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História Scandalous Bitch - Chapter XIX: The Revenge Started


Escrita por: mrsbizzle

Notas do Autor


E aí, meus amores, como vocês estão? Pensaram que eu abandonei vocês? Hahaha não. Vou explicar pra vocês o porquê da minha demora pra postar, já que sempre posto bem rapidinho. Então, além de um bloqueio criativo por esses dias, eu fiquei muito desanimada pra postar. Eu agradeço profundamente a quem comenta cada capítulo porque, como eu sempre digo e repito, isso realmente me incentiva a postar. Entretanto, a fanfic tem mais favoritos do que a soma de todos os comentários e eu queria ver mais gente aqui, sabe? Queria saber a opinião de vocês sobre o que estão achando, pois isso também me dá uma "luz" pra qual caminho devo seguir com os personagens a fim de lhes agradar, principalmente. Outro ponto também foi o seguinte: Eu vejo INÚMERAS fanfics aqui no social com temas super repetitivos, do Justin bandidão que dá um tapa na cara de mina e "ai meu deus eu te amo", sabe? Ou então temas super absurdos, do tipo um tipo que estupra a sobrinha de 12 anos e ela se apaixona por ele, fora os erros de português gritantes e capítulos mal estruturados. ENFIM, eu não estou aqui querendo desmerecer ninguém, até porque não faz o meu estilo. Entretanto, isso me chateia sim e é muito chato ver que histórias como essas tem quase 100 mil visualizações, mil comentários e etc enquanto tem gente, incluindo-me nisso, que procura escrever de um jeito correto, procura um enredo que faça sentido e procura construir personagens diferentes e únicos para entreter os leitores, e não tem tanto reconhecimento assim.
Então, eu agradeço a vocês que comentam, saibam que eu fico muito feliz e sou muito grata por vocês, e por vocês eu não vou desistir de postar a fanfic. A quem não comenta, eu espero que vocês me ajudem e eu vou postar mais frequência como antes.
Tenham uma boa leitura e deixem nos comentários o que acharam, certo?

Capítulo 10 - Chapter XIX: The Revenge Started


Fanfic / Fanfiction Scandalous Bitch - Chapter XIX: The Revenge Started

Victoria Wolfgang P.O.V.

Subi as escadas e voltei para o quarto, onde Eros estava dormindo igual a uma pedra. Tranquei a porta e a janela só por precaução, pois eu sabia que Justin poderia se soltar uma hora ou outra. Fui para o banheiro silenciosamente e me livrei do meu roupão cujo eu teria ótimas lembranças.Tomei um banho um pouco demorado, tirando de mim o cheiro dele para cuidar da minha pele com meus hidratantes e meu próprio perfume. Vesti a mesma camisola de seda com rendinhas que o Eros havia me visto colocar antes de dormir e me encaixei ao seu lado embaixo do edredom. Como se um peso fosse tirado das minhas costas, fechei meus olhos sentindo um alívio enorme e não demorei mais que cinco minutos para conseguir adormecer, sentindo minha mente em êxtase total pelo que eu tinha acabado de fazer.

♕♛♕

Segundo dia • Second day

Achei que acordaria cansada e dolorida no dia seguinte, entretanto eu me sentia o mais leve possível, flutuando no topo do mundo. Eros roncava alto ao meu lado e eu soltei uma risadinha pela forma como sua boca estava entreaberta e seu nariz se movia involuntariamente devido ao ronco. Levantei da cama sem dificuldades, pois ele não se enrolava em mim enquanto dormia e fui escolher uma roupa para usar hoje. 

Segui para o banheiro a fim de tomar outro banho, mas dessa vez não demorei muito. Fiz o mesmo procedimento de cuidados com a minha pele do corpo e do rosto, e decidi deixar meu cabelo solto depois de experimentar vários modos de prendê-lo. Vesti um biquíni preto e pequeno, que cobria apenas o necessário e coloquei apenas um vestidinho transparente com alguns brilhantes. Para completar o visual, peguei o meu chapéu de praia e meus óculos escuros antes de sair. Olhei em volta nos corredores e não vi nenhum sinal de vida. Desci as escadas de madeira e caminhei até a porta de vidro, espremendo um pouco meu rosto para enxergar a varanda, onde eu havia deixado Justin amarrado. O banco estava vazio. Ou seja, Justin tinha se soltado de algum jeito e estava transitando livremente pela casa. Era melhor eu não ficar sozinha, pois com a raiva que esse moleque deve está sentindo de mim é bem capaz dele se alterar, fazer um escândalo ou sei lá o que mais poderia acontecer. 

Caminhei até a cozinha e à sala de jantar que eram embutidas e, para minha surpresa, encontrei California bebendo água atrás do balcão. Ela me olhou e ergueu as sobrancelhas ao dar um último gole e colocar o copo na pia. Seus olhos não deixaram os meus em nenhum instante conforme se aproximava e a mesma mordeu o lábio, tentando reprimir uma risada.

- Pelo amor de meu Santo Agostinho você poderia me explicar o que foi aquilo ontem? - ela falou baixo em um cochicho e eu pisquei atônita.

- Você viu ou deu pra escutar? - sussurrei. Ainda bem que o Eros tava dormindo e roncando como uma pedra lá no quarto, pois isso era um sinal de que ele estava por fora de tudo.

- Não! - ela exclamou, começando a rir - Mas eu desci pra beber água porque meu estômago fica fodido quando eu bebo e aí tem essa janela aqui na cozinha - ela apontou para uma janela de vidro perto da geladeira em que dá uma visão do lugar onde eu deixei Justin - Do nada eu vi o Justin louco da vida, suando horrores enquanto tentava se soltar. Fiquei morrendo de medo né, até achei que tinha entrado um ladrão aqui na casa e todos estavam mortos em suas camas. O que eu fiz? Corri? Não, claro que não, eu tenho que me meter em encrenca. Aí eu peguei uma faca pra me defender do que fosse e saí em direção a Justin. Eu pensei "bom, é melhor eu soltá-lo porque se algum assassino psicopata tiver aqui dentro, ele é mais forte e vai saber nos defender". Corri até ele que nem uma desesperada e ele tava com sangue nos olhos de tanta raiva, Victoria. Ele ficava falando "eu vou matar essa vadia" ou então "ela vai se ver comigo, essa filha da puta do caralho". Eu perguntei o que aconteceu e cortei a fita que tava prendendo os pulsos dele com a faca, aí ele me falou que ia te mandar pro inferno e saiu parecendo um louco. - ela contou tudo em plenos pulmões e, no final, começou a respirar fundo pra tentar recompor seu fôlego.

