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História Scare - Shawn Mendes - Por que?


Escrita por: hummelbeatriz

Notas do Autor


JURO QUE EU TO VIVA HAHAHA desculpa pela demora, mas as coisas estão bem louca por aqui, então né :)

Capítulo 16 - Por que?


Mansfield, 12pm.

Saí do buraco atordoado, como sempre. Desde criança eu tinha muito medo de escuro, mas desde que comecei a fazer shows e estar na mídia, desenvolvi crises de pânico que potencializavam quando eu estava em meio à escuridão.

Fui até o refeitório e encontrei Liz sentada em uma mesa no canto, com os olhos vermelhos e inchados.

- Posso sentar com você? – sussurrei.

Ela assentiu com a cabeça sem olhar para mim. Me sentei bem próximo da loira, encostando minha perna na dela. Ela me olhou franzindo a sobrancelha, como se me perguntasse o que eu estava fazendo, mas permaneceu imóvel.

- O banco é pequeno, se eu for mais pra lá vou cair. – tentei explicar.

Ela suspirou e revirou os olhos, me fazendo sorrir.  Apesar do jeito grosseiro com que me tratava eu gostava dela. Não sentia atração física, era algo mais parecido com simpatia mesmo. Não sei como seria se tivéssemos nos conhecido fora daqui, mas acho que seríamos bons amigos. Aliás, eu gostaria de ser amigo dela mesmo aqui dentro, nem que fosse apenas para sentar junto na hora das refeições.

Almoçamos em silêncio e fomos para nossa escala de limpeza do banheiro. Os meninos que normalmente estavam conosco não apareceram, então éramos só nós dois para fazer todo o serviço.

- Liz, você tem esse cronograma desde que chegou aqui?

- Sim. – ela respondeu sem parar o que estava fazendo.

- E ele permanece o mesmo? Quero dizer, nunca mudou?

- Exatamente.

- E como...

- Shawn, - ela largou a escova e se virou em minha direção, me olhando nos olhos – pare de tentar puxar assunto comigo. Eu não sei se você realmente está interessado em saber todas essas coisas, mas eu não estou a fim de falar sobre elas. Aliás, não estou a fim de falar sobre nenhum assunto com você.

- Desculpe Liz. Achei que poderíamos ser amigos.

Ela puxou o ar como se fosse falar alguma coisa, mas permaneceu alguns instantes em silêncio me olhando.

- Porque você quer ser meu amigo? Por acaso você precisa de mim pra alguma coisa pra querer se aproximar?

- Eu gosto de você Liz, só isso.

Seus olhos me olhavam com espanto e percebi que eles começaram a lacrimejar. Ela levantou imediatamente e saiu correndo porta afora, fazendo com que um dos seguranças corresse atrás dela gritando para que voltasse.

POV Liz

Não consegui ficar no mesmo lugar que ele. Não consegui continuar encarando-o, não depois de ter ouvido aquelas palavras.

- Eu gosto de você Liz, só isso.

Só isso? Só? Era mais do que eu já tinha ouvido em muitos anos. Saí correndo o mais rápido possível, fazendo de tudo para que ele não visse as lágrimas correndo pelo meu rosto. Eu não podia ser vulnerável, não na frente dele. Não podia deixá-lo perceber meus sentimentos. Eu precisava ser forte, precisava ser fria.

Um dos seguranças veio atrás de mim, mas consegui correr mais rápido que ele. Minhas pernas queimavam enquanto eu ia em direção ao jardim, mas era como se algo dentro de mim quisesse explodir, fazendo com que eu corresse cada vez mais rápido, ignorando os sinais que meu corpo dava para que eu parasse.

Por fim cheguei ao muro e, consequentemente, fim da linha. O segurança agarrou meu braço com força e me arrastou para dentro.

- Liz, você precisa colaborar. O Sr. Hessen já está ficando impaciente. Daqui a pouco ele vai te transferir para a ala B.

Meu coração bateu ainda mais forte, mas dessa vez não era por causa da corrida. A ala B era para as pessoas que não haviam apresentado nenhum tipo de melhora mesmo com anos de tratamento. Ninguém sabia exatamente o que acontecia lá, pois eles não saíam daquele lado do reformatório em hipótese alguma. E nós, da mesma forma, não tínhamos autorização para ir até lá. Mas me surpreendi pensando que, pior do que ser transferida para a ala B, era a ideia de ficar longe de Shawn.

Não resisti e permiti que as lágrimas corressem com liberdade, sem me preocupar com quem passava por nós e me via naquele estado. Eu era conhecida como uma pessoa fria, calculista e sem sentimentos, mas Shawn veio para quebrar tudo isso dentro de mim.

Fui levada para o banho, mas meu coração doía mais que os choques. Ele chegou há tão pouco tempo, mas já mudou tanta coisa dentro de mim. Me fez conhecer, ainda que pouco, o que era amor. Começou a fazer sentido pra mim o que as pessoas diziam sobre sofrer ao ver quem se ama sofrendo. Eu sofreria no lugar dele, passaria por mil banhos no lugar dele, iria a centenas de buracos para que ele não precisasse ir.

- Se isso acontecer de novo você será transferida para a ala B. – disse Sr. Hessen guardando a arma de choque – E você ficará 48 horas sem sair da cela. – e saiu do banheiro.

Fui levada para minha cela e permaneci com as roupas molhadas, o que me fazia tremer dos pés à cabeça. Quando chegou a hora do toque de recolher vi Shawn chegando à sua cela com um olhar preocupado. Assim que os seguranças saíram ele esticou a mão para a minha cela me entregando um pedaço de pão.

- Imaginei que você estaria com fome. – disse o garoto com uma voz suave.

- Obrigada. – tentei disfarçar minha voz de choro, mas as lágrimas recomeçaram a correr quando ele segurou minhas mãos com cuidado.

Eu daria tudo para continuar sentindo aquele toque, mas recolhi minha mão rapidamente, deixando aquele silêncio ensurdecedor me acompanhar durante o “jantar”.

- Você ficou o dia todo aqui? – ele perguntou.

- Sim, e ficarei por mais 48 horas sem poder sair.

- Liz, isso precisa acabar. Eles não podem fazer isso! A polícia não intervém? – percebi pela sua voz que ele estava indignado.

- Eles fazem parte disso, Shawn. É inútil tentar fazer algo contra.

Ele ficou em silêncio durante um tempo, e então começou a cantar. Eu não conhecia aquela música, mas a voz dele me acalmava de uma forma surpreendente. Era como se, por alguns instantes, minha realidade não passasse de um filme que logo chegaria ao fim. Fechei os olhos e deixei aquela voz doce me conduzir ao local dos meus maiores sonhos: a praia.

Eu nunca havia estado em uma, mas via fotos e vídeos e ficava encantada com o mar. Eu quase podia sentir o cheiro da água salgada, a brisa tocando meus cabelos, a areia fazendo cócegas em meus pés. Conseguia ouvir crianças rindo enquanto corriam atrás da bola, casais conversando ao pé do ouvido, famílias se divertindo.

Enquanto ele cantava minha mente viajava, ansiando pelo dia em que tudo seria real, até que peguei no sono e, pela primeira vez em anos, não tive pesadelos.



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