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História Se Houver Amanhã (Nemi) - Armação falsa


Escrita por: demetrizando

Capítulo 72 - Armação falsa


Amsterdam

SEXTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO - 8 HORAS DA MANHÃ

 Daniel Cooper e os dois detetives de plantão no posto de escuta ouviam a conversa de Demi e Nick ao café da manhã.

- Um pãozinho doce, Nick? Café?

- Não, obrigado.

Daniel Cooper pensou:

 É o último café da manhã que eles tomam pelo resto de suas vidas.

- Sabe o que está me deixando mais animada? A nossa viagem na barca.

- Este é o grande dia e você está animada com uma viagem de barca? Por quê?

 - Porque seremos só nós dois. Acha que sou doida?

 - Absolutamente doida. Mas é a minha doida.

 - Beije-me.

 O som de um beijo.

Ela deveria estar mais nervosa, pensou Cooper. Eu quero que ela fique nervosa.

- De certa forma, Nick, lamentarei ir embora daqui.

- Veja a coisa por outro ângulo, querida. Não ficaremos mais pobres pela experiência.

A risada de Demi.

 - Tem razão.

A conversa continuava às nove horas e Cooper pensou:

 Eles devem estar se preparando. Devem estar aprontando os planos de última hora. E Monty? Onde irão encontrá-lo?

 Nick estava dizendo:

 - Querida, você poderia cuidar de tudo na recepção, antes de sairmos? Estarei muito ocupado.

- Claro. O concierge tem sido maravilhoso. Por que não existem concierges nos Estados Unidos?

 - Acho que é somente uma instituição europeia. Sabe como começou?

 - Não.

 - Na França, em 1637, o Rei Hugo construiu uma prisão em Paris e pôs um conde para dirigi-la. O rei deu-lhe o título de comte des cierges ou concierge, significando "conde das velas". Seu pagamento era de duas libras e as cinzas da lareira do rei. Posteriormente, qualquer um no comando de uma prisão ou um castelo passou a ser conhecido como concierge. E, finalmente, isso incluiu os que trabalham em hotéis.

De que diabo eles estão falando? - perguntou-se Cooper. Já são nove e meia. Está na hora de partirem.

A voz de Demi:

- Não me diga onde você aprendeu isso... já namorou uma linda concierge.

 Uma voz estranha de mulher:

 - Goede morgen, movrouw, mijnheer.

 A voz de Nick:

 - Não existem lindas concierges.

A voz da mulher estranha, perplexa:

 - Ik begrijp het niet.

A voz de Demi:

- Aposto que você as descobriria se existissem.

- Que diabo está acontecendo lá embaixo? - indagou Cooper.

Os detetives estavam confusos.

 - Não sei. A camareira está no telefone, ligando para a sua chefe. Entrou para arrumar o quarto, mas diz que não compreende... ouve vozes, mas não vê ninguém.

 - O quê?

 Cooper estava de pé, correndo para a porta, descendo apressadamente a escada. Momentos depois, ele e os detetives, adentaram a suíte de Demi. Exceto por uma confusa camareira, estava deserta.

Um gravador tocava numa mesinha diante de um sofá.

A voz de Nick.

- Acho que vou mudar de ideia sobre o café. Ainda está quente?

A voz de Demi:

 - Está, sim.

Cooper e os detetives se entreolharam com expressões de incredulidade.

- Eu... eu não compreendo - balbuciou um dos detetives.

Cooper indagou bruscamente:

- Qual é o telefone de emergência da polícia

 - Vinte-dois-vinte-dois-vinte-dois.

Cooper correu para o telefone e discou.

A voz de Nick no gravador estava dizendo:

- Acho que o café deles é melhor do que o nosso. Como será que conseguem?

Cooper gritou pelo telefone:

 - Aqui é Daniel Cooper. Entre em contato imediatamente com o Inspetor Van Duren. Diga-lhe que Lovato e Jonas desapareceram. Avise-o para verificar a garagem e descobrir se o Camião ainda continua lá. Estou indo para o banco.

Ele bateu com o telefone.

A voz de Demi estava dizendo:

- Já tomou alguma vez café fermentado com cascas de ovo? Fica uma coisa...

 Cooper já passou pela porta.

 O Inspetor Van Duren disse:

- Está tudo certo. O camião saiu da garagem. Eles se dirigem para cá.

Van Duren, Cooper e dois detetives estavam no posto de comando da polícia, no telhado de um prédio em frente ao Banco Amro, O Inspetor acrescentou:

 - Provavelmente eles decidiriam apressar seus planos quando descobriram microfones nas suítes. Mas relaxe, meu amigo. Dê uma olhada.

Ele empurrou Cooper para a luneta no telhado. Na rua lá embaixo, um homem de macacão polia a placa de latão do banco... um gari varria a rua... um jornaleiro estava parado na esquina... três eletricistas trabalhavam, todos equipados com walkie-talkie em miniatura.

