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  3. Capítulo 2 - Fuga

História Save Me - Capítulo 2 - Fuga


Escrita por: BunBunny

Notas do Autor


Estou aqui porque o capítulo já está pronto kkkkk
Espero que gostem ^-^
Boa leitura ~

Capítulo 3 - Capítulo 2 - Fuga


Puta merda... Sim, aquela palavra Yoongi entendia, muito bem por sinal. Ele viu o movimento súbito que o homem fez para fechar a porta e foi nesse momento que ele empurrou Jimin para o lado e chutou a madeira que bateu com força na parede, fazendo o homem pular com o susto e se afastar.

—Você tem ideia do que fez? – O rosado gritou passeando em direção ao homem que a cada passo dele para frente eram dois para trás de Norman, pelo menos até tropeçar no tapete e cair sentado no sofá, os olhos arregalados de medo. Foi aí que Suga viu, ao seu lado ainda em cima do estofado uma mochila cheia, estufada até a boca. — Oh você tem ideia do que fez, não é? Está fugindo agora? É tão covarde que nem vai confessar seu erro? Meu saeng que foi levado ontem, você sabia disso?!

—Hyung... – Rapmon chamou baixinho, mesmo achando que sua voz não seria ouvida sobre os berros de Suga, mas ainda assim conseguiu chamar a atenção do rosado tanto quanto do americano. — Eu sei que você está com raiva, todos nós estamos, mas não foi para isso que viemos aqui, lembra? Ele provavelmente não tem ideia do que você diz. – Yoongi se virou de volta para o homem que também voltou a encara-lo e rangendo os dentes ele se afastou, xingando alto e chutando a mesa de centro da sala antes de bater a porta, deixando o silencio na sala ser interrompido apenas pela respiração forte de Norman.

—Hyung, acho melhor você cuidar disso, é quem melhor fala inglês de qualquer jeito. — Jimin sugeriu, ganhando acenos positivos dos outros. Assentindo ele se aproximou de Norman, que tentava voltar a se afastar.

—Não vamos fazer nada com o senhor.

—É? Seu amigo lá fora parece discordar disso.

—Acredite, todos nós queríamos fazer alguma coisa com você pelo que aconteceu ontem, mas nossa prioridade não é essa. – Namjoon explicou, se sentando na poltrona ao lado de Norman, encarando o homem negro com um olhar de raposa, tentando lê-lo sem que ele sequer precisasse dizer algo. — Você conhece o homem que levou meu amigo ontem à noite? Você planejou isso com ele? Sabe onde Hoseok pode estar?

—O que- Não! Ele se dizia ser muito fã, queria conhecer vocês e até falou sua língua mesmo sendo americano, disse que queria tirar algumas fotos e depois sairia pelas portas dos fundos. – Ele explicava, finalmente relaxando no sofá, apoiando os cotovelos nos joelhos e escondendo o rosto nas mãos. — Eu disse que ele não podia, mas ele insistiu-

—Não precisa adicionar coisa onde não existe, Norman, vimos que você aceitou o dinheiro e se afastou para que ele pudesse ficar à vontade. – Namjoon estreitou os olhos para o homem, vendo-o estremecer. — Adivinhe, ele realmente saiu pela porta dos fundos, mas não foi sozinho. – Namjoon já começava a se irritar, as mãos se apertavam em punhos, a vontade de se levantar e socar o rosto daquele homem quase ultrapassando o de conseguir logo sua informação e ir embora daquele lugar. Ele ousou mentir sabendo das câmeras, era muita coragem ou idiotice e o líder realmente pensou na segunda opção. Ele estava pronto para se levantar quando sentiu um par de mãos em seus ombros, vendo Jin bem ali de pé, o encarando com um olhar que dizia claramente “se acalme”, então, respirando fundo, ele finalmente se acalmou. — Quanto ele te deu, Norman? – O homem balançou a cabeça negativamente, olhando diretamente para o chão. Namjoon estava ficando impaciente mais uma vez. — Quanto?

—Por favor...

—Quanto?! – Taehyung gritou, se aproximando do homem e agarrando sua camisa, o empurrando contra o sofá pelos ombros, vendo seus olhos vermelhos e brilhantes de lágrimas, lágrimas de medo, não de arrependimento.

—Cinco mil! Ok? Ele me deu cinco mil para que eu deixasse ele sozinho com vocês. Eu não achei que ele fosse perigoso, ele só parecia tão alegre em poder falar com vocês que eu não pensei- eu realmente não-... eu sinto tanto...

—Infelizmente, Norman, lamentar não vai trazer o nosso amigo de volta. – Namjoon falou, puxando seu saeng para longe do homem assustado. Tae passava a mão nervosamente pelo rosto, cinco mil, eles tinham perdido Hobi por míseros cinco mil. V não aguentou, ele teve que sair dali antes que perdesse completamente o controle, sendo acompanhado por Jimin, e pouco tempo depois por Jungkook que encontrou seus hyungs sentados na parede oposta à do apartamento do segurança afro descendente.

Jin que continuava do lado de dentro se sentou no braço da poltrona bem ao lado de Namjoon, olhando friamente para o homem sentado no sofá que voltara a esconder seu rosto nas mãos calejadas, deixando o silencio desconfortável ser quebrado apenas por suas fungadas e soluços.

—Você pode nos ajudar, porém, Norman. – Namjoon falou, sua voz ainda calma apesar de estar explodindo de raiva por dentro, o toque sutil de seu hyung no ombro ajudando muito mais com isso agora, o risco de perder o controle como Suga caindo pela metade com sua simples presença tão perto. — Você lembra de algo que possa nos ajudar? Ele deu um nome? Tem alguma característica que possa nos ajudar a identifica-lo?

—Eu... – Ele fungou dramaticamente, fazendo Seokjin revirar os olhos e apertar um pouco o ombro do líder quando este fez menção de se levantar. — Ele deu um nome, Peyton, e ele tinha uma cicatriz embaixo do olho. — Jin e Namjoon se entreolharam esperançosos, sorrisos bobos começando a crescer nos rostos cansados.

—Que tipo de cicatriz?

