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História Scars - Capítulo 5


Escrita por: MissDramaQueen

Notas do Autor


Oi, voltei! Eeeeeeeeeeh. Vocês não sabem a montanha russa que tem sido minha semana... Mas, não vim para encher o ouvido de vocês de lamúrias, só disse isso para me justificar e dizer que: esse capítulo não saiu nada como o planejado kkk ele era pra ser único, um acontecimento só, mas acabei me estendendo demais em um assunto, então continuarei o outro no próximo. espero que gostem, e muuuuito obrigada aos que me deram uns "toques" e dicas no capítulo passado, o que tive que ajeitar já está certo(amiga, eu realmente não tinha visto aquele furo na historia kkk) e as dicas de gramaticas estão gravadinhas aqui, to me esforçando, eu juro! Muito obrigada, e esse capítulo está sem revisão -porque não consegui/tive tempo, e pra não deixar vocês esperando, vai assim mesmo- portanto... Vou precisar da ajuda de vocês! Enjoy'

Capítulo 5 - Capítulo 5


                                                  This is all of me for all of the world to see

 

 

O carro preto estaciona na frente do prédio esguio e luxuoso da área nobre da cidade. Ele sabia que não podia ficar ali por muito tempo, pois já havia levado várias broncas de Bucky, o porteiro, por atrapalhar a entrada e saída dos moradores. Já estava acostumado. Eram 9h da manhã e ele costumava parar ali todos os dias nesse mesmo horário, às vezes ela vinha rápido, mas quando 10 minutos se passaram do horário, ele viu que seria um dos dias em que ele teria que subir e puxá-la pela mão para que não se atrasassem. Ele bufou e guiou o carro para a lateral onde descia para a garagem. Apesar de não ser morador e sempre esquecer o crachá da garagem, ele já era conhecido dos porteiros.

Assim que para no portão eletrônico, ele abaixa o vidro e sinaliza pra um dos seguranças, que o reconhece em seguida. O portão abre e com um aceno de cabeça ele desce a rampa e manobra pelo monte de carros grandes e de luxo que haviam ali. Luke manobrava com cuidado, mas deixou de prestar atenção ao seu redor quando notou que um sedan grande e imponente estava na vaga da Emma no estacionamento. Um Ford Fusion, também preto. Embora familiar, ele sabia que aquele carro não era dela. 


- Pessoal abusado aqui nesse prédio... – ele resmungou para si mesmo, pegando o celular e tentando ligar para Emma, que caiu direto na caixa postal. Ele franziu o cenho e procurou algum lugar vago, parando e torcendo para não levar bronca mais uma vez, se encaminhando rapidamente para o elevador e apertando o botão do andar certo nervosamente enquanto ligava mais uma vez para o numero dela.
 

Luke desligou quando ouviu o som da caixa postal novamente, e esperou impaciente enquanto o elevador subia devagar. Atravessou o corredor do andar de Emma assim que conseguiu botar os pés para fora do elevador, tocou a campainha e respirou fundo para que conseguisse pensar direito e afastar a preocupação de sua mente. Ouviu passos pesados e apressados do outro lado, a porta abriu tão rápido que ele teve que piscar contra a luz forte que entrava pela janela e atravessava o cômodo, barrada apenas pela silhueta de um homem.

Quando seus olhos se acostumaram com o clarão ele pôde identificar Caleb. De cueca e com um cheiro irritante de ovo frito. Emma apareceu com a expressão espantada no corredor, e se mostrou sem graça.

- Luke...é você.

- É Luke, é você - Repetiu o moreno, sarcástico, sem tirar os olhos do visitante.

-Eu...eu não sabia que você estava aqui. - Disse Luke atônito, tentando ajeitar o óculos par evitar o reflexo da luz, lembrando daquele Sedan na garagem. 

Caleb esboçou um sorriso cínico e aparentava estar levemente mais calmo, mesmo ainda segurando a maçaneta da porta com óbvia irritação. Os olhos escuros olharam brevemente por sobre seu ombro onde Emma parecia se esconder com vergonha, com a camisola de algodão surrada, e depois olha para si mesmo com sua cueca box branca, justa o suficiente pra quem passasse pelo corredor notasse qualquer imperfeição em sua cintura, inclusive a pequena tatuagem escondida no quadril, subindo pelo obliquo esquerdo e, em seguida, olhou para Luke, com um olhar tão cínico quanto seu sorriso. 

