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História Secret - Days like those


Escrita por: Yusui

Notas do Autor


créditos ~
Fanart da capa: @holysarvel

Fanart do capítulo: @octopicchi (Takucchi no twitter)

Capítulo 1 - Days like those


Fanfic / Fanfiction Secret - Days like those

 

Havia dias como aquele.

Em que a frieza das palavras de Diluc ecoava pelo chão de madeira da taverna, em que a distância entre os dois era silenciosamente mantida e os olhos nem chegavam a se encontrar direito. Os quais Kaeya trabalhava o dia todo no quartel dos Cavaleiros de Favonius e Diluc ocupava-se com as tarefas do Vinhedo, assinando documentos sobre carregamentos e atestando a qualidade de suas uvas. Tudo para que, no fim do dia, quando o Sol laranjado curvava-se na linha do horizonte, uma cadeira fosse puxada e o vinho derramado sobre a caneca nas mãos de Kaeya.

Ele bebia um pouco — não que pudesse beber muito — e observava-o na ação monótona de secar os copos. E então o tempo passava, mais rápido do que seus sentidos pudessem acompanhar, e ele sabia quando era hora de ir embora porque era quando Diluc falava seu nome. A única vez que a palavra era dita em uma ordem para deixar o lugar.

Havia dias como aqueles e havia dias como este.

Dias em que Kaeya visitava o Vinhedo pouco antes do cair da noite. Em que ele e Diluc descem as escadas para uma das salas consideradas “secretas” abaixo do saguão. Eles sacam suas espadas e se entreolham, um de frente para o outro.

 

 

Kaeya avançou sem hesitar. Seu primeiro golpe foi defendido com maestria, os movimentos rápidos seguintes sendo apartados pela espada longa de Diluc. Ele trincou o maxilar, as lâminas se chocando em questão de segundos num estrondo metálico fez com que o Alberich recuasse um passo, atento.

Diluc não era tão rápido quanto ele, e a espada tornava os movimentos mais arrastados, porém igualmente mortais. A força imposta no próximo golpe que realizou contra Kaeya fez com que a espada fina voasse das mãos alheias após alguns minutos a mais de combate, o objeto atingindo o carpete, metros atrás dos dois.

O ato alarmou Kaeya que, agora desarmado, não teve escolha senão curvar-se do ataque seguinte. A lâmina negra do espadão de Diluc passou tão rente à sua cabeça que os fios da franja balançaram com o vento. Então Diluc girou o corpo no momento exato em que Kaeya deu uma rasteira em suas pernas, derrubando-o no chão e consequentemente o desarmando também.

O ruivo grunhiu, irritado quando as pernas do outro pressionaram por cima das suas. Ele chutou Kaeya antes mesmo de ser rendido, e o gemido de dor veio quando as mãos de Diluc impediram os movimentos dos braços de Kaeya. Os dedos dele ao redor de seus pulsos eram firmes como ferro — frio e forte, como o próprio dono, e o aperto machucava.

A súbita raiva de Kaeya explodiu como uma onda que não podia ser estancada, e se manifestou na expressão em seu rosto, nos dentes cerrados e sobrancelhas contraídas. Ele relutou e se debateu o quanto pôde, mas Diluc continuou sobre si, a calma e autocontrole abalados eram revelados pelos arfares que saíam de sua boca, pela pele suada, os olhos que brilhavam como um claro desafio.

Eles se encararam por vários segundos, e não havia mais nada senão o silêncio quebrado pelas respirações os fazendo companhia. O coração sacudia dentro do peito e as roupas se tornavam quentes demais para o sangue correndo em excesso por suas veias. Quisera gritar ou enterrar-se naquela frustração, era só mais um dia igual a outros, mais uma noite em meio a tantas que fingia nunca existir, e que de fato não existiam para outros. No entanto, nada daquilo importava, pois não lhe era permitido desviar a atenção. A nenhum dos dois.

E não eram naqueles dias, mas sim naqueles momentos que a vontade de beijar Kaeya atingia Diluc como uma ordem que não podia ser ignorada, um comando da parte mais sincera de seu corpo que, ao mesmo tempo, era como um soco diretamente em seu rosto

Ele vasculhava os detalhes da pele morena, da linha na testa franzida até o queixo anguloso, e se perdia inevitavelmente na curvatura dos lábios carnudos, nos fios escuros espalhados pelas bochechas rubras que o deixavam mais bonito ainda.

Maldito fosse Kaeya Alberich...

Então antes mesmo que qualquer outra coisa acontecesse, antes que ele fechasse os olhos e se culpasse por qualquer um de seus pretextos, Diluc suspirava pela pressão dos lábios de Kaeya.

Ele perdia o controle. Apertava os pulsos do outro contra o chão e beijava-o com feracidade — juntando seus lábios, mordia o inferior até sentir gosto de sangue na boca.

De um segundo para o outro, era tudo bruto, firme e quente como fogo, gelado como o inverno e desejoso como o que estavam fazendo. Kaeya se desvencilhava, porque ele sempre conseguia se soltar, e a última coisa que Diluc sentia era a ponta dos dedos a desfazerem seus botões, um a um. As roupas iam ao chão, às vezes magnificamente soltas, às vezes rasgadas pela impaciência, mas sempre para acabarem do mesmo jeito.

Kaeya arfava, sorria e arrastava as unhas pelo abdômen pálido pois ele gostava das linhas vermelhas, da fantasia de ter alguém que lhe pertencesse. Nada era doce, nada era lento, não tinha o mínimo de piedade, e ele detestava adorar as oscilações de Diluc. Odiava a vista daquele teto como odiava se sentir tão confuso quando ele segurava sua coxa daquele jeito, os dedos fortes, a respiração próxima e os dentes castigando sua pele com a dor para dar lugar ao mais belo prazer quando a língua o chupava com tamanha devoção.

