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História Scarlet - Único


Escrita por: Juki16

Notas do Autor


Olá :3
Tem muito tempo que eu queria postar esta fic, mas a faculdade não deixou he. Aí hoje eu finalizei e já estou aqui com esta fic linda para vocês :3 Espero que gostem e perdoem os erros :*

Capítulo 1 - Único


Ah, Paris... Mil e uma histórias românticas extremamente clichês de filmes acontecem nestas ruas, seja na ficção ou na vida real. Principalmente a vida real que decide imitar a ficção. Afinal, porque ligar para a pessoa se você pode ir até o aeroporto e impedir o voo dela?

Minhas amigas sempre acreditaram que eu era a pessoa mais cavala do mundo. Não é isto. Eu apenas gosto de praticidade.

Pedalei em minha bicicleta vermelha pelas ruas de Paris pavimentadas com tijolos. Na verdade não eram ruas, eram becos. Não tenho muito medo destes becos, pois eram bem movimentados por estarem próximos à Torre Eiffel.

Um dos lugares onde os clichês românticos sempre acontecem. Falta somente as pétalas de rosa caindo do céu e a chuva enquanto eu beijo este cara.

Ri abertamente. Maldita ideia da minha amiga, Mirajane, em me convencer a entrar em um aplicativo de namoro e marcar um encontro com um cara.

Nasci e cresci em São Paulo e consegui um intercâmbio para um semestre do curso de Direito Internacional na faculdade de Paris. Já a pessoa a qual resolvi sair após dois meses conversando no aplicativo, estava na mesma situação.

Jellal Fernandes é de Curitiba e estuda gastronomia lá. Ele juntou dinheiro para realizar um curso na escola Le Cordon Bleu desde os 16 anos de idade. Aí você se pergunta: diante todos os caras que estavam no aplicativo e foram rejeitados, porque ele foi escolhido?

Simples. Desde pequena eu era apaixonada por um sabor específico de bolo: morango. E, na primeira foto, ele estava segurando um imenso bolo de morango.

Sim, eu apenas o escolhi por causa de comida. Talvez eu seja uma cavala mesmo.

E, mesmo com meu jeito cavalo de ser, ele não desistiu. Pelo que conversamos, ele era um verdadeiro romântico. Desde enviar letras de músicas fofas de rock desde as antigas até as mais atuais. Sem contar que ele marcou um encontro em uma cafeteria na frente da torre Eiffel, então isso diz muito sobre a pessoa.

Como o fato que ela nasceu de todos os clichês de filmes românticos que minha amiga Juvia iria chorar.

Pedalei um pouco mais e parei em frente a uma banca de revistas. Passei a corrente em minha bicicleta e fechei o cadeado.

Quando cheguei ao local, vi Jellal fotografando um casal observando a Torre Eiffel próxima a uma mesa da lanchonete, uma vez que a lente que ele usava em sua Sony semiprofissional era para fotos de perto.

Como eu sei disso? Vantagens de ter uma mãe fotógrafa.

Assim que me viu, Jellal abaixou a câmera, olhando em meus olhos.

- Olá, sou Jellal Fernandes. – Ele esticou a mão.

- Erza Belserion – Sorri e estiquei a mão para apertar a mão dele, mas Jellal segurou a palma de minha mão e a beijou.

Confesso que corei um pouco. Depois que retornei à realidade, questionei-me sobre qual século estamos.

É, talvez eu seja um pouco cavala.

Reparei na marca em seu rosto. Era tão exótica... Pelas nossas conversas, descobri que é uma marca de nascença que seu avô também tem. Logo após, ele me ajudou a sentar, puxando a cadeira para mim e eu sorri.

Com certeza ele deve achar que vai borrar o meu batom vermelho que passei horas assistindo um tutorial na internet.

Ele sentou-se e pegou o cardápio.

- O bolo de baunilha daqui é fantástico. – Ele disse.

- Prefiro bolo de morango. – Comentei – É o meu sabor favorito.

- Se você quiser, eu posso fazer um para você.

- Está flertando comigo na cara dura?

- Depende. – Ele riu – Funcionou?

- Eu aceito o bolo. – Sorri e ele riu, vitorioso.

- Então funcionou.

Uma jovem de cabelos loiros presos em um coque trajando uma roupa de garçonete olhou para nós dois. A garota aparentava ter cerca de dezoito anos de idade e, pelos seus olhos esverdeados levemente cansados, diria que ela trabalhou durante boa parte do dia.

- Boa tarde senhores, o que desejam? – Ela disse, em um sotaque extremamente carregado do sul da França.

- Vou querer um bolo de baunilha com um café. – Jellal respondeu rapidamente – E você, Erza?

- Bolo de morango com chá verde. – Respondi, olhando para a jovem.

- Infelizmente o bolo de morango acabou. – Ela fez uma cara triste – Temos bolo de café, bolo de baunilha e bolo de chocolate.

- Bolo de café então. – Sorri. Não era como o meu bolo de morango, mas era uma opção válida para me manter acordada enquanto tenho minhas aulas de francês online.