—Uma queimadura, como ferro quente. Olhos e cabelos escuros, pele branca... mais ou menos 1.90 de altura. – Jin olhou para Namjoon e ele quase conseguia ver o cérebro de seu saeng trabalhando, a cabeça baixa e olhos fechados, se concentrando em uma imagem do tal Peyton, levantando-se logo depois.

—Você não merece, desde que foi quem causou isso, mas obrigado pela ajuda. – Ele se virou, pegando a mão de Jin e o puxando para a porta, parando antes de abri-la. — Não fuja Norman, se entregue e honre o seu cargo pelo menos uma vez, admita o seu erro, você vai ajudar muito mais do que apenas se lamentar sozinho.

Do lado de fora a cena era quase cômica, os quatro amigos sentados em fila na parede oposta ao apartamento no qual saía, esperando pacientemente, ou não tanto assim, pela conclusão da conversa. No momento que ele e Jin saíram as quatro cabeças se levantaram para encara-los, esperançosos.

—Me diz que conseguiu alguma coisa. – Yoongi pediu se levantando e tirando a poeira de suas roupas, os mais novos o seguindo quase imediatamente, ansiosos.

—Ele deu um nome, Peyton. – Jin falou sorrindo.

—Ele seria idiota ao ponto de dizer seu próprio nome? – Jungkook pediu com um sorriso irônico, recebendo como resposta uma batida de leve na cabeça de Jimin.

—Não estrague a alegria dos outros, pirralho. Mais o quê, hyung?

—Ele tem uma cicatriz de queimadura embaixo do olho, tem mais ou menos 1.90 de altura pelo que ele disse. – Namjoon quem continuou, já caminhando em direção ao elevador. — Quando voltarmos para o hotel vou começar a procurar por qualquer um chamado Peyton em um raio de cem quilômetros, se nenhum se encaixar eu vou expandido o espaço até encontrar esse homem.

—E então encontrar Hobi. – Tae falou mais animado, Yoongi porém não disse nada todo o caminho até a saída do hotel, estranhamente calado, os braços cruzados na frente do corpo e olhos estreitos, pensando. Não era possível o homem ter dado seu verdadeiro nome, era? A não ser que quisesse ser achado, um sequestrador nunca faria isso se não quisesse ser encontrado, só faltava encontra-lo na rua com a mesma roupa que usou no sequestro.

—Hyung! – Foi nesse momento que Suga notou todos olhando para ele, se encolhendo um pouco com a ação repentina. – Estamos perguntando o que você acha do que Norman falou.

—Eu acho que estamos sendo usados. – Ele falou simplesmente, acabando com a alegria momentânea de todos os meninos.

—Pelo Norman? – Jungkook perguntou se pondo na frente de seu hyung e este balançou a cabeça negativamente.

—Não, pelo tal Peyton, o que Kookie falou está certo, ele não seria tão idiota em dar o nome próprio, porém, e se ele deu? O que ele ganha com isso além de nos facilitar a encontra-lo?

—Quer dizer que ele quer que a gente o encontre? – Jimin pediu sem entender por um momento, até que algo veia à sua mente e ele levou a mão a boca, os olhos arregalados para o rosado que permanecia calmamente sério, apesar de mal se aguentar por dentro. — Ele quer que a gente encontre Hobi hyung...

—Isso não faz sentido, por que ele faria isso? – Taehyung pediu olhando de um para o outro e com exceção de Jungkook e Taehyung todos tinham olhares assombrados no rosto.

—Pense bem, se você fosse organizar um sequestro, você faria de tudo para que não fosse facilmente reconhecido, certo? Ou uma máscara, ou óculos, roupas comuns que não fossem facilmente lembradas, qualquer coisa que o fizesse ser esquecido, ou difícil de reconhecer. – Yoongi começava a explicar como se fosse realmente a coisa mais fácil de se entender. — “Peyton” porém, além de dar o próprio nome, não tentou sequer esconder algo tão fácil desse lembrar como uma cicatriz, então, se esse for realmente o seu nome, ele quis facilitar para nós encontra-lo, o que quer dizer que ele quer que a gente o encontre, ou pior...

—Encontre o hyung. – Taehyung completou baixinho.

—E isso quer dizer que ele não vai pedir uma recompensa, ou qualquer coisa em troca de Hoseok, ele está brincando com a gente! – Namjoon gritou por fim, a realidade da situação finalmente o batendo com mais força do que ele achava ser capaz de aguentar.

—Sim, o que quer dizer que temos que nos apressar. – Yoongi falava sério, as mãos escondidas nos bolsos do casaco se apertavam de tal modo que marcava a carne, toda a sua raiva mal sendo contida dentro de si e não conseguindo mais olhar para seus saengs tristes, irritados e decepcionados ele se virou, iria contar as horas para encontrar quem levou Hoseok, desejando ele mesmo poder ficar em um quarto trancado com Peyton.

---

Ele estava com fome. Não tinha noção de tempo ali dentro, a escuridão tomava conta de tudo no quarto, mas tinha noção de que horas haviam se passado desde que acordou, desde que teve a visita de seu sequestrador. Ainda não acreditava que havia sido drogado, não, ele não queria acreditar para falar a verdade.

Não queria começar a pensar no que Peyton poderia ter feito com ele enquanto estava dormindo, a forma na qual poderia ter o tocado, o avaliado, o visto. Se sentia sujo apenas com o pensamento e a sensação era horrível, fazia formigar a pele e subir arrepios desconfortáveis pela espinha, a bile fazia força para subir pela garganta e seus olhos voltavam a se encher.

Não, ele não podia. Tinha que ser forte, ter confiança de que seus amigos viriam, a polícia, qualquer um, qualquer pessoa que viesse tira-lo dali naquele momento ganharia seu eterno agradecimento. Ele quase sorriu quando a porta foi violentamente aberta, achando que o destino finalmente tinha aberto um sorriso para ele e alguém veio resgata-lo, mas quando viu Peyton entrando pela porta parecendo irritado sua pequena esperança momentânea morreu.