- Eu simplesmente mostrei que eu sou a chefe das vadias e que ele não pode se meter comigo. - falei sorrindo de forma vitoriosa, mas vi o olhar assombrado da California, fazendo com que eu virasse meu rosto rapidamente. Esbarrei de cara com o Justin e o senti puxar meu cabelo entre os dedos com força e o continuar puxando enquanto me inclinava pra trás, colocando seu indicador bem no meio do meu rosto. Sua expressão estava transfigurada  de ódio com seus olhos fundos, como se não tivesse pregado olho nem por um segundo e seu maxilar trincado. 

- Olha aqui, sua filha de uma puta - ele começou a falar em um rosnado baixo e escutei a California puxar uma respiração pesada, ainda atrás de mim - Se você acha mesmo que essa merda vai ficar por isso mesmo, você tá muito enganada. Minha vontade é acabar com tua raça, meter a mão na tua cara pra você aprender a não se meter no meu caminho. - ele soltou meu cabelo com força, fazendo com que eu me desequilibrasse e quase caísse para trás - Mas eu tô reservando uma surpresinha pra você. Só me aguarde e na hora certa eu vou te mostrar o que é uma jogada de mestre. - ele continuou sussurrando de forma ameaçadora antes de dar as costas e sair da cozinha, empurrando e derrubando uma das cadeiras da mesa de jantar. Continuei piscando estática até que California deu a volta e parou na minha frente.

- Você tá bem? - ela perguntou preocupada e eu abri um sorriso, mal contendo minha risada vitoriosa. - Tá louca. - ela sussurrou de cenho franzido ao ver minha reação e eu desviei meu olhar pra ela, mordendo meu lábio inferior em diversão.

- Você não faz ideia do que acabou de acontecer. - murmurei, ainda deliciada ao lembrar da fúria do Justin.

- Ele quase te bateu. - ela continuou sussurrando um pouco horrorizada e assustada.

- Eu fiz Justin Bieber perder o controle. - sorri abertamente - Agora é concreto: ninguém pode contra mim. - California revirou os olhos e balançou a cabela ao suspirar.

- Sabe o que eu acho disso tudo? - ergui a sobrancelha, como uma permissão para que ela continuasse - Quanto mais vocês ficam se odiando nessa guerrinha, mais vão se apegando um ao outro. Vai chegar uma hora em que você não vai mais lembrar de como era sua vida antes do Justin aparecer. - ela falou e eu ri, achando que era piada. Quando vi seu semblante sério, mal pude acreditar que aquilo tinha saído de sua boca.

- California, eu lembro perfeitamente de como era minha vida sem o Bieber. Eu simplesmente não tinha a dor de cabeça de ter que lidar com uma pessoa que me afronta o tempo inteiro. - meu tom já havia aumentado um pouco no final da frase e ela suspirou, erguendo as palmas das suas mãos para cima.

- Não tá mais aqui quem falou. - revirei meus olhos e nossa atenção foi tomada por duas empregadas que entraram na cozinha.

- Oh, as senhoritas já estão acordadas. Preferem que o café da manhã seja servido agora ou quando os outros convidados acordarem? - uma delas perguntou educadamente, colocando suas mãos atrás do corpo em uma postura respeitosa.

- Podem servir o café da manhã. - falei, vendo-as assentirem - Vocês sabem que minhas refeições devem seguir a lista que encaminhei, não é? - perguntei.

- Sim, senhorita. Seu café da manhã estará posto em uma bandeja diferenciada sobre a mesa. - ela respondeu e eu sorri superficialmente sem mostrar os dentes. 

- Ótimo, agora vão. E eu o quero na mesa da varanda. - dispensei-as com a mão, vendo as duas seguirem para trás do balcão e segurei California com a outra - Você vem comigo. - levei-a para fora da sala de jantar enquanto segurava sua mão.

- Vamos acordar todo mundo? - California sugeriu e eu sorri, olhando-a de uma maneira cúmplice. Nessa hora, Barbie apareceu descendo as escadas com um sorriso enorme no rosto. Franzi o cenho ao vê-la daquele jeito e percebi que a California se mostrou tão intrigada quanto eu.

- Bom dia, meninas! - ela nos cumprimentou com dois beijinhos no rosto e parou em nossa frente, ainda sorrindo.

- Tá ficando biruta, é? - California perguntou - Por que tá sorrindo desse jeito? - ergui minha sobrancelha e semicerrei meus olhos, tentando decifrar aquela expressão. 

- Vocês não vão acreditar no que aconteceu. - ela cochichou em um sussurro e se aproximou ainda mais. Instintivamente, eu e California nos aproximamos também, loucas para saber o motivo que havia deixado a Barbie daquele jeito.

- Conta logo, porra. - California cochichou em um tom nervoso pelo suspense que ela estava fazendo e assenti concordando, olhando-a com raiva.

- Vai logo, Babie. - reforcei, vendo-a morder seu lábio inferior em excitação.

- Eu esbarrei com o Justin ontem há noite no corredor, quando saí pra beber água e nós... Transamos. - ela revelou e eu ergui minhas sobrancelhas, totalmente surpresa. California piscou e me olhou, completamente descrente, mas a história não parou por aí - Ele tava com uma raiva, com uma pegada forte que meu Deus... Gente, eu nunca vi um - ela fez o gesto indicando um pênis - daquele tamanho. Meu. Deus. - suas mãos foram até seu peito e eu continuei estática, sem saber se acreditava ou não. Entretanto, não teria como ela saber que o Justin tava com raiva ontem há noite a não ser que ele realmente tivesse entrado no quarto dela para resolver seu probleminha e descontar suas frustrações. 

- Você e o Justin transaram? - repeti, fazendo-a assentir enfaticamente.

