— Professora Overphary? — Pediu um dos passageiros batendo na porta da cabine da senhora, dentro do trem que levava-os para Londres.
— Só Overphary! Não sou mais professora, oque deseja? — Avisou a senhora enquanto tomava uma xícara de chá. Ele entrou com calma na cabine e sentou em frente da idosa que o fitava com certa desconfiança em seu olhar.
— Eu sou Evans Romanov, um dos Aurores do Ministério da Magia responsável pelo caso de sua filha... — Respondeu mostrando a ela sua identificação.
— Olha menino, já não deu com essa história? Meu neto já está preso pagando pelo que fez. Agora só quero cuidar dos meus netos que ficaram órfãos! — Resmungou ela, tirando seu chapéu de pirata da cabeça.
— Primeiramente, eu não sou um menino! Segundo, me perdoe, não quis ser grosseiro... — Falou o Auror dando de ombros.
— Você não foi grosseiro menino! Só não quero ter que voltar a relembrar tudo oque é doloroso. O passado, como se diz, é passado, passou! As pessoas têm a tendência, um tanto que sádica, de querer relembrar constantemente os fatos tristes na vida das outras pessoas. — Romanov assentiu um pouco pensativo com as palavras de Enedy e se levantou um tanto desconfortável.
— Perdoe-me novamente... Não foi minha intenção... — Enedy concordou e o homem saiu da cabine, fechando a porta. No mesmo instante, um som de algo pesado caindo no chão, junto com o som característico de coisas de porcelana caindo no chão, oque foi ouvido por ele e voltou para trás para ver se a senhora estava bem.
Para sua surpresa Enedy estava caída no chão em convulsão, ele a levantou e pode perceber algumas queimaduras em suas mãos pelo chá quente derramado sobre sí. — Senhora Overphary?! A senhora está bem?!?
Ela abriu seus olhos esbugalhados de supetão dando um susto no auror que a colocou sentada no chão para que não sufocasse com sua própria saliva. — Ainda hoje... A meia-noite... Verás um livido cavalo... E... Seu ginete é... A morte... E com ela... — Enedy tossiu fortemente, soltando um líquido negro pela boca que parecia estar vivo, pois se mexia como se fosse algo semelhante a uma mortalha viva. — O inferno vem atrás... E haverá sangue... Ranger de dentes... o fogo consumirá tudo... Não restando nada mais... que pó e cinzas...
Evans ficou a ouvindo e assim que ela voltou a sí o encarou surpresa.
— Oque aconteceu? Porque eu estou sentada e você me agarrando garoto? — Ele soltou rapidamente Enedy que se levantou um pouco trêmula e sentou-se no banco acolchoado tomando folego.
— A senhora caiu no chão e teve um tipo de convulsão, falou sobre a morte vindo em cima de um cavalo... — Ela levou a mão até a cabeça, e pode perceber o "fluido negro" que se mexia sobre o chão.
— Oque a senhora vai fazer? — Pediu ao vê-la levar o dedo até aquilo e aproximou a sujeira do nariz, sentindo seu odor. Oque o fez fazer uma expressão de nojo, pela atitude da senhora em relação a aquilo que havia vomitado a pouco. Ela o fitou e murmurou:
— Tem algo lá fora...
Um forte estrondo foi ouvido do lado de fora dos vagões, por algum motivo então desconhecido o trem precisou frear parando completamente em cima do viaduto Glenfinnan. Romanov puxou a varinha de suas vestes e levantou-se com cautela pressentindo que algo de ruim estava para acontecer. Aos poucos a luz do sol começou a desaparecer e se fez noite em torno do trem como se um imenso véu negro tivesse sido colocado sobre ele.
— Fique aqui professora Enedy, eu vou ver oque está acontecendo com o maquinista...
A senhora concordou olhando para ele, e assim que fora deixada sozinha, tirou da maleta sua varinha feita de acácia negra. Um solavanco violento empurrou o trem para trás, nesse instante Enedy conjurou Lumus e saiu de sua cabine. Apenas com um pequeno movimento de sua varinha todas as portas das cabines foram abertas e ela começou a caminhar lentamente observando dentro de cada uma delas.