Ele tentou se encolher na cama, se afastando um pouco mais a cada passo que o homem dava em sua direção, ao ponto de seus pés já terem que tocar o chão para que não caísse, puxando o lençol com ele para esconder o corpo dos olhos famintos de Peyton, tropeçando nos próprios pés a cada passo que dava para trás, vendo o homem dar mais dos para frente como um predador faminto em busca de sua presa. O Jung apenas parou quando era impossível dar qualquer passo mais para trás, desejando poder se fundir com a parede se fosse o suficiente para poder fugir de Peyton.

—Sabe o que aconteceu hoje? — Ele gritava, batendo as mãos na parede de cada lado da cabeça de Hoseok que pulou assustado, encolhendo-se contra a parede, puxando mais o pedaço de pano inútil contra o corpo ainda na vaga tentativa de se proteger de Peyton.

—Eu não sei, hyung. – Ele falou baixo, lutando para deixar os olhos abertos, desviar seu olhar do homem nem sequer se passava por sua cabeça.

—Certo, claro que você não sabe. Bom, vejamos então. - J-Hope não entendeu de início o que ele queria dizer, mas quando puxou o celular e mostrou sua tela ele sentiu seu coração falhar uma batida, com Yoongi arrastando Jimin e Taehyung para algum lugar longe de todas as pessoas que os perseguiam, a foto era do Twitter e parece que várias postagens eram sobre isso. — Agora você sabe por que estou puto, certo? - Ele pedia balançando o celular na frente do rosto de Hoseok, que se encolhia mais cada vez que o aparelho ia perto demais.

—Por que você não estava lá? - Ele arriscou lentamente, olhando direto nos olhos do homem, e naquele momento parecia que eles pegavam fogo. Ele viu o homem apertar o celular e ouviu o vidro da tela trincar antes de ele jogar o objeto na parede às suas costas, foi nesse momento que ele viu uma brecha, a porta continuava aberta se ele tivesse sorte ele conseguiria sair, pois a flexibilidade para sair do agarre de Peyton ele com certeza tinha. Hoseok porém cometeu o péssimo erro de desviar seus olhos dos do homem, gritando mais pelo susto que pela dor quando Peyton agarrou seus cabelos, tentando se afastar do homem a todo custo, agarrando seu braço e arranhando com as unhas curtas.

—Não, Hoseok! Eu estou puto porque ele não está aqui! - Gritou empurrando o menino para o lado, consequentemente fazendo com que caísse e seus joelhos descobertos ralassem no chão grosso. — Ele, meu TaeTae não está aqui! Você sabe como isso é frustrante? Eu planejo isso a anos! E chega o momento... Eu tenho vo-

Peyton não conseguiu terminar a frase, no momento que ele se virou para Hoseok ele só sentiu a dor. O soco foi certeiro em seu rosto, tão forte ao ponte de manda-los cambaleando para trás, ficando tonto os três segundos suficientes para o Jung se afastar, soltar o lençol e correr, pular pela cama bagunçada em direção à porta aberta, passando e a batendo, gritando frustrado por  a chave não estar ali, usando daquilo apenas para atrasar mais o homem, correndo para o lado do corredor que pensava ser a saída, deixando um sorriso enfeitar seu rosto quando viu a porta, correndo ainda mais rápido, sem se importar com o joelho sangrento ele chegou até o seu destino, a animação sendo tanta que não conseguiu parar e evitar se chocar contra a madeira, a mão viajando diretamente para a maçaneta e a girando, sentindo seus olhos se encherem mais a cada vez que girava o objeto na esperança da porta se abrir, nunca se passando por sua cabeça esperançosa de que ele poderia ter trancado após entrar.

Seu desespero aumentou em proporções alarmantes, ele tinha apenas socado o seu sequestrador e corrido a procurara de uma fuga mesmo sabendo que ele supostamente seria punido, senão morto, se tentasse qualquer coisa assim, então só tinha uma escolha, aproveitando que este ainda não veio procura-lo correu de volta, procuraria no lado oposto por outra saída, qualquer uma, por menor que fosse ele arrumaria um jeito de sair, ele precisava.

A porta da qual estava saindo se aproximava, e não estava do jeito que ele havia deixado, fazendo já a bile subir por sua garganta, mesmo que mais nada tomasse conta de seu estômago naquele momento; sendo assim também o lugar que dava até a sala também estava mais próxima, tentando olhar em sua mente confusa e apavorada para saber se havia visto alguma janela no local, soluçando quando não se lembrar de nada além da sensação dos toques de Peyton em sua pele, fazendo com que lhe ocorresse que caso não conseguisse sair dali, algo pior que aquilo poderia vir a acontecer.

Sua cabeça estava a mil, um nível tão elevado de adrenalina percorria seu corpo e fazia seu coração bater talvez rápido demais para ser considerado saudável que quando Peyton apareceu na sua frente tentando agarra-lo ele nem pensou quando apena se jogou por baixo das pernas do homem, rolando uma vez e voltando a correr, não esquecendo de agradecer toda a sua flexibilidade pela dança, não dando importância para os xingamentos altos do moreno às suas costas.

Não era uma porta que tinha desse lado, mas sim uma escada. Ele não se importava mais, talvez pudesse pular a janela do segundo andar sem machucar muito o pé, gritar por socorro a algum vizinho e conseguir fugir antes que o psicopata o pegasse novamente. Dois e três, três e dois, era como ele pulava os degraus para o segundo andar, ciente de que Peyton estava bem às suas costas, e qualquer hesitação de sua parte resultaria em sua recaptura, fazendo o medo é nervosismo crescerem ainda mais.

Ele chorou de felicidade, um pequeno sorriso bobo de descrença enfeitando o rosto pálido e assustado de Hoseok quando viu uma janela aberta, uma única e grande janela aberta mostrando o pôr do sol do lado de fora.

Mas ele hesitou, por um único segundo; "eu vou apenas pular?" Pensou com certa descrença, ele não teria tempo de se preparar, pular de qualquer jeito não ia apenas machucar seu pé. Iria acabar completamente com sua tentativa de fuga se não pudesse mais se mexer.

