História School days, rival days - Rivalidades podem ser solucionadas?

  Segunda feira, oito e meia da manhã, estava trinta minutos atrasado para a Educação Física, simplesmente porque os caras decidiram exatamente naquele dia pegar todas as minhas roupas e me fazer correr atrás delas, ainda faço eles pagarem.

Nossa, mas sua vida é mesmo uma droga, você deve estar pensando, então deixe que eu mesmo lhe apresente o meu mundo, o mundo de Len Kagamine.

Aparentemente ter 14 anos e ter passado dois anos colegiais pela minha inteligência que ainda procuro para passar para o segundo ano do ensino médio da Young Sakura  é algo para se comemorar. Bem, não quando você é um tampinha com uma aparência um tanto feminina cercado de caras musculosos que ficam com mais de três garotas numa mesma festa. Não quando você tem uma irmã gêmea que te faz passar por situações vergonhosas e que posta coisas no jornal de seu colégio sem se importar com o que você pensa sobre isso. Não quando você faz parte de uma gangue peculiarmente doida, o que eu não faço questão de tentar deletar da minha vida, já que ela é como um ímã. E o principal:

Não quando você está numa guerra colegial.

Isso mesmo. Uma guerra colegial. Praticamente toda a escola se dividiu em dois lados: os que estavam do meu lado e os que estavam do lado dela.

Sim, dela, Miku Hatsune. Minha rival desde infância, digamos. Não me pergunte o que vi naquela garota, mas as atitudes totalmente boazinhas dela, aquele sorriso, o fato de como ela consegue derrubar sua vida... É isso o que a torna perigosa. E não ache que estou com inveja, parece que ela quer que eu perca essa guerra!

E o meu lado é o lado dos excluídos, dos rejeitados, dos renegados, dos Chilledren, foi assim que nos chamamos. Perdemos tudo, até um pouco do respeito dos professores perdemos. Somos como escravos, não temos o direito de dar a palavra. O que falamos é o errado, o que não deve ser seguido.

Estávamos em época de Olimpíadas, algo que eu particularmente odeio. Não preciso nem dizer que a vencedora será Miku Hatsune, né?

Hoje seria meu time contra o time da Miku, não fiz questão de forçar ninguém a entrar no meu grupo, estava bem feliz com o meu próprio, com as pessoas que eu conheço. Éramos 7 pessoas, descontando aquelas que foram obrigadas a entrarem no nosso time.

Fukase, o garoto incêndio. Perdeu seu irmão mais novo num incêndio e desde então tem algo pelos tais desastres. Nem tentamos discutir isso com ele, mas o aceitamos como um igual e nos divertimos com suas atitudes malucas.

Gumi, a crânio do grupo. É com certeza a mais inteligente e esperta de todos nós. Também é forte e ágil. O único problema que a fez entrar para o nosso lado foi seus pensamentos um tanto bizarros. Mesmo assim, considero ela uma das melhores pessoas para se pedir conselhos.

Meiko, não se meta com essa garota, ela é uma mestra nas artes marciais e poderia facilmente imobilizá-lo. Apesar de seu corpo invejável, ainda não pretende ficar com ninguém, nas palavras da mesma:

— São todos uns idiotas nessa idade.

Dizem por aí que já rejeitou mais de cem garotos, acho que isso é um exagero.

Rinto, é meu primo, então tenho um grande contato com ele. Embora seja extremamente bondoso, o trouxe para cá porque sabia que abusariam de sua boa vontade. Pena que eu não percebi as consequências, porque ele é um boca grande, nunca consegue guardar segredos e tem pequenas amizades com o lado da Miku. Um tapado de primeira.

Gakupo, eu tenho que dizer, esse cara arrebenta! Parece que ele veio de um anime shounen, é um descendente de uma grande linhagem de samurais, passa o tempo lendo certos pergaminhos que, de acordo com o tal, são indecifráveis. Por outro lado, é alguém bem brincalhão e que não vai sair da sua cola antes de te fazer rir.

E por último, Haku, é a tão famosa tumblr gótica, apesar de sua personalidade meio kuudere, é alguém forte e corajosa, consegue facilmente rastrear sistemas, uma hacker de primeira categoria.

