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História Seacht - Banshee


Escrita por: AyzuLK e ByaNamikaze

Notas do Autor


Um dos capítulos com mais informações dos ultimos tempos na fic, fiquem atentos :D
Beijos, Ayz


"Seu avô Jiraya certa vez lhe contou sobre as Banshee. Ele dizia que era mulheres fadas proviam do lado mais obscuro e que traziam notícias da morte através de seus lamentos. Cada grito significava quantos dias de vida alguém possuia, e apenas um grito, significava apenas mais um dia. Elas podiam aparecer como uma jovem, uma mulher ou uma velha esfarrapada. Com roupas sangrentas, ou uma bela aparência.
Mas uma coisa era certa. Se você ouvisse o seu lamento, você iria morrer. "

Capítulo 37 - Banshee


A minha volta para casa foi gradual. Aos 11 anos eu já passava a semana em casa e os fins de semana na cabana. Geralmente eu tinha aulas com a vovó pela manhã, e passava as tardes com o daídi na agência, ou visitava mam no hospital quando as coisas lá não estavam muito caóticas.

Eu nunca ficava sozinho, nem quando eu queria.

Naquela sexta-feira eu arrumei minha mochila. Mam estava de plantão, então era só daídi e eu na casa. Assistimos um filme juntos, treinamos na academia no subsolo. Ligamos para mam antes de ir para cama, e falamos com o vovô sobre o que iriamos fazer juntos no final de semana. Era uma noite bem normal.

Até eu acordar no meio da madrugada com daídi entrando de uma vez no meu quarto, arma na mão, olhos azuis arregalados e ferozes.

Ele havia me fitado, visto minha confusão. E seu rosto havia ficado igualmente confuso.

Você não ouviu? – Ele sussurrou.

O que?

O grito. Uma mulher gritou.

Deve ter sido um sonho, daídi.

Ele não parecia totalmente convencido. Havia tanto receio no rosto dele. Aquilo sempre me deixou desconfortável. Quando eu via o quanto ele podia ser vulnerável.

Ah, deve estar certo. – Ele franziu o cenho e coçou o pescoço sem graça. – Desculpa Naru. Pode voltar a dormir.

Os ombros dele estavam caídos, o rosto pálido. Os olhos azuis ainda pareciam grogues, procurando ao redor.

Pode dormir comigo, daídi?

Vi alívio no rosto dele.

Ah, se você realmente precisa.

Eu assenti de forma séria, batendo a mão no lado da cama. Pegamos mais lençóis e logo ele estava deitado, o corpo relaxando novamente aos poucos. Ouvi o resmungo e a risada quando joguei outro lençol por cima dele.

Eu sou o pai, não ao contrário, seu moleque.

Então coloca o pé debaixo da coberta direito. Escovou os dentes?

Ele jogou um travesseiro na minha cara, e senti alívio quando ele finalmente riu. Só um pesadelo, eu pensei.

Eu não havia ouvido nada. Nenhum grito, nenhum aviso. No outro dia daídi ainda parecia tão cauteloso, seus olhos distantes. O abraço dele quando me deixou na cabana foi mais longo, como se não quisesse me soltar.

No final daquele dia vovô estava morto.

 

FORA O TOM DA VOZ DA SUA MÃE PELO TELEFONE QUE ALERTARA MINATO. As ligações de Tsunade não eram incomuns, mas desde que o neto fora enviado para o internato, andara recebendo um gelo de desaprovação. Uma ligação assim, em si, já era uma surpresa.

O tom urgente, o comandando a ir à sua casa, era uma preocupação. Por isso, largara tudo no trabalho, desmarcara todas as reuniões, ligara pra Kushina dizendo que iria visitar a mãe para o jantar, e apenas pegara a estrada.

A casa lhe dava nostalgia. Era pequena, em um bairro de casas todas iguais. Dali, podia ver parte do parque onde brincara quando criança, e o balanço no jardim, que fora seu, e depois de Naruto sempre que vinha ali.  O lugar onde crescera, e que mesmo depois de ter ficado bem de vida, sua mãe voltara após a morte do marido.