E foi essa pequena hesitação que beneficiou Peyton, o Jung estava quase chegando na janela quando ele pulou, agarrando as pernas de Hoseok e o ouvindo gritar com o susto, nem podendo desfrutar de seus pedidos para que parasse com a forma que se mexia tentando se soltar, chutando-o e se arrastando pelo chão poeirento, tendo momentânea uma vontade de apenas silencia-lo ali de uma vez por todas, mas dispensou o pensamento quando se lembrou que a brincadeira acabaria rápido demais, além de que nem tinha experimentado aquele corpo que, por mais que quisesse negar, era bonito e desejável, necrofilia não parecia ser algo agradável ao seu ver.

Quando conseguiu colocar todo o seu peso por cima do Jung ele o virou, prendendo seus braços tanto com as pernas, finalmente conseguiu tapar sua boca, sem se importar com suas mordidas - que eram consideravelmente fracas pelo seu crescente desespero. Eles ficaram assim por minutos, que para Hoseok mais pareciam horas, a vertigem não passava, o medo crescia mais a cada segundo, não pensou que o homem conseguia ser tão mais forte, tão mais ágil, ele tentou uma coisa idiota sem pensar direito e agora pagaria as consequências.

—Você sabe que desobedeceu uma das minhas regras, certo? - Ele não respondeu, não conseguiria mesmo se pudesse. — Ceeerto, claro que você sabe disso, como também sabe que seria punido caso o fizesse. - Seus olhos estavam tão embasados que ele não tinha mais certeza se era por culpa das lágrimas ou se estava perdendo a consciência. Podia ainda ver, porém, Peyton aproximando cada vez o rosto do seu, descendo para seu pescoço e expirando ar quente ali antes de passar a língua, subindo da base até seu maxilar. — Eu estava pensando em ir devagar, Hoseok, mas você escolheu me desobedecer, não foi? - O Jung sentia toda parte de seu corpo, exceto a nojenta no qual Peyton acabou de lamber, se anestesiar por completo, estava ficando difícil respirar, seu coração batia de forma frenética no peito, ao ponto em que não conseguia ouvir nada mais do que as batidas dele. Tudo se tornava cada vez mais escuro. — Você tem ideia do que vou fazer com você agora, não é? Você se rebelou, eu não posso apenas...

Peyton não foi impedido, mas parou de falar imediatamente quando viu os olhos do Jung virarem e seu corpo ficar completamente mole. Ele piscou, uma, duas, e então riu, de gargalhar alto, essa reação nunca havia acontecido antes, com nenhum outro, e isso era definitivamente engraçado, talvez devesse tentar isso mais vezes, brincar de gato e rato com alguém tão sensível seria realmente divertido se essa reação se repetisse.

Se levantando ele olhou para baixo, o corpo magro estava suado e sujo, largado de qualquer jeito no chão frio, o hematoma em sua boca tinha uma cor arroxeada e via agora um corte sangrento em seu queixo, provavelmente de quando o havia derrubado, seus joelhos ralados estavam sujos de poeira e sangue. Peyton sorriu, Hoseok precisava de um banho.

-

Ele acordou em um pulo, assustado, o coração batendo forte no peito, o suor frio escorrendo no rosto, o queixo doía assim como todo o seu maxilar e joelho, mas o que chamava mesmo sua atenção era o frio. Como se tivesse acabado de ser tirado da água fria, não percebendo por alguns segundos que ele realmente tinha. Mas quando a verdade se fez presente ele sentiu sua respiração acelerar, seu corpo tremer e a bile subir pela garganta, ele tinha tomado banho, não, Peyton havia lhe dado banho, conseguia sentir as gotas frias da água gelada descendo por seu rosto e tremendo com o frio ele tentou se olhar, apavorado, percebendo então que tinha voltado para o quarto escuro e não que seus olhos ainda estavam fechados, sentindo sua respiração acelerar e o pânico crescer cada vez mais ele começou a se apalpar a procura de qualquer ferimento que já não existisse, mesmo que nenhum outro ponto de seu corpo doesse fora o que já estava dolorido antes. Pulsos e tornozelos esfolados, joelhos ralados, maxilar dolorido, fora isso tudo a única coisa que parecia diferente era o corte no queixo, mas ainda sentia muito frio. Tentou puxar o lençol para cobrir o corpo só para descobrir que a cama estava vazia, e que tinha deixado o lençol largado em algum lugar do quarto na tentativa de fuga.

Tudo estava errado, estava frio e faminto, queria seus amigos, seus parentes, seus abraços, carinhos e se sentir seguro, coisa que parecia não sentir a séculos mesmo sabendo ter sido apenas dois dias em cárcere. Suas mãos estavam geladas, assim como todo o seu corpo, mas se pudesse cobrir ao menos uma parte talvez se sentisse um pouco melhor, e voltando a se tocar procurou pelo bolso da calça que usava antes, achando que, mesmo que Peyton houvesse lhe feito algo, tivesse o mínimo de decência para lhe vestir novamente, mas parecia não ser assim, pois de fato ele não usava calças. Hoseok parou estático, sua mente confusa do recém despertar esqueceu de associar sua sensibilidade a uma coisa tão simples como roupas, e o desespero em saber que não estava com elas fez passar por sua cabeça milhões de possibilidades sobre o que Peyton pode ter tentado além do que já havia feito com seu corpo, inconscientemente se encolhendo mais a cada pensamento, se sentindo sujo, imaculado, não só de corpo.

Ele subiu suas mãos e percebeu que não estava nu, certo, não, um grande alívio tomou conta de si nesse momento, mesmo não sendo, de fato, uma cueca. Sua mão passou devagar pelo pano que tapava sua intimidade, seu corpo estremecendo com a humilhação que fazia suas bochechas esquentarem e seus olhos arderem, a renda parecia ser delicada, macia e de seda, mas ainda assim era desconfortável, apertada em seu corpo masculino, a parte de trás entrava onde não devia conforme se encolhia na cama e se contestou mentalmente como não havia sentido aquilo antes.

Tentando apurar mais seus sentidos sensitivos ele voltou a subir a mão por seu corpo, sentindo imediatamente o pano da blusa roçando em seus dedos gélidos, quase chorando de alívio quando percebeu que era grande o suficiente para se esconder um pouco, ainda que a imagem constrangedora de si mesmo de calcinha não conseguia sair de sua mente confusa. Agarrou o pano da blusa e esticou o máximo que pôde até o meio das coxas, abraçando o travesseiro e fechando os olhos, não importava o quanto tentasse fazer sua visão se acostumar com a escuridão, era como se uma venda o impedisse completamente de ver.