- Mas, por favor, não façam nenhum alarde. Eu quero que as coisas entre nós aconteçam devagar. - ela falou e isso me fez erguer ainda mais minhas sobrancelhas. Respirei fundo, reunindo todas as minhas forças internas para não rir e assenti com uma expressão séria.

- Claro, não se preocupe. - falei, afagando-lhe o ombro. Ela sorriu e bateu palminhas enquanto eu sentia o olhar da California sobre mim. - Por que você não vai procurá-lo pra tomarmos café da manhã enquanto eu e a California acordamos o resto do pessoal? - sugeri, vendo seus olhos azuis brilharem.

- Boa ideia! - ela assentiu e se virou, subindo as escadas igual a uma retardada pra procurar o Justin. Olhei para a California ao meu lado e escutei o meu próprio ronco enquanto tentava segurar a risada. Ela começou a rir junto comigo e a gente fez o maior esforço para não gargalhar muito alto.

- "Eu quero que as coisas entre nós aconteçam devagar". - repeti o que a Barbie disse, fazendo com que a California colocasse a mão sobre a barriga e se inclinasse pra baixo, rindo de boca aberta sem soltar nenhum barulho. - Que merda foi essa? - sussurrei, puxando-a pelo braço pra nós subirmos a fim de acordar os meninos. Nessa exata hora, tive o vislumbre no alto da escada do Justin descendo sem camisa, só com a bermuda meio caída, pendendo em seu quadril, o cabelo molhado e uma toalha em seus ombros. Seu rosto carregava a mesma expressão de raiva e isso me fez rir ainda mais, atraindo a atenção dele. Seu olhar endureceu ao me localizar e ele me fuzilou, trincando o maxilar raivosamente. 

- Uhhh - acenei, mexendo meus dedos. - Sua futura namorada tá te procurando. - California riu e me puxou pela mão, fazendo um "shhh" enquanto tentava esconder sua diversão. Subimos os degraus com pressa e passamos ao lado dele rapidamente, mas consegui escutá-lo atrás de mim.

- Ri enquanto você ainda tem motivos, vadia. - ele falou quase em um rosnado e eu me virei rapidamente para olhá-lo, dando um sorrisinho e uma piscadinha.

- Você falando assim até me deixa excitada. - murmurei, mas antes que eu pudesse receber qualquer reação, California me puxou com força e nós sumimos no corredor imenso, perdendo a visão dele. 

- Não provoca, Tori. Ele parece que não tá pra brincadeira. - ela murmurou ao meu lado, mas eu revirei os olhos e estalei a língua no céu da boca.

- Eu sou inatingível. - dei um beijinho em meu ombro enquanto seguia com ela pelo corredor para a porta dos nossos respectivos quarto a fim de acordar nossos namorados.

 

Justin Bieber P.O.V.

Eu queria matar a Victoria. Não, não é "eu queria matar a Victoria". Eu realmente queria matá-la. Queria acabar com a vida daquela desgraçada depois de torturá-la e enxergar seus olhos me pedindo piedade. Eu nunca senti um ódio tão grande na minha vida capaz de me deixar queimando por dentro. Minha vontade era destruir tudo o que eu via pela frente para descontar minha raiva e colocar tudo pra fora. Queria gritar, quebrar aquela porra de porta de vidro em frente a mim até ver meu próprio sangue escorrendo pra conseguir me acalmar.

Eu queria destruí-la. Queria vê-la sofrer, vê-la chorar. Desarmar seu mundinho, puxar seu tapete, seu chão, qualquer sustento que a mantivesse naquela posição. Tudo antes se voltava para o sexo, claro. Era uma guerra de egos que me dava prazer e diversão. Entretanto, depois da merda que aquela filha da puta fez comigo ontem há noite, eu tinha levado pro lado pessoal. Ela era a minha inimiga número um e eu tava mais do que disposto a fazer da vida dela um inferno. Se Victoria realmente acha que sua vida havia se tornado um caos com minha chegada, agora ela vai saber o que é um tormento. Vou mostrar o meu pior lado e deixar minha psicopatia agir. 

Ela iria se arrepender profundamente de ter me humilhado tanto naquela noite... Ela iria chorar enquanto flashes daquilo a atravessassem a cada pingo de dor que eu a fizesse sentir. Iria ser aos poucos, até tirar tudo dela, esmagá-la e rebaixá-la a nada.

Minha vingança iria começar a partir de agora.

Caminhei pela sala enquanto escutava as risadas no andar de cima, tanto da Victoria quanto da California. Depois as vozes do Eros e do Ryan preencheram o ambiente. Meu olhar parou em um ponto específico e eu me aproximei da estante de vidro, pegando aquele porta-retrato com uma fotografia da vadia quando era uma criancinha. Inclinei minha cabeça para a direita e a esquerda, analisando-a. Quem diria que esse bebê se tornaria tão desprezível, não é mesmo? Sem que eu me desse conta, senti a moldura frágil do porta-retrato trincando e rachando, fazendo com que eu percebesse que tava apertando o objeto com mais força que o normal. Coloquei-o de volta no lugar e, nesse mesmo instante, sentir um par de mãos cobrirem meus olhos. 

Não seja...

- Advinha! - a voz estridente daquela mina que eu não consigo lembrar o nome soou atrás de mim e eu tive que respirar bem fundo enquanto contava até três. Tirei sua mão do meu rosto com um pouco de agressividade e me virei, encarando-a fixamente com uma sobrancelha arqueada. - Ai, você não sabe brincar. - ela fez beicinho e eu continuei estático, fitando-a. 

- Vamos esclarecer umas coisas. - falei, erguendo meu indicador - Um: eu não vou ficar com você, namorar, nem nada do que você esteja planejando. - lembrei do que a Victoria havia dito e levantei meu segundo dedo, vendo-a franzir o cenho confusa - Dois: Eu transei com você porque tava necessitado e é melhor foder uma buceta do que gozar dormindo. - falei asperamente, fazendo-a piscar em choque antes de eu continuar - Três: Você transou comigo porque me acha bonito e atraente, você não me conhece. Então não confunda seu sintoma de vadia com paixonite. Se isso acontecer, me avise e eu faço questão de acabar com suas expectativas logo de uma vez. - ela respirou fundo completamente atordoada e eu revirei meus olhos irritado, dando a volta pelo seu corpo. A mina era uma boa trepada, gostosinha até, mas esse jeito histérico, estridente e tagarela me dava nos nervos. Fora que eu já estou permanentemente fora dos meus nervos depois do que aconteceu.