- É... Acho que tem bastante coisa que você não sabe. - Disse o moreno sorrindo enquanto se encostava na porta de forma preguiçosa.

- O que você está fazendo aqui? - Perguntou Luke, ainda perplexo com a presença de Caleb ali, ainda mais vestido daquela forma.

- Café da manhã. E a não ser que você esteja com fome, acho melhor você ir embora- caleb simulou o movimento de fechar a porta na cara do outro, mas Luke foi mais rápido e colocou a mão na porta, forçando e impedindo que ele terminasse o movimento enquanto arrumava o óculos e dava um passo a frente.
 

- Meu amigo... Tudo o que eu queria comer nesse apartamento eu já comi- Luke soltou raivoso e ergueu os ombros, tentando não se mostrar incomodado quando percebeu o quão rude fora pelo suspiro engasgado que ouviu Emma soltar. Respirou fundo e fechou os olhos por um segundo, voltando a encarar o moreno mais alto que si, vendo-o ainda mais raivoso- Agora...- ele retomou depois de limpar a garganta- Se você me der licença, eu vim ver a Emma.

Caleb soltou a maçaneta com força, dando um passo rígido para o lado enquanto observava o movimento do rival. A firmeza com que segurava a porta agora transferida para algumas veias do seu pescoço e uma abaixo do seu olho esquerdo, que pulsavam com sua raiva crescente. 

Ele se aproximou devagar de Luke enquanto este começava a se encaminhar para dentro da casa, andou até que a voz fina de Emma o interrompeu em alto tom.

-Caleb! Está tudo bem, deixa ele entrar- ela pediu baixinho e com um olhar de canto ele via que ela já havia se recuperado das palavras rudes do babaca que passava por ele com passadas largas.

Ele fitou os olhos de Luke por alguns segundos antes de obedecer. Afinal, a casa era dela. Ele se afastou mais um pouco e Luke entrou, encarando-o com a mesma petulância. 

- Olha, eu estou acostumado a ver alguém seminu nesta sala e posso dizer que essa é a primeira vez que não gostei- ele disse usando o mesmo tom ácido de antes e Emma deu um sorriso sem graça, fazendo Caleb querer socar a cara do engomadinho por falar daquela forma com ela enquanto ele estava ali.

Antes que Emma pudesse responder qualquer coisa depois de a expressão de constrangimento sumir, Caleb reagiu batendo a porta que Luke deixara aberta com força.

- Me desculpe! Se eu soubesse que você viria pra festinha eu teria usado algo melhor. Talvez você tivesse gostado mais se eu não usasse nada, não é?!- Caleb respondeu, usando seu olhar frio para enfrentar o menor, que se virou com fúria nos olhos. Caleb esticou o elástico da cueca enquanto caminhava na direção dos dois, mordendo o lábio inferior com petulância enquanto quase conseguia ouvir os dentes do menor trincarem de raiva, que se vira novamente para Emma.

- O que esse cara ‘tá fazendo aqui afinal? - em tom indignado ele fez um gesto irritado com a mão.

- Luke, olha, eu tive... Hm, problemas... Fui assaltada, levaram meu celular e...- ela hesitava em falar e foi interrompida logo depois.

- O que? Você está bem? – Perguntou o moreno baixo enquanto tentava encontrar alguma lesão em Emma, suspirando quase que aliviado quando não achou nada visível e Emma assentiu em resposta à sua pergunta.

- Tudo bem... Eu já estou melhor- ela sorriu fraco, mas o moreno desviou olhar quando ouviu um bufo irritado ao seu lado.

- É. Ela está. Mas não graças a você- Caleb interferiu num tom confiante, cruzando os braços sobre o peito largo.

- O Caleb me ajudou- Emma completou, lançando um olhar de reprovação para Caleb, que deu de ombros e sorriu de maneira cínica para o rival que ainda o encarava enquanto escuta a morena se explicando- Ele estava próximo e me ajudou... Foi horrível.

