História Secret Moments - Tales of Scisaac's Secret Chronicles - Melhor aniversário de todos

Scott olhava ao redor do seu quarto atentamente, tentando identificar alguma coisa de diferente nele, mas não tinha nada. Era igual como todos os dias. O closet no mesmo lugar, a escrivaninha ao lado da cama, com alguns livros e o computador. Algumas roupas jogadas no chão, tudo como sempre foi. E o garoto se sentia da mesma forma, como se tudo nele permanecesse igual. O que não era verdade, já que, aquele dia simbolizava uma mudança significativa para o jovem McCall, estava completando dezenove anos.

Mesmo sendo um evento anual, aniversários não deixavam de ser menos estranhos com o passar dos anos para Scott. Ele não sentia nenhuma diferença nele, em relação ao dia anterior. Na teoria ele estava mais velho e na prática talvez seu corpo estivesse mesmo envelhecendo, mas mentalmente, ainda se sentia com dezoito anos. Precisaria de pelo menos alguns dias para se acostumar com a nova idade, assim como nos anos anteriores.

O garoto refletia um pouco sobre o último ano, muita coisa tinha acontecido. O retorno de Isaac, que desencadeou sentimentos que McCall há muito tinha enterrado dentro de si. Sua descoberta pela atração por garotos, tão intensa quanto por garotas, não foi fácil de aceitar a princípio, mas finalmente se despôs a abraçar esse seu lado, o que levou ao termino com Kira e o início do relacionamento com Isaac, seu melhor amigo, por quem foi apaixonado desde que descobriu o que era estar apaixonado, antes mesmo de Allison Argent, sua primeira namorada, que infelizmente teve uma morte trágica, entrar em sua vida.

Também naquele ano, Scott tinha sido feito refém, junto com Isaac, por Matt Daehler, o colega de classe mentalmente instável, que tinha uma paixão obsessivamente insana por Lahey. Esse dia terminou com McCall sendo baleado e hospitalizado. Quase tinha morrido naquela ocasião, mas esse foi o catalizador para que Scott abraçasse de vez quem realmente era e finalmente assumisse publicamente seu relacionamento com Isaac. É, muita coisa aconteceu no último ano e talvez ele devesse mesmo se sentir mais velho, afinal estava sim, diferente. Os pensamentos de Scott foram interrompidos por duas batidas na porta do quarto.

— Scott? — Melissa o chamou do lado de fora do quarto. — Filho, já acordou?

— Já sim, mãe. — Scott respondeu, sentando-se na cama, no exato momento em que a porta foi aberta e a mulher entrou no quarto, segurando uma bandeja, com um suporte de apoio em baixo.

— Parabéns pra você, nessa data querida. Muitas felicidades, muitos anos de vida. — Melissa cantarolou, se aproximando da cama.

— Obrigado, mãe. — Scott falou sorrindo e quando sua mãe sentou ao pé da cama e colocou a bandeja à sua frente, seu sorriso ficou mais largo, assim que viu uma pilha de panquecas com bacon em cima e a calda por cima do banco, escorrendo pelas laterais das panquecas. — Meu favorito. Valeu mesmo, mãe.

— Eu acho nojento calda no bacon, mas quem sou eu pra julgar. Hoje você merece. — Melissa falou, se inclinando um pouco. Ela segurou nas bochechas do filho com as duas mãos e deu um beijo no topo da cabeça dele. Em seguida, sentou direito novamente e observou o filho comer. — Meu homenzinho. Quando você cresceu tão rápido?

Scott reparou que Melissa estava com os olhos marejados. Ele empurrou a badeja cuidadosamente para o lado e se inclinou para abraçar a mulher.

— Mãe, não chora. — Scott afagou os cabelos de Melissa.

— Desculpa, eu só tô um pouco nostálgica. Até parece que foi ontem que eu te segurei nos meus braços pela primeira vez e você tá fazendo dezenove anos hoje. Mês que vem você já vai pra faculdade. Às vezes eu queria que você voltasse a ser o meu bebê. — Melissa falou, melancólica.

Uma das coisas que sua mãe tinha falado atingiu Scott de um jeito que ele não esperava, o fato de ele ir para faculdade no mês que vem. Não por ter que se mudar, longe disso, estava muito animado para começar, no entanto, pensar que só restavam mais vinte dias de férias, o fez ficar um pouco cabisbaixo, pois, teria que enfrentar uma realidade que vinha evitado pensar muito, ele e Isaac estariam num relacionamento a distância. O garoto balançou a cabeça para afastar os pensamentos, decidindo que não se preocuparia com isso no dia do seu aniversário e também, para disfarçar qualquer tristeza na frente de Melissa, que já estava triste o bastante.

— Mãe, devia estar feliz porque eu estou crescendo e tentando virar o homem que você me criou pra ser, por todos esses anos. — Scott falou, depois de alguns segundos.

— Eu estou feliz sim, muito feliz. E orgulhosa porque você tá virando esse homem e está prestes a se tornar adulto. Não duvide disso, Scott. — Melissa falou se afastando para olhar nos olhos do filho. — Você só vai entender o que estou sentindo quando você for pai algum dia. Que eu espero que seja muito no futuro.

— O lado bom de estar namorado um garoto é que não vou engravidar ninguém acidentalmente, não é? — Scott brincou e Melissa sorriu em resposta. Ela enxugou as lágrimas em seguida e o garoto aproveitou para voltar a comer.

— Você planejou alguma pra hoje? — Melissa indagou.

— Eu combinei com o pessoal de ir no boliche à noite. — Scott respondeu, antes de levar um pedaço de bacon melado de calda para a boca.

— Legal, eu gostaria de ir, mas fiquei no turno da noite hoje.

— Tudo bem, mãe.

— Mas eu pensei que poderíamos almoçar fora hoje e talvez ir ao cinema à tarde. — A mulher sugeriu. — Ou você é já velho de mais pra ir ao cinema com sua mãe?