O juiz estava com a bola em mãos e sinalizou para que eu e minha rival nos aproximássemos do centro da quadra.

— Quero uma disputa justa e honesta... Certo? — ele disse aquelas palavras se dirigindo para mim.

Ambos de nós assentimos rapidamente, após isso, Miku me dirigiu um belo cumprimento:

— Boa sorte.

Olhei para o lado para evitar fazer contato visual com ela e então escutemos o apito indicando que o jogo havia começado.

Claramente por centímetros de altura, Miku conseguiu pegar a bola, passando para Teto, uma atleta de ginástica do nosso colégio, que hoje ostentava com seus cabelos presos em um rabo de cavalo que tinha trancinhas ao longo do mesmo.

Nem precisei falar para Fukase atacar, ele já entendeu a mensagem apenas pelo meu olhar, correu em direção a bola e fez com que Teto se distraísse, podendo assim pegar o objeto esférico e passar para Rinto.

— RINTO, LEMBRE-SE QUE A GENTE É DO SEU TIME! — gritei, da última vez perdemos porque esse idiota deu a bola pro time adversário.

Ele assentiu com a cabeça e passou para Meiko, que deslizou no chão e passou para Haku, que tentou fazer uma cesta, porém não conseguiu, mas Gakupo deu cobertura para ela, ainda bem.

O alto passou a bola para trás, apresentando alguém que já estava sumida no jogo, Gumi. Um sorriso psicótico correu por sua face, assim como ela correu pela quadra, só que no último segundo, ela foi derrubada por um cara qualquer.

— Ai, merda — murmurei, eu sabia o que viria depois.

Gumi parou por um instante, trocou a posição, assim ficando em cima de quem a derrubou e começou a desferir socos.

— NUNCA... MAIS... MEXA... COMIGO!

Corri para afastá-la de lá, mas já era impossível: mais uma vez, tínhamos sido desclassificados.

— A vitória vai para o time azul! — ouvi aplausos por todo o lugar, enquanto todos do nosso time de consolavam entre si, é nessas horas que eu me sintia um fracasso como líder.

Era hora de nos cumprimentamos, nenhum de nós estava com vontade de fazer isso, portanto tiveram de nos obrigar. Até aí tudo bem, eu estava cumprimentando o último cara quando ele decide me dar um soco e me derrubar.

— Fracassado, volta pra casa da mamãe! — ele falou, me enchendo de raiva.

— Se quiser imobilizo esse daí em um segundo. — Meiko se ofereceu, estendendo sua mão para me levantar.

— Não precisa, esses nunca aprendem. — passei minha mão pela bochecha, ela estava inchada.

— Vamos indo então. — ela falou melancolicamente.

Oito e trinta e cinco, intervalo, finalmente!

Eu já estava de volta ao jogo, mas antes eu precisava dar uma palavrinha com uma pessoa.

Segui um corredor até o seu final, onde uma porta dizia “Sala do jornal”, bati nela três vezes até escutar um “Entra!”.

— E aí, Rin. — me joguei numa cadeira qualquer, observando minha irmã lendo o jornal com satisfação.

Ela era quase igual a mim, tirando a parte que deixava seus cabelos soltos e os enfeitava com uma tiara que tinha colada nela um grande lacinho branco.

— Oi, Len! Belo jogo o seu — me irritei um pouquinho com esse comentário, mas sabia que a intenção da minha irmã não era a de ofender naquele momento — Não fique nervoso comigo, mas... Eu postei sobre ele no jornal. — ela murmurou, mas consegui escutar perfeitamente.

— VOCÊ O QUÊ?! RIN, EU VOU TE MATAR! — segurei ela pelos braços, totalmente ensandecido.

— CALMA E ME ESCUTA! — ela se recompôs lentamente — Fui obrigada a fazer isso, eu não tive escolha. E se você estiver pensando em deletar, saiba que perdeu a chance, já foi postado. Me desculpa?

— Vou pensar no seu caso. Vamos, temos reunião da Chilledren.

Ela se levantou, pegou sua pasta e seguiu sem mim até lá.