Havia o velho Del Rey na frente, e, estranhamento, uma motocicleta desconhecida estacionada. Saiu do carro e a viu de imediato. Sua mãe o esperava na entrada, o rosto sério. A olhou alarmado, as ela apenas entrara, o comandando a segui-la. O fez, sentindo o cheiro conhecido do perfume dela pela casa e dos incensos. Estancou apenas ao chegar na sala de visitas e ver que não estavam sozinhos.

 Havia dois adolescentes no sofá da sala. Um garoto, um pouco mais velho que seu filho, de óculos e uma expressão em branco, o braço em suporte a uma menina que parecia nervosa, uma xicara de chá na mão, o rosto delicado com olheiras e cansado, os cabelos muito curtos pareciam errados nela, como se tivessem sido cortados de qualquer jeito. Quando entrou ela o olhou, os olhos muito claros arregalados, e ergueu-se em conjunto com o garoto, que pegou a xicara da sua mão antes que ela a derrubasse, vendo-se como tremia levemente.

Minato olhou a mãe, intrigado, que também fitava a menina.

Estranhamente, a garota parecia o ler, a expressão se acalmando, como se o reconhecesse, ou o medisse. Ela então olhou para sua mãe e assentiu, respirando fundo.

—Senhor Namikaze, meu nome é Hinata, sou amiga do seu filho.

Isso o pegou de surpresa. Nunca ouvira falar dela, conhecia praticamente todos os amigos de Naruto. Que eram muito poucos. E nenhum deles sabia do parentesco dos dois.

Ela se moveu em direção a sua nuca, e olhou intrigado enquanto ela tirava um colar e o entregava. Seu coração pareceu parar por alguns segundos enquanto pegava o colar de seu filho. Olhou para a mãe, que assentiu, confirmando. Era mesmo de Naruto. Fitou a garota sério e ficou um pouco impressionado que ela não se intimidou.

—Eu prometi que iria esperar, mas tenho um pressentimento que esse é o tempo certo, antes que seja tarde. — Ela balbuciou, e o garoto apertou sua mão com segurança. Ela respirou fundo, e voltou a encará-lo, com firmeza, os olhos antes cansados pareciam brilhar com certa fúria. — Naruto, Naruto precisa do pai dele.

.....................................

Perto das doze uma batida os acordou na porta. Naruto estava alerta antes mesmo que Sasuke abrisse os olhos. A cabeça ruiva entrou pela abertura, e por um instante pensou ser Nagato, antes da máscara revelar Sasori. O ruivo entrou e fechou a porta, como um fantasma.

—Conseguimos congelar as imagens do quarto e do corredor apenas por meia-hora, temos que ser rápidos, e vocês tem que voltar antes do tempo terminar. Itachi disse que você conhece as passagens.

Naruto assentiu, fora o máximo que Sasori já falara consigo na vida, devia ser importante.

—Como sabe que podemos confiar nele? — Sasuke murmurou.

—Eu não sei. Vamos.

O ruivo ficou no corredor, onde fazia vigília antes. Naruto guiou Sasuke para a passagem mais próxima, atrás do tapete, que sairia diretamente fora da ala perto do labirinto. Os dois seguravam a mão um do outro, o casaco de Nagato, que não removera, o protegia do frio das roupas leves da enfermaria que adormecera vestido.

A noite fria foi como um tapa em seu rosto, e Sasuke, apesar de não estar tão melhor, passara o braço ao redor do seu corpo tentando esquentá-lo enquanto finalmente entravam no labirinto. Os dois sabiam exatamente onde encontrar Itachi, tendo treinado com o garoto mais velho ali tantas vezes, sem dificuldades logo chegaram a estátua da fada obscura no centro. Itachi, que estava de pé os esperando, removera a máscara de corvo até a testa, as roupas escuras o camuflando na escuridão.