— É claro que não. — Scott sorriu. — Eu adoraria.

— Pode chamar o Isaac pra vir com a gente. — Naquele momento, o celular de Scott começou a tocar e ao pegá-lo, sorriu ao ver o nome do seu namorado piscando na tela. Ele mostrou pra Melissa, que também sorriu. — Vou te deixar sozinho.

A mulher se levantou e se dirigiu para a porta, saiu do quarto e fechou a porta atrás dela. Scott atendeu a ligação e levou o celular até o ouvido.

— Parece até que você adivinhou. — O garoto falou, antes que Isaac pudesse dizer qualquer coisa. — Minha mãe tava falando de você agorinha.

— Bem que eu senti minha orelha esquentando. — Isaac falou, sorrindo, do outro lado da linha. Assim como Scott, ele ainda estava deitado na cama no quarto que dividia com Boyd. — Feliz aniversário, amor.

— Obrigado. — Scott respondeu. — A gente vai almoçar fora e vamos ao cinema à tarde, vem com a gente?

— Não vai dar, eu tenho uma coisa pra fazer. — Isaac respondeu, tentando não parecer muito óbvio.

— O que você tem pra fazer? — Scott questionou com o cenho franzido. — Eu te falei que não precisava comprar presente.

— Fica tranquilo. — Isaac falou. — De qualquer forma, tudo certo pra hoje à noite?

— Claro. Todo mundo confirmou que vai.

— Te vejo lá.

— Ok, então. Pode ficar com seus mistérios, eu não ligo.

— Você fica mais velho, mas continua sendo o rei do drama. — Isaac sorriu e Scott também.

***

“Nada de presentes”, foi o que Scott lhe dissera no início daquela semana. Isaac não entendia muito bem o porquê dessa decisão do namorado, pois, quando foi o seu aniversário, McCall lhe deu uma caixa de chocolates com formatos de coração de presente. Foi algo simples, mas foi perfeito para Lahey. Ele sempre gostou da simplicidade. O loiro é claro, queria compensar Scott e também, aquele seria o primeiro aniversário de Scott em que eles eram oficialmente namorados e Isaac sentia que precisava fazer algo especial. Porém, ele respeitaria o pedido do outro garoto, mas é claro que não deixaria passar em branco.

E ele tinha a ideia perfeita. Após desligar, não demorou muito mais tempo na cama. Logo se levantou e foi tomar um rápido banho para terminar de despertar. Assim que terminou, voltou para o quarto, enrolado numa toalha branca, se vestiu e logo desceu para o andar de baixo, onde encontrou seu amigo Boyd sentado no sofá, de frente para a televisão, comendo uma tigela de cereais, enquanto assistia alguma coisa. Estavam sozinhos, Lahey lembrou. Alicia, irmã de Boyd, tinha ido dormir na casa de uma amiga e só voltaria a noite e os pais tinham ido visitar a avô do garoto. Isaac se dirigiu para a cozinha, pegou uma tigela no armário e uma colher na gaveta abaixo dele, pegou a caixa de cereais, que Boyd tinha deixado na mesa e a encheu. Por fim, diferente de seu amigo, guardou a caixa de volta no armário, ele sempre fazia isso, nunca deixava algo fora do lugar.

Tinha adquirido esse habito desde quando ainda morava com os McCall, pois, sempre achava que estava abusando da hospitalidade, mesmo depois de tanto tempo, ainda tinha essa sensação de que não podia deixar sua presença transparecer de maneira tão expressiva. Claro que os Boyd sempre deixaram muito claro que agora aquela era sua casa, mas Isaac não podia evitar. O garoto voltou para a sala e se sentou ao lado de Boyd no sofá, sendo cumprimentado por ele. O loiro cumprimentou de volta e começou a comer.

— O Scott falou que não queria presentes hoje, mas eu vou encomendar um bolo pra levar pra o boliche. — Isaac comentou depois de alguns minutos. — Você acha que é uma ideia ruim?

— Não, é uma boa ideia, na verdade. Não é exatamente um presente e no final das contas, todos nós vamos comer. — Boyd respondeu, olhando para o amigo.

— É mesmo, não é? Vou terminar aqui e correr numa doceria, espero que aceitem para a noite. — Isaac falou. — Você vai sair? Encontrar a Erica ou qualquer coisa?

— Não. — A resposta de Boyd foi seca e Isaac reparou que ela demorou um pouco, e veio depois de um suspiro, que o garoto negro tentou disfarçar, mas não conseguiu. Lahey achou aquilo estranho, mas preferiu não comentar nada. Se Boyd não quisesse falar, ele não forçaria no momento.

— Então, você pode me emprestar seu carro pra que ir na doceria?

— Claro, a chave tá no nosso quarto. É só pegar.

— Valeu.

Terminaram de comer em silêncio. Isaac lavou a louça suja, tanto a sua, quanto a de Boyd, voltou ao quarto e pegou a chave do carro. Em seguida, voltou a descer e saiu da casa. O loiro dirigiu calmamente pela cidade e não demorou muito para chegar ao seu destino. Logo, estacionou em frente á um prédio com fachada rosa claro e um bolo de morango desenhado. Desceu do carro e rumou para dentro do prédio. Quando abriu a porta e foi para o balcão, uma moça simpática não muito mais velha que ele o atendeu.

— No que posso te ajudar? — Ela perguntou com um sorriso.

— Eu consigo encomendar um bolo pra essa noite? — O garoto quis saber, torcendo por uma resposta positiva.

— Claro. Um bolo simples ou temático?

— Pode ser temático. Algo com um lobo, uma lua cheia. De chocolate. — Isaac respondeu.

— Conseguimos sim. Vai querer velas com idade do aniversariante? — A moça perguntou.

— Não, sem velas, só o bolo mesmo, obrigado.

