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História Second Chance - Durante: Destino


Escrita por: starburst

Notas do Autor


confesso que demorei de proposito, eu nao queria chegar nesse capitulo.

Capítulo 11 - Durante: Destino


Fanfic / Fanfiction Second Chance - Durante: Destino


"She said to me
I'll always stay with you
but it only seems
that she played alone
"

Contos de fadas são invenções criadas para confortar crianças e encantá-las com mundos inexistentes, princesas, dragões, príncipes e finais felizes. Na vida real, entretanto, as pessoas muitas vezes são injustiçadas e muitas terminam suas vidas frustradas — com seus empregos, com seus conjugues, com sua moradia, seus amigos e sua rotina.

Não existem finais felizes. Não existem mocinhos totalmente incapazes de errar que virão salvar donzelas quando elas precisarem de proteção, afinal, na vida real, mulheres sofrem as mais diversas formas de violência e, geralmente, são justamente homens quem as machucam. Os vilões não são seres mágicos, bruxas com poderes de transformar príncipes belos em sapos horrendos ou leões vingativos buscando o trono; vilões são mais realistas, pessoas sem superpoderes ou habilidades sobre-humanas que praticam crimes todos os dias bem diante dos olhos da sociedade.

Entretanto, se contos de fadas existissem, a história de Kim Taehyung e Min Yoongi seria um perfeito exemplo de conto da Disney que não terminara com o clássico bordão “e viveram felizes para sempre”. Os mocinhos seriam justamente os protagonistas e o vilão o já conhecido e cruel destino.

Enquanto Taehyung estava assistindo suas aulas, Yoongi bebericava um suco em uma lata tão gelada que colorira as pontas dos seus dedos de um tom engraçado de vermelho. Ele havia terminado sua última prova do curso, sentia-se cansado e ansiava saber o resultado, os últimos dias haviam sido uma verdadeira bagunça e ele não possuíra muito tempo disponível para os estudos — ao contrário do amigo Seokjin, o Min jamais colocaria uma prova acima dos outros campos de vida, principalmente quando se referia ao melhor amigo e sua suposta depressão.

Suspirou e bebeu mais um pouco do líquido. Não havia se alimentado corretamente e conseguia sentir o corpo reclamando, uma forte dor de cabeça o incomodava e uma sensação desconhecida provocava um angustiante ardor em seu nariz e peito.

Ignorando as reações que sentia, Yoongi sentou-se na mesa onde os amigos já o esperavam. O sorriso no rosto de Jin era suspeito e todos aparentavam estar inertes em uma conversa engraçada, direcionando sua atenção para o único loiro presente.

— Yoongi-ah! — Hoseok chamou-o. — Onde está Taehyung? — Ele sabia exatamente onde o moreno estava, porém as reações involuntárias que Yoongi esboçava quando o nome do amado era dito em voz alta eram engraçadas demais para que se impedisse de provocá-lo.

— Aula. — O incômodo em seu nariz realmente estava ficando notável agora. — O que vocês estavam conversando?

— Jin hyung e Namjoon hyung estão namorando de novo. — Jimin dissera, sorrindo para o ex-casal e recebendo um tapa desleixado de Seokjin, que sentava-se do outro lado da mesa, distante o bastante para errar sua agressão.

— Não, Jimin, não estamos. — Namjoon corrigira, tão sério que assustou o Park.

— Estamos conversando a respeito. — Jin completara, um olhar cúmplice sendo compartilhado com o ex namorado.

— Vocês são estranhos. — Jeongguk murmurou, se tornando alvo das mãos rápidas de Kim Seokjin.

Eles estavam rindo das bochechas avermelhadas de Seokjin quando o cansado Taehyung chegara ao ambiente. Coçando os olhos e com um óculos de grau pendurado no moletom de coloração escura, o moreno atraiu rapidamente a atenção de Yoongi, seguido por Hoseok e Park Jimin.

— Taetae! — Jimin era a pessoa que mais utilizava aquele apelido, logo fora fácil identificar quem havia o chamado com tanto entusiasmo.

