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História Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 25


Escrita por: Jess_Monteiro

Notas do Autor


Olá garotas, atrasei um dia mais eu tenho um bom motivo, aquelas que me acompanham desde fotografias lembram do meu drama com meu lindo e velhinho decadente notebook onde tudo começou, onde eu comecei a escrever minha primeira vez e minha primeira fic do Harry Potter onde eu usava Obrigado para mulheres e hífen ao invés do travessão, ele queimou o resto que tinha de queimar e temporariamente sem nenhum por hora. Minha sorte é que eu já terminei de escrever a primeira temporada e estava iniciando a segunda, então os capítulos estão prontos.
Minha sorte é que eu sou muito folgada e estou usando a net e o notebook da loja da minha amiga, Jackelliny Ratkiewicz (puta legal esse sobrenome, né? é polonês, eu sei pronunciar porque estudo com ela desde quando ela ainda usava aquelas jardineiras fofas da Hallo Kitty kkkkk e agora tá grávida \0/ ).
Explicado meu mini atraso, voltamos ao presente. Quero agradecer a todas que comentaram o capítulo anterior, perdoem-me se não consegui responder todos ainda, é que eu estou sem net também (via viu ¬.¬), vou responder assim que eu continuar roubando o wifi.
A proposta vai aumentar, e esse é o penultimo ou antepenúltimo capítulo que eu vou postar aqui, vou começar organizar tudo par lançar como ebook logo logo. A proposta vai subir apenas dois, 29 pessoas e posto até em 48 horas.
Por hora é só, e boa leitura pessoal, está na hora de algumas revelações, suspeitas e mais interrogações para nos prepararmos para a segunda temporada.

Capítulo 25 - Capítulo 25


Fanfic / Fanfiction Secrets - Os Encantos do Escorpião - Capítulo 25

 

Ethan Parker

 

Eu nunca mais ia beber em minha vida.

 Minha cabeça doía em vários lugares diferentes. E eu não sabia como eu havia vindo parar na cama, não estava mais com o mesmo moletom, estava com um cinzento e mesmo ainda um pouco tonto, eu sabia que não era esse que eu tinha vestido.

 Levantei da cama um pouco atordoado. As cortinas estavam fechadas, mas eu também não me lembrava de ter feito isso, Abigail devia ter vindo aqui, comprimidos de Tylenol estava sobre o criado-mudo assim como uma jarra grande d’água.

 Lembranças da noite anterior vieram um pouco tempestuosas em minha mente. Cara, eu havia bebido demais. Porque não conseguia acreditar que metade daquelas coisas aconteceu. Minha mente traidora estava jogando a favor de outro traidor, meu coração. E apesar de ser doloroso pensar que tudo não passou de um fruto causado por álcool, às lembranças foram como um anestésico maior para a minha ressaca.

 Talvez fosse assim que a tal noite da fossa ou do porre, terminasse para todos no fim das contas. Você acaba entrando em um transe estranho onde você imagina a pessoa do porre ali, com você, cuidando, ao seu lado... e não com outra pessoa.

 Cambaleei para fora do quarto, Bruce não soltou nenhum latido, deveria estar dormindo já que eram cinco horas da manhã. A sala também não estava do jeito que eu deixei, os cheiros de alvejante e produtos de limpeza estavam suaves no ar, na cozinha não havia mais cacos de vidro dos copos e toda a louça que sujei sem necessidade estava secando sobre a pia.

 Caramba, eu devia dar um aumento para a Abigail. Ryan devia ter arrombado a porta e entrado, porque a casa inteira estava limpa e eu tinha a leve sensação de ter vomitado depois que minhas alucinações começaram. Eu nunca usei drogas, mas já tinha ouvido falar das consequências e as da noite anterior foram bem parecidas.

 Parecia ter sido tão real.

 Meus pés mal faziam barulho no piso frio, peguei uma garrafa de água gelada e carreguei até a sala vendo Bruce correr de um lado para o outro para buscar uma bolinha, ele pegava a bolinha na boca e sumia onde eu não podia ver, a bolinha novamente era lançada e ele voltava a correr para pega-la.