— Ahhhhhhh!! — O grito do auror foi ouvido e logo o silêncio absoluto. Um vento gélido surgiu no corredor do vagão obrigando Enedy entrar na primeira cabine que pode.
Já sabendo oque podia ser, apagou a luz na ponta de sua varinha e ficou em silêncio apenas esperando. Aos poucos o som de uma respiração pesada se aproximando foi ouvida e da mesma forma foi sentida a queda brusca da temperatura em seu entorno.
[•••]
— E a Lufa-Lufa ganha a taça das casas!—Avisou Minerva para delírio dos alunos da casa de Helga Lufa Lufa. Na mesa da Sonserina Albus mantinha a expressão carrancuda em sua cara.
— Ah Alb... Ano que vem a gente ganha... —Tentou Scorpius consolar o namorado em vão que parecia não estar prestando a atenção em sí. Malfoy logo olhou para a direção onde Albus olhava, observando que o foco de Albus estava em Hugo Weasley que comemorava com os colegas da Lufa-Lufa. —Oque foi? — Pediu o loiro tirando ele do seu transe.
— Eu tava pensando... Eu acho que o Hugo gosta de você... —Scorpius enrugou a testa confuso, assim que o ouviu. Nunca havia parado para pensar na hipótese até aquele instante. Albus o fitou profundamente nos olhos e percebendo como Scorpius havia ficado levantou da mesa. —Vou te esperar na comunal, tô sem fome...
— Mas Alb... —Scorpius não teve tempo de terminar a frase e foi deixado sozinho pelo moreno. Ele se encolheu em seu lugar e ficou em silêncio comendo seu jantar, enquanto pensava na hipótese que Albus havia acabado de sugerir.
Enquanto isso Albus tinha seus pensamentos a flor da pele imaginando Hugo e Scorpius juntos, havia prometido para seus pais que não se meteria mais em confusão. Mas ele havia percebido que Hugo diversas vezes durante o banquete, mantinha seus olhos atentos na direção de Scorpius.
[•••]
— Atenção todos! — Avisou Minerva com uma expressão grave, interrompendo o banquete. — O expresso de Hogwarts foi atacado na viajem de volta a Londres a algumas horas. Não temos mais informações do ministério, mas por determinação, o transporte de alunos ficará suspenso até amanhã a tarde... Professores, acompanhem os alunos para de volta de suas comunais!
Ordenou Minerva e logo os alunos começaram a voltar para suas comunais.
— Oque você acha que aconteceu Scorpius?
— Pediu Bryan o olhando com desconfiança.
— Não sei, mas porque alguém atacaria o expresso? Não tem nada de valor... PROFESSORA ENEDY!! — Gritou assim que se lembrou da professora e voltou correndo para o salão principal.
— Scorpius! Onde você vai? — Hugo surgiu em sua frente, atrapalhando seu caminho.
— Oi Hugo... Professora Enedy estava no expresso, preciso saber se ela está bem! — Avisou ele correndo até a diretora que se mantinha em conversa com Aurora Sinistra e Flintwick.
— Espera, eu vou com você! — Respondeu o ruivo correndo atrás de Scorpius.
— Diretora! A professora Enedy, ela está bem? — Pediu preocupado.
— Não sabemos senhor Malfoy, ela foi encontrada inconsciente no último vagão do expresso. Mas esperamos que sim... Agora voltem para suas comunais.
— Tudo bem, obrigado diretora... — Scorpius virou de costas e se voltou para fora do salão acompanhado de Hugo.
— Oque você acha que aconteceu?
— Não sei, mas algo está errado... Eu estou sentindo...
[•••]
— Harry, quero uma escolta com 20 aurores para o expresso de Hogwarts chegar em segurança na escola. — Solicitou Hermione que se mantinha sentada em sua mesa com as mãos sobre a testa, com a expressão de quem estava muito preocupada. — Algum sinal ou pista de quem pode ter atacado?
— Até agora nada Hermione, mas já vou deixar todos os aurores avisados...
— Como está Romanov?
— Do mesmo jeito que a senhora Overphary, continuam em coma...
— Pelo que viu, tem alguma ideia do que tenha os atacado?
— Não... Mas quando entramos no trem a temperatura estava muito baixa... Quase 15 graus abaixo do normal...