Naruto sentiu o coração de Sasuke bater rápido, procurando o rosto do irmão na escuridão, por qualquer ferimento. Em poucos passos Itachi estava lá, em uma rara demonstração de afeto abraçando os dois juntos. Sasuke agarrou a camisa do irmão por segundos com força, como não se permitia há muito tempo, antes de soltá-lo com relutância. Itachi os largou, catalogando os dois adolescentes com atenção, procurando por ferimentos, antes de relaxar.

— Temos que ser rápidos. Apenas me escutem. — Sussurrou, fitando os dois rostos corados pelo frio, cansados e temerosos. Queria tanto apenas tirá-los dali de uma vez, como queria. — Sasori, Kimimaro, Rebecca, Deidara. Confiem neles, e apenas neles entre os guardas. Não tenho certeza do quanto Nagato e Madara estão sendo sinceros, tenham cuidado. Se puderem, evitem Tobirama, a qualquer custo. Sasuke, Naruto já sabe disso, mas estávamos reunindo provas sobre o jogo. O esquema é bem maior do que colocar adolescentes para se matar, e vem sendo investigado há muito tempo.

Sasuke assentiu, querendo fazer muitas perguntas, mas sabendo que não tinham tempo.

— Já reunimos tudo o que podíamos, iriamos tirar todos daqui amanhã cedo, ou esse era o plano, mas surgiram complicações. Não estamos conseguindo nos comunicar com a ajuda, eles virão quando perceberam que fomos cortados. Acho que alguém descobriu sobre nós, mas ainda não tem certeza de quem está envolvido. Vai ser mais complicado sem a distração do jogo.

—Eu tenho uma ideia. — Naruto o interrompeu. Itachi o olhou com surpresa, os olhos azuis estavam firmes. Piscou levemente aturdido, pois, por um segundo, via Minato Namikaze ali, como vira pela primeira vez quando criança. A expressão calculista e decidida. — Sei como tirar todos daqui.

Os dois Uchiha olharam o garoto com atenção. Naruto umedeceu os lábios secos, e falou.

 .....................................

Ino havia chorado até adormecer. Sai a confortara, os dois, não pela primeira vez, enrolados juntos na cama dela, mas dessa vez não havia nada de bom nisso. Os olhos negros ficaram presos no teto quase a noite inteira, vigilantes. Prontos para atacar, e pronto para consolar a garota que acordava de hora em hora o chamando alarmada, ou perguntando por notícias de Naruto.

Não havia nenhuma. Nem mesmo sabia se o outro garoto, que havia se tornado aos trancos um amigo nos últimos meses, estava vivo. A conversa que ouviram ecoando pelos autofalantes o perseguiria por muito tempo. E explicava tanto do comportamento de Naruto nos últimos tempos que sentia vontade de vomitar, por não ter percebido. Logo ele, que vira tanta coisa antes de ser adotado por Danzou, quando ainda vivia em abrigos, sendo jogado de um lado para outro no sistema.

Fechou os olhos com força, tentando esquecer.

O som da porta abrindo os alertou. Não sabia se era dia ou noite, as luzes sempre acessas. Quando um dos guardas entrou, nem mesmo afastou Ino, que se agarrou mais a si.

— Foi dada permissão de ida ao refeitório. Vou acompanhá-los.

......................

Shikamaru parecia tranquilo, mas apenas alguém que o conhecesse de verdade sabia o quanto alerta ele estava, apesar do horário cedo. Haviam sido acordados antes das seis da manhã. Os olhos dele passavam por entre as fileiras que entravam no refeitório, parecendo preguiçosos. Sentou-se ao lado de Sai e Ino, que pareciam cansados. Como todos os outros alunos. Cansados, com medo. Os olhos nos guardas por todos os lados. Temendo até mesmo o alimento; o paladar de alguns, treinado, experimentando levemente, procurando por drogas.

