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História Scandales Victorienne - :: Capítulo 5 -


Escrita por: MaiBearfout

Capítulo 5 - :: Capítulo 5 -


Fanfic / Fanfiction Scandales Victorienne - :: Capítulo 5 -


  Assim que terminou sua refeição matinal, Sakura limpou educadamente a boca com um guardanapo e o depositou ao lado do prato na mesa, fazendo menção de levantar-se, ao qual logo fora detida por Tsunade do outro lado. 

- Onde pensa que vai tão cedo? Percebi também que esta muito bem vestida hoje. O que pretende?

  Sakura lançou um olhar surpreso para a loira adiante, ao qual está, por sua vez, mantinha a atenção na xícara de chá que deliciava, talvez a quarta ou a quinta só aquela manhã. Depois de levar a delicada peça de porcelana aos lábios rubros, Tsunade colocou gentilmente o pirex sobre a mesa, olhando finalmente Sakura nos olhos. A rosada por sua vez, travara diante do questionamento.

- Bem, é... a Ino está na cidade e me mandou uma carta. Vou encontrá-la hoje no Pump Room. Se não acredita em mim, eu tenho a carta em mãos.

    Tirando o pequeno pedaço de papel do espartilho, Sakura o entregou dobrado para Tsunade, que apenas arqueou a sobrancelha, ainda mantendo o mesmo ar de desconfiança.

- Mexeu nas correspondências ontem? - dizia ela fazendo o óculos que usava descer para a ponta do nariz.

- Só peguei a minha.

    As duas permaneceram se encarando por um breve momento, até Tsunade voltar sua atenção num livro que mantinha em seu colo, ignorando por sua vez a carta que Sakura ainda mantinha estendida em sua direção.

- Certo, mas o Iruka vai levar você até lá, caso esteja pensando em ir a cavalo.

- Ah, mas Madame...!

- Nada de "mas"! Moças delicadas não ficam zanzando a cavalo por ai. E é bom mesmo que fique na companhia de alguém tão refinada como Lady Yamanaka. Ela é bastante educada e tem bom gosto, além de já estar comprometida em um ótimo noivado. Quem sabe ela não lhe influencie?

- É, quem sabe... - sussurrou Sakura de forma praticamente inaudível. 

    Guardando novamente a carta no espartilho, a rosada já se virava para deixar a sala, quando mais uma vez a voz de Tsunade a deteve.

- Cuidado para não aprontar nada e tente não bater em ninguém. Ah, Volte o quanto antes! Não é bom ficar andando sozinha por ai.

- Ta bom, ta bom...

    Revirando os olhos, a rosada acenou ainda de costas, deixando a sala e seguindo diretamente para a varanda. As coisas não estavam ocorrendo como o planejado, mas ao menos seguiam algum curso. No fim das contas, estar com Ino e lhe pedir conselhos seria uma boa ideia, afinal. Desde crianças, Ino sempre entendeu muito sobre romances, não é atoa que é a moça mais bela de Greanleaf, fazendo bastante sucesso com os rapazes e até conseguindo um "bom partido", por mais que Sakura considerasse o visconde um tanto sem graça. Ino era a pessoa certa para ajudar Sakura a ser mais tolerável com os homens e, quem sabe, conseguir um bom casamento arranjado para melhorar aquela situação. 

      Ainda na varanda, ela cumprimentou Iruka, pedindo então para que ele providenciasse de imediato a carruagem. Enquanto aguardava, seu sorriso discreto desfazia-se diante da lembrança da carta de cobrança que Madame recebera. Ela sabia que as coisas estavam ruins e sabia também que era a única que poderia fazer alguma coisa a respeito.

xxx...

  Quando chegou ao centro de Greanleaf, Sakura já podia perceber a nítida diferença climática, onde o sol escondia-se completamente por trás de nuvens cinzas carregadas, o que era estranho, já que o dia havia amanhecido ensolarado e agradável. Mesmo assim a brisa matinal era refrescante. 

    Iruka não avançou muito pelo centro, pois logo fora ordenado por Sakura para que parasse a carruagem, alegando ela que desejava caminhar um pouco a fim de se exercitar. O pobre Iruka, por sua vez, relutara em obedece-la, mas questiona-la sobre isso era sem dúvidas um grande erro. Assim que ela saltou da carruagem, evidentemente irritada, Iruka partiu com os cavalos, guiando-os para o estaleiro próximo ao Pump, onde a aguardaria. Ele só rezava silenciosamente para que a garota não se metesse em confusão, pois a última coisa que desejava era ser despedido. Não ganhar um salário descente já era ruim, mas ficar longe de Shizune era muitíssimo pior. 