 Todos os alertas de defesas foram ligados e caminhei fazendo menos barulho ainda. Bruce nem se importou comigo com sua nova diversão, a primeira coisa que vi foi o suficiente para fazer meu coração disparar dentro do peito. Sentada no chão, com as costas no sofá havia uma cabeleira, era castanha escura e sedosa presa em um coque improvisado com uma das minhas canetas que eu deixava na mesinha de centro.

Não, não pode ser.

 Era como se nenhum dos músculos do meu corpo correspondessem aos meus comandos, e ficassem ali parados à distância olhando para ela. Era Hannah, era ela mesmo. Se ela estava ali... Tudo realmente aconteceu. Não foi minha imaginação bêbada e fértil que materializou ela na porta.

 Hannah estava vestida com um short preto e uma camisa minha que cobria mais da metade dele. Ela falava bem baixinho, por isso não escutei, toda vez que Bruce levava, ela acariciava seu pelo e o elogiava.

 Sorri com a cena, Bruce era um Bull Terrier não muito amigável e sociável com outras pessoas, Abigail era a única pessoa que ele permitia toca-lo porque ela colocava comida para ele, meus irmãos morriam de raiva do meu cachorro porque não conseguiam ficar perto dele. Nas corridas que fazíamos de vez enquanto durante a manhã, ele era que mantinha o assedio das mulheres longe de mim. Ninguém tocava nele a não ser eu, minha mãe e Abigail... E é claro, Hannah.

 Ela parecia absorta nele, mas também parecia bem cansada, como se não tivesse pregado o olho a noite inteira e levando em conta que ela que estava aqui uma hora dessas, eu tinha certeza que foi ela que arrumou tudo.

 Outro sentimento preencheu todos os outros sentimentos do meu peito. Se ela estava ali... não estava com Lee.

—Ei garotão – ela sussurrou para Bruce e passou a mão em seu pelo – desse jeito eu não vou precisar fazer musculação para os bruços, eu preciso descansar – Bruce pareceu entender que ela não ia mais jogar a bolinha e subiu as patas dianteiras em suas cochas lambendo seu rosto – ei ei, eu sei que você é bonitão, mas esse lance entre a gente não vai rolar.

 Ela riu passando a mão pela barriga dele que facilmente tombou de lado aproveitando o carinho. Não consegui mais ficar ali parado a observando.

—Ei seu traidor fura olho – falei, Hannah deu um sobressalto olhando para trás, e Bruce ergueu as orelhas – saia já daí.

 Bruce nem se mexeu, fez algo parecido como um dar de ombros, só que se espreguiçando. Hannah olhou para ele sorrindo e depois olhando para mim.

—Se sente melhor? – perguntou.

—Melhor do que mereço – sentei-me ao seu lado no chão, estendi a mão para o meu cachorro, mas ele nem percebeu minha presença – ele é um traidor idiota.

 Ela riu.

—É sim, e incansável também. O conquistei com pedaços de linguiça na sua geladeira, espero que Abigail não se importe, era isso ou ter uma mordida dele na minha perna. Não foi amor a primeira vista.

—Foi a segunda?

—Terceira com certeza, foi o terceiro pedaço de linguiça e ele já estava se coçando em minha perna.

 Ela deu uma piscada longa, suas pálpebras pesadas.

—Você não dormiu? – perguntei.

Ela me olhou um pouco surpresa.

—Eu não estava com sono, você vomitou no piso... algumas vezes – senti minha vergonha queimar – e eu não sabia o que fazer depois que terminei para falar a verdade. Fiquei preocupada, e não sabia se deveria realmente ficar. Foi impulsivo vir aqui sem falar com você, sei que não gosta...

—Hannah, você é a única pessoa que eu nunca me importaria de vir aqui. Por mim você deveria ter deitado comigo, teria sido maravilhoso ter você ao meu lado em minha cama quando acordei.