Passei pelo refeitório e fui atacado por uma raiva: o lugar estava infestado de gente adversária, esse era mais um local no qual tínhamos perdido o direito de ficar.

Miku ria entre seus amigos, devia estar pensando “Nossa, você viu esse jogo? Eles são horríveis!” e falando outras coisas com os amigos falsos dela! Embora, tenho de admitir, a risada dela é encantadora, mas todos os outros pontos negativos matam esse ponto positivo.

Voltei ao meu mundo e olhei para frente, como líder eu não podia me atrasar para a reunião. Segui até o depósito do zelador, se você fosse uma pessoa desatenta não perceberia nada de diferente lá, mas só os membros do Chilledren sabiam algo especial.

Empurrei a prateleira móvel para a esquerda, puxei uma escada que estava jogada lá no canto e a apoiei na parede, com todo o cuidado subi nela, escutando o ranger do objeto, olhei para cima, lá estava a porta secreta. Era apenas um quadrado pequeno com um círculo de ferro para puxá-la para baixo, estava tão bem escondida por trás da prateleira que ninguém perceberia.

Impulsionei meu corpo para frente, apoiando logo depois minhas mãos no chão de madeira, lá estava o quarto secreto, um quarto vazio e um pouco empoeirado, um lugar perfeito para reuniões secretas.

Todos já estavam lá, olhando um para o outro, pareciam que já tinham feito uma reunião sem mim.
Tossi um pouco para chamar a atenção deles e comecei a falar:

— Quinquagésima quinta reunião da Chilledren começando, todos presentes, ótimo. Bem, primeiramente eu queria dizer sobre o nosso jogo de hoje e...

— Len, precisamos falar de algo mais importante, agora. — Fukase disse, examinando suas pontas de cabelo avermelhadas.

Eu estava com muito medo do que eles falariam sobre. Será que iriam me tirar do cargo de líder?

— O que, caras? Tipo, nós sabemos que perdemos, mas isso não era o que esperávamos? — olhei para todos, tentando quebrar o gelo.

— Isso mesmo, Len, isso mesmo... Sempre sabemos que vamos perder. E é exatamente isso que estamos falando. — Gakupo disse, afastando Rin que estava brincando com o seu cabelo.

Eu estava odiando o rumo que essa conversa estava levando.

— O que vocês querem dizer? — perguntei, apavorado.

— Len, não que sejamos contrários a você... — Haku iniciou, me olhando de canto.

— Mas estávamos pensando em acabar com a Chilledren. — Rinto falou, coçando sua cabeça, envergonhado.

Abri um perfeito o em minha boca. Eles não podiam estar dizendo isso na minha frente!

— Não é possível! E todo o nosso trabalho...

— Deixe-nos terminar, nanico — Gumi me interrompeu — Estávamos pensando, não estamos mais, porque encontramos um plano perfeito para vencermos.
Engoli em seco, prosseguindo.

— Q-Que plano?

— Você vai namorar a Miku.

Berrei, isso era inadmissível!

— VOCÊS PIRARAM?!

— Não, Len, não piramos. Isso faz total sentido, se você for gentil com a Miku, talvez ela compreenda que você queira parar essa guerra. — Gakupo me explicou.

— M-Mas... Rin, me ajuda aqui! — olhei para a minha irmã, desesperado.

— Eu não gosto dessa ideia, mas se você quer derrotá-la, é o único jeito.

— Só pense, tá? Essa pode ser a maior decisão da sua vida. — Gumi falou, encerrando aquela reunião.

Saímos de lá calados, eu mais ainda. Como é que eu faria algo assim?!

Na sala de aula, vi Miku ajudando os colegas a compreenderem Física. Ela é totalmente meu contrário! O que eu faria para conquistá-la?

— Anh, Len? Você tá com alguma dificuldade? — droga! Fiquei tanto tempo preso nos meus pensamentos que não percebi que ela estava se dirigindo a mim!

E então foi aí que minha mente começou a pensar no primeiro passo.

— S-sim. Na verdade, eu não tô entendendo bem a matéria, você poderia me ensinar?

— Ai, ai, isso vai demorar... — ela estava chegando exatamente onde eu queria — Ah, você quer que eu te ajude a estudar? Pode ser na quarta feira, que tal?