Se sentia fraco, sua cabeça parecia pronta para explodir a qualquer momento, seu corpo doía e estava com fome, sede, quando havia sido a última vez que bebeu um copo de água? Água sem drogas ao menos... Refrigerante, suco, qualquer coisa para molhar sua boca seca agora parecia ser convidativo demais para dizer não mesmo a Peyton, porém seu orgulho era grande demais para pedir algo, ainda mais depois do que aconteceu, era apenas impossível.

Estava tão cansado, havia gastado energia demais na tentativa de fuga e estava sem se alimentar o dia inteiro. Estava com frio, sabia onde estava o cobertor mas não tinha ânimo para busca-lo, estava exausto mas não conseguia dormir, não queria, na verdade, não querendo dar mais oportunidades à Peyton de fazer o que quisesse com seu corpo. Mas seus olhos estavam fechados, e apesar do frio ele não conseguiu evitar ser levado para o mundo dos sonhos, apesar de parecer que até mesmo seu subconsciente não queria lhe deixar em paz quando lhe deu pesadelos agitados.

---

—Vocês têm noção no que se meteram? - Hobeom gritava para todos que se sentavam com a cabeça baixa para o manager, eles conseguiam ver seu rosto vermelho de raiva, algumas veias também desenhavam linhas azuis na pele branca. — O que poderia ter acontecido? Vocês não são mais crianças, deveriam entender a gravidade de algumas situações.

—Por entendermos isso é que tivemos que ir, senhor. - Yoongi quem falou, o único depois de Namjoon que olhava diretamente para o manager.

—Não podíamos ficar sentados sabendo que poderíamos fazer algo, senhor, é o Hope. - Namjoon terminou e todos concordaram apesar de continuar com a cabeça baixa. Hobeom entendia, de verdade, ainda mais por esses três estarem juntos a mais tempo que os outros, como eles todos se tratavam como uma família e como isso tudo estava sendo difícil para eles.

—Eu não quero saber mais de vocês saindo sozinhos, sabe como foi difícil pedir para vocês ajudarem na investigação?

—Você conseguiu? - Eles gritaram, animados e assustados, sorrisos grandes e felizes no rosto. Hobeom sorriu.

—Claro. Vocês vão estar protegidos, então eu não me importo, contanto que continuem fazendo o seu trabalho é claro. Vocês tem uma entrevista aqui mesmo em Nova York na semana que vem, além de um Show na França daqui a três semanas, quando acabarem, poderão voltar para cá e continuar a investigação com os policiais. - Ele terminou e os meninos se olharam, sorrisos gengivais e com covinhas, grandes e animados, eles poderiam ajudar afinal. Eles assentiram com a cabeça, um entendimento mútuo sem necessidade de palavras e adotando uma postura mais rígida de frente para o homem eles se curvaram.

—Obrigado Hobeom hyung!

-

—Está tudo pronto, hyung? - Namjoon perguntou da porta batendo de leve e entrando antes de sequer dizer algo, quando um aceno de cabeça sutil de Suga foi dado ele sentiu que estava tudo bem entrar. — Eu ainda posso ir no seu lugar, deveria ir.

—Não venha dar uma de líder agora, Monnie, você pode ajudar mais a encontrar Hoseok do que eu. - Isso era um fato para Yoongi pelo simples fato de ele ter um péssimo inglês e eles estarem em uma cidade americana. — Além disso, eles precisam de alguém pra manter a paz aqui, Jin hyung é bom, mas ele não ia aguentar os três pirralhos sozinho. Vocês dois juntos dão conta.

—O que você quer dizer com-

—Nada. Olha, eu estive pensando nisso o dia inteiro. Alguém precisa contar aos pais de Hoseok o que aconteceu. - Silêncio. Como eles se esqueceram disso? Estavam tão preocupados em encontrar Hope que nem se dignificaram a avisar sua família que ele havia desaparecido. — Sua mãe o liga todos os dias e eu sempre o vejo conversando com a irmã, elas precisam ser avisadas.

—Eu sei, hyung, sinto muito, eu me esqueci.

—Não se desculpe para mim. Você não me fez nada. Nem a eles, apenas não se esqueça mais. - Namjoon concordou com a cabeça, abaixando-a logo em seguida, ouvindo um suspiro de Yoongi. — Isso também não é sua culpa, você sabe?

—Não? - Ele pediu com uma risada debochada, ganhando um estreitar de olhos do rosado que o fez se desculpar rapidamente. — É minha culpa também, hyung. Tae me avisou que tinha algo errado, e eu propositadamente não fiz nada, nada! Eu poderia ter dado mais atenção à situação, poderia ter evitado isso, mas eu não fiz nada! - Terminou com um grito, se sentando ao lado de Yoongi com a cabeça baixa escondida nas mãos escoradas nos joelhos. O rosado apenas o olhava, desistindo de sua bolsa para olhar seu saeng. — Eu coloquei a gente em perigo hoje mais uma vez, eu me odeio tanto...

—Ei! - Yoongi bateu a palma da mão na nuca do prateado. — Não seja dramático, Namjoon. Você não se odeia, só está com raiva, desconte em uma almofada que passa. - Namjoon olhou para ele inconformado e Yoongi teve que rir. — Não foi culpa sua, você não tinha como previr o que iria acontecer, a mesma coisa para Taehyung. Agora só temos que procura-lo e acha-lo.

—Obrigado hyung. Vai ser a primeira vez que ficaremos separados por tanto tempo.

—Não.

—Não?

—Fale que vamos ficar pouco tempo separados, Monnie, e que vamos encontrar SeokSeok tão rápido quanto pudermos. - Ele deu tapinhas nas costas do líder que riu um pouco, finalmente.

—É bom ver você tão otimista, obrigado de novo, Suga hyung.

—Ao menos alguém precisa.