— Ok. — A moça falou o preço do bolo e Isaac pagou com um cartão de crédito. — Você pode pegar no fim da tarde. Só me diz seu nome pra não ter erro na entrega.

— Isaac Lahey, mas eu acho que outra pessoa deve vir pegar. Stiles Stilinski, o filho do xerife. — O garoto respondeu.

— Anotado.

— Obrigado. — Isaac falou, antes de se dirigir para a saída. No momento em que passou pela porta novamente, pegou seu celular no bolso da calça e discou o número de Stiles. Alguns segundos depois, o filho do xerife atendeu. — Stiles?

— Opa, Isaac. o que você manda? — O garoto falou do outro lado da linha.

— Eu encomendei um bolo pra o Scott, você pode pegar mais tarde, antes de ir pra o boliche?

— Claro pego sim. Me passa o endereço. — Stiles respondeu.

— Vou passar por mensagem. Não esquece, tá legal.

— Assim você me ofende, meu amigo. — Stiles falou brincalhão e Isaac sorriu.

— Tchau, Stiles, até mais tarde. — O garoto desligou, abriu a caixa de mensagens no celular e passou o endereço da doceria para o amigo. Depois, escreveu uma mensagem para sua amiga Lydia Martin, informando sobre o bolo e da missão de Stiles de pegá-lo antes de ir para o boliche. Lydia lhe respondeu confirmando que não deixaria o namorado esquecer do bolo e Isaac agradeceu.

***

O dia de Scott foi bastante agradável. Pela manhã, depois de terminar de comer, o garoto não fez muita coisa além de passar as horas matutinas revezando entre jogar vídeo game, assistir filme e responder mensagens de “feliz aniversário” que recebeu, mas depois de copiar e colar o texto de agradecimento algumas vezes, o jovem McCall se cansou e deixou o celular de lado, no silencioso. À tarde, como combinado, ele e Melissa saíram para almoçar fora.

— Por que a gente não vai de moto? — Scott ofereceu, ao ver a mãe pegar a chave do carro. — Você nunca andou de moto comigo.

— Scott, sabe que não sou contra você andar nessa coisa, com o devido cuidado, que eu sei que você tem a responsabilidade de ter. Mas eu não subo numa moto, nem mesmo com você, filho. — Melissa respondeu, já abrindo a porta da casa. Eles saíram da casa e rumaram para o carro, em frente a garagem. — Quer dirigir?

— Não, você dirige. — Scott respondeu.

No caminho, o celular do garoto continuou alertando as mensagens ao longo do dia, surpreendo o rapaz, que não sabia que era tão popular assim. Mas era a mesma coisa todos os anos, sempre recebia felicitações de pessoas que nem sequer trocava alguma palavra no dia a dia. Ele decidiu que não responderia mais nenhuma mensagem naquele momento e faria aquilo à noite, ou no dia seguinte.

— Então, mês que vem tem uma grande mudança, como está se sentindo, filho?

— Eu não sei bem. — Scott respondeu com sinceridade. — Eu não tô pensando muito nisso, na verdade. Só quero aproveitar o verão. Mas acho que já devo começar a pensar, não é?

Melissa assentiu, mas não falou mais nada e Scott agradeceu por aquilo. O garoto sabia que devia mesmo começar a pensar naquilo, como ele mesmo dissera, no entanto, estava evitando. Logo começaria a faculdade, estava animado pra isso, porém, por outro lado, não ter mais seus amigos com ele diariamente seria triste e principalmente Isaac, que apesar de ele ir pra uma faculdade razoavelmente perto, ainda assim, seria um pouco distante. Scott afastou os pensamentos, sabia que não podia evitar pra sempre, mas era seu aniversário e ele podia se dar ao luxo de deixar tudo isso para amanhã. Naquele momento, o celular tocou, mas não era uma mensagem e sim uma chamada.

— Hoje você tá requisitado, hein? — Melissa brincou e Scott sorriu.

— É o meu pai. — Scott falou, antes de deslizar o botão para atender a ligação e levar o celular ao ouvido. — Oi, pai.

— Oi, filho. — Rafael falou do outro lado da linha. — Feliz aniversário.

— Obrigado, pai.

— Eu sinto muito por não estar com você aí hoje, mas as coisas aqui em Washinton estão movimentadas.

— Tá tudo bem. — Scott falou. — Quem sabe no próximo verão eu não passe uns dias com você aí.

— Seria bom. — Rafael falou.

Com o passar dos meses, desde que Scott decidiu perdoar seu pai pelos anos de ausência e optar por uma reconciliação, eles vinham reconstruindo mais e mais o relacionamento deles. E o McCall mais jovem estava tão feliz com aquilo quanto o mais velho. Até Melissa, se alegrava com a nova situação deles. Mesmo que estivesse distante, Rafael ligava constantemente para saber como Scott estava, tinham dias que eles se falavam por horas a fio. E sempre que podia, o homem vinha a Beacon Hills para breves visitas, mas que eram muito significativas. Até mesmo Scott já tinha ido visita-lo uma vez em Washington para a virada do ano novo.

— Algum plano especial para hoje? — Rafael quis saber, com interesse genuíno.

— Tô indo almoçar fora com minha mãe e depois vamos ao cinema. À noite eu vou jogar boliche com o Isaac e um grupo de amigos. — Scott respondeu.

— Eu não sabia que você jogava boliche. — Rafael comentou.

— Bom, eu não jogo. Sou terrível, na verdade. Mas a diversão é o que conta, não é?

— Verdade. Divirta-se bastante. — Rafael falou. — Nos falamos depois. Manda um abraço pra Melissa.

— Tá bom. Tchau, pai. — Scott desligou, deixou o celular no colo e olhou para sua mãe. — Ele mandou um abraço.