- Parece que é comum eu estar onde você não chega, Luke- ele voltou a provocar, sorrindo largo quando escutou o grunhido irritado do mais baixo, vendo-o dar um passo ameaçador em sua direção.

Naquele momento a preocupação com o estado de Emma dava lugar a um extremo incômodo violando o espaço que devia ser apenas dele e dela. Ele se sentia ameaçado pelo homem que sabia estar controlando a situação ali, e tinha vontade de tirar aquele sorriso convencido do rosto do outro na marra, mesmo que isso magoasse Emma.

- E pelo visto não com a mesma eficácia! - Luke disse, acertando os óculos e dando mais um pequeno passo em direção ao outro, vendo o sorriso dar lugar a uma expressão confusa e irritada- A Emma foi assaltada. Bateram nela! Onde você estava que não pode sequer protegê-la? - Ele jogou, vendo o outro ter um brilho ressentido no olhar enquanto dava ele um passo e fechava a distância entre os dois.

- Realmente. Eu sinto muito por isso. Mas eu cuidei dela assim que pude- o Hanson trocou o peso dos pés, irritado por ter que se explicar para aquele homem, que não era ninguém para ele, mas que o estava confrontando como se fosse- Fiz ela se sentir melhor. Eu estava aqui. Fiz o que pude da maneira que pude, de outra maneira, poderia ter causado algum trauma ou algo pior. Curar as dores e feridas que idiotas deixam nela é o que eu faço de melhor.

-Mas as feridas que você causa sou eu quem cuido- o baixinho retrucou, encarando-o e fitando os olhos ferventes com cada vez mais ódio.

-Isso é entre mim e ela- Caleb retrucou, a voz tremendo com a raiva incontida.

- Você se acha o máximo, não é?- a diferença de altura naquele momento era palpável já que Luke tinha que literalmente olhar para cima para conseguir enfrentar Caleb, que riu alto da pergunta.

- Se a resposta que espera ouvir é "sim", por que não pergunta a Emma, ela pode te responder com mais propriedade...

- Eu ‘tô de saco cheio de você cara! Petulante, arrogante, prepotente ao ponto de acreditar que ela precisa de você pra alguma coisa. Ela não precisa! - ladrou Luke agora em um tom muito mais alto.

Caleb trincou os dentes, abaixando o rosto para ficar ainda mais próximo de Luke, sendo ainda mais visível as veias saltadas de seu pescoço e olho.

- Aí que você se engana, seu imbecil. A Emma pode ser uma mulher incrível, inteligente, independente, mas ainda há uma coisa da qual ela precisa e você não é capaz de dar como eu posso- ele disse e parou para engolir a saliva- Proteção, Luke. É o que eu dou a ela sem que ela me peça. Sabe o que a fez sobreviver ao assalto? Sabe o que a fez esquecer da dor latejante de um soco no olho? Ter alguém do lado dela para dizer o que tudo vai continuar bem. Alguém que fizesse a dor parar. E eu precisei de muito mais do que uma compressa de agua fria. A dor do medo, da angústia, da impotência... Ah...pra isso eu precisei de carinho, afeto, coisa que você, Luke, não pode dar do jeito que eu posso...- ele disse ajeitando alguns fios de cabelo em seu rosto que saíram do  lugar com a exaltação- E outra, você diz que eu não sou chamado... Você sabe quantas vezes eu ouvi ela chamar o meu nome essa noite, otário?

Cada palavra de Caleb reverberava pela sala. Palavras que passaram a reverberar nos ouvidos de Emma, e ela se sentia zonza ao ver a cena a sua frente, apreensiva com o que poderia vir a acontecer, mas as palavras sinceras e firmes a fizeram se acalmar diante da tensão criada.

Já para Luke as únicas coisas que reverberavam era a possibilidade de ele estar certo. "Será mesmo que eu nunca fui capaz de compreender o que a Emma sentia? Será que ele supre uma falta que eu mesmo causei?". Emma e Luke trocam olhares. Seu rosto parecia confirmar suas dúvidas, quando viu que ela parecia melhor agora, depois de uma noite com o outro, do que quando eles ficavam juntos e ela o obrigava a voltar para sua própria casa, alegando que eram apenas “amigos” com benefícios. Ele se martirizava com a posição rebaixada que ela o havia relegado quando sentiu a mão de Caleb tocar-lhe o ombro em um gesto de desdém, como querendo confortá-lo de uma forma zombeteira, e isso o irritou.