Taehyung deitou a cabeça nos braços em cima da mesa e fechou os olhos. Ele havia suportado uma carga emocional e mental extremamente intensa, seu cérebro estava esgotado ao nível que, se o perguntasse quanto eram dois mais dois, o moreno surtaria e explodiria. Como um computador quando processa muita informação, a mente do Kim estava apresentando defeitos.

— Acho que alguém está cansado. — Hoseok fitava Yoongi com as sobrancelhas arqueadas, sua malícia incomodando o outro.

— Se me culparem eu nunca mais falo com vocês.

Até mesmo o cansado Kim Taehyung soltara uma risada após a ameaça de Yoongi. Jin engolira em seco, ainda não havia se desculpado por tratar o amigo como uma mãe negligente, porém a necessidade de ver todos que amava em suas melhores formas físicas e mentais o faziam agir como uma espécie de familiar próxima do grupo — constantemente era até mesmo maternal com os rapazes.

— Jeon e eu estamos namorando… — Jimin começara, recebendo total atenção dos amigos. — Jin hyung e Namjoon hyung estão quase namorando de novo… — Ele fizera uma pausa dramática. — Hobi é um caso perdido…

Todos sabiam onde ele estava querendo chegar. O misterioso relacionamento de Yoongi e Taehyung era um assunto tabu, os dois simplesmente abominavam a ideia de aprofundarem a amizade, suas negativas soando falsas principalmente para Jung Hoseok, o único que possuía a certeza dos reais sentimentos de Min Yoongi.

— Não. — Taehyung fora o primeiro a cortar o silêncio, afundando a cabeça e escondendo o rosto sorridente.

— Não. — Yoongi o imitara, cruzando os braços e mordiscando o lábio inferior.

— Ah por quê? — O passatempo favorito de Hoseok certamente era envergonhar e constranger os dois homens, talvez movido pelo amor unilateral e platônico que possuíra por seu hyung.

— Eles estão estranhos, não acha hyung? — Jeongguk participava da brincadeira, direcionando a pergunta para Seokjin.

— Estou preocupado, Jeongguk, será que eles estão mantendo um relacionamento em segredo?

— Mas que belos amigos, não? — Jimin ria alto da careta que se instalara na face de Yoongi, o mau humor do baixinho atingindo-os e provocando ainda mais risadas.

Taehyung havia praticamente implorado para Yoongi não contar sobre os beijos que trocaram na noite passada, argumentando que precisavam de um tempo maior para processar como aqueles contatos interfeririam em uma amizade tão longa e intensa. O Min não conseguia negar nada ao seu precioso Taetae, logo aceitara o seu pedido — e até mesmo concordara com o moreno em alguns tópicos.

— Vamos mudar de assunto, eu estou sentindo facas atravessando o meu corpo com esse olhar do Yoongi. — Namjoon dissera, despertando risadas altas de seus amigos.

Enquanto todos caminhavam em direção às suas respectivas moradias, Yoongi e Taehyung continuaram sentados na mesa retangular. A mente extremamente cansada do mais novo o impedia de iniciar uma conversa, então não protestou quando o amigo deixara a mesa e retornara com uma lata de café gelado. Deixou a bebida diante dos olhos semicerrados do Kim, observando o sorriso desanimado desabrochar em seus lábios lentamente.

Os mesmos lábios que ele havia beijado.

— Obrigado, hyung.

Yoongi sentia-se obrigado a ajudar o moreno, sua expressão derrotada o incomodando tanto quanto a dor nas narinas e a queimação angustiante no peito. Suspirou e revirou os olhos pequenos, correndo os dedos pelos fios lisos de Taehyung enquanto o mesmo bebia lentamente o café que havia ganho.

O carinho fora bem-vindo.

