Ben Drowned é um filho da puta.
É claro que eu já sabia disso, afinal ele trabalha para Zalgo e é inimigo do Slendy, sem mencionar, é claro, que ele matou os meus pais e ia me matar.
Eu estou com uma leve suspeita de que Ben conseguiu localizar meu endereço de IP, porque vejo a cara feia dela pelos cantos mais aleatórios da internet.
Encosto do caralho.
Agora eu abro a Google e lá esta a cara feia dele no lugar do primeiro "O"!
Vou perguntar pro Slender depois como que eu exorcizo essa praga.
— Senhorita Montgomery! — chamou a garota do Starbucks, me entregando o meu café
Eu agradeci distraidamente e saí da loja tomando um gole enquanto aumentava o volume da música que tocava através dos fones de ouvido.
Eu mal coloquei o celular no bolso antes do caos tomar conta de tudo.
Eu estava tranquilamente bebendo meu café, quando pessoas passaram por mim correndo e berrando, quase me atropelando no processo. Olhei confusa e tirei um dos fones, tentando descobrir o motivo daquilo.
Mais pessoas vieram correndo e carros pararam, causando uma série de engavetamentos fodidos e o quase atropelamento de uma garotinha retardada que estava no meio da pista.
Sinceramente, eu não levo o mínimo jeito para heroína, então meu primeiro instinto não foi correr para a fonte do problema e salvar o dia. Mas o meu instinto também não era simplesmente fugir com todo esse povo inútil, pelo menos não sem saber o que estava acontecendo.
Afinal essa é a América e se o problema for atentado terrorista, sair correndo à pé desesperadamente não vai adiantar porra nenhuma.
Então eu segurei pelos ombros a primeira pessoa que passou por mim e perguntei, alto para tentar me fazer ser ouvida no meio de tanta confusão:
— O que está acontecendo?
— Corra por sua vida! Corra por sua alma! — berrou o cara
Ele tentou se soltar e fugir, mas o segurei firme. Super poderes de super vilões, yoohoo!!
— Me diga agora que porra está acontecendo!
— É um demônio! Um demônio! Deus está nos punindo por causa das aberrações que criamos! Deus está nos punindo!
Eu o soltei, caso o óbvio transtorno mental dele fosse transmissível e parei por um momento, ouvindo ele gritar "Deus está nos punindo"enquanto corria.
Um demônio, foi o que ele disse. Bem, aquele cara era claramente um maluco, mas é improvável que toda essa gente seja também. Então fugindo de alguma coisa.
Eu não estava afim de ir. Nem um pouco. Parecia ser só uma estupidez paranoica, (mais) um atentado terrorista ou uns alienígenas rebeldes (de novo). Mas a palavra "demônio" não saía da minha cabeça, repetindo e repetindo como um fodido eco, seguido pela frase que eu disse para a moça da biblioteca.
"Não se sabe ao certo sua origem, mas Zalgo deve ser um demônio".
Mas isso não é possível, certo? Slender saberia se Zalgo tivesse vindo para essa dimensão.
Cerca de 80% dos neurônios que ainda estavam operantes me diziam que era improvável que Zalgo tivesse conseguido vir para este plano, que Slender não permitiria isso e que, se fosse para Zalgo vir, não viria logo para Nova York, a mesma cidade que eu estou de castigo.
Mas esses 20%...
Bem, não custa nada verificar, certo? Se for nada demais, ótimo, se for um certo demônio...
Melhor não pensar nisso agora.
Comecei a correr na direção contrária da multidão, bebendo rápido o meu café. O que foi, essa porra é cara! Não vai ser um demo do caos que vai me... E então um desgraçado esbarrou em mim e lá se foi o meu café na minha amada jaqueta.
Não posso matar ninguém. Não posso matar ninguém. Não posso matar ninguém. Não posso matar ninguém. Não posso matar ninguém.
O foco de todo esse pandemônio de pessoas desesperadas e acidentes foi o Central Park e, sério, estava um verdadeiro caos.
As pessoas, todas elas, pareciam estar em um estado de desespero tão fodido que socavam, estapeavam, empurravam, chutavam e pisavam uma nas outras para fugirem o mais rápido possível. Haviam pessoas sando pisoteadas e outras sendo esmagadas entre corpos assustados até não poderem respirar.