— Dementadores?
— Não creio, a população diminuiu substancialmente e precisariam estar no trem ainda para manter a temperatura baixa...
— Ministra? — Interrompeu Abraxas entrando no gabinete.
— Sim, pode falar Dersman...
— O senhor Malfoy está aqui... — Avisou para desagrado se Harry.
— Pode deixar entrar, obrigado...
Sentindo o desconforto de Harry, Hermione sorriu para o amigo e se voltou ao loiro assim que ele entrou na sala.
— Olá Malfoy, já soube oque houve no expresso?
Ignorando a presença de Harry ele estendeu a mão para Hermione e a cumprimentou, indiferente a presença do moreno.
— Sim ministra, já enviei uma coruja a Hogwarts. Pela madrugada a locomotiva será liberada de volta para a escola. Estive no St. Mungus e Enedy já está recuperada, mas continua dormindo.
— Ótimo Malfoy, peço a gentileza que acompanhe a escolta do expresso com a equipe dos aurores... Caso aja algum contratempo teremos que usar a rede flu para trazer os alunos de volta a Londres.
— Não é perigoso Hermione? — Pediu Harry.
— Porque seria? Usar a rede flu é tão segura quanto o expresso... —Desdenhou Draco fitando Hermione que concordou.
— Ele está certo Harry, em último caso usem a rede de flu.
[•••]
— Albus! ACORDA!! Rápido! — Gritou Scorpius entrando no dormitório em pânico.
— Oque? Oque? Oque foi Scor? — Pediu pulando da cama.
— Pega suas coisas rápido! A escola está sendo atacada! Os professores estão levando os alunos para a rede de flu!
Um enorme estrondo de trovão surgiu para o assombro de Albus que de pijamas mesmo se levantou correndo pegar seu malão.
— Quem está atacando?
— Não sei apenas ouvi os gritos dos alunos e quando corri para o jardim ver oque era eu vi os raios vermelhos acertando a barreira mágica do castelo. — Avisou Scorpius pegando a mão de Albus para ambos não se perderem um do outro na confusão generalizada. Alunos de todas as idades e casas corriam de um lado para outro seguindo para os locais onde a rede flu havia sido liberada para fuga.
— Será que é você-sabe-quem? — Albus olhou para Scorpius apertando a mão dele com receio.
— Não... Ele está morto Alb! — Respondeu e ao longe Scorpius pode perceber a silhueta do pai. — Pai! Aqui!
Draco correu até os dois e abraçou Scorpius assim que chegou perto o suficiente.
— Graças a Merlin! Vamos embora daqui! Albus, você vem conosco! Seu pai está ajudando os outros aurores na proteção do castelo.
— Meu pai? Senhor Malfoy, oque está acontecendo?
— Hogwarts está sendo atacada por uma força desconhecida... Não sabemos do que se trata. Fomos atacados assim que chegamos com o expresso em Hogsmead.
Scorpius e Albus se entreolharam mas preferiram ficar em silêncio, Draco se mantinha a frente dos dois os guiando, com a varinha empunhada. Logo um novo estrondo foi ouvido e o som de algo quebrando foi percebido.
— A BARREIRA DE PROTEÇÃO FOI DESTRUÍDA! CORRAM!!!
Gritou um dos aurores que estavam em uma das portas de acesso ao castelo, para os alunos.
— Droga! Aqui Scorpius, Albus! — Draco entregou um punhado de pó para os dois garotos e apontou para a lareira. — Vocês dois, quero que fiquem na mansão! Não saiam de lá até alguém ir buscar vocês.
— Mas pai! O senhor precisa vir junto! — Respondeu Scorpius
— Eu não posso filho, preciso ajudar aqui. Albus cuide dele para mim, por favor.
— Pode deixar senhor Malfoy... Eu cuido do Scorpius.
Draco assentiu e correu para fora da sala deixando os dois a sós. Albus esperou Scorpius que já estava em prantos pelo nervosismo desaparecer nas chamas verdes da lareira e fez o mesmo.
Enquanto Isso, ao redor do castelo uma névoa negra e densa invadia a escola atacando por sufocamento todos que tentavam impedir sua invasão do local.
FIM
( A continuação dessa história está no meu perfil. )
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