Taehyung fechou os olhos e deixou mais um sorriso aparecer no rosto, porém esse expressava seu contentamento com aquele cuidado adorável de seu hyung. Algumas pessoas que percorriam o ambiente fitavam os dois e certamente estranhavam um contato tão íntimo entre dois homens, afinal a Coreia é um país extremamente homofóbico e não é considerado normal um relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo — o que gerara a expulsão de Yoongi da sua própria casa e fizera seu precioso Taetae seguir seus passos.

— Isso é bom… — Sussurrou Taehyung, um sorriso enfeitando os lábios bonitos.

Yoongi apenas o observava, encantado com a beleza natural que aquele homem possuía. Durante toda a sua adolescência conturbada e confusa, Min Yoongi retirara alguns minutos dos seus dias para apenas admirar a aparência encantadora que o dono de todo o seu amor possuía. Ficava olhando as fotos que eles tiravam juntos, a má qualidade não importando, afinal quando o assunto era Kim Taehyung, ele possuía uma única opinião: Taehyung era lindo, extremamente lindo, desde o seu jeito de ser até o rosto bem desenhado que possuía.

Não fora uma surpresa perceber que, ao perder-se em memórias durante o cafuné, Yoongi não notara os olhos de Taehyung se fechando e ele se entregando lentamente ao cansaço. Prendeu a respiração, a fragilidade que aquele garoto apresentava era extremamente adorável — e perigosa, principalmente para o seu autocontrole.

— Vamos? Eu preciso trabalhar, Tae. — Delicadamente tocou a ponta do nariz do moreno com o dedo, observando-o abrir os olhos lentamente. Um sorriso cansado desabrochou nos lábios de Taehyung e Yoongi sentiu todas as células de seu corpo fervilharem, o coração se aquecendo com aquela visão.

Deus, ele realmente amava aquele menino.

Hyung… Estou cansado. — Taehyung levantou a cabeça, coçando os olhos com os nós dos dedos. Yoongi já havia levantado e já o esperava com as mãos dentro dos bolsos.

Os dois caminharam tranquilamente para fora da faculdade, a paz que compartilhavam agradando a mente confusa de Taehyung. Sentia-se extremamente bem ao fitar Yoongi e perceber que amava cada detalhe que formava o ser humano que ele era — e que seus sentimentos eram recíprocos, porém frequentemente lembrava-se de suas questões não respondidas e voltava a mergulhar em pensamentos angustiantes.

Era impossível ficar totalmente tranquilo enquanto o dia do acidente ainda pairasse sobre sua cabeça. Esperava silenciosamente que estivesse certo; afinal, não haveriam brigas e supostamente Yoongi não bateria contra o caminhão, mas uma sensação incômoda ainda atormentava-o.

Taehyung sentia como se fosse perder o melhor amigo novamente. E por mais que evitasse focar no terrível pensamento ele ainda estava ali, cutucando-o a noite e distraindo-o durante suas atividades diárias.

Pobre Taehyung… Ele infelizmente estava correto.

— ☽   

Park Jimin fitava seu reflexo no único e grande espelho que o pequeno apartamento possuía. Os fios recém-tingidos de um negro absoluto eram penteados pela terceira vez, todo o cuidado que o rapaz possuía sendo depositado na simples ação de arrumar as madeixas escuras e torná-las impecáveis.

O perfeccionismo de Jimin em relação à sua aparência era palpável.

Jin havia pintado os fios castanhos do baixinho naquele mesmo dia, a pedido dele, com um profissionalismo invejável. Sentia-se orgulhoso ao visualizar o resultado final, assim como Jimin transbordava orgulho por seu hyung estar finalmente se formando.

Haviam passado exatos sete dias desde o último dia de provas e, como o esperado, Seokjin se destacara como o estudante com as melhores notas de toda a faculdade no curso de enfermagem.

Seus amigos comemoraram com uma noite no karaokê e quatro pizzas, além de bebidas alcoólicas, refrigerantes, comidas gostosas e muitas risadas. Fora a melhor celebração que o loiro poderia pedir e ele sentia-se explodindo de felicidade ao lembrar-se dos momentos que passara ao lado do grupo de amigos.