Os únicos professores no colégio eram Kakashi, Kurenai e Asuma, os três estavam em uma mesa separada, os olhos catalogando os alunos, procurando feridos. Procurando quem deveria estar ali e não estava. Notou que havia mais guardas perto deles, um deles com uma arma. Kakashi tinha um curativo no rosto que não estava ali ontem.

Um peso saiu de seu peito quando a última dupla entrou no refeitório. Os cabelos loiros chamativos sendo seu alerta. Os olhos estavam duros, sem o cansaço dos outros, mas Shikamaru conhecia um disfarce quando via um. Sasuke a seu lado, com sua máscara de sempre, enquanto um guarda os dirigia a uma mesa vazia, perto da deles. Sentiu Ino se retesar a seu lado, os olhos no garoto, preocupados. Sai também parecia nervoso, sem qualquer diversão no olhar. Naruto os olhou por um segundo apenas, os assegurando sem chamar atenção a eles, aparentemente.

O recado era claro: “Não se aproximem, sou eu que eles querem.” Ino pareceu entender isso também, pois voltou os olhos para a mesa, acalmando-se. 

No meio do lanche, apareceu um cara de cabelos brancos, que falou que não se preocupassem que tudo seria resolvido logo, e aquela era uma situação temporária. Ninguém relaxou com isso, pois de algum modo a ameaça era implícita ali. O que essa melhora poderia significar.

Apenas perto do final, Shikamaru se atentou novamente a Naruto, quando um dos agentes passou entre as duas mesas e sentiu um leve empurrão na perna. O homem, ou garoto, havia sumido antes que notasse seu rosto, ou melhor, sua máscara. Mas foi isso que o fez notar Naruto. Ou melhor, a forma como os dedos dele batiam na mesa, como um tique nervoso, já por algum tempo. Naruto não tinha tiques nervosos.

Os olhos azuis se encontraram com os seus por segundos, com significado, antes de se desviarem e voltaram a Sasuke. Os dedos não paravam de se mover. Batida. Pausa. Batida. Batida. Pausa mais longa.

Código morse.

Sua postura não mudou, quem visse, não notaria que agora estava mais atento. Seus dedos também batiam. Sai e Ino o fitaram levemente antes de desviar. Não sabia se eles tinham percebido ou não.

.............................

Se antes Sasuke não estivesse tão louco por Naruto, teria ficado agora. Ele era mesmo a pessoa mais impressionante que conhecia.

O fitava andando a seu lado de volta para o quarto, o rosto calmo, a mão batendo na sua enquanto caminhavam escoltados. Os azuis encontraram os seus e focaram um no outro por segundos antes de desviarem.

Sentia um gelo entre as paredes frias, o rosto corado do outro, o vapor em cada respiração. Mesmo com as roupas mais quentes, em nada ajudava, e queria o abraçar de novo, mas sabia que na posição que estavam não podia ser uma boa ideia. Naruto suspirou e colocou as mãos nos bolsos do casaco procurando calor. Era o mesmo casaco vermelho que Nagato havia colocado no garoto, e Sasuke notara que ele não o removera por algum motivo, que preferia não perguntar por enquanto. Sentia que havia mais entre Nagato e Naruto do que o sobrenome.

Por estar tão atento, apenas ele percebeu quando o garoto franziu a sobrancelha e se retesou levemente ao colocar a mão no bolso, os olhos surpresos por segundos, antes de relaxar com sua máscara sem expressão. Queria perguntar o que acontecera, mas Naruto olhava a frente, os ombros tensos.

Pararam na porta, e quando entraram, alguém os esperava. O conselho de Itachi surgiu claro em sua mente.

— Naruto! Sasuke! Que bom que chegaram, precisamos dos dois emprestados por algumas horas. Aparentemente o papai Minato quer uma videoconferência com seu filhotinho. — Naruto se retesou a seu lado, sem mudar sua expressão. — E não queremos separar os pombinhos agora, queremos?

Tobirama Senju.

E ameaça era muito clara. Fale alguma coisa a seu pai, e Sasuke vai pagar.

...........................