Não demorou muito mais tempo para que chegassem ao restaurante escolhido. Durante o almoço, mantiveram uma conversa animada, banhada de lembranças da infância de Scott e até mesmos sobre os acontecimentos mais recentes, envolvendo Isaac. Melissa se sentia muito orgulhosa pelo filho ter aceitado todos os seus lados e principalmente por ter engatado no namoro com Isaac, pois, ela sabia que eles se gostavam muito e não deviam guardar para si mesmos os sentimentos recíprocos.

— Eu tinha um pouco de medo de como você ia reagir. — Scott confessou. — Quer dizer, você reagiu bem quando o Isaac te contou que é gay. Mas tem pessoas que reagem bem quando não são seus filhos.

— Sinto muito se em algum momento eu fiz você pensar que não podia me contar. — Melissa falou.

— Não foi você, mãe. Você sempre foi incrível e mente aberta. O problema era comigo mesmo. — Scott lembrou. — Mas isso passou e eu sou um bissexual orgulhoso que namora um garoto incrível. Não vou esconder isso na faculdade.

 — Muito bem, querido. Você está mais que certo, quanto a isso. Eu estou tão orgulhosa de você.

Depois do almoço, eles partiram para o cinema e na hora de escolherem o filme, foi um trabalho árduo. Terminaram assistindo Planeta dos Macacos: A Guerra, contra a vontade de Melissa, mas como era aniversário de Scott, ele tinha um peso maior na decisão. E mesmo não sendo seu tipo de filme, a mulher até que achou interessante, embora não tivesse o contexto dos filmes anteriores. Perto do fim da tarde, eles estavam voltando pra casa, para que a Mulher pudesse se trocar e ir trabalhar e o garoto pegasse a moto para ir para o boliche. Mas quando o carro virou na esquina da rua deles, parou de andar e logo avistaram fumaça saindo do motor. Scott viu aquilo como uma oportunidade.

— Logo agora, não posso me atrasar pra o trabalho. — Melissa falou, frustrada.

— Eu tenho uma ideia que você não vai gostar. — O garoto olhou sorrindo para a mãe, que o olhou com a sobrancelha arqueada. Scott pegou seu celular e abriu a porta. — Vou ligar pra o pai do Tucker Cornish pra ele guinchar o carro. Vamos, vou te levar pra o hospital, de moto.

— Se eu souber que isso foi algum truquezinho seu pra me fazer andar de moto, você vai ver só, Scott. — Melissa saiu do carro, o trancou e seguiu e filho pela rua, até a casa deles.

— Truque nenhum, mãe. — Scott falou discando o número da oficina mecânica do pai de seu colega de escola, Tucker. Quando o homem atendeu, eles já estavam na frente da casa, o garoto explicou a situação e falou a localização do veículo e pediu para que fosse guinchado e no dia seguinte, ele deixaria a chave na oficina.

Assim que entraram na casa, Melissa foi tomar um rápido banho e Scott seguiu seu exemplo. Não muito depois, o garoto já estava esperando sua mãe no andar de baixo, segurando dois capacetes, um em cada mão. Quando a mulher se aproximou, já vestida com seu uniforme de enfermeira, seu filho sorriu pra ela e lhe entregou um dos capacetes. Voltaram a sair da casa e se dirigiram para a moto estacionada em frente. Scott colocou o capacete, subiu e aguardou sua mãe subir atrás dele, com um pouco de dificuldade.

— Não sei se é uma boa ideia. — A mulher falou, colocando o capacete, relutante.

— Relaxa, mãe, você tá segura comigo. Segurou firme? — Melissa assentiu e Scott deu a partida.

— Não vá muito rápido.

— Pode deixar. — Scott concordou, já começando a conduzir a moto. Ao passarem pelo carro, viram que ele já estava sendo guinchado por um caminhão sendo conduzido por Tucker Cornish. O garoto acenou para o colega, que retribuiu, e seguiu rumo ao hospital.

***

Definitivamente, algo não estava correto, Isaac podia sentir. Percebeu isso no momento em que Erica entrou no carro, sentando-se no banco do carona, onde o garoto estava antes, e não apenas o cumprimentou com o “oi” mais frio que ela já tinha falado, mas também se manteve em completo silêncio depois disso. Nem mesmo conversou com Boyd, seu namorado, que estava ao seu lado, no banco do motorista, conduzindo o carro atento a estrada, também sem dizer nenhuma palavra. Agora, sentado no banco de trás, na parte do meio, Isaac observava, com apreensão, os amigos, intercalando seu olhar entre Boyd e Erica. Ele tinha vontade de perguntar o que estava havendo, mas era óbvio que nenhum dos dois queria falar coisa alguma, então, se conteve e também permaneceu em silêncio, desejando que chegassem logo no destino.

Depois de alguns minutos, Isaac cansou de olhar para Boyd e Erica, esperando que algum deles fosse falar alguma coisa, e voltou sua atenção para a paisagem passando rapidamente do lado de fora da janela. Casas e prédios não tão altos, às vezes se misturando com árvores. Mas nem mesmo Beacon Hills, a cidade que tanto amava e odiava na mesma intensidade, conseguiu o distrair completamente do clima pesado, que habitava o interior do carro de Boyd. E isso fez com que o pequeno passeio, que durou apenas um pouco mais de vinte minutos parecessem horas para Lahey. Mas quando o rapaz ao volante finalmente estacionou, Isaac respirou em conforto e foi o primeiro a descer do veículo. Sem esperar pelos amigos, ele seguiu pelo estacionamento, ainda se perguntando o motivo de toda aquela frieza.

Era muito estranho, até ontem os dois estavam no maior amor e nem mesmo as recorrentes brigas, e eram muitas, os fazia agir daquele jeito, tão silencioso. O garoto esperava que Boyd e Erica se assertassem antes de entrar ou que pelo menos, que eles disfarçassem qualquer problema que estava acontecendo. Quando entrou na pista de boliche, Isaac logo sentiu um clima mais aconchegante, talvez por ter se afastado do casal ou simplesmente porque a alegria no ambiente das pessoas jogando as bolas nos pinos e comemorando quando os derrubavam era mesmo contagiante. Ele olhou ao redor, à procura de alguém conhecido, esperando que alguém mais tivesse chegado, não queria voltar a ficar sozinho com Boyd e Erica. Mas assim que ouviu seu nome ser chamado por Stiles, acenou aliviado, já indo na direção que ele estava, junto de Lydia, Kira e Malia.