As fotos que tiraram naquela incrível noite formavam um mural de polaroides bem-arrumadas na parede do quarto de Seokjin. O agora formado analisava uma em particular, o sorriso tímido escondendo-se nos lábios rosados e os braços cruzados; Namjoon e ele estavam compartilhando um copo grande de refrigerante e utilizavam o mesmo canudo, os rostos sorridentes olhando para a câmera e as mãos unidas descansavam em cima da mesa.

Estavam juntos novamente.

— Jin hyung, o que acha? — Ele exibia um sorriso galanteador, as mãos juntas abaixo do queixo completando a imagem cômica que fizera o loiro rir.

— Acho que estamos atrasados, Jimin. — Ajeitou-se, colocando a gravata em seu devido lugar e fechando os botões de seu terno alugado. Respirou fundo, a realização do seu sonho espantando qualquer insegurança que pudesse possuir naquele momento. — Yoongi e Taehyung vão viajar que horas?

Jimin calçava os sapatos. Franziu o cenho, unindo as sobrancelhas e inflando as bochechas; a ideia de ter seus amigos distantes o incomodando. O apego que o Park possuía em Taehyung e Yoongi beirava o exagero, afinal os dois só viajariam até o interior durante o final de semana, ou seja, três dias, porém era o bastante para deixá-lo triste.

— Assim que a formatura do Yoongi hyung acabar… — Ele terminara com os cadarços, colocando-se de pé novamente. Olhou-se no espelho mais uma vez e analisou sua aparência. — Eu estou bonito, hyung?

— Claro, Jiminnie. — O loiro apertara as bochechas de seu dongsaeng e, com um brilho malicioso nos olhos, bagunçara os fios negros do baixinho.

— H-hyung!

O caminho até a faculdade fora rápido e logo Seokjin e Jimin adentravam o prédio onde a formatura do Kim aconteceria. Os estudantes do curso de enfermagem seriam os primeiros a se formarem, seguidos dos cursos de psicologia, engenharia de computação, designer e, por fim, fotografia. Os demais seriam realizados em outros dias, afinal a faculdade organizara datas distintas entre seus eventos.

No salão onde ocorreria a formatura haviam mesas redondas decoradas com elegantes toalhas brancas, os familiares já se uniam em seus respectivos lugares, formandos de terno e gravata se cumprimentavam com reverências contidas e balões dourados enfeitavam o grande palco presente.

A família de Seokjin — mãe, pai e seu irmão mais velho, se encontravam na mesma mesa que Namjoon, Jeongguk, Yoongi, Taehyung e Hoseok compartilhavam.

O sorriso de Jin aumentara conforme ele observava a sutil aproximação entre seu irmão e o namorado. O mais velho dos filhos Kim’s jamais aprovara o relacionamento de seu dongsaeng, entretanto, apenas se possuir certo preconceito em relação à sexualidade do mesmo, não esboçava reações exageradas; era calado, quieto, contido. Olhares atravessados e torcida de nariz eram suas especialidades.

— Você está lindo, filho. — A mãe fora a primeira a cumprimentá-lo, recebendo sua reverência e abraçando-o em seguida. Sentia falta do filho mais novo, porém entendia toda e se orgulhava de toda a dedicação que Seokjin possuía.

O grupo de amigos assistiu a inúmeros discursos, lágrimas e parabenizações até que a formatura finalmente chegasse ao seu ápice; a entrega dos diplomas. A mesa estava envolta em uma conversa tranquila entre os pais de Seokjin e Hoseok quando uma elegante mulher de vestido negro anunciara ao microfone o nome do formando. A salva de palmas invadiu os ouvidos de Jin e ele precisou de todo o autocontrole que possuía para não explodir em lágrimas.

Caminhar até o palco improvisado era como andar sobre nuvens com destino ao paraíso, o sorriso estampado em seu rosto bonito sendo capturado por incontáveis câmeras fotográficas. Sua família estava de pé, assim como seus seis melhores amigos, quando o loiro subira os degraus que o separava de seu tão almejado diploma.