 Ela apenas acenou e voltou a olhar para Bruce, fugindo de mim. Eu tinha um monte de perguntas para falar para ela, mas isso era o de menos naquela hora.

—Agora que você está bem, eu acho que é melhor eu ir – ela tirou Bruce do seu colo e se levantou – eu se fosse você voltava a deitar.

 Ela sorriu e pegou sua bolsa, minha mente estava um pouco lenta quando percebi que ela estava indo embora e me levantei seguindo-a.

—Não precisa ir – falei para ela.

—Preciso sim, Ethan. Eu não deveria ter ficado.

—E por que ficou? – curiosidade, frustração e medo apegaram em minha voz.

 Ela sorriu, de um jeito tão doce que fez meu peito se apertar. Ela não podia ir...

—Você me pediu para ficar – respondeu-me – depois de eu te ajudar a tomar banho e te colocar na cama, você me pediu pra ficar.

—Pedi?

 Ela acenou.

—De uma forma bem criativa na verdade, você citou Tassyane Souza, eu nunca tinha lido essa e usei o celular para pesquisar: Amar destrói.

É forte demais para sentir

É complicado demais pra explicar

E é difícil o suficiente para me fazer desistir

 

Logo eu que nunca lutei pelo amor

Eu que nunca quis amar.

 

Logo eu tão sem coração

 

Amar dói muito mais que imaginei

Amar me destrói, me corrói

Mas eu amo, e não desisto

Eu amo

 

Ou talvez não ame

 

Tá complicado

Tá estranho

 

Mas por favor,

Me ame

Fique comigo até o amanhecer

A escuridão me assusta.

 

 Os últimos versos eu falei junto com Hannah, que sorriu.

—Eu não sei como você conseguiu falar isso tudo bêbado, nem fazia ideia que tinha ido atrás disso.

—Eu acho que li isso vezes demais – confessei – É estranho sentir isso, e você está certa sobre essa garota, assim como ela também está certa sobre esses versos porque é exatamente como eu me sinto. De todos, esse foi o que mais pareceu comigo. Você ficou quando eu te pedi para ficar antes, se eu te pedir de novo, você fica?

—Ethan...

—Você está cansada, Hannah e eu só quero que você fique comigo. Não precisamos conversar agora, podemos conversar depois. Eu só quero ficar com você, acordar com você de novo porque eu só pude fazer isso uma vez e é tudo que eu quero fazer de novo...

 Estendi minha para mão ela. Hannah não demorou a aceitar como pensei que faria, seus dedos tocaram os meus devagar e os apertei contra os meus juntando nossas mãos. Puxando-a para mim toquei seus lábios com os meus de leve, sentindo a maciez deles, o gosto deles em minha boca de uma forma tão boa. Foi coisa simples, quando parei para encostar nossas testas, eu não sabia por que ela estava ali e nem o que tinha a trazido, mas eu estava muito feliz por isso.

 Eu sabia que quando ela fosse iria me quebrar ainda mais, mas eu havia me tornado masoquista ao ponto de lidar com a dor depois, se me entorpecesse dela por hora. Era tão boa a sensação dela aqui em casa, era diferente como se ela pertencesse a esse lugar.

—Sua casa é incrível – ela disse entrando no meu quarto – parece muito com você.

—Obrigado.

 Ela abaixou o short e eu a ajudei a tirar o sutiã sem tirar a camisa. Parecia um gesto tão familiar, apesar de nunca termos feito isso dessa forma.

—Tem certeza? – perguntou olhando para a minha cama – Eu vi um quarto de hóspedes no corredor.

—Anda logo, Hannah – sorri para ela.

 Ela parecia tão confusa quanto eu, mas retribuiu. Acho que no fundo ela também não acreditava que estava realmente aqui.

—O que aconteceu com sua blusa? – subi na cama e ela me acompanhou.

—Você aconteceu, vomitou nela. Foi boas vindas muito receptiva.

Fiz uma careta.

