— Certo, turma, isso é tudo por hoje – Kagome disse virando-se para os alunos – Shippo, gostaria de falar com você
— ShIIIIIIIIIIIIII, acho que tô encrencado – Shippo disse, fazendo gozação para os colegas
Quando todo mundo saiu, Kagome fechou a porta e voltou a encarra Shippo.
— O que faz um menininho tão doce e gentil, virar esse "bagunceiro" na frente dos colegas?
Shippo relaxou, tirou a mochila das costas e sentou encarando a professora
— Como a senhora pode achar isso de mim? Como sabe que não sou apenas um bagunceiro em tempo integral?
— ah, meu querido, um bagunceiro NUNCA desperdiçaria um dia de folga indo visitar a professora no hospital. Então, você vai me contar o que tanto te incomoda?
— Eu podia querer fazer uma pegadinha – disse dando de ombros
— Me contaram uma história diferente de você... – Kagome abriu a bolsa e tirou duas barras de chocolate, oferecendo uma para o garoto a sua frente e comendo a outra – são uma delicia, experimente.
— Qual sua ideia? Dar guloseimas e me fazer falar? – apesar de tudo, o pequeno youkai aceitou o doce
— Apenas achei que estaria com fome. Então, como vão seus pais?
— Meu pai está bem, ele... é está bem
— Ele parece ser uma pessoa meio difícil
— Um pouco...
— E sua mãe?
— Ela... bem... acontece...
— Ela gosta de chocolate? – Kagome tentou mudar um pouco o foco para algo mais simples
— Sim, quem não gosta? Ela costumava fazer chocolate quente e colocava mini marshmellows, um pouco de canela em pó e dizia que era a "bebida mágica"
Kagome observou que ele falou no passado, o que era muito estranho
— E ela te dá beijo de boa noite
— ah... é... – mas a atenção do menino foi perdida quando viu Jaken pulando na porta para ser visto – acho que é pra você
— Não, definitivamente não sei quem é. Continue falando
— Acho que é melhor eu ir – Shippo levantou pegando a mochila – obrigado pelo chocolate
— Que droga – Kagome falou dando uma generosa mordida no chocolate
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Kagome estava irritadíssima com Jaken
— Não acredito que você fez isso, como pode me atrapalhar desse jeito!
— Eu não sei do que está falando – Jaken respondeu se segurando no console da porta com mais força, aquela mulher estava tentando mata-lo
— Sabe o trabalho que tive para fazer aquele garoto se abrir comigo, me contar algo dele? E com seu showzinho foi tudo por água abaixo! – Kagome disse acelerando mais ainda
— Você estava demorando muito! E com... – Jaken fez uma pausa enquanto Kagome fazia uma curva mais fechada sem ainda correndo – Pelo amor de Kami mulher, pare esse carro!
Kagome freou no sinal vermelho. Ela acariciava a enorme barriga de gestante, cada dia seu pequeno crescia cada vez mais, ela tinha a teoria que aquele crescimento teria a ver com a presença de Sesshoumaru, ou talvez fosse consequência da marcação... bem, a razão não importava, seu filho tinha saúde e era o que bastava, por mais cansada ficasse a cada dia. Ela então, já mais calma encarou o ocupante
— Ora Jaken, você é um youkai completo, não é valente o suficiente? Não vai me dizer que tem medo de um pouco de velocidade
Jaken se afundou mais no carro, aquela mulher estava tentando mata-lo!
— Agora o que posso fazer...? – Kagome disse num sussurro, Shippo guardava um segredo e ela se importava demais com aquele garotinho para deixar isso para lá – o que você faz exatamente para o Sesshoumaru?
Kagome perguntou, dessa vez indo devagar
— Sou o braço direito do sssenhor Sessssshoumaru, servo mais leal e obediente – disse com orgulho
— Só não é muito eficiente né – Kagome disse virando outra esquina, sem olhar para o youkai
— Quê? Como ousa...?
— Conhecendo bem a fama do meu marido, me admira ele ainda manter você por perto
— O que quer dizer?
— Ora, não foi você o responsável por aquele relatório fajuto sobre mim?
— Aquilo foi um mero equivoco – disse como se não tivesse sido nada demais
— "mero equivoco"? Sesshoumaru exige tudo perfeito, me surpreende que ele não o tenha demitido. Kaede sempre deve preparar as refeições dignas de um rei, pratos de primeira linha – Kagome então o olhou com desdém – você mal conseguiu seguir a esposa dele, espero que detetive não seja sua função
— Ora como ousa?! – Jaken já estava se exaltando
— Ah, é exatamente isso! Não me surpreende você não ter percebido
— Não ter percebido oque?
— Ora, parece bem óbvio... Por que você está aqui comigo? Por que você não está em trabalhos essenciais do 'chefe'? Se me perguntasse, eu diria que o seu 'sssssenhor Ssssesshoumaru' quer te distrair com algo... insignificante
Aquilo chocou o youkai, seu senhor o achava um inútil?