- Eu vou procurar as meninas. - ela falou com a voz amuada e eu bocejei propositalmente, vendo as empregadas caminharem com várias bandejas de comida até a varanda. Fui para o lado de fora da casa e me apoiei na varanda, bem ao lado da mesa onde provavelmente seria o café da manhã. Desviei meu olhar para o lugar onde tudo aconteceu ontem a noite. Só de olhar pra aquele banco me dava ódio e uma vontade de socar a cara dela. Filha de uma puta desgraçada do caralho. Vi a garrafa de vodca que ainda tava lá pela metade e fui buscá-la, voltando para o mesmo lugar de antes já dando um gole na bebida. 

- Caralho, irmão, mal acordou e já tá com a garrafa na boca? - a voz do Ryan chamou minha atenção e eu virei a cabeça para observar todos eles se aproximando. Eros foi o primeiro a sentar e depois Ryan, acompanhado por California. Chaz sentou ao lado da loirinha e, por último, Victoria apareceu afagando o ombro da outra capacho que tava tristinha. Ela me lançou um olhar divertido e abriu um sorriso de canto, fazendo com que eu desse outro gole e desviasse o olhar, respirando fundo.

Sentei na cadeira que havia sobrado, bem longe da Victoria e bem longe da Barbie, acho que é esse o apelido dela, e coloquei a garrafa sobre a mesa ao lado do meu prato. Victoria começou a desembrulhar uma comida de passarinho, mas os outros atacaram o que estava sobre a mesa como se não comessem há anos. Meu estômago tava fodido e eu não queria nem saber de comida, mas continuava entornando a bebida pra dentro a fim de aliviar um pouco a tensão que meu corpo exalava. Foi então que coloquei minhas engrenagens para funcionar e passei a enumerar os passos para destruir a Victoria. O que a mantinha no topo, acima de todos? 

Ela tinha duas capachos bem leais, uma era bem fácil de influenciar e a outra nem tanto, mas com uma criatividade a mais eu conseguiria colocar as duas contra ela, deixando-a sozinha. 

Ela tava começando a construir a carreira agora, formando uma imagem na mídia. O que normalmente suja isso são os escândalos flagrados por paparazzis. Minha mãe tinha inúmeros contatos de fotógrafos e eu poderia conseguir algum deles com facilidade para agirem na hora certa.

E o Império. Ela tinha aquela merda daquele poder de abelha-rainha na escola em que todos a respeitavam. Por quê? Pelo o que eu saiba, a mesma é líder de torcida  e toma todas as decisões da escola junto com a diretora. Eu precisava encontrar alguém para ofuscar seu brilho e fazer alguma coisa para que a diretora não confiasse mais nela. 

Desse jeito, Victoria perderia tudo o que preza: suas seguidoras, sua fama e seu Império. É até difícil imaginar essa garota sem tudo isso, mas eu tenho a impressão de que, quando não sobrasse mais nada pra ela se agarrar, nós finalmente conheceríamos a verdadeira Victoria que tá escondida dentro de camadas e camadas de arrogância. 

Entretanto, antes de tudo isso acontecer, eu tinha que deixá-la tranquila. Fazer com que ela ficasse sob aviso não era muito inteligente e eu precisava desfazer aquela ameaça de antes na cozinha. Possivelmente, se eu me "entregasse os pontos" dizendo que desisti dessa guerra fria, ela acreditasse. Seu ego tava tão inflado nessa certeza de que havia se tornado inatingível que não seria muito difícil convencê-la disso. Eu iria me afastar, deixar com que ela achasse que seu planinho deu certo e só então sua vida desmonoraria aos poucos, sem ao menos se dar conta de que eu era o responsável por tudo.

Até a hora certa, é claro.

- Ow, Justin, qual foi, cara? - Ryan falou mais uma vez e eu desviei meu olhar para ele, saindo do meu devaneio.

- Foi mal, mano. Eu tô cansado pra caralho, nem dormi essa noite. - ele franziu o cenho e Barbie me deu uma olhadela sob os cílios, aparentemente ainda afetada pelo o que eu havia dito mais cedo. Vi de soslaio a vadia abrir um sorrisinho, mas a ignorei.

- Depois daqui nós vamos curtir um pouco na praia, você pode subir, tirar um ronco e depois descer pra ficar com a gente. - ele sugeriu e eu assenti. Na moral, tudo o que eu realmente queria e precisava agora era uma cama e um cochilo pra descansar. Todos se concentraram em comer o café da manhã e eu até comi uma torrada, mas meu estômago reclamou na hora e tive até ânsia de vômito. Arrastei a cadeira pra trás e levantei, atraindo a atenção deles. 

- Eu vou lá. - bati no ombro do Ryan de leve e fiz o mesmo com Eros e Chaz antes de passar pelas portas de vidro e subir até os quartos. Entrei no quarto onde eu havia me alojado e fechei a porta, jogando meu corpo na cama em seguida. Afundei meu rosto no travesseiro e apertei o outro, tentando descontar minha raiva em alguma coisa que pudesse me dar algum tipo de alívio. Se bem que ter um plano pra acabar com a Victoria já era um começo e eu tava mais do que paciente para assistir sua derrota aos poucos. 

Deixei o cansaço me vencer e acabei pegando no sono, esquecendo de tudo a minha volta. Pareceu ter se passado apenas alguns minutos quando abri os olhos novamente, mas eu conseguia sentir meu corpo muito mais disposto do que antes. Já passava das 16h, segundo meu celular, e decidi que era a hora de levantar. Vesti uma camisa e calcei um chinelo, passando a mão em meu cabelo pra não aparecer com ele amassado daquele jeito. Peguei meu maço de cigarros e meu isqueiro dentro da mochila antes de sair do quarto e desci as escadas, não encontrando ninguém pela casa. Lembrei que Ryan havia dito que iriam pra praia e decidir ir até lá, encontrando as três meninas de biquíni tirando fotos e os moleques conversando. Aproximei-me deles e sentei ao lado do Chaz, que estava em uma das pontas. 