Van Duren falou por seu walkie-talkie:

 - Ponto A?

O homem de macacão disse:

- Estou ouvindo, Inspetor.

 - Ponto B?

 - Tudo bem, senhor - respondeu o gari.

 - Ponto C?

 O jornaleiro levantou a cabeça e balançou-a.

 - Ponto D?

 Os eletricistas suspenderam o trabalho por um instante e um deles disse pelo walkie-talkie:

 - Tudo pronto aqui, senhor.

O Inspetor virou-se para Cooper.

 - Não se preocupe. O ouro ainda se encontra em segurança dentro do banco E eles só poderão levá-lo se vierem buscar. No momento em que entrarem no banco, os dois lados da rua serão bloqueados. Não poderão escapar. - Ele consultou o relógio. - O camião deve aparecer agora a qualquer momento.

Dentro do banco, a tensão era crescente. Os empregados haviam sido informados e os guardas tinham ordens para ajudarem a levar as barras de ouro para o camião, quando este chegasse.

Todos deveriam cooperar plenamente. Os detetives disfarçados fora do banco continuavam a trabalhar, observando a rua furtivamente, atentos à aproximação do camião.

No telhado, o Inspetor Van Duren perguntou pela décima vez:

 - Algum sinal do maldito camião?

 - Nee.

O detetive Witkamp olhou para seu relógio.

 - Eles estão treze minutos atrasados. Se...

O walkie-talkie entrou em funcionamento abruptamente:

- Inspetor! O camião acaba de aparecer! Está cruzando a Rozengracht, a caminho do banco! Deverá vê-lo aí do telhado dentro de um minuto!

O ar tornou-se subitamente carregado de eletricidade.

 O Inspector Van Duren falou rapidamente pelo walkie-talkie:

 - Atenção, todas as unidades. O peixe está na rede. Vamos deixá-lo nadar.

Um camião blindado cinzento encaminhou-se para a entrada do banco e parou. Enquanto Cooper e Van Duren observaram, dois homens desceram, usando uniformes de guardas de segurança, avançaram para a porta do banco.

 - Onde ela está? - Indagou Daniel Cooper em voz alta. - Onde está Demetria Lovato?

 - Isso não tem importância - disse o Inspetor Van Duren. - Ela não ficará longe do ouro.

 E mesmo que fique, isso não faz diferença, pensou Daniel Cooper. As gravações vão condená-la.

Nervosos empregados ajudaram os dois homens uniformizados a levarem as barras de ouro do cofre do banco para o camião blindado. Cooper e Van Duren observavam os vultos distantes do telhado no outro lado da rua. O carregamento demorou oito minutos. Depois que a traseira do camião foi trancada e os dois homens se encaminhavam para a boleia, o Inspetor Van Duren gritou por seu aparelho:

- Todas as unidades fechem o cerco!

 O pandemônio começou. O homem de macacão, o jornaleiro, os três eletricistas e um enxame de outros detetives correram para o veículo blindado e o cercaram, empunhando armas. A rua foi isolada, não havendo tráfego em qualquer direção.

 O Inspetor Van Duren virou-se para Daniel Cooper e sorriu.

- Vamos descer.

Está tudo acabado finalmente, pensou Cooper.

 Eles desceram apressadamente para a rua. Os dois homens uniformizados foram colocados contra a parede, as mãos levantadas, cercados por detetives armados. Daniel Cooper e o Inspetor Van Duren se adiantaram.

Van Duren disse:

 - Podem se virar agora. Estão presos. Os dois homens, muito pálidos, viraram-se para enfrentar o grupo. Daniel Cooper e o Inspetor Van Duren ficaram chocados. Eram totalmente estranhos.

 - Quem... quem são vocês? - indagou o Inspetor Van Duren.

- Nós... nós somos os guardas da agência de segurança - balbuciou um dos homens. - Não atirem. Por favor, não atirem.

 O Inspetor Van Duren virou-se para Cooper.

 - O plano deles saiu errado. - Havia um tom de histeria se insinuando em sua voz. - E eles acharam melhor cancelar tudo.

Uma bílis verde surgira no estômago de Daniel Cooper e lentamente começava a subir pelo peito e garganta. Quando ele conseguiu finalmente falar, a voz era sufocada:

- Não... nada saiu errado.

 - Do que está falando?

 - Eles nunca estiveram atrás do ouro. Não passava tudo de uma armação falsa.

- Mas é impossível. O camião, a barca, os uniformes... temos fotografias...

- Será que não compreende? Eles sabiam que os estávamos vigiando durante todo o tempo!

O Inspetor Van Duren empalideceu.

- Oh, Deus! Onde eles estão...        



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