-

Jungkook estava sentado no sofá a assistir um filme qualquer sem muito interesse na televisão, não entendendo nada além do que as imagens mostravam desde que ele era em inglês e não tinha nem ao menos a possibilidade de pôr legenda, o que resultou em estar ali realmente por pura falta do que fazer. Não tinha ânimo para jogar com V, desde que este se trancou no quarto logo assim que voltaram da despedida de Yoongi, levou o computador e suspeitava que o amigo ia continuar procurando pelo homem que resultou toda aquela tensa situação.

Também não tinha vontade de perturbar Jimin desde o café da manhã, nem tinham trocado muitas palavras depois daquilo para falar a verdade, não que estivesse irritado com ele nem nada, Jungkook tinha maturidade o suficiente para entender que seu hyung agiu em um momento de raiva e não era completamente sua culpa, mas desde que ele não veio falar consigo, não iria tentar falar com ele de volta.

O som da TV estava no mudo e ele conseguia ouvir vindo da cozinha o som de vozes, ele viu quando Seokjin passou apressado com um celular vibrando para o cômodo longe da sala, porém ainda assim o maknae conseguia ouvir bem o que conversavam, ou com quem os Kims falavam. A dois minutos ouviu seu hyung gritando um “tudo bem!” que Jungkook suspeitou ser um pedido – exigência – para que a ligação fosse posta em viva voz, não pela mulher, porém, mas sim por Jin, ele ouviu o hyung exigir antes de finalmente Namjoon pôr o telefone, de fato, no viva voz. Agora seus dois Hyungs conversavam com a mulher chorosa do outro lado do telefone.

Ele puxou as pernas para cima do sofá, as abraçando e apoiando o queixo no joelho, vendo a cena de ação que se desenrolava na grande tela, mas não prestando real atenção nas imagens, seus ouvidos muito mais apurados nas acusações sem sentido que a mãe desesperada jogava para cima das pessoas que praticamente o criou, as desculpas que seus hyungs davam mesmo não tendo culpa do que realmente aconteceu. Estava tão concentrado em ouvir o que eles falavam que nem percebeu quando uma das portas se abriu. Jimin não demorou para entender a situação, a TV no mudo e os gritos femininos que vinham da cozinha eram bem fáceis de entender e suspirando ele se aproximou do maknae, pegando o controle do braço do sofá e aumentando o som ele finalmente chamou a atenção de Jungkook.

—Achei que Jin hyung tinha te ensinado a não ouvir a conversa dos outros. – Ele se jogou ao lado de seu saeng, colocando o filme em um volume que tornasse impossível para os dois ouvir o que quer que fosse dito no outro cômodo.

—E ensinou. – Ele deu de ombros, Jimin sorriu.

—Oh, parece que alguém aprendeu a ser rebelde. — Jimin brincou, se aconchegando mais perto de Jeon e o saeng deitou a cabeça em seu ombro.

—Ouvi dizer que a América é um país livre.

—Você está tão atrevido Kookie, eu quem sou o hyung aqui. - Jimin falou com um tom tão exagerado de descrença que o maknae teve que rir antes de rebater.

—E eu sou o mais alto aqui.

—Ok, perdeu o direito de me usar de travesseiro. - O mais velho falou parecendo ofendido, mexendo o ombro de forma que afastasse o moreno, fazendo-o rir e tentar se deitar novamente. Jungkook sabia que ele estava brincando.

A conversa agitada na cozinha terminou faz tempo e agora os dois adultos nem mesmo se olhavam, constrangidos, envergonhados, eles deviam ter feito isso antes, as chamadas antes da que atenderam foram incessantes, e por mais ateu que Namjoon fosse, o "Graças a Deus" que a mulher soltou quando achou que era Hoseok quem atendera fez o corpo do Kim se arrepiar por inteiro. O sermão seguido de preocupação depois disso lhe fez encher os olhos e a mão ser levada à boca.

"Você sabe o quão preocupada eu fiquei quando seus amigos disseram no show que você passou mal? Eu estou ligando desde ontem, Jung Hoseok, você tem noção? Por que você está tão calado? Está tudo bem, querido? Ainda não se sente bem?"

Como ele deveria explicar para a mãe preocupada que ele não era Hoseok? Que seu filho havia sido sequestrado e que possivelmente corria perigo de vida nas mãos de um psicopata? Não ele não explicaria isso tudo.

"Sinto muito Sra. Jung, o hyung não pode atender no momento." Ele se lembrava dizendo para a mulher quando ela parou de falar e o silêncio que se seguiu fez seu estômago revirar.

"Onde está meu filho, Kim Namjoon?"

"Sra. Jung-"

"Ele está no hospital? O que aconteceu? Eu quero falar com Hoseok agora ou eu juro-"

"Hoseok hyung não está em lugar algum Sra. Jung, ele desapareceu, o hyung foi sequestrado ontem antes do show acontecer e ainda não o encontraram."

O silêncio se seguiu por alguns minutos antes de um soluço ser ouvido, seguido de outro ele ouviu também algo se quebrando e pulou com o susto, olhando assustado para seu hyung, sem ter muita noção do que fazer, mas as lágrimas começaram a descer livremente quando ouviu a voz chorosa da mãe desamparada.

"Não meu Seokkie..."

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Uma semana, foi o tempo que ele esteve ali, como ele sabia? Peyton só lhe alimentava duas vezes por dia e sempre fora do quarto, o que lhe dava uma pequena oportunidade para ver as horas no relógio da cozinha, era sempre às sete da manhã e às sete da noite, nem um minuto a mais, nem um minuto a menos. Era perturbador.

No momento era sete da noite e ele estava na cozinha, um prato de comida na mão enquanto a outra mesmo com um pouco de dificuldade juntava todos os grãos de arroz entre os dedos finos para pôr na boca, não tinha direito a hashis ou qualquer coisa que lhe fosse permitido juntar o alimento para pôr na boca, seu sequestrador disse que era bonito ele comer com as mãos e não é como se tivesse o direito de protestar sobre isso. Por mais que quisesse.

Era humilhante, se sentia um animal comendo com as mãos, além de ser trabalhoso, e doloroso. Nem sempre a comida estava fria, ele parecia fazer propositadamente com que ela se esquentasse para queimar seus dedos, agora já vermelhos. Não é como se aquela comida fosse ficar no estômago por muito tempo de qualquer jeito, jogaria tudo para fora quando, como sempre, Peyton o mandasse tomar banho.

