História Secret Behind Purple Eyes - He isnt dead

"A ganância insaciável é um dos tristes fenômenos que apressam a autodestruição do homem."
Textos Judaicos

– Claire – Scott a chamou, recebendo um olhar interrogativo em resposta – Stiles não está melhorando, nem sei se posso dizer que está piorando, o coração dele nem parece bater – dizia apavorado com os pensamentos que preenchiam sua mente, não queria cogitar essa hipótese.

– Me diga uma coisa que eu não saiba Scott! – assustou a maioria com seu tom ácido, não se importou no momento, sua cabeça estava a ponto de explodir pela mistura de sentimentos que apertavam seu coração entre as costelas – Eu não sabia mais o que fazer, vocês estavam de braços cruzados o vendo agonizar sem fazer nada a única coisa que eu achei pudesse funcionar eu fiz – declarou suspirando , deixando-se escorregar pela parede escura.

– Algumas pessoas não nasceram para isso, e nós não podemos fazer nada para mudar isso – disse Peter, imediatamente se lembrando de Paige assim como Derek, mas o mais novo espantou-se por aquela lembrança não o machucar mais como antes.

O loft estava cheio, não era algo costumeiro, mas havia mais pessoas do que normalmente. Isso deixava o local com uma áurea pesa e desconfortável.

Stiles continuava deitado, mal viam o abdômen do rapaz franzino subir ou descer, se os lobisomens não tivessem uma audição tão aguçada talvez alguém verificaria os batimentos dele de dois em dois minutos, ou até menos. O ferimento da mordida não desaparecia, assim como a culpa de Claire, Stiles estava pálido e amorfo jogado naquele móvel por sua culpa se fosse outra pessoa no seu lugar ele provavelmente estaria tentando melhorar o humor de todos ali, a única que não aconteceria nada era Lydia, por ser imune.

Claire estava tão concentrada que o barulho dos corações começou com um zunido, mas depois as batidas se tornaram insuportáveis – vigorosas e frenéticas – nem saber que seu irmão estava vivo deixava-a com um peso a menos na consciência.

Até teria ido para outro lugar tomar um ar fresco, mas ao focar-se em Stilinski percebeu que seu coração começou a descer as batidas rapidamente, mas tão suave quanto uma pena, o tamborilar era singelo que causava angústia nos providos de sentidos apurados. Claire e Scott trocaram olhares intensos como se não precisassem de mais nenhum meio de comunicação para se entenderem. A garota agora estava sentada no braço do sofá oposto a cabeça do garoto, onde McCall estava nesse momento, o olhar dele estava perdido e apavorado, Claire já tinha que se contentar com a própria dor, mas o cheiro de dor e melancolia fazia seus olhos e peito arderem como brasas incandescentes.

A maioria emanava uma quantidade enorme de aroma deprimido e fúnebre salpicado de dó e compaixão, isso era como gás tóxico para o peito da garota que se inchava por sentir toda aquela mistura de sentimentos no ar denso, o coração se comprimia mais a cada segundo passado, se enterrando nos ossos rijos da costela.

Quando o coração de Stiles parara o olhar de Scott fora tomado por um vazio exorbitante, como se a Iris tivesse se fundido com a pupila tornando os belos e corajosos orbes castanhos de Scott em um chumbo frio e impenetrável, sem todo aquele brilho ingênuo que ela tanto admirava neles, e junto com isso uma dor excruciante tomou conta do seu peito, a fez travar a mandíbula para não grunhir e pressionar as mãos contra o coração, como se estivesse tentando estancar um sangramento inexistente. Sabia que aquela dor era de Scott.

Quando levantou os olhos para fita-lo pode ver uma lagrima escorregando serenamente por sua bochecha. Sabia que estava contendo as lagrimas, caminhou entre alguns passos hesitantes até ele, envolveu a cabeça dele com os braços finos sentindo-o repousá-la sobre seu colo e por os braços ao redor da sua cintura enquanto ela murmurava palavras de conforto que não serviriam de nada no momento.

Derek observava a cena com o semblante triste, os soluços de Scott só eram contidos pelo fato de a garota estar o apertando o máximo contra si, suas auras se misturando em uma sintonia perfeita, a chama envolta deles demonstrava como a conexão entre si era forte, como se realmente fossem irmãos gêmeos de verdade. O homem viu gotículas translúcidas atravessarem a pele dela ainda marcada pela luta, os cílios curvados sombreava a face de modo que não pudesse enxergar as esferas de um tom semelhante a ônix.

Todos estavam com as mesmas roupas, não ousaram sair do lado de Stilinski para nada. Já fazia torno de quatro horas que estavam ao redor daquele sofá observando Stiles morrer lenta e dolorosamente na esperança que ele pudesse abrir os olhos curiosos e fazer ma piada qualquer usando seu habitual tom sarcástico, porém seria uma coisa que ninguém ouviria nunca mais.

A loba de Claire estava inquieta, perturbada. Parecia a sentir andando de um lado para o outro, como se suas habilidades e conhecimentos não funcionassem e ela fosse completamente inútil e Claire gritou com ela mentalmente que a única inútil era si mesma, mas a loba a defendera com unhas e dentes de si mesma que, já nem capaz de ajudar Claire que era o que deveria fazer foi capaz.

Isaac observava Allison e Lydia abraçadas, a morena confortava a ruiva que chorava, a mais alta também chorava, mas se controlava para conseguir consolar a melhor amiga. Por mais irritante que Stilinski pudesse ser quando queria, todos ali eram seus amigos e estavam abalados com a perda.