Yoongi observou o orgulho escorrendo pelos rostos felizes dos pais de seu hyung e permitiu-se sentir uma dolorosa inveja. Sabia que, apesar de seus amigos estarem presentes, estaria sozinho naquela noite tão especial; os pais o abominavam, odiavam o Min com tanta intensidade que jamais viriam o filho conquistar um de seus maiores sonhos. Ele suspirou, desviando os olhos para o chão, o coração pesando dentro do peito ao lembrar de todas as vezes em que tentara se conectar com os progenitores — e de como fora cruelmente rejeitado e humilhado em todas elas.

Por mais estranho que aparentasse, Min Yoongi sentia-se sozinho naquele grande salão recheado de pessoas.

— Hyung… — O sussurro delicado de Taehyung o despertara, atraindo a sua atenção como o mais poderoso dos ímãs. Ele correra a mão sutilmente pelo braço de seu hyung, cruzando os dedos e transmitindo uma segurança que acalmara rapidamente o coração surrado de Yoongi.

— Obrigado. — Ele não olhava para o amado, fingindo estar atento a um Seokjin emocionado em seus agradecimentos.

Era o momento do amigo, não o dele.

Horas mais tarde – e após os pais de Jin partirem para sua cidade natal –, o grupo de amigos aguardava o momento em que Yoongi finalmente receberia seu diploma. Seria oficialmente formado em psicologia, certamente possuiria um futuro brilhante e uma carreira invejável, afinal possuía determinação, paciência, ambição e um amor absoluto pela profissão, adjetivos que formavam profissionais exemplos.

Entretanto, Yoongi continuava inseguro.

Suas dúvidas a respeito do futuro e sua auto estima inconstante o levaram ao campus da faculdade. O moreno tinha as mãos unidas em cima das coxas e descansava em um banco de madeira tão frio quanto aquela noite estrelada, sua mente supondo situações desagradáveis e provocando um mau estar incômodo em seu estômago.

Estava ansioso, com medo, com frio e sentindo-se sozinho.

— A formatura não é aqui fora. — O sorriso brincalhão nos lábios de Taehyung o chamara novamente para a realidade, retirando-o de um labirinto de pensamentos indesejáveis.

— Tae… — A seriedade no tom de voz dele fizera Taehyung fechar o sorriso. — Acha que eu vou ser um bom psicólogo? Acha que eu mereço me formar?

Taehyung uniu as sobrancelhas, sentando-se ao lado do seu hyung e escondendo as mãos nos bolsos da calça. Os fios castanhos escorriam por sua testa e lhe davam uma aparência angelical, os dedos de Yoongi formigavam para tocá-lo, mas o baixinho sempre possuíra um admirável controle sobre si mesmo, então permanecera quieto enquanto o Kim pensava.

— Eu nunca conheci alguém que merecesse tanto a felicidade quanto você, hyung. — Os olhos de Taehyung fitavam o céu estrelado acima deles, suas palavras tocando a alma do outro e acariciando o seu coração perturbado. — Você sempre se esforçou ao máximo para deixar todos a sua volta felizes, sempre esquecendo os seus problemas para ajudar a qualquer um que precisasse da sua ajuda. Hyung, você tem um coração tão puro! — Ele agora olhava nos olhos de Yoongi, a sinceridade contida naqueles olhares criando uma atmosfera mágica ao redor dos dois. — Eu não sei se você vai ser um bom psicólogo, mas sei que vai dar o seu máximo para isso.

A mão esquerda de Taehyung saíra de seu esconderijo e percorrera o frio da noite até alcançarem os fios escuros de Yoongi. Ele fizera um carinho agradável nos cabelos de seu hyung, que apenas fechou os olhos aproveitando o contato. Estavam sozinhos e compartilhavam sentimentos tão bonitos que o coração do Min estava sendo preenchido de amor. Se apaixonava pelo melhor amigo pela enésima vez.

— E, sabe, isso já é o suficiente para dizer que você merece o melhor, Yoonie.