    Avistando o momento em que a carruagem dobrou a esquina, Sakura avançou pela calçada, seguindo o rumo leste da cidade onde localizava-se os belos jardins de Greenleaf. Ela checou seu relógio de bolso conferindo as horas e percebeu que tinha um certo tempo livre antes de seu encontro marcado com Ino, já que a conhecendo bem, ela jamais acordava antes das nove da manhã. Sendo assim, decidiu não ter pressa para ir ao Pump Room. 

  Seguindo pela calçada, onde inúmeras árvores se estendiam ao longo do caminho, era incrivelmente refrescante sentir o ar gelado e puro lhe inundar os pulmões, assim como a bela vista arborizada do local. Os jardins estavam ausentes de qualquer presença e nem mesmo crianças estavam no local, o que trazia a absoluta sensação de tranquilidade e isolamento. A brisa muitas vezes lhe envolvia de forma branda, balançando o longo saiote de seu vestido verde escuro com babados em fitilho branco. O vestido fora cuidadosamente escolhido por ela mesma, afinal, Tsunade sempre dizia que combinava com a profunda cor de seus olhos. Os cabelos rosados estavam presos em um coque atrás da nuca, onde pequenas mechas travessas lhe escapavam do penteado e balançavam alegremente com a brisa a cortejá-la. Naquela manhã, dispensara o uso de chapéus, pois sempre foi um adorno que ela pouco prestigiava, preferindo dar um toque mais suave ao penteado com uma fita da mesma cor do vestido, presa entre as mechas de cabelo e que também balançavam suavemente, pendendo atrás da nuca. Os olhos verdes brilhantes contemplavam a bela vista e Sakura degustava daquela sensação de liberdade, o tipo de sentimento que mais prezava dentro de si. Numa realidade distante, ela desejava ter aquilo para sempre e não se prender aos costumes e regras da sociedade local, guiando sua vida como propriedade única e exclusiva sua, sem problemas para se queixar. Um suspiro lhe escapou de forma cansada ao perceber que sua triste realidade não condizia com suas expectativas, e, lançando os pensamentos para o mais longe possível, ela debruçou-se sobre o parapeito de uma pequena ponte que alcançara, avistando o lago calmo de águas cristalinas escorrer logo abaixo. 

    Encarando seu reflexo turvo, Sakura se pôs a pensar no quanto havia crescido, e que se estava viva e tinha boas roupas para vestir ou degustar do agradável ar de liberdade, tudo isso era graças a Madame Senju, mesmo assim, ela sofria com a vaga lembrança de seus pais lhe deixando enquanto Tsunade a mantinha nos próprios braços, e isto era algo que sempre a atormentava, por mais que ela guardasse seus medos em silêncio. Filha de camponeses muito humildes, mas que a amavam muito, precisou ser entregue para a adoção quando a peste e as guerras eclodiram, tornando a sobrevivência muito mais árdua. As colheitas não geravam alimento o bastante para saciar a fome de todos e a chegada do inverno lançou por terra todas as esperanças, obrigando os Harunos entregarem sua única filhinha para ter alguma chance de sobrevivência além deles. Tsunade se ofereceu para cuidar de Sakura e tem feito isso de forma muito dedicada todos esses anos. Cuidar de Tsunade agora era o mínimo que poderia fazer por ela e por seus pais. 

" - Mamãe..." 

" - Querida.... você vai ficar bem. Mamãe vai voltar pra você. Eu prometo! "

 O susto foi como o despertar de um pesadelo, enquanto a voz falha de sua mãe repetia-se como eco em sua mente. Ela sempre se apegou aquilo, mas já fazia bastante tempo que ela sabia ser desnecessário. " - Você é uma mentirosa..." - pensava ela debruçando-se ainda mais sobre o parapeito da ponte. Algumas folhas caiam suavemente, seguindo um percurso lento e quase infinito até o chão, onde repousavam sobre a água, tremulando o reflexo de Sakura lá embaixo. " - Tudo isso é passado. Agora existem outras coisas com que devo me preocupar."
  O gorjear leve dos pássaros ao redor a despertou do transe, tomando Sakura num susto e a levando a checar mais uma vez o relógio. Talvez a melhor coisa que ela pudesse fazer por si mesma seria ir o quanto antes atrás de Ino. Se tivesse sorte, ela já estaria no centro.

xxx...

    O percurso foi cansativo e interminável, isso talvez se deva ao fato de Karin não calar-se em nenhum momento, contando coisas irrelevantes e de nenhum interesse que ocorreram em sua viagem até ali, o que de fato deixava Sasuke entediado. Ele nunca gostou muito de conversas, mas agora detestava ainda mais. Permaneceu em silêncio o caminho inteiro, fingindo ouvir Karin enquanto concentrava-se na janela da carruagem, observando a paisagem fria. Ele não estava interessado em colaborar.