— Oi, moças e Stiles. — Isaac falou, ao se aproximar.

— E aí, cara. — Stiles o cumprimentou com um soquinho no punho.

— Cadê o Scott? — Kira indagou.

— Eu vim com o Boyd e a Erica, mas eu falei com o Scott, ele já tá chegando. — Isaac replicou, sentando-se ao lado da garota.

— E onde eles estão? Boyd e Erica? — Foi Lydia quem perguntou.

— Ah, eles... — O garoto refletiu por alguns segundos antes de continuar, não sabia o que estava acontecendo e com certeza não queria fazer nenhuma fofoca presumida. — Eles tão vindo.

— Que demora. Eu quero jogar logo. — Kira explanou sua vontade.

— Eu também tô animada. — Lydia avisou, esfregando suas mãos.

— Eu não sei qual é a graça em jogar uma bola num monte de pinos. — Malia comentou baixinho, mas todos ouviram.

— Malia, querida, já conversamos sobre isso. — Kira começou a explicar para sua namorada. — A graça não é o jogo em si, mas passar tempo com os amigos, enquanto ainda podemos.

— E uma boa dose de competição saudável é muito divertido. — Lydia completou. — Além disso, é o aniversário do Scott, e ele escolheu vir pra cá.

— Eu tô até agora sem entender o porquê. As habilidades dele no boliche são um desastre total. — Stiles falou e Isaac sorriu, concordando.

— Ainda bem que no lacrosse ele era bom. — Isaac falou, ainda sorrindo e Stiles assentiu.

— Como amigos do Scott, temos que comemorar com ele. — Kira completou.

— Eu aposto dez dólares que você tá aí emburrada, mas quando começarmos a jogar, você vai se divertir. — Stiles falou.

— Eu duvido muito, mas fechado. — Malia falou estendendo sua mão, em direção ao filho do xerife, que a apertou brevemente.

— Ali, o Boyd e a Erica. — Lydia falou, depois de alguns segundos, erguendo o braço direito para acenar para o casal recém-chegado.

Quando chegaram perto, Isaac percebeu que tinham se transformado, ou pelo menos estavam tentando disfarçar seja lá o que fosse. Erica abraçou sorridente as meninas, enquanto Boyd, cumprimentou Stiles, não tão sorridente, quanto sua namorada, mas com um semblante neutro, como de costume. Eles se sentaram ao lado de Stiles e Lydia e Lahey percebeu que estavam um pouco distantes, pelo menos, o quanto o banco permitia, ou seja, alguns centímetros, diferente dos outros casais que estavam praticamente colados. Mas os outros presentes não perceberam notar, ainda mais quando começaram a conversar animadamente.

— Onde está o bolo, Stiles? Você não esqueceu, não é? — Isaac perguntou, chamando a atenção do Stilinski e de todos os outros.

— Com você e a Lydia me lembrando a cada cinco minutos, é meio impossível, esquecer. — O filho do xerife retrucou.

— É claro, se dependesse só de você, não teria bolo nenhum. — Lydia falou com um sorrisinho nos lábios. Stiles a olhou com uma expressão de indignação, mas quando a garota lhe deu um beijo na bochecha, ele sorriu.

— Eu pedi pra o pessoal da lanchonete guardar. Devo dizer, Isaac, o tema foi bem preciso, o Scott vai adorar. — Stiles continuou.

— Se você acha que o Isaac te importunou por conta desse bolo, você não faz ideia do que é ser importunado por ele. — Boyd comentou. — Ele não parava de falar, que tinha que ser perfeito e tudo mais. Dica pra todos, nunca dividam um quarto com esse carinha, quando ele tá determinado a fazer alguma coisa.

— Cala a boca, Boyd, eu nem falei tanto assim. — Isaac disse, cruzando os braços.

— Falou sim. — Boyd disse em sussurrou, assentindo com a cabeça para os outros, que não conseguiram conter a risada.

— Onde tá o Scott, afinal? — Erica perguntou.

— Olha ele ali. — Foi Kira quem anunciou, apontando com a cabeça. Todos olharam na direção. Imediatamente, Isaac se levantou e foi de encontro ao namorado.

— Oi... — Scott não conseguiu dizer mais nada, pois, foi interrompido com um beijo de Isaac, sem se importar com os olhares alheios. McCall rodeou a cintura do outro garoto com os braços, tendo um pouco de dificuldade, já que carregava dois capacetes, cada um em uma mão, e correspondeu ao beijo. Mas não demoraram muito, logo o romperam. — Isso tudo foi saudades?

— Não, foi só o beijo de feliz aniversário. — Isaac respondeu sorrindo, e Scott sorriu também. Lahey pegou um dos capacetes, segurou na mão do namorado, entrelaçando seus dedos e o puxou. — Vem, estão todos te esperando.

— Olha ele aí, o aniversariante. — Stiles falou, se levantando para abraçar Scott, que deixou o capacete na mesa, antes. Isaac fez o mesmo. — Feliz aniversário, irmão.

— Valeu, cara. — Scott agradeceu e eles se afastaram.

— Feliz aniversário, Scott.

Lydia foi a segunda a abraçar Scott, imitada por Kira, as duas desejaram “parabéns” ao garoto, que agradeceu sorrindo. Em seguida, Erica deu um rápido abraço também desejando felicitações. E enquanto McCall sentava junto com Isaac, ao lado de Kira e Malia, Boyd o cumprimentou com um aperto de mão elaborado. Já Malia apenas se limitou a acenar com a mão e desejar “feliz aniversário”. Scott agradeceu a todos.