Aquilo parecia como o Inferno.
Foi difícil chegar até o parque, eu quase fui arrastada e ganhei algumas marcas roxas de presente, mas garanto que as pessoas que fizeram isso ficaram piores.
No parque tinha a polícia, mais pessoas, tiroteio, gritos e uma coisa que foi o que mais me chamou atenção. Na parede de um daqueles arranha-céus enormes, sobre as janelas espelhadas, estava escrito em letras enormes numa tinta vermelha que muito provavelmente era sangue:
"HE COMES"
Merda.
Malditos 20%!
Eu enfiei a mão no bolso para pegar o meu celular, na intenção de ligar para o primeiro filho da puta da mansão que aparecesse na lista de contatos, quando fui brutamente derrubada contra a grama por um corpo pesado. Meu rosto retorceu de nojo quando vi as órbitas vazias pingando sangue em mim.
— Ew! Isso é nojento, porra!
— ... Mad... Ison...
Sou a primeira a admitir que gelei dos pés à cabeça quando ouvi, principalmente porque cada zumbi semi-morto do Zalgo começou a repetir o meu nome, uma voz ecoando a outra.
Isso é assustador pra caralho.
Eu não hesitei um segundo sequer antes de empurrar o que estava em cima de mim e sacar o celular. Tive que digitar os números e correr ao mesmo tempo, porque estavam todos ME perseguindo e eu sou muito nova para morrer.
— Maddie! — que ótimo, só tem uma criança na casa e foi justamente ela que atendeu. Quando eu voltar vou tacar todo mundo na Casa sem Fim!
— Hey Sally! O Slendy está por aí?
— Não... Você está ofegando? Porque?
— Estou sendo seguida. Sally, quem está na casa agora?
— Hmm... O EJ e o cachorrinho do Jeff. Quem está te seguindo? Precisa de ajuda?
— Preciso que passe o telefone para o EJ, por favor Sally.
— Okay...
Houve uma pequena pausa, na qual eu fui quase capturada duas vezes e tive que chutar a cara de um que resolveu que seria legal agarrar as minhas pernas.
Grr!
— Mad? Sally disse que está sendo seguida.
— Eu estou seguida por uns... Bem, muitos, muitos zumbis do Zalgo.
— ZALGO??
— Sim, porra, avisa todo mundo que eu estou fodida.
— Você precisa sair daí, Mad.
— EU TO TENTANDO PORRA!!!
— Eu estou a caminho.
Ele desligou e eu o xinguei do espírito maldito dele até a gosma preta que sai dos seus olhos vacilões.
Quando um dos zumbis quase me pegou (de novo), eu virei e gritei palavrões para os policiais inúteis que continuavam atirando mesmo não tendo efeito absolutamente nenhum. Vou me certificar de matar eles com uma faca de plástico se eu sair dessa.
De repente, uma coisa absurdamente rápida passou voando por mim, seguido por sons de tiros. Eu não parei de correr, pelo menos até dar um encontrão num cara e só não ter caído com tudo no chão por que ele me segurou pelos ombros.
— Você está bem?
— Pareço bem? — bufei
Recuei alguns passos e olhei para ele. Meu queixo caiu.
É impressão minha ou esse cara é o Capitão América?
— Você sabe o que está acontecendo? — ele perguntou — Porque estas coisas estão te seguindo?
— Sei lá! — bufei, e fui tentar passar por ele para fugir, quando vi uma certa pessoinha ali.
A moça da biblioteca.
Só que ruiva, com roupa colada e armada até os dentes.
— Você! — exclamei
— Olá, Madison — ela disse, na maior naturalidade e cinismo. Essa vaca devia trabalhar para o Slender — Você terá que vir conosco.
— Nem por um caralho — retruquei
Eu virei e corri. Ela não pôde me seguir imediatamente, afinal haviam filhotinhos zumbis de Zalgo por todo lado, mas foi só eu virar a esquina para ser cercada por pessoas armadas.
Quando eu acho que já fui ferrada o suficiente...
— Madison Montgomery, você está presa por representar um risco à segurança nacional. Tem o direito de...
...vem a vida (ou o karma, depende do ponto de vista) e me ferra mais ainda.
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