História Scars Of Talent - Chapter Sixteen

Aquele era o pior dia de sua vida. Ter ganhado o papel principal no teste não valia absolutamente nada para Mark sem Dorine ao seu lado. Sua mãe, a pessoa que ele mais amava em todo o mundo, estava morta por causa de seu pai.

Pai.

Não poderia chamar aquele monstro de pai, não depois de tudo o que ele havia feito. Poderia perdoá-lo um dia por tudo o que ele o fez passar, por todas as surras e xingamentos, mas agora não tinha mais volta.

Mark estava tomado por ódio e tristeza, o segundo com muito mais intensidade. Jackson, que não havia saído do lado dele desde que os dois chegaram à casa dos Tuan, levou o menor até seu próprio apartamento, levando consigo algumas roupas do mesmo enquanto este continuava paralisado, chorando silenciosamente.

Naquela noite, o pequeno Tuan não conseguiu dormir. A imagem de sua mãe sem vida em seus braços passava repetidamente em sua cabeça, juntamente com as inúmeras lembranças boas que construíram juntos. Saber que tudo aquilo estava acabado por causa da pessoa que deveria protegê-la e amá-la acima de todas as coisas era o que mais causava raiva e repulsa no bailarino.

E então, a manhã chegou. Jackson estava resolvendo as questões do funeral, pois sabia que Mark não teria cabeça pra fazer nada naquele momento. Ainda era de manhã bem cedo quando o Wang bateu na porta de seu quarto, que havia cedido ao mais novo.

-Mark... – o loiro abriu a porta, encontrando o menor vestido de preto e completamente destruído em sua cama. Seu coração se quebrou ao ver aquela cena. – Está na hora.

Mark nada disse, apenas levantou-se e foi até onde Jackson estava. O abraçou sem forças, se sentia exausto e tudo o que queria fazer era acordar daquele pesadelo terrível em que se encontrava.

Mas ele nunca acordaria.

O caminho até o cemitério foi silencioso, como era de se esperar. O silêncio às vezes era interrompido por alguns soluços do menor, que ainda chorava copiosamente. Tudo o que ele conseguia sentir no momento era o vazio que havia tomado conta dele.

Jackson, por outro lado, sentia-se no dever de estar com Mark e dar todo o apoio que ele precisasse, mas ainda não entendia o motivo de se sentir assim. Sua mãe havia dito a ele que já estava na capela para dar apoio ao mais novo e que havia levado algumas pessoas da companhia dela.

O bailarino e Dorine não possuíam família por perto e o Wang não havia conseguido contato com ninguém. Portanto, quando chegaram à capela do cemitério, não se surpreenderam ao ver poucas pessoas por ali. Mark desceu do carro, amparado por Jackson e logo Zhou veio abraçá-lo, dizendo palavras de conforto que o mais novo não conseguiu prestar muita atenção, imerso em sua própria dor.

Tudo o que fez foi retribuir o abraço e assentir enquanto ela falava. Não conseguiria sorrir mesmo que tentasse. O Tuan tentava se controlar e não chorar na frente das outras pessoas, mas não conseguiu conter-se ao ver o caixão aberto, com o corpo de sua mãe sem vida jazendo ali. Correu até ele, abraçando-o superficialmente e começou a chorar novamente.

Todos presenciavam a cena em silêncio. Ninguém se atrevia a falar nada, em respeito à dor de Mark. Logo o pequeno Tuan começou a cantar a música que Dorine costumava cantar para ele quando o mesmo tinha pesadelos. Ele esperava que aquilo acabasse e seu sofrimento passasse.

Depois de algum tempo ali, Jackson decidiu que eles tinham que encerrar aquilo tudo. Mark estava na mesma posição há muito tempo, cantando músicas e falando baixo, como se contasse um segredo que só ele e sua mãe poderiam saber. O loiro ajeitou os óculos escuros em seu rosto e caminhou até o menor, o abraçando pelos ombros.

-Mark, vamos deixar sua mãe descansar. – o mais novo o encarou com seus olhos ainda inchados e assentiu, levantando-se do chão, onde se encontrava ajoelhado.

Abraçou Jackson enquanto observava os funcionários do cemitério fecharem o caixão e seu coração se partia em mil pedaços por saber que nunca mais veria sua mãe de novo. Nunca mais sentiria o abraço dela. Nunca mais receberia os carinhos ou o sorriso recheado de alegria, mesmo que sofresse tanto. Nunca mais ouviria seus conselhos ou sua voz dizendo o quanto se orgulhava dele.

Raymond tinha estragado tudo aquilo.

Os dois, ainda abraçados, acompanharam o cortejo fúnebre, sendo seguidos por Zhou e pelos outros bailarinos que estavam ali, dando suporte a ele naquele momento. Logo chegaram à cova, que já estava aberta e abaixaram o chão sob o olhar triste do Tuan. Ali, enquanto cobriam o caixão de terra, ele percebeu que sua vida agora tinha um novo sentido.

Seria bem sucedido, como sua mãe queria que fosse. Daria tudo de si para que ela se orgulhasse dele, onde quer que ela estivesse. A lembrança dos olhos pequenos de Dorine Tuan enquanto sorria, o fariam continuar tentando, mesmo que tudo desse errado. Era isso o que Mark vinha fazendo durante toda a sua vida.

Ele sempre continuava tentando.

Mesmo depois de ter sido julgado, xingado, humilhado e espancado, ele continuou tentando. E agora, com a perda de sua mãe, o bailarino continuaria tentando por ela e também por ele mesmo. Provaria ao mundo que ele conseguiria ser forte, que conseguiria ser perfeito.

De longe, Jaebum observava a cena. Sua atenção estava presa ao casal abraçado; sabia que a mãe de Mark havia falecido, mas queria falar com ele a sós, em outro momento. Viu o momento em que Jackson depositou um selar nos lábios pálidos de Mark e analisou aquilo repetidamente em sua cabeça.

 O menor estava claramente derrotado, destruído e parecia que o loiro queria protegê-lo. O empresário só tinha visto o Wang daquela maneira com uma única pessoa e o desenrolar da história dos dois havia deixado marcas profundas que ainda não haviam cicatrizado.

Mark não mais chorava. Acreditava ter perdido a força pra chorar e aceitou o gesto de carinho exprimido por Jackson. Estava imensamente agradecido a ele por tê-lo acompanhado durante todo aquele processo, não conseguiria fazer nada no estado em que se encontrava.

Mas, infelizmente, sua vida teria que continuar sem sua mãe.