A mãe de Claire contara a ela o quão difícil era perder um membro do bando, e era isso que Stiles era, apesar de humano e acima de tudo amigo era parte do bando e Claire havia entendido como a mãe descrevera, a frase vinha a mente “É como perder uma parte de si”.

Antes que mais soluços pudessem romper pelo recinto, uma golfada de dar foi engolida bruscamente por Stiles enquanto ele ainda arfava incessante pela busca de ar. Um manto pacifico foi jogado sobre Claire quando ela percebeu que Scott não estava mais ao redor de si, mas sim do garoto que antes estava deitado inerte sobre o estofado de linho.

 Claire observou ambos se abraçarem com um sorriso reluzente nos lábios, seus ombros não estavam mais rijos de preocupação e agora lágrimas de felicidade rolavam por sua face sem nenhuma preocupação.

[...]

Depois de certificarem que Stiles estava bem, que havia comido e sem mais nenhuma marca pelo corpo, além da mordida que havia sido enfaixado na casa de Scott, depois de Claire ir embora junto a eles, com Jackson logo atrás.

Claire pulou do jipe enquanto vi os amigos atravessarem a porta da casa de Scott e desaparecem, virou-se para abrir a porta logo dando passagem para seu irmão e garota loira entrar.

A morena ofereceu algo para eles ao mesmo tempo em que a loira se apresentava – Skylar Volkov foi o nome que saiu melodioso por seus lábios grossos e róseos – a mais alta disse que iria sair para que ambos pudessem ter a privacidade.

– Mas já está tarde é perigoso sair pelas ruas de Beacon Hills, que não são nem um pouco bem iluminadas – a olhou com um pouco de preocupação.

– Não para pessoas como... – seus olhos piscaram em um amarelo amedrontador, antigamente poderia ter encolhido os ombros pela confiança que exalava dela – Nós.

A garota saiu pela porta deixando seu perfume floral e doce, sem ser enjoativo, no ar. Seus olhos se voltaram ao garoto, nem acreditava que estava vivo. Lembrou de quando brincavam juntos, os cabelos castanhos mel contrastando com os afáveis olhos claros, ela viu essas características incrustadas no rosto másculo e delineado, e não daquela figura doce quase perto de se tornar angelical.

Jackson contou tudo a ela, tudo que se lembrava. Sempre achou que os sonhos vagos que tinha da infância distante era apenas coisa da sua imaginação, mas a garota ali na sua frente lhe provava que o pouco que lembrava era absolutamente verdade. Seus olhos límpidos não pararam de encará-la por um minuto sequer enquanto falava.

– Nós éramos pequenos e meu... Quer dizer nosso pai sempre teve um favoritismo por você, mesmo antes de acontecer tudo que aconteceu, e eu nunca soube por que e garanto que não vou conseguir tirar essa informação da nossa mãe tão cedo – ela suspirou lembrando-se de como era deixada de lado pelo pai – Logo depois que eu me transformei, que foi cedo demais perceberam que era por conta da raiva. Eles sempre conseguiram me manter calma, mas teve um dia que eu estava com você e você iria sair com o nosso pai e eu quis ir, e eu fiquei irritada e como eu era pequena eu não sabia diferenciar pessoas de animais e acabei atacando você – ela abaixou os olhos sentindo aquilo voltar a queimar eu seu peito e escorrer pelos seus olhos – Eu nunca quis te machucar, na verdade eu sempre te protegia e naquele dia eu não pude fazer isso – apesar da voz parecer frágil, as palavras saiam firmes – Eu não pude proteger meu irmão.

Ao ver a irmã com o rosto enterrado nas mãos deixou-se levar pelo impulso de abraçá-la, atravessou o curto espaço entre os sofás e a puxou para um abraço apertado. Com o rosto colado contra a base do pescoço dele ela levou as mãos as bochechas dele, utilizando o resto da força que sobrara da luta mostrou a ele tudo que acontecera na infância dos dois; de como não se largavam, de como Claire assumia a culpa quando ele fazia coisas erradas, até o momento em que ela pensou ter matado a única pessoa que amara tanto quanto a mãe. Isso só fez com que ele a apertasse mais entre seus braços.

– Está tudo bem agora, eu voltei. E não irei embora tão cedo – falou serenamente, enquanto fazia círculos nas costas dela com a palma da mão direita, logo a sentindo relaxar, mas continuava a sentir as gotas molharem sua camisa.

[...]

Depois de finalmente acalmar Jackson foi embora, ela havia insistido para ele ficar, mas teria que ir para a casa dos pais adotivos que não sabiam ainda que ele estava na cidade. Apesar de quase ser uma tragédia completa e o dia já estar amanhecendo, Claire não pode deixar de sorrir vendo que se libertara daquele sentimento corrosivo, não havia matado Deucalion como tinha prometido, mas o deixara vivo. Só que ele não tinha o que tanto desejava; Poder.

Claire havia absorvido quase todo o poder dele, sentia como se estivesse injetando veneno nas veias. Por mais poderoso que era, aquele poder não era inteiramente dele, havia roubado e não o ganhado, não era algo puro e autentico e ela havia retirado dele sem piedade nenhuma. Alguns resquícios haviam ficado para trás, ele ainda poderia se curar e não ficar doente, talvez até envelhecer mais devagar. Ela e Scott deram um aviso rigoroso, que se ele voltasse a pisar nos solos de Beacon Hills novamente, ele não sairia da cidade vivo isso é, se saísse.

Claire ainda cansada conseguiu tomar um banho, para tirar as impurezas não só físicas, mas psicológicas. E após se trocar caiu na cama, apesar do sol estar nascendo ela não se preocupação, em questão de minutos já estava ressonando baixo esparramada pela cama.