- Tira a mão de mim!- ele disse em tom firme e forte.

- Ah...agora sim eu estou vendo o Luke que eu sempre desconfiei! O idiota, e por que não... O enrustido!? O que você vai fazer? Me bater?- o moreno alto riu com escárnio enquanto levantava a mão novamente e a risada se tornou mais alta quando o menor empurrou a mão para longe- Sabe? Eu sou muito bem resolvido com a minha sexualidade, posso fazer o que quero com quem eu quero, e não vou duvidar se ainda continuo o mesmo, mas você... Aposto que você adoraria dar umas porradas num homem de cueca só para satisfazer alguma fantasia que você tem e não admite.... Ta esperando o que?

Luke sorri de forma sarcástica, entendendo na fala do outro que ele já havia feito algo parecido com o que propunha, mas ele não estava nem um pouco interessado. Via uma oportunidade de botar um fim nisso. Um fim na imagem ruim que Emma guardava dele.

O que Luke não percebeu enquanto apertava o braço de Caleb com mais força era a expressão aterrorizada de Emma. Não via que aquele sorriso maldoso apavorava Emma, que se sentia voltando no tempo, quando era tão indefesa que não podia interferir, e apenas gritava para parar. E sua mente dizia que era isso o que devia fazer.

- Meninos, parem!- ela implorou, sentindo as mãos tremendo de leve em apreensão com o que viria.

- Não amor! Acho que temos uma briga de casal aqui. Não se mete! - Caleb a interrompeu mantendo o mesmo sarcasmo, e Emma suspirou se sentindo impotente, não sabendo o que fazer, parada a alguns passos dos dois, que respiravam com força, transparecendo a raiva como dois touros prestes a se enfrentarem.

Luke se irritou com o jeito como Caleb falara com Emma. Não! Aquele era definitivamente o momento para ele acabar com isso. De forma súbita ele segurou os braços de Caleb e o jogou com violência contra a parede logo atrás, ignorando o engasgo assustado da mulher atrás de si, e manteve um dos braços preso na parede mesmo com a resistência de Caleb, e com a outra mão ele pressionou o braço em seu pescoço. Caleb era um homem forte. Não era tão fácil mantê-lo preso dessa forma. Ele tinha que usar o seu peso quase todo contra o pescoço, sufocando-o.

- Cala a boca! Você não tem direito de dar ordens aqui. Você não tem direito a nada, bitch! Acha que pode vir aqui e bancar o príncipe encantado? Acha que é melhor do que eu?

-Ah...Você bate igual uma mocinha- Caleb zombou, rindo alto- Então... Acho que sim- o sorriso de escárnio apareceu novamente, fazendo Luke bufar alto, grunhindo em raiva.

Era difícil para Caleb falar com a garganta pressionada, e ele se esforçava para segurar o braço de Luke, tentando diminuir a força e a dor. E Emma se espantou com a violência, mas permanecia imóvel, oscilando entre o que se passava diante de seus olhos e as cenas em sua memória, revivendo o passado de uma maneira assustadora.

- Então por que você não me mostra? É o seu momento, meu caro - disse Luke em um  tom desafiador, usando toda sua força no rival, espelhando o sorriso sarcástico do outro.

- O momento? Este é o momento em que eu te beijo e mostro pra você mesmo que está aqui mais por me querer do que por querer ela- Caleb alfinetou, gargalhando alto mesmo que isso causasse uma dor absurda em sua garganta, e só fez Luke se irritar ainda mais, como se a raiva subisse por sua garganta e explodisse em sua mente, exigindo uma reação.
- Experimenta beijar isso aqui- ele respondeu enquanto solta Caleb e imediatamente desferiu um soco em seu rosto. O Soco fora tão forte que a cabeça se Caleb é jogada contra a parede. Emma deu um grito de desespero tão alto que qualquer vizinho poderia ter ouvido, e observou enquanto o corte na sobrancelha começava a verter sangue.