Sasuke estava fora do campo de visão da câmera, mas bem no de Naruto. Tobirama de pé ao lado dele, a mão no ombro do jovem Uchiha. Havia mais pessoas na sala. Nagato Uzumaki, e alguns agentes. E Rebecca, a mulher séria ajeitava algo na câmera, sem os fitar. Apenas a voz irritante de Tobirama era ouvida, piadas constrangedoras, a mão no ombro de Sasuke parecia pesar toneladas com as ameaças. Para crédito dos dois, Naruto e ele fingiam bem que nada estava errado.

E para crédito de Naruto, assim que a câmera foi ligada, sua expressão séria se transformou, a postura mudou, e ele parecia novamente o adolescente sem problemas que apenas vira no primeiro dia de aulas. Era algo tão estranho que se sentia tonto.

— Daídi! — Naruto falou empolgado, e queria muito ver o rosto do homem na câmera, mas de onde estava era impossível.

—Naruto!

A voz era jovem e calma, despreocupada. Os dois conversaram amenidades por alguns instantes, sobre coisas sobre jogos e a mãe dele.

—Você parece cansado.

Tobirama apertou mais o ombro de Sasuke, fitando Naruto em aviso. Naruto deu de ombros.

—Não tenho dormido bem com todas as provas. — O garoto suspirou. — E ando sonhado com Kurama quando filhote. Ele nunca me deixava sozinho, estava sempre me vigiando. Sinto falta dele.

—E ele de você.

Naruto riu.

—Sonhei em como ele ficava sempre preso na cerca em direção a floresta e eu tinha que ir salvá-lo. Lembra? Sempre acontecia. — O homem riu do outro lado em concordância. — Ou no dia que aqueles corvos o atacaram. Eram uns 50 deles, voando para todo lado.

—Sem exageros Naruto, não eram tantos assim, eram?

—Juro que eram! E tinham aqueles cinco grandões, que pareciam assustadores, grasnando em cima da gente. — Naruto assentiu como uma criança lembrando de algo. — Ele se machucou feio, pensei que ele iria morrer. Mas daídi o salvou. Por sorte!

—Eu lembro disso. — O pai de Naruto suspirou. — Não se preocupe com Kurama, eu cuido dele.

—E da Hime! Ela também merece, não esqueçam de cuidar dela!

—Claro que vou cuidar.

Naruto voltou a assentir, sorrindo docemente para o pai. Tobirama fez um sinal, para que se despedisse de alguma forma. Naruto nem mesmo piscou.

—Tenho que ir, Daidi. Te vejo logo, quando voltar para casa vamos caçar juntos. Da última vez daídi cancelou faltando apenas poucos dias.

—Ah Naruto, lembro bem disso. Foram uns três dias antes, não foram?

—Dois. — Naruto fez um muxoxo. — Mas agora não importa mais.

—Mal posso esperar. Vou cuidar da Kurama e da Hime.

— Is breá liom , daídi.

— Grá mo Chroí.

Tobirama cortou a ligação e soltou Sasuke, sorrindo.

—Perfeito como sempre, Naruto! — O Senju caminhou para o outro garoto, que havia voltado a expressão tensa — Um verdadeiro ator.

Sasuke tremeu levemente ao ver o homem colocar as duas mãos nos ombros de Naruto. Um olhar alerta o mandou ficar quieto, o que era difícil vendo como o Senju acariciava o pescoço do adolescente, os olhos nos de Sasuke desafiando, provocando. Antes que pudesse fazer uma besteira, Nagato Uzumaki interveio.

—Os acompanhe até o quarto dos dois, guardas.

—Você é um estraga prazer, Uzumaki. — O senju reclamou, mas soltou o garoto mesmo assim.

....................

A expressão leve de Minato sumiu assim que a imagem do filho foi substituída pela tela escura. Fugaku ao fundo estava tenso, como estivera desde que o Namikaze o procurara na noite anterior. Queria acreditar que tudo fora um engano. Falara com Madara ontem mesmo, e tudo estava bem, mas quando Minato o perguntara quando falara com os filhos, sentiu que não era má ideia tentar confirmar.