- Que susto, Justin. - Chaz falou, olhando pra mim - De onde você veio, mano? - ele olhou pra trás, em direção à casa, enquanto tentava assimilar as coisas em sua cabeça devido ao susto.

- Da buceta da minha mãe. - respondi grosseiramente, fazendo os moleques rirem. 

- Deu pra descansar? - Ryan perguntou e eu assenti. 

- Mano, é verdade que tu transou com a Barbie? - Chaz perguntou e os moleques começaram a rir. novamente Revirei os olhos e bufei, puxando da mão do Eros uma garrafa de bebida que ele tava segurando. 

- Vou mandar ela colocar logo no outdoor. Mina chata da porra. - murmurei, dando um gole na bebida pra melhorar minha boca. Senti o álcool descendo quente por minha garaganta e fiz uma careta, entregando a garrafa de volta. 

- Ih, mano, já já ela te deixa em paz. É só aparecer outro carinha aí e pronto, a atenção dela vai toda pra ele. - Ryan falou e eu ergui as sobrancelhas. 

- Espero que isso aconteça logo. - murmurei e desviei meu olhar para as três.

Eu nunca tinha visto a Victoria daquele jeito. Ela parecia simplesmente ela mesma enquanto ria, fazia dancinhas com as meninas, montava nas costas da California e gritava enquanto a mesma saía correndo. Aquilo me divertiria em outra hora, mas a única coisa em que conseguia pensar é: preciso tirar esse sorriso do rosto dela. Primeiro de tudo era agir de forma calculada, sem deixá-la perceber que eu tava planejando algo. Iria agir normalmente sem irritá-la e sem me meter no seu caminho. 

Peguei um cigarro do maço e o acendi, dando uma tragada antes de guardar o isqueiro e continuar as observando. Os moleques estavam conversando sobre alguma coisa, mas eu não tava muito interessado. De repente, as meninas pararam e vieram até nós. Senti o olhar fixo da Victoria, mas eu não o retribuí, continuando a fumar meu cigarro sem nem notar sua presença. 

- Vamos andar? - Victoria sugeriu e todo mundo pareceu concordar, levantando em seguida. Levantei antes que falassem comigo e comecei a segui-los indo logo um pouco atrás. O olhar dela continuava insistente, até a hora que eu a olhei e ergui minha sobrancelha interrogativamente, vendo-a sorrir e voltar a falar alguma merda com o Eros. O sol já tava se ponto e era uma visão realmente bonita de onde nós estávamos. Paramos um pouco em frente ao mar para assistir à cena, vendo-o mergulhar no fundo do mar. 

- Gente, eu achava que o sol ia dormir mesmo, quando eu era criança. - California falou e todo mundo caiu na risada. - Não ri, é sério, eu sempre dava boa noite pra ele. - ela fez um beicinho e eu balancei a cabeça, querendo estar em qualquer lugar, menos ali. Meu humor tava mais escuro do que o céu tava prestes a ficar. Nos afastamos mais um pouco de onde estávamos, andando pelo litoral, até que nos deparamos com uma fogueira que tava quase apagada num lugar totalmente deserto, em frente à entrada de uma floresta. 

- Caralho, vamos acender isso aqui de novo. - Ryan falou indo até a fogueira e nós o seguimos. 

- O que é que tem lá dentro? - Victoria apontou pra floresta e se aproximou da mesma, subindo algumas pedras com cuidado. 

- É só uma floresta, amor. Nada demais. - Eros a respondeu, parecendo pouco entretido com a ideia do Ryan e a fogueira. Resolvi ajudá-lo junto com Chaz, cutucando a lenha e ventilando em volta a fim de fazer o fogo aumentar, como realmente começou a acontecer. California e Barbie sentaram em volta, mas Victoria parecia curiosa em relação ao que poderia ter na porra da floresta. Por que ela não entra e vê com os próprios olhos, caralho?

- Eu vou entrar. - ela falou, fazendo com que eu erguesse a sobrancelha rapidamente e todos a olhassem interrogativamente. 

- Amiga, isso pode não ser uma boa ideia. - California falou - E você bebeu um pouquinho, não tá em seu normal... - ela continuou tentando persuadi-la, mas só pela expressão da vadia era claro que ela não iria tirar aquela ideia da cabeça. Tomara que entre, uma cobra a pique e ela acabe morrendo. Vou até cruzar meus dedos. Mas é bem capaz da cobra morrer com o veneno da Wolfgang se picá-la.

- Ai, para de ser chata. - Victoria falou e fez um beicinho para o Eros - Amor, vem comigo. - ela o chamou pela mão e como o cachorrinho obediente que o pau no cu era, ele foi. 

- Isso vai dar merda. - Ryan murmurou e eu permaneci calado. - O que você tem? - ele sussurrou pra mim, mas eu balancei a cabeça negativamente, concentrando-me em fazer aquele fogo subir.

- A gente não vai entrar muito na floresta, beleza? Se nós demorarmos, alguém entra pra nos procurar. - Eros avisou e eu estalei a língua no céu da boca.

- Aham, otário, vai nessa. - murmurei baixinho e escutei Chaz rir ao meu lado, fazendo com que eu abrisse um sorriso pro meu moleque pela primeira vez naquele dia. Baguncei seu cabelo antes de acompanhá-lo até sentarmos na areia em frente à fogueira. Observei Eros e Victoria entrando na floresta e eu suspirei, desviando minha atenção até o Ryan que sentou ao meu lado logo em seguida.

- O que tá rolando, mano? Você não vai me contar? - ele perguntou baixo ao meu lado e eu revirei os olhos.

- Tá suave, dude. Relaxa. - respondi, passando meu braço em torno do ombro dele rapidamente. Não gosto muito de afeto.

- Ah, a gente bem que podia ter uns marshmallows pra assar agora... - Barbie falou com um tom triste.

- Marshmallows. - bufei, fazendo Ryan rir ao meu lado.

