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História Secret Soul - Atos inesperados


Escrita por: Mykbello

Capítulo 9 - Atos inesperados


Fanfic / Fanfiction Secret Soul - Atos inesperados

Foi um ato inesperado e que até me assustou um pouco, Camila me abraçou. Se jogou em meus braços e me apertou com força pelo pescoço, escondendo o rosto em meus cabelos soltos. Senti de imediato meu coração fazer festa dentro do peito, animado ao perceber que o corpo onde ele vive, estava recebendo um contato de quem ele mais ansiava ter por perto. Demorou alguns segundos para que eu reagisse e correspondesse ao contato íntimo. Abracei sua cintura e em puro reflexo instintivo, a puxei para mais perto de mim no banco, colando as laterais de nossas coxas. Era um abraço desengonçado pela posição, mas também a coisa mais gostosa que já experimentei fazer. Afundei meu rosto em seus cabelos também, me inebriando com seu cheiro. Ela tinha cheirinho de morango com menta, provavelmente do seu shampoo, era refrescante e gostoso.

-Você é uma pessoa maravilhosa, Lauren.- Ela sussurrou depois de um tempinho daquele jeito.

-Não é verdade, eu conheço alguém muito melhor.- Ela se afastou um pouquinho, olhando em meus olhos. Estávamos absurdamente perto um da outra. Seu hálito batia em minha bochecha, arrepiando todos os pelos do meu corpo.

-La-Lauren... e-eu...- E ela fez mais uma vez algo inesperado. Encostou seus lábios nos meus. Fora algo rápido, apenas um selinho de reflexo. Porém significou tudo para mim. Minha cabeça girou, meu estômago embrulhou e senti minhas pernas darem um espasmo involuntário, tremendo na base. Santo Cristo! Minha mente deu um apagão ao tentar assimilar que Camila me beijou. Não fui eu quem a agarrou ou pediu. Fora ela quem teve a inciativa. O que significava que ela ao menos gostava de mim. Lá se vai meu bobo coração dançar sozinho.

Eu devo ter ficado um bom tempo fora do ar, pois, quando decidi falar ou até mesmo a puxar pela nuca e a beijar de verdade, Camila não estava mais ali.

-Camila!?- Me levantei assustada. Olhei ao redor em puro desespero. Onde diabos ela estava?- CAMILA!?- Gritei, girando no eixo, os olhos afoitos a procura de sua figura pequena. Gritei mais uma vez, correndo pela trilha. Ela havia fugido de mim?

Deus, será que eu passei a impressão errada quando fiquei sem reação? Será que ela ficou assustada e com medo de que eu brigasse com ela? Droga! É claro que eu não brigaria com ela, muito pelo contrário, imploraria por mais contato.

Eu a procurei pelo parque inteiro. Percorri por tudo gritando pelo seu nome, mas realmente a garota havia ido embora. Ou se escondido muito bem. Mas que merda!

Agarrei meus cabelos e os puxei com força, irritada comigo mesma. Como caralhos eu fui deixar a menina fugir sem perceber? Baguncei meus cabelos e soltei um grunhido raivoso.

(...)

-Lauren?- A voz carregada de sotaque cubano perguntou assim que entrei em casa. Fechei a porta e passei a chave, trancando-a. Depois de tanto procurar por Camila no parque e ficar levemente mais rouca por conta dos gritos que eu dei para chama-la, decidi voltar para casa. Estava escurecendo e eu tinha obrigações aqui.

-Sou eu, vovô.- O tranquilizei. Me dirigi até a cozinha e lá estava ele, sentado em sua cadeira de rodas perto da mesa de jantar. Ele comia uma torradinha e sua camisa social branca estava cheia de farelo. Acabei sorrindo fraco.

-Princesinha.- Ele sorriu banguela por estar sem a dentadura.

-Hei, vovô. Como você está comendo torrada sem a dentadura?

-Ora essa, com meus dentes.- Sorriu mais ainda para mostrar seus quatro dentes de trás. Eu acabei rindo.

-Vai acabar machucando sua gengiva seu velho teimoso.- Disse brincalhona. Beijei sua careca assim que passei por ele.

-Eu sou forte, aguento alguns machucadinhos na gengiva.- Estufou o peito. Abri o armário e peguei uma xícara.- É melhor do que usar aqueles dentes falsos.