-Filho da puta! - Exclamou Caleb levando uma das mãos aos olhos, respirando rápido e tentando se concentrar com a dor.

- O que que foi? Não aguenta o soco de mocinha?- responde, se preparando para das outro soco, ainda mais forte , dessa vez mirado em seu estomago. Ia doer. Ele sabia.

-O que você não sabe, meu caro, é que a dor que causou é pior para você do que para mim- o ex- Controlador sorri, sentindo a ardência no rosto e se divertindo com a expressão confusa do outro logo antes de segurar o braço que vinha em sua direção antes que ele o acertasse- A dor não me afeta como você esperava, não é?

Caleb torceu o braço e aplicou uma chave de braço que aprendera com um colega na faculdade, conseguindo imobiliza-lo, mas isso não era o suficiente. Ele queria vê-lo no chão. Queria vê-lo sangrar.

Emma apenas observava os movimentos fluidos dos homens, como se estivessem em câmera lenta, e só reagiu quando observou Caleb jogar o outro contra a mesinha de vidro no centro da sala. Ela explode em dezenas de pedaços, fazendo Emma voltar a si e gritar mais alto, dando alguns passos em direção a eles e puxando Caleb pelo braço que estava levantado prestes a acertar o outro.

-Parem! Agora- ela puxou com força, sentindo o homem repuxar com raiva, e seus músculos finalmente se esticaram, prontos para puxá-lo com força máxima. Ela consegue tirá-lo de cima de Luke, e o empurra contra a parede, olhando fundo nos olhos raivosos- Como pôde?- ela pergunta com tristeza, olhando para trás onde Luke se levantava e limpava os cacos, tirando alguns de sua camisa- depois de tudo o que te contei, de tudo o que fez, como pôde...?- ela o soltou quando sentiu o corpo se escorar por vontade própria contra a parede do corredor.

Ela deu um passo para trás, tremendo, as imagens ainda assaltavam sua mente, a fazendo fazer uma careta ao tentar afastá-las, e se retesou toda quando sentiu uma mão em seu braço, abrindo os olhos e encarando Luke com uma expressão assustada.

-Emma, eu...

-Vão embora- ela o cortou, soltando-se e andando até ficar longe de ambos- Embora. Já.

-Mas Emma, como você vai para a empresa...?- Luke interpôs, tentando dar um passo em sua direção, o que ela recusou levantando uma mão em aviso.

-Eu não vou hoje, já que terei que limpar a bagunça que fizeram, e muito menos quero ser obrigada a ver a cara de vocês hoje. Só... Vão- ela passou uma mão no rosto, afastando o cabelo desgrenhado e observando os cacos no chão.

Luke se virou e caminhou para fora com um bufo indignado, não sem antes encarar Caleb e deixar claro que a discussão não havia acabado ali. Já o Hanson passou em silêncio por Emma e voltou pouquíssimo tempo depois, já vestido, se esticou sobre o balcão, pegando seu celular e o enfiando no bolso.

Parou de frente com Emma, observando-a evitar olhá-lo, e a obrigou a levantar a cabeça com um polegar sob o queixo, vendo os olhos assustados e marejados dela, sentindo o coração se apertar em uma bolinha temerosa, com ainda mais temor de perde-la do que a primeira vez que a viu nos braços de outro.

-Me desculpe, querida... Eu só...- ela o interrompeu, também levantando a mão em aviso, e deu um passo, se afastando- Eu não pensei que causaria tanto dano em tão pouco tempo, mas ainda quero cuidar de você, então só... Me avise se precisar de algo, ok sweet?- ele esperou que ela respondesse, e assentiu quando ela tentou esboçar um sorriso e falhou miseravelmente- A violência não faz parte de mim Emma, mas o ciúmes sim... Você só tem que entender... Ainda quero que vá ao teste, mesmo deixando em suas mãos a decisão... Ligue para Sage, tire suas dúvidas, já que eu sei que não quer falar muito comigo agora. Mas não me afaste por causa do que aquele babaca provocou...

-O babaca é meu amigo...

-Que te destratou e falou comigo da forma mais chula possível. Ele é um maldito preconceituoso almofadinha Emma, não pode te dar o que precisa...