— Isso não é verdade, mulher! Meu amo aprecia o trabalho de seu servo
— Você é tão bom, que duvido que achasse sequer uma pessoa desaparecida
— Como ousa?! Não existe trabalho que eu não possa lidar
— Tem certeza...?
Kagome disse olhando de soslaio para Jaken, isso seria muito fácil...
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Kagome chegou em casa. Estava contente por voltar a ativa e pelos avanços obtidos.
— Kaede?
— boa tarde senhora, parece contente.
— e como! Também estou morrendo de fome, pode servir o almoço? Ah, se tiver um filé mignon vou ficar ainda mais contente, passei o dia desejando um pedaço suculento de carne. Sesshoumaru não deve vir, então não precisaremos espera lo
— o senhor já está na casa, vou chamá-lo
— não se incomode Kaede, pode ir preparar a carne de sua senhora
Estando grávida de um inuyoukai, era natural a preferencia alimentar. E com um aceno de cabeça Kaede saiu deixando os a sós num ambiente inquietante.
— chegou cedo – disse tentando melhorar o clima que se instalou
— Não tinha tanto trabalho no escritório
— Vou lavar as mãos, nos encontramos na sala de jantar
— Sabe que não precisa me tratar com toda essa distancia - Sesshoumaru tentou amenizar o clima
— Tentei fazer isso este casamento todo, mas não me trouxe boas coisas
Kagome falou se afastando de Sesshoumaru, que deu um longo suspiro. Aquilo ainda exigiria tempo.
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Na hora do almoço se instaurou um silencio constrangedor
— Ouvi um rumor, que prejudicou Kouga com suas ações da empresa – Kagome começou devagar.
— Existem muitos rumores por ai...
— Então isso é verdade?
Kagome disse largando os talheres deixando de lado sua carne. Aquilo tomou a atenção de Sesshoumaru
— Talvez, agora termine seu almoço
— Então, é verdade que você o fez perder suas ações da empresa? – continuou ignorando o almoço
— Por que isso seria relevante? Termine seu almoço, você queria comer a carne, então coma. Depois conversaremos assuntos mais relevantes
Kagome fez cara de paisagem e pôs as mãos no colo, como o desafiasse. O youkai apenas suspirou, contando mentalmente até dez.
— Sim, eu posso ter mexido uns pauzinhos. Agora coma, você precisa se alimentar!
Kagome voltou a comer, mas não deixaria o assunto para lá
— Então, o que fez com Kouga? – questionou sem encará-lo
— Apenas "peguei emprestado" as ações dele, ele continua sendo sócio da empresa, não foi grande coisa
— Não foi bem esse o comentário
— Você acredita com muita facilidade em fofoca
— Então não é verdade que você reduziu as ações dele para menos de 1%?
Kagome o olhava inquisidora para ele, com aqueles olhos azul profundo, se não fosse tanta loucura diria que ela conseguia ver a alma dele. Como ele tinha vontade de jogar aqueles pratos no chão e a possuir ali mesmo. Mas, por hora, ele apenas iria se resignar com a verdade.
— Sim, reduzi as ações dele para menos de 1%, isso a deixa feliz?
— Como pôde?! Kouga é uma boa pessoa, trouxe bons projetos para a escola da Sango e...
— Por que se importa tanto? Achei que mal o conhecesse – ela não podia defender outro na frente dele
— E é verdade, mas posso ver que ele é uma boa pessoa e isso que fez foi desleal! Por que fez isso com ele?
— Isso não é importante
— Você destruiu uma pessoa por mero capricho? – vendo que Sesshoumaru não esboçava reação, tentou outra tática – Eu realmente não conheço Kouga muito bem, mas me parece injusto o que fez. Seria bom se tratasse as pessoas como se fossem realmente pessoas, e não apenas peças para seus jogos ao seu bel prazer
Kagome falava com ele com simplicidade, mas ele, no fundo sabia que aquilo não era apenas sobre o youkai lobo. Ele a magoara muito no passado, e mesmo que seu orgulho falasse alto, ele sentia necessidade de fazê-la se sentir melhor e se para isso precisaria desfazer a "injustiça" com o lobo... bem... o faria.
— Está bem, vou ver o que posso fazer para restituir as ações do Wolf, mas isso não significa que quero você andando por ai com ele.
Disse estreitando o olhar de aviso. Aqueles picos de ciúme as vezes eram cansativos, essas horas ela se sentia prisioneira.
— Obrigada – foi a única coisa que ela disse a respeito, até que lembrou outro assunto – já que estamos falando de "fofocas"... você também não saberia nada a respeito do sumiço do meu professor Naraku, não é?
— Nem imagino do que está falando
Ele disse com simplicidade e qualquer um acreditaria nas palavras do youkai, mas algo em seu olhar fez Kagome desconfiar da resposta e quase podia jurar ter visto satisfação neles.
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