquis de roupas. Então, eu trabalhava o tempo todo. - confessou ela gesticulando com as mãos, ela tinha essa mania.

- Desculpa perguntar, mas que curso você faz aqui na faculdade? - perguntei. JiWoo olhou para mim.

- Gestão de empresas. - respondeu ela.

- Mas por que moda? E essas roupas todas?

- Ôô Tae! - exclamou ela - Eu trabalho como staff de figurino, eu sou assistente do stylist. Eu ajudo ele a criar as roupas que os idols vão ir nos eventos e nos concertos. Praticamente eu vivo 24/7 em torno deles. Por que sempre tem alguma coisa para ajustar.

- Woh sério? - perguntei curiosa.

- Eu vou te explicar um negócio aqui: Algumas empresas, e esse é o caso da BigHit em especial, divide os staffs em segmento, ou em grau, melhor dizendo. Eu, Soonsoo, Lee Ha Hung, Kim Hye e Jeon Chae Won fazemos parte do primeiro segmento, ou primeiro grau. Somos os ditos “Staffs Principais”, ou como o resto diz “Os preferidinhos do Boss”. Eu, sinceramente, prefiro o “Staffs Principais”, mas enfim... Somos os principais, exemplo: BTS tem evento para o Melon e vai performar música nova, sendo que o evento vai ser em Busan, coisa rara que geralmente não acontece. Okay! Isso NÃO acontece, os eventos só são em Seoul, mas é um exemplo então... Somos nós os principais, então seremos nós que iram junto ao grupo para Busan, entendeu? Qualquer evento que BTS ir somos nós os primeiros a sermos chamados, principalmente eventos internacionais ou fora de Seoul. Ou seja, grande parte das vezes. Mas sim, tem exceções, segundo segmento só é chamado para isso quando nós, a equipe principal, não podemos ir, ou também quando o evento for um concerto de grande porte, coisa que vai acontecer muito já que eles estão fazendo mais sucesso. Claro, tudo é organizado, quando algum de nós não podem ir nós informamos à empresa do problema e ela coloca alguns membros do segundo segmento na área desfalcada. A mesma coisa com o terceiro segmento, caso o membro do segundo segmento também não pode ir. - explicou ela.

- Ahhmmmm entendi agora. - disse fazendo uma expressão de clareza - Então se eu entregar meu currículo, estarei fazendo “parte” desse grupinho armado de vocês?

- Tecnicamente, sim.

- Isso me parece problemático. Minha prioridade é a faculdade, eu só queria um dinheiro para a mensalidade, apenas. Não escolhi viajar nem nada.

- Vai com calma Tae. - disse ela agarrando meu braço me fazendo parar de andar - Você nem entregou o currículo ainda e já está pensando em sair? Primeiro você entra depois você sai. Mesmo assim o trabalho de make-up não é tão difícil não.

- AINDA TEM ISSO! - soltei um grito fazendo metade dos estudantes do pátio olharem para mim, automaticamente me encolhi.

- Tem o que?

- Disso de maquiagem. Eu não sei nada de maquiagem, mas nada mesmo. Não tem o nada, então, sou eu. Muito eu. - disse.

- Não se preocupe, a Kim Hye explica muito bem, mesmo assim eu digo a ela que é um trabalho curto já que esse mês os meninos não viajam para fora, mas em compensação eles tem muitas apresentações em programas de TV, o que custa tempo e dedicação. E maquiagem é um fato muito importante, na verdade TUDO é um fato importante, já que tem de estar tudo perfeitamente certo. - disse JiWoo falando mais para si do que para mim. Franzi a testa - Okay, okay focus. Você não vai precisar fazer muito e a maquiagem deles agora é praticamente as mesmas, então é fácil você aprendendo pela primeira vez.

- Eu estou com medo. - disse me envolvendo com meus braços.

- Medo nada garota. Levanta a cabeça e dá a volta por cima. - disse JiWoo desfazendo meus braços e levantando meu rosto colocando dois dedos no meu queixo.

- Hmmm. Então eu aceito. Estarei entregando o currículo em breve.

- E eu faço questão de te levar até a estação nesse dia. Preciso ver esse fato histórico com meus próprios olhos. - bati de leve no braço de JiWoo.

- Boba. - esbocei um sorriso disfarçando meu nervosismo.

Eu nunca havia trabalhado com gente famosa antes. Parecia algo a se temer e ao mesmo tempo não, já que eles eram pessoas como nós, pessoas comuns vivendo suas vidas. Por um lado, eu queria trabalhar lá, mas por outro eu não queria. Eu odiava o mundo do Kpop e ir trabalhar lá era contra a minha natureza. Mas por causa da faculdade, eu iria contra ela. O que o ser humano não faz por dinheiro, és a questão. Eu precisava do emprego mais do que o ódio que eu tinha com tudo aquilo. Simplesmente engoli meu orgulho e fui em frente, eu iria ficar por lá pouco tempo mesmo. Apenas durante as férias, o que, para mim, era mais que o suficiente.

*Uma expressão/palavra que significa sério/seriamente.