— Foi mal a demora, gente. O carro da minha mãe quebrou e eu tive que dar uma carona pra ela até o hospital. — Scott explicou.

— Melissa de moto? Eu daria tudo pra ter visto isso. — Isaac comentou.

— Eu também. — Stiles concordou com o amigo.

— Como ela tá? — Kira perguntou.

— Tá bem. Um pouco chateada por não poder vir, ela adora boliche. Mas passamos o dia juntos hoje. Foi bem legal, ela fez meu café da manhã favorito e fomos ao cinema à tarde. — Scott falou.

— Bom, agora que você chegou, podemos começar a jogar? — Malia questionou. — Prometeram que eu ia me divertir.

— Antes, eu e o Isaac temos uma surpresa pra você. — Stiles falou, já voltando a ficar de pé. Scott o olhou com a testa franzida e Isaac lhe lançou um olhar como se quisesse dizer “você?”. O Stilinski, entendeu a mensagem e logo se corrigiu. — Tá, o Isaac tem uma surpresa, eu só fiquei encarregado de ir pegar.

— Então, você pode ir pegar agora. Eu te ajudo. — Isaac falou, se levantando também. Ele seguiu junto com Stiles, em direção ao à lanchonete e Scott os acompanhou com o olhar.

— O que eles estão aprontando? — Scott indagou, olhando para todos, com a testa franzida novamente. Como resposta, Kira deu de ombros, Lydia apenas sorriu, antes de dar alguns tapinhas no ombro de MaCall e os outros apenas ficaram em silêncio. Poucos minutos depois, Stiles e Isaac retornaram e Scott se surpreendeu, ao ver o bolo que o filho do xerife segurava. — O que? — O garoto perguntou com um sorriso largo. O bolo era azul, mas com dois tons diferentes, um mais claro e um mais escuro, algumas estrelas prateadas estavam espalhadas, fazendo com que o bolo tivesse a aparência de um céu noturno. Na lateral, na parte de baixo, estava desenhada uma árvore seca, e um lobo marrom. Em cima dele, um papel redondo branco perolado, com uma lua cheia e à frente dela, outro lobo, de papel, só que esse era preto e estava com a cabeça levantada, como se estivesse uivando para a lua. — Gente, eu não sei nem o que dizer.

— Tudo ideia do Isaac. — Lydia falou, quando Stiles colocou bolo em cima da mesa, atrás do placar que eles usariam para marcar os pontos em breve.

— Por isso tava tão ocupado hoje pra não poder passar o dia comigo e com minha mãe? — Scott questionou, olhando para o namorado, que segurava uma pilha de pratos com alguns garfos e facas em cima. Isaac apenas deu de ombros e sorriu.

— Você disse que não queria presentes, mas eu quis te surpreender mesmo assim. — Isaac respondeu, colocando os pratos na mesinha, ao lado do bolo.

— E você surpreendeu. — Scott se levantou, foi até Isaac e lhe beijou na boca. — Obrigado.

— Então, vocês querem cantar parabéns agora, ou podemos jogar antes? — Boyd perguntou.

— Sem parabéns, podemos só cortar o bolo logo e comer. — Scott falou e os outros assentiram. Ele pegou uma faca em cima da pilha de pratos, que Isaac tinha trazido, e a direcionou para o bolo.

— Faz um desejo. — Kira falou.

Antes de cortar o bolo, Scott fechou os olhos refletiu por alguns segundos. Não tinha nada no momento que ele quisesse tanto, tudo estava fluindo de um jeito muito certo. Ele conseguiu entrar na faculdade que queria e começaria suas aulas em algumas semanas, Isaac também tinha entrado na faculdade almejada, e eles não estariam tão longe um do outro. Seus amigos também partiriam para buscar seus futuros, onde queriam. Sua mãe não ficaria tão solitária, quando ele saísse de casa e sua relação com seu pai estava cada vez melhor, com o passar do tempo. Tudo estava do jeito que deveria estar, no entanto, algo passou pela sua cabeça. Enquanto deslizava a faca pelo bolo, para baixo, o garoto mentalizou. E assim que terminou de cortar, pegou um prato e sem muita destreza, colocou o pedaço de bolo. Por dentro, o bolo era de chocolate, sabor favorito de Scott.

— O primeiro pedaço é meu, não é? — Stiles questionou, já esticando a mão em direção ao prato, mas Scott deu um tapa em sua mão, e ele recuou.

— É do meu amor, é claro, que encomendou o bolo. — Scott respondeu, estendendo o prato para Isaac, que sorriu e aceitou de bom grado. Em seguida, eles deram mais um beijo e quando romperam, Scott se voltou para o bolo novamente e Isaac pegou um garfo e começou a comer.

— O que desejou, Scott? — Malia perguntou, olhando para o garoto, que tinha voltado a cortar o bolo.

— Só que tudo seja tranquilo, quando o verão terminar. Vai ser uma mudança e tanto, pra todos nós, e eu espero mesmo que seja uma mudança tranquila. — Scott respondeu, tirando outro pedaço do bolo. Ele colocou num prato e deu pra Stiles.

— Não era pra falar. Agora, não vai se realiza. — Erica falou, antes que Scott pudesse responder.

— Eu não acredito muito nessas coisas, na real. — Scott deu de ombros e mais uma vez, voltou sua atenção para o bolo.

Após todos receberem seus pedaços, Scott se sentou ao lado de Isaac, segurando seu prato e começou a comer, junto com os outros, enquanto mantinham uma conversa animada, tendo o som dos pinos sendo derrubados nas outras pistas como trilha sonora. Isaac percebeu que, embora Boyd e Erica participassem da conversa, eles eram os menos alegres no recinto. Mesmo disfarçando bem, mas Lahey conseguiu notar, no entanto, ele decidiu não pensar muito nisso e apenas aproveitar aquele momento, com seu namorado e os outros. Seja o que fosse, o problema não era dele, então, prestou atenção nos outros.