Não confiava no homem, muito menos em sua comida, tinha um certo pressentimento que ele não era a primeira vítima daquele homem, e ele, por mais violento que fosse, não parecia o tipo de pessoa que mata alguém de forma violenta, mas sim lentamente, apreciando a forma como ela definha, e veneno era uma boa forma de fazer isso. J-Hope realmente achava que ele estava fazendo isso.

—Terminou? – Peyton pediu se aproximando do menino, levantando uma mão e a descansando em seu ombro, passando de leve por sua clavícula sem deixar de roçar o polegar no osso repetidamente com um carinho nojento.

Felizmente – ou não? – ele havia aprendido a não saltar mais de susto em todas as vezes que Peyton tentava fazer algo mais impróprio, estava a uma semana com o homem, os dias praticamente gravados em sua pele, virou um habito do homem gravar em seu corpo, no interior de seu antebraço mais especificamente, bem próximo ao pulso; o primeiro corte que ele deu foi no dia após ele tentar fugir, “será esse meu castigo?” foi enjoativo, doloroso e ele sentiu a bile subir pela garganta, mas era algo aceitável, ele realmente esperava algo mais... pesado? Mais obsceno talvez.

Então no dia após aquele, um segundo corte foi feito logo acima ao do dia anterior, o que fez certo pânico começar a crescer, pensou em questionar o porquê daquilo, aqueles seis cortes verticais e um diagonal que completava a semana, mas uma coisa que ele aprendeu em cárcere com aquele homem era nunca fazer perguntas, não questionar, não dar palpites, ele só tinha que ficar ali sentado, a mercê de seus toques como uma boa boneca, responder quando fosse solicitado como um “bom menino”. Então agora, sete riscos não tão profundo, mas também não tão superficiais marcavam sua pele, desalinhados, e alguns até mesmo maior que os outros. Ele faria aquilo até o dia que ele saísse dali?

Ele sairia dali?

Era uma pergunta que por mais que ele quisesse, persistia em voltar, por mais que tentasse afasta-la, trancar no fundo de sua mente, a insistência que ela tinha em se fazer presente para bagunçar ainda mais sua cabeça perturbada era impressionante. Ele sairia dali afinal?

—Sim, hyung. – Ele abaixou o prato na mesa, as mãos sujas com dedos sujos, trêmulos e doloridos esticados em cima para não fazer sujeira.

—Você pode limpar os dedinhos Hobie, você sabe que eu adoro quando você faz isso. – Ele falou com uma voz rouca, seus dedos subindo para sua nuca, passando com uma leveza sobrenatural que lhe provocou arrepios frios e desconfortáveis a subirem pela espinha. Ele fez, porém, levando o mindinho à boca, seguido do anelar e sentiu um aperto em seu pescoço, não era agressivo, mas tinha força o suficiente para travar seu corpo tanto quanto sua respiração. — Não, não, você sabe como eu gosto, não é?

—Sim hyung... – Ele falou baixo, talvez baixo demais, mas desde que o homem não reclamou ele fez o que lhe foi pedido, ordenado, levando o dedo médio até a boca e o lambendo, da base até a ponta, tirando todos os resquícios de comida antes de colocá-lo todo na boca e puxa-lo lentamente com os lábios fechados, sentindo o aperto na nuca se desfazer e lentamente mudar para um carinho nojento, assim como toda aquela situação.

—Muito bem, bom menino.

Sim, um bom menino...

-

Quando enfim foi tirado daquela tortura ele teve que se levantar, puxando a blusa para esconder tudo que lhe era possível, mas não conseguindo muito de fato, o pano só chegava até metade de suas coxas.

—Muito bem, a roupa já está no banheiro, quando você terminar vamos ver alguma coisa na TV. Você tem quinze minutos. – E então vinham, depois da comida, o momento que ele mais gostava e o que mais odiava viriam, respectivamente.

Era o único momento do dia que ele pensava realmente ser livre, ser limpo, não apenas fisicamente. Ele estava sujo de tantas formas diferentes que era difícil contar, não que quisesse que qualquer jeito, era doloroso a forma na qual aquele homem conseguiu tão facilmente, tão rapidamente fazer com que se sentisse pior que lixo, sendo obrigado a fazer coisas obscenas com seu corpo, usar roupas que nunca sonhou sequer poder ser capaz um homem vestir, o tocando, beijando, lambendo. Era nojento, sujo, ele estava imaculado e se sentia ao menos um pouco melhor quando a agua lavava seu corpo.

A primeira coisa que tirou foi a renda desconfortável, nem se preocupando em rasgar o pano delicado no processo, sabia que em cima do vaso tinha uma outra novinha, com o mesmo pano delicado de cores claras ou provocantes esperando para ser vestida. Desde o dia que tentou fugir não teve mais o direito de usar suas roupas, então ou era aquilo, ou era nada.

A blusa não era ruim, porém, larga apesar de um pouco curta, mangas cumpridas que escondiam tudo o que não quisesse ver, o que era, bem, tudo. Teve vontade de vesti-la novamente depois do banho então a colocou gentilmente junto das peças que já estavam lá antes de se ajoelhar de frente para o vaso, colocar o dedo na boca para estimular a úvula e não demorou para que tudo, ou ao menos grande parte do que tinha comido - não que tenha sido muito - voltasse pela sua garganta.

Limpando a boca tanto quanto pôde com a mão vazia ele se levantou, trêmulo, lavando o rosto na pia e olhando para o espelho em cima desta, ele estava horrível, e essa palavra ainda era um elogio para ele. Seu queixo tinha a marca de um corte, agora já mais cicatrizado, bem em destaque no meio de todo o tom esverdeado que cobria seu maxilar. Sua pele estava pálida, acinzentada, tinha bolsas escuras debaixo dos olhos, seu cabelo estava bagunçado, sem brilho e grande, bem abaixo das sobrancelhas e quase lhe cobrindo os olhos.