-Só vá Caleb. Preciso ficar sozinha...

-Ficar sozinha é tudo o que você não precisa agora, mas se quer assim- ele assentiu e deu alguns passos para trás, ainda a encarando enquanto saía pela porta e a fechava com um barulho surdo.

Emma suspirou e se deixou cair sentada no assoalho de madeira, observando os cacos no chão enquanto se acalmava.

***

Na quarta-feira pela manhã Emma se assustou com a batida forte em sua porta. Largou o lápis, fechou a agenda onde escrevia suas anotações e colocou o notebook de lado enquanto mandava quem quer que fosse do outro lado da porta entrar.

A figura esguia e morena passou pela soleira como se fosse dona do lugar, e Sage caminhando em seu escritório pequeno parecia capaz até mesmo de lhe arrancar o fôlego. Os olhos escuros fitaram a morena sentada firme em sua cadeira confortável, o cabelo curto se enrolava em seu pescoço e ressaltava o colar pendurado entre os seios discretos na blusa de linho, e o sorriso mordaz que apareceu em seus lábios grossos enquanto se inclinava sobre o encosto da cadeira de visitas fez Emma sorrir com alguma felicidade de ver a amiga ali.

-Se Maomé não vai a montanha, a montanha vem a Maomé... Ou algo desse tipo- a amiga riu baixinho e fez um gesto com as mãos em desdém enquanto se sentava na cadeira.

-Deixa que eu adivinho... Caleb?- a morena de olhos díspares disse de modo sínico e Sage sorriu mais largamente.

-Não exatamente. Jared me contou sobre o circo que estava rolando aqui, e eu quis ver com meus próprios olhos. Que fique claro que acabei de sair da sala do seu mais novo advogado, e... Mulher, você está em apuros- Sage sorriu e piscou um olho, demonstrando o quão mais leve ela estava depois de tudo o que havia passado e deixado para trás.

-Não estarei se não aceitar...

-Oh, Com’on! Nós duas sabemos que você vai- Sage sorriu de lado, puxando o celular da bolsa- Não seja como eu, minha grande amiga teimosa.... Fiquei meses correndo do homem que hoje me faz sentir mais leve do que nunca.

-Sage, você não entende...

-Não entendo? O que? Que você tem problemas? Que você tem algo te impedindo de se libertar? Deixe eu te contar um segredinho...- Sage se inclinou sobre a mesa, as mangas de sua blusa pousando sobre a madeira escura e o anel grosso em sua mão esquerda chamando a atenção da amiga- Todos nós temos Caleb é a pessoa mais indicada para começar a resolver os seus, e sinceramente? Espero que ele termine também, porque eu nunca vi aquele homem desse jeito...

-Você fala isso para me convencer a ir assisti-lo fodendo alguma puta de dor e achar legal- Emma soltou brava, cruzando os braços e se encostando na cadeira, parecendo uma criança emburrada.

-Ah criança... Você realmente não sabe do que estamos falando- Sage abanou a cabeça em reprovação e depois puxou um cartão de papel de cima da mesa, tomou a caneta de Emma e passou a escrever no verso branco do papel- Toma, eu sei que você é tão curiosa quanto eu, e também sei que depois de tudo o que Caleb me disse, você quer descobrir quem é o verdadeiro Caleb entre o machão-soca-a-cara-dos-outros e o amorzinho vou-me-deitar-e-fazer-carinho. Qual o seu horário de almoço?

-Daqui a... Uma hora e meia- Emma respondeu, deixando os ombros caírem em tristeza depois de olhar no relógio.

-Perfeito. Me encontre nesse lugar- a morena entregou o papel para a amiga, sorrindo enquanto juntava suas coisas e levantava- Vou separar algumas coisas que você possa usar nesse evento, e te asseguro que Caleb me fez prometer ir com você até lá, como acompanhante para te explicar o que não entender... Não fique com medo gatinha, nada vai te morder lá dentro, você já viu como tudo funciona- Sage piscou e se virou, andando até a porta, a fechando com força e deixando uma Emma boquiaberta com quão faladeira a amiga havia ficado depois de poucos meses longe dela.