—Ele parece tranquilo. —Tentou, incerto.

—Estão o prendendo. — A voz de Minato era baixa e perigosa enquanto erguia-se discando o número de forma urgente. — Tem pelo menos 50 deles, guardas ou agentes. O machucaram, muito, e há cinco pessoas de renome envolvidos.

Fugaku piscou, confuso, enquanto Minato falava rapidamente com alguém no telefone, ganhando o corredor fazendo um sinal para que o seguisse.

—Minato, não entendo. — falou irritado quando o outro desligou entrando no carro, batendo a porta, os dois saindo do prédio. Minato apertava a direção, outros carros já os seguindo a seu comando.

—Naruto nunca teve um cão, Kushina é alérgica. Kurama era uma pelúcia, que Nagato lhe dera. Ele nem mesmo piscou quando me viu usando o colar dele, o que quer dizer que sabia que eu estaria com ele. Hime, é como a garota Hyuuga me disse que Naruto a chamava, ele pediu para que eu cuidasse dela. A garota não mentiu. Ela disse que faltavam dois a três dias para a tarefa final do tal jogo, e Naruto apenas confirmou isso e disse que ele foi cancelado. E se ele foi cancelado algo muito grave aconteceu e precisamos agir urgentemente. 

—Minato, como... — Fugaku se sentia tonto com todas as informações. Aquilo não podia ser real, se fosse seus filhos...por Deus.

— Os corvos, 50 deles, inimigos, 5 grandes, pessoas que eu devo conhecer. Ele quer que eu o salve, alguém estava lá com ele, devia estar toda vez que eu ligava. Eles machucaram meu filho, esse tempo todo, e eu...

—Minato! Acalme-se!

O Namikaze respirou fundo.

—Naruto odeia caçar, ele nunca gostou, ele não entrou mais na cabana. Mas ele falou aquilo, porque quer que eu olhe algo, talvez as pessoas envolvidas na morte do avô dele. Só consigo pensar que elas estão envolvidas de alguma forma. Se for isso, o que a garota falou é verdade. Danzou, Hiashi, Tobirama. — Minato riu com isso, o que saiu quase como um soluço. — Aquele desgraçado!

—E Obito e Madara. — Fugaku parecia perdido. Deus. Mikoto ficaria arrasada, Obito, ela o considerava um irmão, e ele estava envolvido naquela merda toda. E nunca imaginara que Madara...melhor, conseguia imaginar sim. O homem era ambicioso o bastante.

—Eu não conheço Obito. — Minato ponderou. — Então há mais um, que eu conheço envolvido.

Minato olhou a frente.

—Vou matar esses desgraçados, Fugaku. Matar todos eles.

—Temos que descobrir a razão disso tudo também. — Fugaku sentia um aperto ao pensar nos filhos. Sasuke preso em um jogo de vida ou morte. Itachi, ele sabia que Itachi estava investigando algo, só podia ser em relação a isso. E se fosse verdade, só havia uma pessoa que podia esclarecer isso tudo, as razões de Itachi não ter deixado aquele colégio quando se formara.

Precisa falar com seu sobrinho, Shisui.

......................................

Naruto conhecia aquela música. Era a mesma que seu avô sempre cantava quando era criança. Abriu os olhos, e no lugar da luz constante do quarto, tudo estava escuro. Tudo exceto pela luz que vinha por entre as flores na floresta.

Em certo nível, sabia que estava sonhando. Que estava deitado na cama com Sasuke no quarto, que havia pegado no sono em algum momento. Porém, também sabia que aquilo não era um simples sonho. A voz suave da mulher o chamava no som, e a seguiu sem conseguir se controlar.