Seu pescoço estava salpicado com marquinhas vermelhas e roxas que ele não tinha mais coragem de contar, desde que sempre apareciam mais no dia seguinte, e se virando lentamente seguiu as que faziam caminho por sua clavícula e ombro algumas subindo para sua nuca e o resto descendo para suas costas doloridas, e se com uma semana ele já achava difícil ver alguma parte de pele livre ali, ele não queria saber quanto daria um mês, um ano? E então a irritante pergunta sobre se ele sairia dali voltava para lhe provocar as lágrimas.

A água como sempre estava fria, sem sequer ter a opção para mudar ao menos para uma temperatura mais amena, desde que o chuveiro não tinha essa opção. Não podia dizer que se acostumou com as gotas geladas que o faziam tremer do início ao fim, como também depois de vestido e por praticamente o resto da noite, mas era o que podia usar para limpar o corpo, lavar os pecados que outro botava sobre si apenas para dar espaço a ele enche-lo com mais de seu lixo.

Então depois do banho vinha a parte que mais odiava, a que ele era obrigado a se sentar com Peyton, ou no caso sobre Peyton, olhar para a TV e fingir que o homem não o acariciava, elogiando sua pele macia, dizendo que ele tinha um cheiro bom, um corpo bonito, alisando suas coxas gordinhas ou sua cintura fina, beijando sua nuca e chupando a curva de seu pescoço que de tanta atenção já chegava a ter marcas que viravam roxas.

Seus toques nunca foram mais que isso, porém, como se tivesse uma linha invisível que dizia “pare” e Hoseok agradecia internamente por isso, muito; não sabia quanto tempo mais aguentaria se seus toques nada sutis aumentassem em proporções tão alarmantes, se sua perversão o deixasse ainda mais impuro do que ele já se sentia.

Ele não sabia do tempo, mas tinha noção de que seus quinze minutos estavam acabando, esfregando o sabonete pelo corpo pela terceira vez, já sentia a pele arder e se tornar avermelhado pela força que usava das unhas que mesmo curtas - algumas feridas de tanto que roía – deixavam fracos vergões na pele doentiamente pálida ele finalmente se lavou uma última vez e saiu, procurando entre as roupas que já estavam ali pela maldita única peça de roupa que cobriria sua intimidade, vendo o pano azul delicado logo abaixo de uma blusa da mesma cor, mais clara, ainda mais curta que todas as que ele tinha dado até agora, suspeitando que mal cobriria seu umbigo ele a pôs mesmo assim antes de vestir o fino moletom que estava antes, incrivelmente dissipando um pouco do frio que sentia.

Foi no momento que ele se abaixou para pegar a calcinha rasgada do chão e jogar no lixo que a porta se abriu, tinha de fato passado os 15 minutos então. Ele se levantou rápido, se pondo de frente para o homem, agarrando a blusa e tapando seu corpo tanto quanto lhe era possível, prendendo a respiração e dando um passo para trás quando o viu estreitar os olhos e contrair os lábios em desgosto, olhando-o de cima à baixo, então a peça em sua mão, e Hoseok realmente achou que o homem iria avançar, tentar fazer algo, mas ele apenas suspirou. Isso não era de seu feitio.

—Jogue logo essa merda fora e vamos, o programa já vai começar e não queria me atrasar para ver meu TaeTae por sua causa. – A pergunta quase escapuliu por entre seus lábios. Os meninos participariam de algum programa? Ele veria seus amigos? Por mais longe que eles estivessem era de certa forma animador, independente da forma que ele viria aquilo.

Jogou o pano no lixo de qualquer jeito e saiu seguindo Peyton para a sala, vendo o homem se sentar, mas não fazendo o gesto que normalmente fazia para que ele se sentasse em seu colo, voltando a olha-lo de cima a baixo por um momento.

—Tire esse moletom, ele não faz parte das roupas que eu deixei para você vestir. – O Jung estremeceu, temia que isso fosse acontecer, e com mordendo o lábio ele olhou de um lado para o outro, mudando seu peso de pé em pé, mas ainda assim não se movendo para tirar a blusa, a única peça que conseguia lhe deixa alguma dignidade. Quis protestar, mas tentou uma tática diferente por fim, por mais enjoativo que fosse.

—Aigoo... eu estou com frio Hyung. – Ele falava com a voz mais enjoativamente doce que conseguia, a cabeça baixa fingindo embaraço, e por mais que seus olhos estivessem treinados no chão, conseguiu notar quando o homem começou a se remexer, inquieto. — A agua estava muito fria e eu não posso ter nem uma calça...

—Foda-se. – Ele ouviu o homem suspirar e um arrepio nada agradável subiu da ponta dos dedos dos pés até o ultimo fio de cabelo, mordeu os lábios novamente com a vergonha do que estava fazendo, além de humilhante era nojento agir assim para ele, mas se fosse a única coisa capaz de fazer com que conseguisse esconder um pouco mais seu corpo ele não iria reclamar. — Certo, sente-se aqui de uma vez, o programa já vai começar.

—Obrigado hyung. – Ele falou se aproximando e lentamente, como se estivesse se sentando em cacos de vidro ele finalmente se pôs sobre as pernas grossas do homem, sentindo imediatamente suas mãos o puxando para mais perto, invadindo o moletom com as duas mãos e acariciando sua cintura sem qualquer pudor. Descendo e passando direto pela calcinha rendada, parando em suas coxas e apertando o interior com força desnecessária, o provocando a morder a língua para não gemer alto com a dor. Sentindo seus dedos frios subirem e descerem em uma carícia obscena, felizmente não ultrapassando a linha imaginária que o próprio homem parecia ter posto entre ele e o corpo do Jung.

Tentou se concentrar em qualquer outra coisa que não fosse Peyton o tocando e não foi muito tempo depois que conseguiu com a televisão emitindo tão de repente a imagem de seus amigos, sentindo seu coração falhar uma batida e seus olhos se encherem de lágrimas, inconscientemente tentando se forçar longe do homem para se aproximar da TV, sua boca se curvando minimamente para cima apenas para os lábios se abrirem em um grito de dor ao sentir os dentes na curva de seu pescoço.

—Não fique tão animado, fique quietinho e obediente como um bom menino. – Ele pediu lambendo as marquinhas em seu pescoço agora mais dolorido. — Você é um bom menino Hobie?

—Sim hyung... eu sou um bom menino.



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