- Já sei até o que você vai dizer - ele falou, fazendo com que eu erguesse minha sobrancelha ao olhá-lo - Marshmallow de cu é rola. - completou, fazendo com que eu soltasse uma risada. Dei um toque na sua mão e balancei minha cabeça, apoiando meus cotovelos na minha perna em seguida. 

- Eu tô preocupada... - California falou ao se levantar e vir até o lado do namorado. Ela tava evitando me olhar, talvez por vergonha de saber o que aconteceu ontem há noite ou algo do gênero, mas era esquisito. Barbie a seguiu e sentou ao seu lado, fazendo com que eu me perguntasse onde eu tava com a cabeça pra comer aquela mina. Ainda bem que eu já tinha jogado a real pra ela.

- Não se preocupa, amor. Logo eles voltam. - Ryan falou para tranquilizá-la.

- Que floresta é essa? Vocês já ouviram falar dela? - Chaz perguntou e negamos com a cabeça.

- Deve ser um pedaço de floresta, só umas árvores, nada demais. - falei com desdém, pegando um graveto que havia na areia pra fazer desenhos abstratos na areia.

Alguns minutos se passaram enquanto eu permanecia entretido em brincar com a areia e o graveto. O céu começou a escurecer e se tornar um azul forte, fazendo com que California não calasse a boca enquanto repetia que tava preocupada. Todos nos assustamos assim que o Eros, do nada, apareceu correndo e quase escorregou em uma das pedras que havia na entrada da floresta. Ele tava sozinho. 

- Cadê a Victoria? - California perguntou ao levantar e só então eu me dei conta do quanto já estava escuro. Eros parecia ofegante e sua expressão era de assombro, com os olhos arregalados.

- Ela se perdeu. - ele falou e eu só consegui pensar "Isso!" Porra, bem feito. Reprimi uma risada e abaixei minha cabeça pra que não vissem o sorriso em meu rosto. 

- Como assim se perdeu? - California gritou histérica. Barbie levantou e foi atrás dela, simulando uma preocupação que eu tinha certeza que não era real. Ryan e Chaz levantaram e fui obrigado a deixar meu graveto para fingir que tava preocupado.

- Nós andamos um pouco, ela ficou impressionada com algumas coisas e escutamos o barulho de uma água caindo, acho que era uma cachoeira ou coisa assim. Aí eu continuei andando, andando e aí quando eu virei pro lado e pra trás ela não tava comigo. Gritei o nome dela, fiquei desesperado, mas ela não respondia. E foi ainda pior porque tá escurecendo, aí foi foda demais pra achar o caminho de volta. - ele falou com a voz entrecortada e eu continuei entediado. 

- A gente tem que procurá-la. - California falou rapidamente e eu ergui minha sobrancelha.

- Nem pense nisso, California. - Ryan falou, segurando-a pelo braço - Você vai acabar se perdendo também e só vai ser uma preocupação a mais. - ele falou com autoridade e ela o olhou raivosamente.

- É a minha amiga! - ela gritou, fazendo com que eu quisesse fazer um "shhh", pois minha cabeça ainda doía. 

- Eu não entro ainda nem a pau. - Chaz falou ao meu lado. 

- Nem eu. - Barbie completou.

- É melhor a gente contatar alguém pra ir tirá-la de lá. - Ryan falou com um tom de voz sério e eu respirei fundo, já ficando impaciente e louco pra dar o fora dali logo.

- Qual o tamanho dessa floresta, Eros? - perguntei, atraindo a atenção de todos.

- Eu não sei, mano, as árvores são muito altas, mas tem muitos galhos e barulhos de inseto, animais... - ele balançou a cabeça e eu pisquei descrente. Agora eu tinha a comprovação real da homossexualidade dele.

- Eu vou entrar lá! - California falou, tentando se soltar o Ryan e eu peguei meu celular, certificando-me de que a bateria tava cheia.

- Relaxa, vou procurar pelas redondezas aí por perto, ela não deve ter ido muito longe. - falei, fazendo com que eles ficassem boquiaberto. Até eu ficaria boquiaberto também, mas era uma oportunidade de ficar sozinho com ela e colocar meu plano em prática. Se eu ajudá-la vai ser a forma perfeita de demonstrar que eu havia me redimido do que tinha acontecido. 

- Você? - California franziu o cenho e eu dei de ombros. 

- Fiquem na boa aí. - falei, já indo em direção à entrada da floresta - Segura tua namorada. - apontei pro Ryan antes de subir em algumas pedras com cuidado. Afastei uma planta pequena pra que eu pudesse passar e comecei a escutar meus passos serem marcados pelo som de gravetos se quebrando. Olhei em volta e tudo tava escuro, então peguei meu celular e liguei a lanterna, tendo uma pequena visão do lugar. Comecei a memorizar algumas características das árvores para facilitar a volta enquanto me aprofundava na floresta, sempre passando a lanterna pelo lugar. - Victoria? - gritei, não escutando nada além de algumas cigarras e barulhos distintos de animais pequenos nas árvores. - Cadê você, porra? - gritei mais alto dessa vez e escutei uma coruja perto de mim. Ela tava em cima de um galho de uma árvore me olhando fixamente, achei aquilo super bizarro. - Desculpa, senhora. - murmurei, continuando meu caminho para onde quer que eu fosse. Não sei quanto tempo passei me debatendo entre alguns galhos, tomando cuidado com armadilhas no chão e escutando uns sons estranhos de animais, mas aquilo parecia não ter fim. Pedaço de floresta é o caralho. Foi então que eu ouvi o barulho de uma água caindo bem perto, como se uma cachoeira tivesse ao meu lado e soube que tava na direção certa que o Eros havia comentado. Continuei seguindo o barulho da água, sem parar de gritar. - Victoria! - urrei em plenos pulmões, mas dessa vez o som semelhante de alguns passos me fez parar.

- Aqui! - a voz dela surgiu no escuro. Apontei a lanterna do celular em direção ao som e a encontrei ao lado de uma árvore, abraçando a si mesma com uma expressão de medo. - Justin? - ela franziu o cenho assim que se deu conta de quem era.

- Vamos sair daqui. - falei, aproximando-me dela.