Chegou a um riacho e a luz da lua estava brilhando, fazendo parecer que era dia. Perto das pedras, havia uma mulher, lavando algo na correnteza, cantando a velha canção irlandesa. Aproximou-se, com cautela, mas ela não dava sinais de tê-lo notado, ainda cantando e batendo a roupa. Via os longos cabelos loiros, soltos e arrastando no chão. Ela usava uma roupa branca e fina, que refletia a luz da lua de forma quase irreal. Por mais que tentasse, não conseguia ver seu rosto.

Estava parado já há algum tempo quando ela parou de cantar e finalmente virou o rosto em sua direção. Naruto quase parou de respirar. O vestido branco, na frente, estava coberto de sangue. O rosto pálido, era tão belo quanto assustador: traços delicados e o contorno dos olhos fechados era irreal, assim como seu sorriso doce. A roupa que ela lavava, estava ali, nas mãos cobertas de sangue, em farrapos entre os dois. E mesmo dali, ele conseguia ver o símbolo do clã nelas, desenhado claramente.

Naruto estremeceu, dando um passo para trás e o sorriso da mulher sumiu. Seu rosto de contorceu de forma chorosa, seus lábios ficando trêmulos. Naruto arregalou seus olhos azuis. Ele sabia quem ela era. Ou melhor, o que ela era. Era como se a voz de seu avô fosse clara em sua mente, como fora quando tinha sete anos de idade, e ele lhe contara aquela lenda.

Banshee

A mulher abriu a boca, a arregalando de forma impossível. Seu rosto distorcido e ainda mais pálido, os olhos antes fechados mostrando dois buracos negros que pareciam tragar tudo.

E gritou.

............

Naruto arregalou os olhos muito abertos no clarão do quarto, sentando-se de supetão. Sasuke, ao seu lado, grunhiu e se sentou alerta, os braços ao seu redor imediatamente, os olhos procurando algum inimigo no quarto.

—Naruto? — Sasuke olhou o outro adolescente preocupado. Naruto tinha o rosto pálido, os olhos azuis horrorizados buscando ao redor.

—Você está ouvindo isso? — a voz perguntou frenética. Sasuke olhou confuso. — Os gritos.

—Naruto...você deve ter sonhado....

O garoto negou, colocando as mãos nos ouvidos e se encolhendo de lado na cama.

—Gritos...— ele sussurrou.

——Naruto... — estava assustado. Naruto tirou as mãos do ouvido, a expressão dolorida aos poucos sumindo. O que quer que estivesse ouvindo, havia parado.

Sasuke não sabia o que fazer. Era como se o garoto estivesse ainda preso em seu sono. Os olhos azuis confusos, assustados. O puxou para perto devagar, o abraçando contra seu peito, tentando o acalmar. Aos poucos ele parara de tremer, mas os olhos agora estavam tristes, fitando seu rosto de uma forma que seu coração se comprimiu. Naruto não disse nada, e ao tentar o alcançar na sua mente, foi bloqueado. Tentou não se magoar com isso, ele continuava o fitando daquela forma, os dois deitados na cama.

—Naruto...

Recebeu um beijo antes que pudesse continuar. Um beijo como nunca havia recebido antes de Naruto, não sabia explicar como, mas era um beijo diferente. E acabou cedo demais, e ainda sem falar nada ele voltou a recostar a testa em seu peito, as mãos agarrando fortemente sua camisa. Os olhos muito azuis permaneciam muito abertos, alertas.

Os dois não conseguiram mais dormir depois disso.

.......................

Minato olhava atento o mapa na mesa, os homens ao redor tensos ouvindo seu comando enquanto armavam estratégias. Ninguém conseguia contato com a escola, estavam bloqueados. Algo de muito errado havia acontecido. Alguns homens haviam sido enviados, um pequeno esquadrão comandado por Anko, aos arredores na floresta para terem uma visão prévia do que estava acontecendo e não serem pegos de surpresa. Estavam esperando o contato.

Hinata Hyuuga havia se oferecido para ir junto, por conhecer bem os arredores, contra ao argumento de muitos, Minato permitiu. A garota tinha um brilho que conhecia bem nos olhos. Ela queria ajudar Naruto. Ela queria se vingar do pai por tudo. Ela também não tinha mais ninguém no mundo no momento além da amizade com seu filho e com o outro garoto que a trouxera.