   A carruagem foi freada poucos minutos após chegarem ao centro da pequena cidade, parando em frente a praça central para que descessem e explorassem o ambiente. Sem sol ou até mesmo o calor sufocante, poderia-se dizer que o ar levemente gelado tornava qualquer caminhada agradável aquela manhã, e o percurso decidido pelos demais na carruagem iniciaria dali, onde visitariam o chafariz Belle Damme , um dos pontos mais movimentados do local - além das perfumarias e lojas de chapéus, é claro - onde seguiriam pelo Lago Verde, iriam ao Jardim das rosas brancas e por fim, chegariam até o Pump Room. O percurso todo seria feito a pé.

    Kakashi foi o primeiro a saltar, seguido por Sasuke, ondem aguardavam as damas se aprumarem para descerem mais apresentáveis, levando outro minuto quase interminável, fazendo o Uchiha revirar os olhos impaciente. Kakashi contornara a carruagem para falar com lacaio e Sasuke manteve-se parado, respirando de forma profunda e tratando de aproveitar o breve momento de sossego, observando atenciosamente o gracioso local, calçado com pedras cinzas que valorizavam a bela estrutura ao centro, um enorme chafariz. Seus olhos cravaram-se na imagem de uma mulher com um jarro sobre o ombro, onde a água lhe escorria dali, tomando a forma de um belo vestido que estendia-se até seus pés. Apesar daquela estátua estar com sua coloração verde bem mais desgastada do que se lembrava, ela ainda lhe trazia boas recordações, tal como tudo ali. Encará-la depois de tanto tempo o fez reviver o dia em que a viu pela primeira vez, quando tinha oito anos. Ele a achou tão bela que disse para sua mãe que se casaria com uma mulher que se parecesse com ela, o que fez sua mãe rir de tal inocente comentário. Pensar naquilo agora lhe parecia ridículo, porém, a beleza daquela obra era algo que nem mesmo o tempo poderia apagar. 

  Ouvindo Karin lhe chamar de dentro da carruagem, já virava-se para ajudá-la a descer quando seus olhos avistaram de relance uma pequena figura caminhando do outro lado da praça. Com seu belo vestido verde escuro, caminhava com os braços soltos demais, balançando assim como a longa saia do vestido, o que seria considerado impróprio e deselegante pelas demais damas do local, mas aquela não parecia estar preocupada com aparências ou rótulos. Os cabelos rosados e incomum balançavam de acordo com o rítimo de seus passos apressados, e a cabeça baixa acusava pensamentos perdidos, o que fez Sasuke cerrar os olhos enquanto a contemplava. Como a estátua à sua frente, aquela moça parecia alheia a qualquer outra coisa naquela sociedade, o que as tornavam particularmente únicas.

   Ela contornou a calçada e alcançou o pátio de pedras cinzas, passando em torno do chafariz, ainda com pensamentos distantes, atravessando sem cuidado na direção da maior casa de chás de Greenleaf, quando um relincho se fez tão perto ao ponto de assustá-la. Assim que Sakura se deu conta o cavalo já estava em pé sobre as patas traseiras, balançando as dianteiras no ar de forma agressiva, o que fez os olhos de Sakura arregalarem. O sol brilhou fraco e distante por trás do animal, bloqueado pelas nuvens ainda cinzentas, e as patas do equino bem próximas então desceram, sobrecarregadas pelo seu peso e fazendo Sakura fechar seus olhos como a única forma de defesa que poderia ter, até sentir seu corpo ser agarrado de forma bruta e cair no chão. Ainda no chão, ela pôde ouvir um outro relincho alto, mas agora distante, junto com um alvoroço de vozes que se aglomeravam ao seu redor, fazendo a rosada pensar que seu crânio não havia sido esmagado como presumira segundos antes. Ela abriu os olhos, sentindo algumas pontadas dolorosas em suas costas devido tamanha força ao fora agarrada, e avistou pela primeira vez os olhos negros que a encaravam de volta de forma preocupada. Os cabelos escuros caiam sobre o rosto e Sakura se viu presa diante dos traços do rapaz de pele clara, lábios finos e olhar penetrante, que ainda se mantinha por cima dela, sentindo pela primeira vez o contato tão próximo com um estranho. O segundo que se estendeu pareceu quase infinito, e as conversas e murmurinhos agora soavam distantes demais para que os dois percebessem.

 Um preso no olhar do outro até que o momento se acabasse com um estalo. O estalo alto e doloroso da mão da rosada a golpear o rosto do Uchiha.
 


Notas Finais


O cap saiu bem curto, mas prometo compensar na próxima!!
Sakura sempre se metendo em confusão, mesmo quando não quer -Q
Até a próxima amores de leitores, e não esqueçam de comentar o que estão achando. <333333333


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