- Não dá. - ela falou, olhando em volta e eu fiz o mesmo. Porra, tava tudo escuro e eu nem sabia mais de que direção tinha vindo. Parei um pouco pra pensar no que eu faria, mas sua voz me distraiu em seguida - Por que você veio me procurar? Logo você? - ela piscou ainda sem acreditar - Tá planejando me matar com uma serra elétrica? - ela debochou e eu revirei os olhos. Era uma boa ideia, mas eu tinha que começar a agir como um mestre.

- Você conseguiria reverter a situação e me matar primeiro. - falei, abrindo um sorriso pequeno e sem graça. 

- Ainda bem que sabe. - ela abriu um sorriso, colocando as mãos na cintura e eu respirei fundo sem tirar o sorriso do rosto, tentando buscar alguma força da natureza pra me manter calmo. 

- Tem alguma cachoeira perto daqui, não é? - perguntei, desviando a luz da lanterna para outro lugar a fim de enxergar alguma saída para a cachoeira na direção do som. Ao fazer isso, Victoria se aproximou de mim e ficou parada ao meu lado, quase grudando seu corpo no meu. 

- Tem sim. - ela falou, ainda com a voz um pouco vacilando. 

- Vamos tentar encontrá-la. Perto de uma cachoeira sempre tem uma gruta pra gente se acomodar e esperar a noite passar. - falei, mas ela se opôs rapidamente.

- Espera - falou antes que eu pudesse dar um passo para frente - Você quer passar a noite numa floresta? - ela perguntou com histeria e eu revirei os olhos.

- Querer eu não quero, mas vou ser obrigado já que você resolveu entrar aqui e seu namorado é um viadinho caso perdido. - falei, mas me amaldiçoei internamente. Porra, Bieber, contra a merda da língua. 

- Ele se encontrou? - ela perguntou de cenho franzido e eu balancei a cabeça.

- Disse que você tinha se perdido e tudo mais. - dei de ombros, louco pra sair do meio daquelas árvores pra um lugar mais aberto. Eu tava começando a sufocar.

- E você se ofereceu pra vir me procurar? - ela perguntou mais uma voz, com a descrença nítida em sua voz.

- Não foi uma opção. Ryan não queria deixar a loirinha vir porque achava melhor esperar até amanhã, aí todo mundo começou a ficar na neurose e eu decidi vir pra acabar logo com o suspense. - respondi, fazendo-a piscar e abrir um sorriso relutante.

- Eu achei que você tivesse me odiando. - ela falou com a voz suave, sem nenhum pingo de deboche ou algo do gênero em sua voz, fazendo com que eu erguesse as sobrancelhas. Brecha perfeita, Bieber.

- Eu vou começar a odiar se a gente continuar aqui. - falei, apontando a lanterna na direção do som da cachoeira.

- Eu tô com medo de andar por aqui. - ela falou com a voz amedrontada, olhando em volta - É cheio de bichinhos... - fuzilei-a com o olhar sem acreditar que tinha escutado aquilo. 

- É cheio de bichinhos sim, é uma floresta. - falei sem paciência, mas me segurei e respirei fundo - Você quis entrar aqui, lembra? - ergui a sobrancelha e escutei-a suspirar. 

- Eu só queria ver como era, mas o Eros ficou tagarelando e... - ela me olhou e percebeu que eu não tava no clima de ouvir sua historinha. 

- Vamos. - falei, saindo de onde estava para começar a seguir o barulho da cachoeira a fim de chegar lá. 

- Justin. - Victoria falou e eu me virei para olhá-la, vendo que a mesma ainda tava parada no mesmo lugar - Segure minha mão. - ergui minhas sobrancelhas sem acreditar no que tinha escutado. Eu não conseguiria conter minha repugnância ao tocá-la novamente, mas era preciso ser muito mais racional do que me deixar levar pelo sentimento de ódio naquele momento. 

- Por que? - perguntei, franzindo o cenho antes de desviar o olhar para sua mão estendida.

- Para eu não me perder novamente. - ela explicou e ergueu a sobrancelha, como se estivesse à espera do serviço de um mordomo. Bieber, mantenha a calma...

- Firmeza, vem cá. - segurei sua mão contra a minha vontade, mas não demonstrei isso. Continuei apontando a lanterna do celular para frente e afastando os galhos conforme nos aproximávamos da cachoeira, já que o barulho da água corrente havia ficado mais alto. Victoria apertava minha mão com força toda vez que tinha dificuldade de passar por um galho e eu era obrigado a esperá-la até que, finalmente, conseguimos chegar na beira da cachoeira. A água caía forte e a correnteza a levava em direção ao mar. 

- Que bonito. - ela comentou ao meu lado e eu me virei para fitá-la, vendo uma expressão de admiração em seu rosto. Seus olhos não deixaram a paisagem em nenhum instante e eu rapidamente me perguntei se aquela não era a verdadeira Victoria. Se fosse, não interessava muito. 

- A gente tem que achar uma gruta aqui por perto pra passarmos a noite. - falei, soltando sua mão enquanto começava a rodear o lugar. Escutei um grito alto e, por puro reflexo, virei-me para olhá-la rapidamente.

- Ai. Meu. Deus. - ela começou a chorar e eu me aproximei novamente, escutando-a soltar um gritinho agudo pela garganta, mesmo que sua boca estivesse quase fechada.

- O que é, porra? - perguntei ao chegar perto e não ver nada que pudesse lhe fazer ficar naquele estado. Até que meu olhar parou em uma rã pequena em seu ombro, fazendo com que eu começasse a rir sem conseguir controlar. - Olha, que bonitinha, ela gostou de você. - provoquei-a e a vi me fuzilando com o olhar em meio ao choro.

- Tira, tira, tira, por favor. - seu corpo ficou tão tenso que seus dedos assumiram uma forma toda estranha, como se estivessem endurecidos e pudessem quebrar. Revirei meus olhos diante daquele drama e peguei a rã que era muito menor do que a própria palma da minha mão. Coloquei-a sobre uma pedra e a mesma pulou, parecendo tão desesperada quanto eu pra se afastar da Victoria. - Eu quero ir pra casa. - ela choramingou e eu soltei um muxoxo.