O selinho calmo que trocaram fora o suficiente para encerrar aquele assunto. Yoongi sentia-se em paz, suas pertubações evaporando conforme os lábios úmidos de Taehyung iam de encontro aos seus. Demoraram alguns segundos antes de se separarem, aproveitando ao máximo os significados que aquele simples contato possuía.

— Tae… — A voz grossa de Yoongi cortara o silêncio. — Eu te amo.

A morte age como quem arranca flores literalmente pela raiz, interrompendo momentos incríveis e levando pessoas para um local onde elas não possam mais ser encontradas. O que fica são os buracos, as lembranças, as fotografias, as lágrimas; as únicas certezas de que o falecido realmente existiu.

Quando Taehyung abriu o sorriso mais feliz de toda a sua vida, quando Yoongi finalmente se declarara com todas as palavras, tudo à sua volta começara a evaporar. Os prédios da faculdade iam sumindo lentamente, cada janela onde inúmeras pessoas se debruçaram apenas para perderem-se em pensamentos desaparecendo sutilmente, as estrelas desaparecendo uma por uma, tornando o céu um borrão escuro e amedrontador.

— Eu te amo, Yoongi.

Os olhos lacrimejados de Taehyung não conseguiram captar o início daquele fenômeno, afinal estavam fechados graças ao beijo que se iniciara após sua declaração. As mãos de Yoongi corriam por seus cabelos calmamente, descendo até sua espinha e provocando arrepios em seu corpo. Ele sorrira nos lábios de seu precioso Taetae, as batidas de seu coração acelerando tanto que seu peito começara a doer.

Enquanto isso, todo o cenário havia desaparecido. Como se nunca houvessem existido. Simplesmente se tornaram um grande e interminável abismo em um branco tão absoluto que cegaria quem o encarasse por longos minutos.

Taehyung abraçava seu hyung e puxava-o para mais perto, o calor do corpo do Min aquecendo-o e os lábios mornos beijando-o tão apaixonadamente que ele sentia-se flutuando. Quando suas mãos abandonaram as costas do baixinho e decidiram subir até seus fios negros, uma sensação de vazio invadiu o seu coração conforme ele percebia que Yoongi estranhamente estava sumindo. Em seus braços, em seus lábios, seu amado Yoonie tornava-se nada. Ele abriu os olhos extremamente assustado, observando que estava sozinho em um local infinitamente branco.

— M-Mas… — Taehyung se levantara, as lágrimas presas dentro das pálpebras não o permitindo enxergar perfeitamente. Ele piscara e algumas caíram, banhando a sua pele delicada e perdendo-se na branquidão total.

Os pensamentos gritavam dentro da mente de Taehyung, a angústia crescendo e forçando-o a procurar por uma explicação racional. Ele não estava entendendo o que estava acontecendo, segundos antes beijava Yoongi — e agora encontrava-se só em um… Local? O que era aquele local, afinal?

As mãos tremiam e os pelos de seu corpo estavam em pé. O frio transformava a sua respiração em uma fumaça transparente e os lábios dele tremiam. Estava com medo, confuso, perdido — como uma criança sozinha em uma multidão.

— O-O que está acontecendo? Onde eu estou? Alguém?! — Se questionava, procurando desesperadamente qualquer vestígio de que não estava sozinho naquele maldito fim de mundo e notando que o banco de madeira onde beijara Yoongi tão docemente havia sido substituído por uma simples placa de carro.

A verdade atingiu Taehyung como um tiro na espinha. Suas pernas não aguentaram mais o peso do seu corpo e ele foi ao chão, balançando a cabeça de um lado a outro, negando o que estava diante dos seus olhos, o peito doendo tanto que era impossível respirar. Ele ofegava, afastando a gola da camisa com uma mão e se abanando com a outra em uma tentativa desesperada de obter ar.

Não… Ele pensava, a adrenalina fazendo o sangue correr mais rápido e o corpo esquentar. Não sentia frio, mas seus membros continuavam congelados no chão, mantendo-o caído e derrotado.