Assim que a jovem saiu, Jellal olhou fixamente para mim enquanto tocava Pet Semetary, da banda Ramones.

- Nossa, eu adoro esta música. – Ele disse.

- Sim, gosto muito de Ramones também. – Sorri – Eu cantei esta música errada até os treze anos. Sempre achei que ele não queria ser enterrado em um cemitério ruim.

- A culpa não é sua, a pronúncia inglesa para “Pet” parece muito com a pronúncia de “bad”. – Ele sorriu – Quando dei aula de reforço de inglês para as crianças do meu bairro eu adorava usar essa música para mexer com a pronúncia.

Ele começou a rir e eu ri também. Sair com alguém depois de oito anos era uma situação totalmente diferente e surpreendente. Nem todos os caras são como o Simon, afinal.

- Ramones é uma das poucas bandas que eu faço questão de ter todos os CDs. – Comentei – Tenho até uma cópia autografada do Adios Amigos que me custou uma fortuna no eBay. Mas consegui, é o meu tesouro.

Ele riu e eu achei estranho. Deve se perguntar “por que você gastou dinheiro com isto, sua louca?”.

- Nunca conheci uma garota que conhecesse tanto Ramones assim, a ponto de gastar muito dinheiro no eBay por conta de um CD. – Ele riu.

Ri também e os nossos pedidos chegaram. Dei uma garfada generosa no bolo – afinal, para quê mentir que eu sei comer como uma verdadeira lady – e coloquei na boca. Jellal me observou e deu uma risada de canto, dando uma garfada tão generosa como a minha. Muito provavelmente para não fazer com que eu me sinta sem jeito.

Quando eu estava quase finalizando o bolo, ouvi um “click” e observei Jellal que estava mexendo em sua câmera.

- O que foi? – Perguntei.

- Nada é que... – Ele falou e me observou – Seu cabelo tem um tom maravilhoso de vermelho e me inspirou para fazer um bolo novo. – Ele ficou levemente corado – Aí tirei uma foto para pensar nele enquanto cozinho.

Por sorte eu não tinha um espelho naquele momento, pois eu acredito que eu fiquei da cor de meus cabelos.

- Vou querer provar o bolo. – Sorri – Afinal, vai ser o meu bolo.

Ele riu.

- Sim. Eu já até sei o nome e como eu farei.

- Não entendo nada de cozinha. – Comentei – Então não precisa falar muito sobre como vai fazer, mas quero saber o nome escolhido.

- Scarlet. – Ele sorriu – Assim como o seu cabelo.

Fiquei levemente envergonhada após a frase de Jellal, se isso for possível.

Assim que acabamos de comer, perdidos em nossas conversas, Jellal insistiu em pagar o meu bolo e meu chá. Sorri com isto, ele realmente estava fazendo de tudo para me agradar naquela tarde.

Caminhamos em direção às nossas bicicletas e ele foi me guiando até em casa. Continuamos conversando e reparei que os olhos verdes deles ficavam ainda mais brilhantes quando ele ria como uma criança.

Ao chegar a minha casa, ofereci para que ele entrasse e ele aceitou.

- Bom, eu vou preparar um cappuccino pra nós. – Comentei. Deus abençoe o criador das bebidas boas em pó.

- Não há nada como um cappuccino caseiro. – Ele riu.

- Na verdade, é caseiro da empresa que fez. – Comentei – Eu não sei fazer essas coisas chiques.

Ele riu e foi comigo até a cozinha.

Minha cozinha era estilo americana – afinal, eu morava sozinha e não tinha necessidade de ter uma cozinha de novela. Observei Jellal procurando algumas coisas em minha bancada enquanto eu pegava o pote.

- Não. – Ele sorriu – Vamos fazer um cappuccino caseiro. É bem melhor que essas coisas industrializadas que aparecem por aí.

Ele se esqueceu de colocar no perfil “sou um chef profissional”. Já trabalhei como garçonete para chefes profissionais e nenhum deles aceita uma coisinha mínima industrializada. Aceitar isso é como aceitar esquentar chocolate em um microondas, um insulto à capacidade de cozinhar.

E eu não estou reclamando, comidas caseiras tem muito mais sabor que industrializadas.

Observei atentamente Jellal fazendo a bebida enquanto ele me explicava passo a passo. Apenas via os lábios dele mexendo e a expressão em seu rosto quando ele falava sobre a bebida. Ele falava com tanto sentimento, tanto amor pela culinária...

- Erza! – Ele falou e eu levei um pequeno susto – Você estava voando, aposto que não ouviu nada do que eu disse.

“Claro, estava reparando em suas expressões como uma garotinha repara na sua paixonite enquanto joga futebol na escola”.

- Estava reparando em sua marca no olho direito. – Comentei – Como você a conseguiu?

- É uma marca de nascença. – Ele falou – Quando eu nasci com ela, o médico comentou com minha mãe que eu não ia passar dos três anos de idade. Bom, digamos que eu tenho mais que três anos de idade e estou vivo.