- Ninguém mandou você entrar aqui, agora aguente. - falei, mas ao contrário do que eu imaginava, sua reação foi continuar chorando até chegar ao ponto de colocar as mãos no rosto. - Para com isso, mano. - falei, já ficando incomodado.

- Eu não gosto de bichinhos. - ela falou entre o choro e eu quis dar risada, mas permaneci calado. Era uma oportunidade perfeita de me mostrar solidário e fazê-la perceber que eu havia entregado os pontos. Era exatamente tudo o que eu precisava.

- Ei. - tirei suas mãos do rosto e a encarei nos olhos, vendo-a piscar e me olhar confusa - Fica suave, pô. A gente vai encontrar uma gruta, você vai pegar no sono e a gente dá o fora daqui logo quando começar a amanhecer. Ok? - falei com a voz tranquilizadora e ela continuou mantendo o contato visual. Permaneci com a expressão séria pra que a mesma encontrasse credibilidade em minhas palavras e a vi assentindo. Soltei seus pulsos e voltei a andar em volta procurando algum buraco que pudéssemos nos enfiar. Finalmente achei um parecido com o meu "esconderijo" em L.A e seria perfeito pra passar a noite. - Victoria! - chamei-a, virando-me pra encontrá-la. Fiquei surpreso ao vê-la ao meu lado.

- Já tô aqui. - ela murmurou com a voz sem vida e eu apontei pra gruta.

- Vamos pra lá. - continuei seguindo pelas pedras, sentindo um vento frio passar enquanto nos aproximávamos. Olhei em volta pra me certificar de que não tinha nenhum risco de algum animal perigoso aparecer e escalei duas pedras até chegar na gruta. Ela teve um pouco de dificuldade e me vi obrigado a estender a mão e ajudá-la. Iluminei a gruta até seu fundo e não vi nada que pudesse me deixar em alerta. Voltei até a ponta, onde a lua clareava o lugar e me sentei perto de uma das rochas de apoio, encostando-me sobre ela. Victoria sentou do outro lado, encostando-se na rocha de apoio logo atrás de si. 

- Não tem sinal no celular? - ela apontou para meu iPhone e eu balancei a cabeça negando. Não tinha serviço nenhum.

- Não. - respondi, desviando meu olhar na direção da cachoeira. Ficamos em silêncio por um bom tempo e tudo o que eu queria era deitar onde eu tava e dormir, mas comecei a sentir seu olhar fixo em mim e isso passou a me incomodar. - O que é? - perguntei assim que a olhei de volta.

- Por que você tá fazendo isso? - ela perguntou com os olhos semicerrados. A mina era esperta mesmo. 

- Fazendo o quê? - perguntei com a voz desentendida, mas ela revirou os olhos e bufou.

- Eu não sou idiota e você já deve ter percebido isso, considerando que te dei um cheque-mate. - ela falou com um sorrisinho de canto, erguendo sua sobrancelha e eu tive que trincar meu maxilar e flexionar meus dedos a fim de descarregar a raiva que correu por meu sangue naquela hora. - Por que você tá me tratando bem? - ela perguntou e eu desviei o olhar. Era agora. Eu tinha que dar o meu melhor e fazê-la acreditar em mim.

- Eu cansei, mano. - falei com minha voz morrendo em um suspiro. Balancei minha cabeça e ergui meu olhar novamente, encarando-a fixamente nos olhos - Cansei. - repeti - Se você quer ser a rainha do caralho que for, se você quiser continuar mandando em tudo, que seja. Eu sinceramente cansei. - falei mais uma vez com a expressão séria, vendo-a piscar e parecer um pouco confusa enquanto me ouvia - Entrego meus pontos. - abri um sorriso pequeno e dei de ombros, comprimindo meus lábios. 

- Como assim você entrega seus pontos? - ela sussurrou parecendo genuinamente confusa, mas piscou rapidamente e assumiu a postura que eu conhecia. Coluna ereta, ombros para trás e nariz empinado. - Ótimo. - ela sorriu de forma vitoriosa sem vacilar em nenhum instante - Você agora tem noção de quem eu sou. - falou. Assenti com a cabeça e desviei o olhar mais uma vez, quase mordendo minha língua pra mantê-la presa dentro da minha boca. Meu silêncio pareceu desarmá-la rapidamente e a fez vacilar, franzindo o cenho por um terço de um segundo. 

- Somos muito parecidos, Victoria. - falei, fazendo-a me olhar curiosamente - Mas eu conheço meus limites. - continuei, fazendo-a ficar intrigada. Conheço meus limites e vou testá-los até o fim, vadia. Você ainda não viu nada. 

- Isso significa que você vai parar de me desafiar? - ergui minha sobrancelha e agora foi minha vez de franzir o cenho - Você vai parar de lutar, parar de dar seus shows cantando pneu no asfalto da escola pra chamar atenção...? - reprimi minha risada e balancei a cabeça antes de respirar fundo.

- Nada disso foi pra te provocar. - falei - Principalmente minhas lutas. Eu já fazia isso antes de você ganhar respeito naquela escola, então claramente não tem nada a ver com você. Eu não vou parar de lutar. - falei convicto, achando aquela ideia tão ridícula quanto realmente era. 

- Mas eu não quero os alunos da Brearley frequentando aquele tipo de lugar, tivemos uma morte envolv... - ela começou a falar e eu a silenciei, erguendo a palma da minha mão.

- Que seja. Eu simplesmente não os convoco pra luta e continuo meu negócio. Você não tem nada a ver com isso. - falei seriamente, vendo-a ficar contrariada - Vamos fazer o seguinte, Victoria... - enfatizei seu nome - Eu não me meto no seu caminho e você não se mete no meu, o que acha? - sugeri, fazendo-a considerar a ideia.

- É uma boa. - ela falou e eu sorri de canto, sabendo que tinha conseguido dobrá-la. Observei-a estender sua mão e me inclinei um pouco pra frente, apertando-a como a selagem de um acordo. 

Primeiro passo concluído com sucesso. A vadia tinha caído no meu papo e tudo o que eu fizesse a partir de agora só iria contribuir para a sua queda.

E assim a vingança de Justin Bieber começa. Nada melhor do que apertar a mão do inimigo para fazer as honras. 
 



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