E ele se agarrava ao carpete, sem escolha, zonzo pela sensação que o fazia gemer de modo lascivo, que acelerava seu coração como uma droga injetável. A ponta dos dígitos afundava naquele chão aveludado até mudarem de direção: do piso para o cabelo longo de Diluc, emaranhando-se nos fios macios dele.

Como amava aqueles estúpidos cabelos vermelhos, tão brilhantes e carmesins ao Sol…

Queria perguntar como podia a textura suave ser tão agradável ao toque. Queria confessar que, cada vez que via Diluc com as madeixas soltas — em ocasiões mais raras do que gostaria — tinha vontade beijar os lábios e gentilmente segurar-lhe os cabelos para findar sua sede dele. E Kaeya queria tanta coisa, tanta, mas não conseguia achar as palavras certas, as frases complexas amontoando-se até que o silêncio se tornasse a melhor delas. Ele deixava aquilo acontecer porque sabia que era inevitável, tão impossível de impedir quanto despejar-se na boca quente do Ragnvindr, as costas se arqueando e a consciência se tornando branca e espessa como as nuvens.

Kaeya sequer via o reaproximar, ele apenas esperava de olhos fechados, ofegante, e então sentia os beijos em seu pescoço, o carinho de um selar perto da orelha e o sussurrar de seu nome, pequenos mimos incomuns daquele tipo que faziam seu coração doer de modo quase insuportável.

Quando ele não conseguia aguentar mais aquele aperto que parecia sufocar seu peito, tudo que restava era fingir impaciência — algo que não era realmente difícil — e trocar as posições deles.

Diluc arqueava as sobrancelhas, quieto, e Kaeya sentia-se livre em encarar aquilo como uma prova de que poderia fazer o que quisesse. Ele erguia as coxas apenas o suficiente para poder se livrar do resto das vestes de Diluc, baixava a cabeça e sentava-se sobre toda a sua extensão, mordendo o inferior e sentindo cada centímetro fazendo a dor pulsar dentro de si.

E daquela dor, particularmente, ele gostava. Poderia se chamar de masoquista, mas Kaeya não conseguia fugir do fato de que, em todas as vezes, o vislumbre do rosto de Diluc naqueles momentos era tão malditamente excitante quanto ter que manter em segredo tudo o que estavam fazendo. Era uma mistura de uma brisa de incredulidade com um mar de prazer puro. E ele sentia-se orgulhoso pois conseguia dizer onde cada traço da testa franzida ficava, em que momento as pálpebras se fechavam e imaginar mil vezes o cerrar daqueles dentes, seguido da mão que ia até seu queixo, os dedos pressionando o maxilar apressadamente enquanto era puxado para mais um beijo.

Kaeya suspirava com a ardência, com a fome que Diluc parecia emanar no contato molhado das línguas. Era uma briga entre a dominância e a subordinação, que acabava sempre no mesmo resultado. Ele não percebia a luva de couro que ficara em torno da destra do Ragnvindr até que esta estivesse segurando sua cintura nua. Não sabia de quem vinha a iniciativa dos movimentos, e então quando se dava conta, o prazer estava roubando parte de sua mente, parte esta que também se dividia entre Diluc e a dor. Ambas.

Para Diluc, era impossível se separar quando o corpo do Alberich o buscava com tanto fervor. Ele tinha os braços de Kaeya ao redor dos ombros, puxando-o, seduzindo-o assim como aquele timbre único que o ruivo não queria dividir nem com as paredes de madeira daquele cômodo. Era seu, todo seu, e ao mesmo tempo não era. Em meio a breve frustração disto, Diluc se esforçava para gravar tantos gemidos doces na memória, no entanto, eles se derretiam também, como o calor que precisava do frio para cessar.

Ele chupava, maculava aquela pele morena de um jeito tão necessitado porque o queria proclamar seu, mesmo sabendo bem da realidade das coisas. E quando sentia a sensação úmida do membro duro de Kaeya escorregando entre os dígitos, quando o prazer atingia um ponto alto onde era demais para aguentar, Diluc mordia o ombro dele, grunhindo roucamente ao deixar um último resquício de sua própria presença. Tanto pelo fato de que gostava de pensar nele em casa, olhando-se com aquilo diante do espelho; subindo a mão pelo braço até o pescoço, distraído, ao sentar-se em sua cadeira na mesa do quartel-general de Favonius; ou mesmo durante algum exercício com a espada onde o ferimento da marca dos dentes de Diluc levemente incomodaria — tanto porque, no fim, era difícil demais conseguir conter a intensidade de tal impulso.

E na hora de parar, se separar, interromper aquele laço ou o que quer que aquele frenesi de acontecimentos já havia virado, ele tinha certeza que falharia. Eram naqueles mesmos dias que sequer adiantava tentar e valia apenas aceitar o rumo que seu coração decidia. Então Diluc se acomodava em seu erro, ele fechava os olhos sabendo que era tarde demais ao escutar a voz alheia proferindo, dizendo e encantando seu subconsciente como se fossem palavras mágicas.

 

 

Mestre Diluc...

 

 


Notas Finais


Caso haja interesse, tenho outras fanfics Luckae
https://www.spiritfanfiction.com/historia/like-a-princess-23553732 (Like a princess, 2shot com lemon)
https://www.spiritfanfiction.com/historia/cartas-para-diluc-24153478 (Cartas para Diluc, longfic)
https://www.spiritfanfiction.com/historia/sweet-taste-25339312 (Sweet Taste, oneshot)


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