- Nunca vi uma marca parecida com ela. – Respondi – Já vi gente que nasceu com manchas e, com o tempo, elas sumiram. A sua não.

- Eu costumo brincar com meu pai que é para mostrar a minha exclusividade. – Rimos.

Alguns minutos depois, os cappuccinos ficaram prontos. Como eu não tinha chantilly nem nada para fazer o creme, Jellal colocou um morango para decorar a xícara.

- Pode falar que é o pior encontro de sua vida. – Sorri – Eu te ofereço um cappuccino, mas você quem faz.

- Eu não acho que isso seja ruim. – Ele comentou – Gosto quando as pessoas confiam em mim o suficiente para me mostrar a cozinha.

- Claro, afinal chamar para casa e ir direto para o quarto é tão antiquado... – Ironizei.

Ele riu com minha resposta.

- Acho que a cozinha é aquele lugar que conta muitas histórias. – Ele olhou fixamente para mim enquanto soprava a bebida – Aposto que você não aprendeu a cozinhar sozinha.

- Claro que não, minha mãe me ajudou.

- Sim. E quem ajudou sua mãe?

- Meu avô. Minha avó não gostava de cozinhar.

- E por aí vai. As receitas passam de geração em geração, é um hábito presente em boa parte das famílias. O que você cozinha hoje, mesmo que seja um simples macarrão, é um macarrão que a sua mãe te ensinou. Para te ensinar, a sua mãe aprendeu com seu avô. Por mais que seja uma visão minha sobre a culinária, eu acho isso fantástico.

- Seus pais tinham esse amor pela cozinha também? – Depois do que ele falou, não aguentei não perguntar. Ele falava da culinária como um artista fala de sua obra-prima, o que é algo extremamente inspirador.

- Meus pais se conheceram assim. – Ele riu – Mamãe trabalhava como chefe em um restaurante e, um dia, o patrão resolveu contratar um assistente para ela.

Coloquei meu cappuccino na bancada da cozinha e abaixei a mão dele, para que fizesse o mesmo. Jellal me encarou confuso, porém eu não me importei.

Fiquei um pouco na ponta dos meus pés e selei nossos lábios, colocando minhas mãos em torno de sua nuca. Jellal, por sua vez, respondeu o beijo, colocando suas mãos em minha cintura, aprofundando ainda mais as sensações que aquele simples toque de lábios teve.

Porém não foi o suficiente para nós dois. Logo, nossas línguas pareciam trocar carinhos mais profundos. Esses carinhos evoluíram para que Jellal me apoiasse em cima da cômoda da cozinha para beijar meu pescoço.

E assim começou a nossa noite.

 

Bati a porta do apartamento de Jellal. Hoje seria o dia que eu provaria o meu bolo, Scarlet. Sorri com isso. Já faz um ano que nós dois saímos juntos, porém não era nada oficial.

- Olá. – Ele abriu a porta, sorrindo – Vamos, entre.

Jellal estava com uma bermuda jeans e uma blusa branca por baixo de seu avental branco, um que eu comprei para ele ao ver na loja. Seu apartamento era um pouco menor que o meu, mas não deixava de ser bem aconchegante.

Sentei no balcão da cozinha e observei Jellal cortando uma fatia do bolo para trazer. O bolo, pelo que eu consegui observar, parecia ser de chocolate com algumas camadas de morango. A cobertura era feita de chantilly com uma camada fina de algo vermelho por cima.

Repito que não entendo nada de cozinha.

- Depois de um ano, finalmente consegui acertar a receita. – Ele disse, entregando o meu prato com uma fatia generosa do bolo – Espero que você goste.

- Está tentando fazer este bolo tem um ano? – Perguntei, dando uma garfada no bolo.

- Sim. – Ele respondeu – Mas nunca consegui fazer com que a cobertura ficasse desta cor. A cor do seu cabelo.

Sorri, tímida. Lembrei do que Lucy me disse após comentar com ela sobre o primeiro encontro “talvez ele tenha um certo dom para fazer cavalos ficarem calmos”.

Coloquei o pedaço na boca e fiquei surpresa. O bolo não era de chocolate com morangos, mas sim café com morangos. O gosto do café era levemente perceptível, pois o destaque era mais para os morangos.

- Jellal, isso é fantástico. – Falei com a boca cheia, dando mais várias garfadas e comendo-as rapidamente.

- Que bom que você gostou. – Ele falou, sorrindo para mim.

- Eu amei. – Continuei mastigando até sentir a mão de Jellal na minha.

Engoli o bolo rapidamente e olhei para ele. Seus olhos verdes expressavam uma ternura incomum, ressaltada com o seu sorriso. Fiz um pequeno carinho em sua mão e sorri para ele.

- Desculpe, eu queria que o bolo ficasse pronto o mais rápido possível para que eu te pedisse algo. – Ele falou – E, depois de um ano, ele finalmente ficou pronto e eu finalmente vou poder te perguntar. Erza, você quer ser minha namorada?



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