Quando tudo acabasse, esperava solucionar isso também.

Estava em meio a um dos planos de rotas quando ouviu o primeiro grito. Cortante, feminino, como um lamento longo e angustiante. Estava com a arma na mão no mesmo momento, indo em direção a porta e ao corredor. Não reparou no olhar confuso dos outros. Fugaku o seguiu correndo, e encontrou Minato em meio ao corredor, agentes o olhando enquanto procurava ao redor, a arma na mão.

—Minato?

—Esses gritos…O que diabos está acontecendo!

—Minato, que gritos? Não há grito nenhum.

O Uchiha franziu a testa, tentando não se mostrar preocupado ou tocar o outro, que parecia pronto para atacar qualquer um, os olhos alertas.

O grito longo parou, apenas para começar outro, ainda mais alto. Tão alto que teve que tapar os ouvidos. Olhou confuso para Fugaku, que parecia genuíno ao dizer que não ouvira nada. Quando o terceiro grito começou, sentia-se enjoado e teve que se recostar na parede. Fugaku lhe falava algo sobre estresse e que devia comer algo, quando viu no reflexo no vidro a sua frente. 

A mulher, ou coisa, não tinha certeza, tinha a boca escancarada, os olhos como dois buracos negros. Virou para trás e não havia nada atrás de si. Os gritos pararam no terceiro, o eco em um zumbido em seu ouvido.

E foi quando Minato arregalou os olhos e lembrou de algo em que não pensava desde muitos anos atrás.

Lembrava de estar visitando o pai com a mulher e o filho. Fora logo antes de toda a desgraça do sequestro de Naruto. Lembrava de seu pequeno sentado no chão da biblioteca na cabana, livros ao redor, olhando as figuras com seu pai, sentado a seu lado.

Foi quando a mão gordinha apontou algo, fazendo uma pergunta.

 Essa imagem, sionnach beag, é uma Banshee. É uma mulher fada.

Fada? Pensei que fadas eram boazinhas...

A voz do filho era adorável quando confusa e Minato se viu atento nos dois na porta. O homem riu, passando a mão na cabeleira loira do neto.

Oh não, nem todas. A maioria não. Banshee são obscuras, e trazem notícias da morte através de seus lamentos.  o homem sussurrou.  A criança arregalou os olhos.

Morte...

Minato sentiu-se desconfortável, não gostava quando o pai dizia essas coisas para seu filho, já tão impressionável.

Sim. Segundo a lenda, os guerreiros encontravam essas mulheres lavando roupas nas correntezas, trapos, as roupas das pessoas que iriam morrer. Elas gritavam. Cada grito significava quantos dias de vida alguém possuía, e apenas um grito, significava apenas mais um dia.

Os dedos pequenos passearam pela imagem do livro a sua frente, sentiu um tremor, o narizinho franzindo.

Claro que isso é só uma lenda, Naru. Minato interrompeu, assustando os dois que o olharam na porta. O pai balançou a cabeça, os olhos sábios, e sorriu, a mão ainda na cabecinha loira, que já estava focado em outra coisa.

Claro que sim. Claro que sim.

 —..Nato...Minato!

Abriu os olhos que havia fechado sem perceber, preso na lembrança. Fugaku o segurava pelos ombros, os olhos negros duros.

—Talvez você precise descansar.

Sacudiu os ombros, tirando as mãos do amigo de lá.

—Estou bem. Vou ficar melhor quando resgatar meu filho e pegar esses desgraçados.

O homem assentiu, relutante.

—Eu também.

Minato fez sinal para ele ir na frente enquanto voltavam para a sala. Deu uma última olhada no corredor antes de entrar.

Com um peso no peito lembrou que da última vez que ouvira aquele grito, seu pai fora assassinado.

................


 


Notas Finais


Agora, meus amigos e amigas, a coisa vai ficar feia - mais ainda.


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