-Os dentes falsos servem para lhe ajudar, vovô.- Juntei as sobrancelhas ao lembrar de algo.- Onde está sua dentadura, Sr. Jauregui?- Perguntei séria ao me virar para ele. O mais velho fugiu do meu olhar e fingiu ver algo de interessante na toalha de mesa.- Vovô!

-Oh guria chata, está no lixeiro ai em cima da pia.- Resmungou birrento, apontando para a lixeira. O encarei chocada.

-Você jogou sua dentadura no lixo de novo!?

Meu avô revirou os olhos e cruzou os braços. Não parecia um homem de 87 anos, e sim um garotinho de sete.

-Eu não gosto dessa... coisa. Ainda tenho dentes!

-Eu sei que tem vovô, mas isso ajuda conservar os que ainda sobraram.- Expliquei calmamente, pegando no lixeiro o potinho com sua dentadura. Graças a Deus ele jogou com a proteção, senão realmente teria que ser jogado no lixo.- Além de que foi bastante caro.

-Eu falei para você não gastar dinheiro com isso, mas você me escuta? Claro que não!- Resmungou. Foi minha vez de revirar os olhos.

-Foi necessário.- Deixei o pote na mesa e peguei minha xícara de volta, servindo-me um pouco de café.- Já tomou seus remédios?

-Sim. Essa coisa que você colocou no meu pulso não me deixa esquecer.- Balançou o pulso onde estava o relógio que lhe dei de presente.

-Isso se chama despertador e é para isso mesmo que eu o coloquei ai.

-Ele é muito escandaloso. Passei vergonha na frente da Sra. Carter.

-Uuh, viu sua namorada hoje, é?- Perguntei sugestiva e ele ficou todo vermelhinho, desviando o olhar e bufando para mim.

-Não fale besteiras menina.

-O senhor que fica todo gago perto dela.

-E você que não consegue nem arrancar uma bitoca da sua pretendente?- Ele contra atacou, me fazendo abrir a boca chocada.

-Hei! Não tente virar as coisas aqui, mocinho!

Meu avô sabia sobre Camila. Na verdade, acho que não tinha nada da minha vida que ele não soubesse, ele é meu confidente, meu melhor amigo. E para sua idade, seu respeito pela minha orientação sexual mostrava o quanto ele me amava. Meu avô era o melhor. No dia que me assumi para ele, o mesmo estava tentando morder uma coxinha de frango, e para variar, sem a dentadura. Eu soltei de uma vez um "eu gosto de mulheres!". Ele ficou estático por um ou dois minutos, a coxinha na boca enquanto me olhava sem piscar. E quando eu achei que ele fosse me negar, ele tirou o frango da boca, me encarou ainda mais sério do que antes, estendeu o alimento e soltou um "e eu gosto de frango, pode mastigar para mim?".

-E para sua informação, eu sai com ela hoje.- Falei orgulhosa, estufando o peito e bebericando do meu café. Meu velho me encarou surpreso.

-Pode ir me contando tudo.- Ele segurou as rodas da cadeira e se virou para mim, trazendo-a até minhas pernas e começando a bate-la nas mesmas. Ele falando daquele jeito parecia uma amiga minha querendo saber os detalhes sórdidos de um encontro.

-Pare, homi!- Resmunguei e fugi dele, rodeando a mesa e escutando sua risada rouca. Acabei rindo junto.

-Então conte-me logo. Deu uma bitoca nela?- Perguntou animado. Dei risada.

-Na verdade, ela quem me deu.- Abri um sorriso gigante, que fora desaparecendo aos pouquinhos ao meu lembrar do ocorrido depois. Meu avô me olhou curioso.

-Então porque dessa carinha? Não foi aquilo que você idealizou?

-Na verdade foi ainda melhor... Te juro vovô, eu fui ao céu e voltei quando senti a boca dela na minha.- Suspirei ao lembrar do toque íntimo.

-Mas então, porque está tristinha?

-Eu meio que me desliguei por algum tempo e acabei não percebendo que ela fugiu de mim. Deve ter achado que eu não gostei pela minha falta de reação, eu a procurei pelo parque todo mas nã...- Antes que eu pudesse terminar de falar, senti algo atingindo meu rosto. Encarei meu avô com incrédulidade. Ele havia me acertado com um pano de prato.

-Você é uma songamonga! Como deixa a menina fugir assim?!

-Eu não percebi, ok!?- Resmunguei.

-Estrupício!

-Banguela!

-Fracote!

E lá se foram alguns minutos de uma discussão boba e infantil, sem seriedade alguma, apenas implicâncias inocentes.



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