— Então, Scott, como é ficar mais velho? — Lydia perguntou.

— Normal, não me sinto diferente. Na verdade, ainda parece que tenho dezoito anos. — Scott respondeu.

— Comigo foi a mesma coisa. Acho que é normal pra todo mundo, quando faz aniversário. Afinal, é um dia como qualquer outro. — Isaac comentou e os outros assentiram.

— Talvez mês que vem, você se sinta mais velho, com a faculdade e tal. — Boyd falou e naquele momento, Erica, ao seu lado, encolheu os ombros, mas logo disfarçou, voltando a ficar ereta. Isaac percebeu. Talvez o fato de eles estarem em estados diferentes tivesse alguma coisa a ver com o que quer que estivesse acontecendo entre eles.

— Eu nem acredito que o verão já tá acabando. — Kira comentou, num tom tristonho, e todos compartilharam do mesmo sentimento.

— Vai ser estranho começar a aulas em outro lugar no mês que vem, não é? — Foi Stiles quem verbalizou o que os outros estavam pensando e uma melancolia recaiu sobre eles. Mas Scott, logo tratou de inverter a situação.

— Qual é, gente, é meu aniversário, eu não quero ficar triste. Viemos aqui pra jogar ou o que? — McCall falou, tentando levantar os ânimos. E funcionou, todos olharam mais animados pra ele.

— Pois é, me prometeram diversão, e até agora nada. — Malia, lembrou. — Parece que vou ganhar dez dólares, fácil.

— Bem lembrando, vamos mudar esse astral. — Stiles disse, determinado.

— Do que ela tá falando? — Scott perguntou baixinho, no ouvido de Isaac.

— O Stiles e a Malia fizeram uma aposta, se ela não se divertir hoje, ele vai dar dez dólares pra ela, ou algo assim. — Isaac respondeu no mesmo tom.

— Além disso, queremos ver o aniversariante passar vergonha no boliche, não é? — Stiles falou e o Scott o olhou com incrédulo.

— Só pra você saber, eu fiquei muito bom, de uns tempos pra cá. — Scott falou, olhando para Stiles, mas em seguida, se virou para Isaac. — Fala pra ele, amor.

— Hã... é... — Isaac gaguejou, sem saber o que dizer e Stiles caiu na gargalhada.

— Nem seu namorado tá do seu lado nessa, Scott. — O filho do xerife falou, ainda rindo.

— Eu vou mostrar pra vocês. — Scott falou, determinado. Ele se levantou, e se afastou rapidamente, seguindo para um balcão afastado, pediu um par de sapatos apropriados, no seu número, ao atendente e retornou para onde seus amigos estavam. — Vocês vão jogar ou não?

— É claro. — Kira assentiu.

Enquanto os outros se levantavam para ir pegarem também os sapatos, Scott tirou os tênis que usava e se sentou no banco, para calçar os outros pares. Não demorou muito para que os outros retornassem, cada um segurando um par de sapatos brancos, iguais aos de Scott, e os calçassem também. Depois, foi definido que o grupo se dividiria em dois times de quatro e competiriam entre si. A princípio, Boyd sugeriu que fosse ser meninos contra meninas, porém, logo descartaram essa ideia, quando as garotas protestaram com o apoio de Stiles, que, sabendo que Lydia era muito boa no jogo, a queria no seu time. Então, o filho do xerife questionou se Scott queria usar o privilégio de aniversariante para ser um dos dois que tirariam time. Mas McCall disse que preferia usar esse privilégio para ser o primeiro a jogar.

Depois de alguns minutos de debate sobre quem tirariam os times, foi definido que seriam Stiles e Isaac e competiriam no cara ou coroa para saber quem seria o primeiro. Stilinski escolheu cara e Lahey ficou com coroa. Boyd foi quem jogou a moeda e quando caiu em sua mão, Stiles comemorou, quando viu o símbolo na moeda que simbolizava que ele quem começaria. Ele escolheu Lydia sem nem pensar. Já Isaac estava dividido entre escolher Scott, para que ficassem no mesmo time, mesmo sabendo que ele era terrível no boliche e isso traria uma enorme desvantagem para seu time, e Boyd, que ele sabia que seria um jogador forte. No final, tomado por um espírito competitivo, optou por quem lhe daria mais chance de vencer, Boyd.

— Babe? — Scott protestou, surpreso.

— Desculpa, amor, mas eu quero ganhar. — Isaac lançou um sorrisinho para o namorado e deu de ombros.

Stiles também riu, zombando de Scott. Em seguida, ele escolheu Erica, e Isaac notou que a garota soltou um sutil suspiro, parecendo aliviada, a paranoia de Lahey o fez pensar que era por não estar no mesmo time de Boyd. O garoto olhou para o amigo, que também pareceu aliviado. Não sabia por que estava pensando tanto naquilo, o que quer que estivesse havendo não era da sua conta, mas não podia negar que estava mesmo preocupado com aquela situação. Não queria que ficasse um clima estranho só que era mais que isso, no entanto, o garoto não entendia muito bem o que poderia ser. Depois de alguns segundos, Stiles chamou sua atenção, por estar demorando a escolher e mais uma vez, decidiu deixar pra lá e escolheu Kira, que sorriu animada, enquanto Scott o olhava com indignação mais uma vez.

— Já que eu te prometi diversão, Malia, eu te escolho. — Stiles falou sorrindo. E então, olhou para Scott e deu uma piscadela pra o amigo. — E claro, não quero deixar o aniversariante triste por não ficar no mesmo time do namorado.

— Engraçadinho. — Scott falou, levantando o dedo do meio pra Stiles.

Com os times definidos, todos se prepararam para o jogo. Como ficou decidido, Scott foi o primeiro a joga. Ele pegou uma bola azul e se dirigiu para a pista, se preparou e jogou a bola, que rolou para a lateral e chegou ao fim sem derrubar nenhum pino. Stiles gargalhou em zombaria.