— Não! Não! Não! Yoongie-ah! Eu fiz tudo certo, e-eu— A dor era tão forte, intensa e poderosa que o estômago de Taehyung começava a protestar e ele sentia que vomitaria a qualquer momento. — Não! E-Eu te amo, Yoonie! — As lágrimas caíam como cachoeiras pelos olhos castanhos do moreno, lambendo todo o seu rosto. Ele sequer possuía forças para limpá-las.

Apertou a camisa com os dedos, fechando a mão em punho. A dor em seu coração era tão violenta que Taehyung logo se encontrava apertando o próprio peito.

— Por favor, faça parar…. — Implorava para qualquer um que o ouvisse, seu choro silencioso se transformando em uma explosão de soluços e gritos de agonia. — Ah! Isso dói! Não! Por favor, Yoongie… — Ele deitou em posição fetal, as duas mãos apertadas contra o peito tentando diminuir a dor que dilacerava seu coração e o partia em dois.

Desmoronando. Taehyung definitivamente estava desmoronando.

— Alguém…! Por favor! — Seus súplicos por ajuda eram misturados com soluços e gritos de dor, a mais pura e terrível dor que Taehyung já havia sentido.

Nesse exato momento, quando o moreno era resumido em lágrimas, dor, agonia e sofrimento, uma segunda pessoa adentrou aquele horrível cenário.

Suas sobrancelhas unidas demonstravam como ela sentia compaixão por aquele rapaz encolhido, as roupas numa confusão de cores escuras atribuindo a ela uma imagem obscura e revelando sua identidade. Ela suspirou alto, os olhos bem fixos no corpo sofrido de Taehyung.

— Hey, Taehyung!

O rapaz sentara-se rapidamente, o coração acelerando e as vistas embaçadas graças às lágrimas. Limpou-as em seguida, fungando infinitamente e fitando a figura conhecida que lhe oferecia a mão. Engoliu em seco e negou, sabia que suas pernas estavam fracas demais e que não sustentariam o restante do corpo.

— Q-Quem… — Um soluço cortou-o, ele fechou os olhos e respirou o mais fundo que pôde, demorando longos segundos na tarefa. — Quem é você? O que está acontecendo? Onde está Yoongi hyung? Quem é você?

A mulher soltou um riso pelas narinas, Taehyung havia repetido a pergunta, tão inerte em suas questões não respondidas para perceber o que estava acontecendo. Realmente, o coração puro daquele homem não merecera o que aconteceu.

— Eu sou conhecida por muitos nomes. — Ela sentou-se no chão, os pés descalços e as unhas machucadas atraindo a atenção de Taehyung. Ele uniu as sobrancelhas, a figura bizarra da mulher provocando mais perguntas em sua mente. — Talvez você me conheça, Taehyung, eu sou responsável por cumprir as ordens do Destino.

Não, Kim Taehyung não conhecia aquela mulher e não fazia a menor ideia do que diabos estava acontecendo ou do que ela estava falando. Sua última esperança era de que estava sonhando; logo acordaria e veria seu amado Yoongi novamente, lhe daria um selinho e tomariam café juntos, porém a próxima frase da mulher o dilacerou de dentro para fora lentamente, queimando sua esperança e matando-a da maneira mais cruel possível.

— Eu estou aqui para te dizer, Taehyung, que seu amigo Yoongi não morreu naquele acidente. — Os olhos do moreno estavam bem abertos, fixos no rosto da mulher misteriosa e extremamente atentos ao que ela falava. — Você morreu.

E então Taehyung soube quem era aquela mulher.

— Eles me chamam de Morte.

"There, at the piano

I listened to her

And when her playing began

I lost my breath"
 


Notas Finais


a letra é de klavier do rammstein mas eu dei umas ajustadas pra se encaixar melhor... é uma boa musica, recomendo.

o proximo sai no proximo domingo.
(pode me xingar a vontade, deixem-me saber suas opinioes)


beiju


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