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História Se Houver Amanhã (Nemi) - O equívoco


Escrita por: demetrizando

Capítulo 7 - O equívoco


Tudo estava acontecendo em câmera lenta com outra pessoa. Demi observou-se sendo levada pelo aeroporto, algemada a um dos guardas, as pessoas se virando para olhar. Foi empurrada para o banco traseiro da viatura. O carro partiu, a luz vermelha piscando, a sirene gemendo. Ela se encolheu no banco, tentando tornar-se invisível. Era uma assassina. Joseph Romano morrera. Mas foi um acidente. Ela explicaria como aconteceu. Tinham que acreditar nela. Tinham que acreditar...

A delegacia de polícia para onde Demi foi levada ficava no distrito de Algiers, na zona oeste de Nova Orleans, um prédio sombrio e agourento, com uma aparência de desolação. A sala da frente estava cheia de pessoas de aspecto deprimente... prostitutas, cafetões, assaltantes e suas vitimas . Demi foi conduzida à mesa do sargento de plantão.

Um dos guardas disse:

-  A mulher Lovato, sargento. Nós a pegamos no aeroporto, tentando escapar.

- Eu não estava...

- Tirem as algemas.

As algemas foram removidas. Demi recuperou a voz.

- Foi um acidente. Eu não tinha a menor intenção de matá-lo. Ele tentou me estuprar e...

- Você é mesmo Demetria Lovato?

 - Sou, sim. Eu...

 - Levem-na para a cela.

 - Não! Espere um instante! – Demi disse desesperada. - Preciso telefonar para alguém. Eu... eu tenho o direito de dar um telefonema.

O sargento soltou um grunhido irónico.

- Conhece a rotina, hem? Quanta vez já esteve em cana, meu bem?  

- Nenhuma. Esta é...

- Pode dar um telefonema. Três minutos. Que número você quer?

Demi estava tão nervosa que não conseguia lembrar o telefone de Wilmer. Não conseguia sequer recordar o CÓDIGO de área para Filadélfia. Seria dois-cinco-um? Não. O número era outro. Ela agora tremia.

 - Vamos logo. Não posso ficar esperando a noite inteira.

 Dois-um-cinco. Era isso! - Dois-um-cinco-cinco-cinco-cinco-nove-três-zero-um. O sargento discou o número e entregou o telefone para Demi. O telefone chamava, chamava. Ninguém atendia. Wilmer tinha que estar em casa.

O sargento disse:

- Seu tempo acabou. Ele estendeu a mão para arrancar o telefone de Demi.

 - Espere, por favor! - gritou ela. Mas, subitamente, lembrou-se que Wilmer desligava seu telefone à noite, a fim de não ser incomodado.

O sargento indagou:

 - Já acabou?

Demi fitou-o apaticamente e murmurou:

- Já, sim. Um guarda em mangas de camisa levou Demi para uma sala, onde ela foi fichada e lhe tiraram as impressões digitais. Depois, foi conduzida por um corredor e trancada numa cela, sozinha.

- Terá uma audiência pela manhã - informou o guarda afastando-se e deixando-a sozinha

Nada disso está acontecendo, pensou Demi. Tudo não passa de um terrível pesadelo. Oh, Deus, por favor, não permita que nada disso seja real!

As horas da noite se arrastaram interminavelmente. Se ao menos eu conseguisse entrar em contato com Wilmer! Precisava dele agora mais do que já precisara de qualquer outra pessoa, em toda a sua vida. Eu deveria ter-lhe contado, em primeiro lugar. Se o fizesse, nada disso teria acontecido.

Às seis horas da manhã, um guarda entediado trouxe para Demi um café morno e um mingau de aveia frio. Ela não foi capaz de tocar. O estômago se achava completamente contraído. Uma inspetora veio buscá-la às nove horas.

- Está na hora, queridinha. A mulher destrancou a porta da cela,

- Preciso dar um telefonema - disse Demi. - É muito...

- Mais tarde. Não vai querer deixar o juiz esperando. Ele é um filho da puta mesquinho. Ela acompanhou Demi por um corredor e através de uma porta que dava para um tribunal.

Um juiz idoso presidia o tribunal. A cabeça e as mãos se mantinham em constante movimento, arrancos pequenos e rápidos. À sua frente se encontrava o promotor distrital, Ed Topper, um homem franzino, na casa dos 40 anos, cabelos grisalhos ondulados, olhos pretos e frios. Demi foi levada a uma cadeira e um momento depois o meirinho anunciou:

- O povo contra Demetria Lovato.

 Demi descobriu-se a avançar. O juiz examinava um papel à sua frente, a cabeça balançando para cima e para baixo. Agora. Agora.

Agora era o momento de Demi explicar a alguém com autoridade o que realmente aconteceu. Ela comprimiu as mãos, a fim de evitar que tremessem.

 - Meritíssimo, não foi homicídio. Atirei nele, é verdade, mas foi um acidente. Eu só pretendia assustá-lo. Ele tentou me violentar e...

O promotor distrital interrompeu-a:

- Meritíssimo, não vejo sentido em desperdiçar o tempo deste tribunal. Esta mulher arrombou a casa do Sr. Romano, armada com um revólver de calibre 32, roubou um quadro de Renoir no valor de meio milhão de dólares. Quando o Sr. Romano surpreendeu-a em flagrante, ela alvejou-o a sangue-frio e deixou-o como morto.

Demi sentiu que o sangue se esvaía de seu rosto.

- Mas... mas do que está falando? Nada daquilo fazia qualquer sentido.

O promotor acrescentou bruscamente:

 - Temos a arma com que o Sr. Romano foi ferido. As impressões digitais da mulher estão na arma.

Ferido! Então Joseph Romano estava vivo! Ela não matou ninguém.

- Ela fugiu com o quadro, Meritíssimo. Provavelmente se encontra nas mãos de algum receptador, a esta altura. Por esse motivo, o Estado solicita que Demetria Lovato seja julgada por tentativa de homicídio e assalto à mão armada, com a fiança fixada em meio milhão de dólares.

 O juiz virou-se para Demi, que se encontrava imóvel, em estado de choque.

- Está representada neste tribunal? Ela não ouviu. O juiz alteou a voz:

 - Tem um advogado?

Demi sacudiu a cabeça.

- Não. Eu... o que... o que esse homem disse não é verdade. Eu nunca...

- Tem dinheiro para contratar um advogado?

 Havia o fundo dos empregados no banco. E havia Wilmer.

- Eu... não, Meritíssimo. Mas não compreendo...

- O tribunal designará um advogado para você . Será mantida sob custódia, com uma fiança de quinhentos mil dólares. Próximo caso.

- Espere! Isso tudo é um equívoco! Eu não... Ela não se lembrou depois de ter sido retirada do tribunal. 



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