E Emma ficou enrolando até sua hora de almoço. Luke passou por sua sala mais de uma vez, perguntando se ela precisava de algo, e a resposta era sempre a mesma. Também cruzou com Caleb quando foi até a copa pegar um café, mas diferente do outro, este lhe deu o espaço que ela procurava, e ela sorriu para isso, admirada.

Descobriu por fim que o lugar onde sage a esperava era uma loja de roupas sob encomenda, e encontrou a amiga na parte de couros, obviamente. Ela dissuadiu Sage de fazê-la usar vestidos curtos demais, tops curtos demais, e a convenceu a experimentar uma calça de couro com rebites e uma blusa de malha com um decote mais profundo do que ela gostaria e as alças unidas a um detalhe no pescoço. Emma odiou, mas era dos males, o menor.

-Que fique registrado- Sage disse levantando o dedo enquanto a outra voltava do provador com o conjunto nas mãos- Que eu discordo com sua escolha de roupas e que indico seriamente uma saia... Podemos ter problemas com subs caindo aos seus pés naquele clube, já que você ficou linda e mandona nessa calça apertada- a domme sussurrou e piscou divertida para Emma, que riu alto e pagou pelas vestimentas. As duas foram logo depois almoçar em um restaurante, e Sage quase gemeu em satisfação por poder comer carne livremente sem ter que aguentar a tagarelice de Jared.

Emma ficava mais nervosa a cada menção de Sage sobre o evento, e somente relaxou quando voltou ao prédio da empresa. Subiu as escadas rapidamente, desviou de Luke quando o viu despontar no fim do corredor, correndo para a área de Xerox, e dando de cara com Caleb tirando cópias de um arquivo inteiro. O moreno se virou, observou-a mais uma vez no dia, mas a morena pode distinguir a diferença no olhar dele quando desceu até a sacola e viu o logo da loja. Ele sorriu de lado, fazendo-a morder a parte interna da bochecha em nervosismo. Podia jurar que o ouviu soltar um “mal posso esperar” antes de se virar para a máquina novamente e fingir que tinha algo muito importante para fazer ali, e Emma suspirou baixo quando isso a eximiu de qualquer possível resposta embaraçadora ao que havia acabado de ouvir.

Seus nervos pareciam gritar com ela pela loucura que estava prestes a fazer, mas sua mente a incentivava a ir em frente, a curiosidade pinicando em cada poro de sua pele apesar de uma parte pequena atrás de sua consciência gritasse que tudo aquilo era demais.

Essa pequena parte pareceu aumentar quando o tal dia do teste chegou e ela tentou entrar novamente na roupa que Sage havia lhe ajudado a escolher. A amiga estava na sala, vestida com sua própria calça jeans escura, rasgada e com uma corrente caída ao redor da cintura, contrastando com o corset rendado e delicado em seu busto. Emma tinha inveja da segurança e da maneira orgulhosa que Sage ostentava sua sexualidade, arrumando os cabelos de maneira selvagem, trocando o local da tornozeleira para adaptá-la como uma gargantilha completamente ajustada no pescoço de onde o nome LETO brilhava, a forma como suas costas largas se ajustavam a sua estrutura e exibiam com orgulho as tatuagens coloridas em suas costas; enquanto ela se sentia uma idiota usando aquela roupa colada e seu sapato de salto a irritava.

Ela se olhou no espelho novamente, tentando com o máximo de afinco colocar os cabelos longos sobre os seios e amenizar o decote, mas isso só fazia seus quadris ficarem mais destacados, e então ela finalmente desistiu e pegou sua pequena bolsa, saindo do quarto e indo até a sala encontrar sua guia para adentrar no mundo que ela tanto temia.


Notas Finais


Okay... O que acharam? Confesso que estou com medo de ter perdido a mão nesse... E confesso também que o próximo provavelmente vai atrasar por motivos pessoais( talvez. Quem sabe não. Veremos como a coisa anda...).
Me deixem saber o que acharam ok? Esse é o capítulo que estou mais insegura... E queria agradecer meu super amigo e mozao lá da pqp por ter me ajudado nessa treta... Mozao, nos vemos nas próximas férias kkk


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