EU NUNCA PENSEI QUE EU FOSSE TÃO VITORIOSO! Ela tinha caído na isca!

— C-claro! Pode ser na minha casa, sim?

— Certo, então. Te vejo depois, Len. — Miku sorriu para mim, só depois percebi que havia um pedaço de papel com o número dela escrito.

Não esperava a hora do sinal tocar e finalizar aquele dia de guerra, enquanto saía, fui recebido com alguns empurrões nas costas, nada de tão diferente.

Encontrei Rin sentada na escadaria da saída, então a ajudei a se levantar.

— Você estava demorando... — falou, enquanto me examinava, sabia que encontraria algo de novo em mim em poucos segundos, então decidi encurtar para ela.

— Consegui meu primeiro passo, a Miku vai vir para casa na quarta feira, ela até me deu o seu número, olha. — entreguei o papel para a Rin, ela esboçava um sorriso de surpresa.

— Ótimo! Eu consegui também mais algumas informações sobre a Miku.

É nessas horas que eu me orgulho de ter uma irmã tão espiã!

Forcei ela a me contar tudo, então finalmente ela abriu a boca:

— Sabe como é né... A Miku acha fofo pessoas com essa sua aparência, mas nada capaz de apaixoná-la tanto. Ela tem uma certa queda por certos clichês e também por pessoas misteriosas. 

— Isso é a melhor coisa do mundo!

— Só temos um probleminha...

Comecei a ficar preocupado: qual era o tamanho daquele probleminha?

— Digamos que... Temos certos rivais. Mas o mais poderoso é o Kaito.

Kaito, aquele nome me deu um arrepio de raiva na espinha. Ele era do Chilledren, mas quando botou os olhos na Miku, mudou de lado em um instante. Perdemos maioria dos nossos direitos por culpa dele, desde então nunca tocamos em seu nome em nenhuma das reuniões. Ele era um traidor e parece que de novo eu vou ter que encará-lo.

— Tudo bem. Acho que eu aguento.

— E sobre isso de ser misterioso... Bem, você já tem isso, né? — um sorriso confidencial surgiu em nossas bocas com aquele comentário.

Era um segredo para todos, mas eu sou um herói, digamos assim. Me apelidaram de Capa Vermelha, mas alguns descobriram a primeira letra do meu nome e me chamam de L. Não é nada demais o que faço, porém me meti em uma confusão com um ricaço cientista mafioso conhecido pelas bandas como Deus Ex Machina e atualmente minha função é derrotá-lo. Soa clichê, mas eu sei que é mais do que isso.

— Sim. Vamos logo, eu não quero me atrasar para salvar alguém.

— Claro.

Fomos andando até nossa casa, ao chegarmos lá, corri para o meu quarto, que estava bagunçado, revirei o meu guarda-roupa e encontrei meu traje de herói: a maior parte era branca, mas eu vesti botas pretas e uma capa vermelha, além de um um lenço vermelho cobrindo a minha boca e um capuz branco.

— Vamos nessa, Capa, conto com você. — sussurrei para mim mesmo.

Eu estava saindo de casa, até que Rin me parou.

— O que foi agora?

— Isso aqui.

Ela me entregou uma carta, que dizia:

“Nova missão de Oukim: conquistá-la.

De seu herói,
                                                                                                                                                                                                              Oukim”

O que foi isso?! Com certeza era uma declaração! Mas quem era Oukim? E o que estava querendo com minha irmã?!

— Cuido disso depois, tá, Rin? Deve ser só um garoto querendo te pertubar.

— Volta logo, não quero arrumar uma desculpa qualquer pro síndico do condomínio. — assenti com a cabeça, saindo de lá o mais rápido possível.

Verifiquei meu celular enquanto ele me enviava as coordenadas.

— Parece que uma pessoa precisa de ajuda na rua Senbonzakura... Essa é a mesma rua do meu colégio!

Fui saltando prédio por prédio para ninguém me descobrir, ainda bem que sou bom nisso, senão eu morreria.

Me agachei um pouco para ver a situação, mas quando dei conta de quem eu estava observando, quis desmaiar.

— M-Miku?