— É, Scott, tô vendo, um ás no boliche. — O filho do xerife continuou zombando.

— Cala a boca, eu só tô aquecendo. — Scott protestou.

— Vai lá, babe. — Isaac o incentivou.

McCall pegou outra bola e se voltou para a pista novamente, se posicionou, respirou fundo e lançou a bola. Com um pouco mais de sorte, conseguiu derrubar dois pinos de trás. Stiles não perdeu a oportunidade de caçoar do amigo outra vez, se prontificando de jogar em seguida. Enquanto Kira anotava os pontos de Scott no placar, Stiles se levantou e pegou uma bola marrom.

— Vou te mostrar como é que se faz. — Stilinski falou, quando Scott passou por ele. O garoto foi para a pista, se posicionou e lançou a bola, conseguindo derrubar apenas um pino.

— É, Stiles, tô vendo. — Scott deu o troco.

O filho do xerife lançou a segunda bola e conseguiu derrubar mais alguns pinos, mas não todos. O jogo seguiu animado, com os dois times debochando um do outro quando alguém ia ruim, ou se gabando, quando iam bem. Foi uma partida amigável e divertida. Isaac até se esqueceu da tensão que estava acontecendo entre Boyd e Erica e até Malia se divertiu, como Stiles disse que aconteceria, mesmo ela relutando em admitir isso. Em uma das jogadas, Scott foi atingido por uma repentina sorte e conseguiu fazer um strike. No final o time dele e de Isaac saiu vencedor, entretanto, somente porque Lydia, que no começo estava determinada a ter a pontuação perfeita, deixou que o aniversariante ganhasse, perdendo alguns pontos de propósito. Stiles é claro, reclamou daquilo, mas não levou o assunto muito adiante.

— Stiles, você pode levar o bolo pra minha casa, por favor? — Scott pediu para o amigo.

— Eu virei oficialmente o carregador de bolos. Vou começar a cobrar. — Stilinski falou, pegando o bolo na mesa. Ele se dirigiu para a saída ao lado de Lydia. Atrás deles, os outros seguiram mais devagar.

— Como o Stiles vai entrar na sua casa? — Kira quis saber.

— Ele tem uma cópia da chave. Não me pergunte como. Até hoje ele não me falou. — Scott respondeu.

— O Stiles é um cara muito estranho. — Malia comentou.

— É, mas depois de alguns anos você se acostuma. — Isaac concordou.

— Isaac, você vem com a gente? — Boyd perguntou, quando chegaram ao estacionamento.

— Não, eu vou com o Scott. — O loiro respondeu, olhando para o amigo. Boyd assentiu e ele notou que tanto ele quanto Erica ficaram tensos.

— A Kira pode me dar uma carona. — Erica falou, não diretamente para o garoto negro. — A casa dela é mais perto da minha.

— É, pode ser. — Kira concordou e Erica se aproximou dela sem nem se despedir devidamente de Boyd. É claro que Isaac não deixou de notar aquilo. O grupo se despediu e foi se dispersando, cada um seguindo para seus veículos.

— Hoje foi muito divertido. Melhor aniversário de todos. — Scott falou ao se aproximar da sua moto. — E apesar da minha, nada útil, habilidade no boliche, nós ganhamos.

— Nada útil? Você quer dizer completa ausência, não é? — Isaac debochou, ficando de frente para o namorado. — E a gente só ganhou porque a Lydia sentiu pena de você.

— Eu fiz um strike, não fiz? — Scott falou, dando um passo na direção do outro, diminuindo a distância entre eles. — Acho que mereço pelo menos um prêmio por isso. Você não acha?

— Talvez. — Isaac sorriu, antes de romper a distância entre eles, tomando os lábios de Scott em um beijo um tanto demorado, que só se findou, quando ambos precisaram recuperar o fôlego.

— Não quer ir dormir lá casa? — Scott perguntou esperançoso. — Eu sei que disse que não queria presentes, mas eu pensei em algo perfeito que você pode me dar. — O moreno deslizou sua mão livre pelas costas de Isaac, em direção a bunda do namorado, e apertou a nádega direita dele, fazendo-o gemer baixinho.

— Eu adoraria. — Isaac respondeu, após um suspiro manhoso. Mas antes que ele ou Scott pudesse falar alguma coisa, o celular do moreno notificou uma nova mensagem. McCall o pegou que era de Stiles. Após ler, virou o celular para Isaac, que leu em voz alta. — “Tô deixando a Lydia na casa dela e vou pra sua casa. Noite dos manos”. Acho que fica pra próxima, então.

— Você não quer ir lá pra casa mesmo assim? Podemos chamar o Boyd. — Scott sugeriu.

— Não sei se ele tá muito no clima. Você reparou que ele e a Erica estavam meio distantes hoje? Tem algo estranho. — Isaac indagou.

— Pra ser sincero, eu não reparei. — Scott respondeu com um pouco de culpa.

— Acho melhor eu ir pra casa mesmo, vai curtir sua “noite dos manos” com o Stiles.

— Ok. Vamos lá, então. — Scott assentiu um pouco triste, mas não reclamou.

Os dois colocaram os capacetes, Scott foi o primeiro a montar na moto, seguido por Isaac, que sentou atrás dele, e como de costume, abraçou o tronco do namorado e apoiou seu queixo no ombro dele. McCall deu partida na moto e a conduziu para fora do estacionamento, tomando mais velocidade, quando entrou na estrada, em direção a casa dos Boyds. Como tinha dito a Lahey, aquele tinha sido o melhor aniversário. Foi simples, mas o garoto nunca quis algo sofisticado mesmo. Passar com seus amigos não tinha preço, pois, com o verão se aproximando do fim, as oportunidades de estarem juntos se tornariam escassas. Pelo menos por um bom tempo. E cada oportunidade de estarem juntos era muito bem-vinda.