—Foi mal.

—Está me devendo uma nova.

 De um jeito confortável ela se aninhou em minha cama, sua perna entrelaçada na minha, sua cabeça em meu peito enquanto seus dedos deslizavam devagar por ele me fazendo um carinho bom, fazendo meu sono retornar quase tão rápido com o dela.

—É a minha vez de pedir para você ficar – ela sussurrou.

—E onde eu iria se você está aqui?

...

Hannah Swift

 As duas coisas que eu mais gosto na vida, comer e dormir. Pelos meus cálculos mentais havia a probabilidade de ser sábado, então eu não tinha necessidade de levantar cedo e poderia dormir o quanto quisesse, o problema era a outra paixão da minha vida que acabou me acordando, bom a falta dela.

 Meu estômago roncou alto e com os olhos ainda fechados, levei a mão até a barriga vazia. De alguma forma estranha, minha cama não estava tão espaçosa quanto antes. Demorei alguns segundos para as últimas horas voltarem a minha mente. Horas que parecia outra vida.

 Eu não estava no meu quarto, eu não estava na casa do lago... Eu estava na casa de Ethan, na cama dele. Meu coração disparou no peito ao sentir o seu cheiro, ele estava ali bem perto de mim, era nele que minha perna estava entrelaçada, era a pele dele que estava aquecida. Assim como disparou, meu coração se apertou.

 Eu sabia que estava sendo observada antes mesmo de abrir os olhos, uma mão grande passou pelo meu rosto de uma forma tão leve que fez meus pelos se eriçarem, não deixei de sorrir com esse carinho que terminou tirando os fios de cabelos que se espalhavam pelo meu rosto. Soprei uma mecha que Ethan não tirou e sua risada ao meu lado, me estremeceu.

—Parece que quanto maior a cama, mais espaçosa você se torna – Ele disse.

 Abri os olhos encontrando seus olhos azuis fixos em mim.

—Eu tenho a esperança de crescer dormindo – brinquei ao ver que ele estava apenas em um canto na cama enquanto eu estava esparramada no meio – tipo, quem sabe se eu me esticar durante o sono, eu cresço.

—Não foi você que disse que quanto mais velha, menor a gente fica?

—Quando se tem sua idade vovozinho.

—Você está ficando abusada garota – sorriu.

 Estiquei-me ainda mais espreguiçando e me virei para ele, ficando cara a cara. Eu não tinha ideia de quantas horas deveriam ser, e nem me importava de continuar aqui apenas olhando-o. Seu rosto era por si só arrasador. As marcas do acidente estavam bem clarinhas agora e apenas a dos pontos que estava em processo de cicatrização. Ele era de tirar o fôlego de qualquer mulher.

—Bom dia – murmurei preguiçosa.

 Ele percorreu o polegar pelo meu lábio inferior e depois os encostou de leve.

—Bom dia.

 Eu tinha feito a escolha certa, tinha certeza disso. Era injusto para Randall ficar comigo quando na verdade era aquele homem na minha frente que eu gostava.

—Precisamos conversar – falou passando a mão pela minha cintura e me puxando para perto – se quiser comer primeiro. Sua barriga está fazendo um barulho engraçado.

—Você não está com fome?

—Estou com uma pontada de ressaca ainda – respondeu fazendo uma careta – O máximo que vou conseguir é tomar algum café forte.

Apenas acenei.

—Eu consigo esperar – falei, se ele não me quisesse aqui, eu poderia ir para algum lugar tomar café da manhã.

 Ethan estendeu a mão para me ajudar a levantar e se impulsionou para sentar. Seu corpo era perfeito demais, seus braços eram definidos e longos, seus bíceps e peitoral tinham comportas de músculos definidas no ponto certo. Ethan parecia uma máquina, ás vezes eu olhava apenas para o outro lado dele, aquele do empresário fodidamente gostoso que havia me encantado e acabava esquecendo que aquele homem ali também sabia usar uma arma, que já tinha sido um ranger no exército americano e que sabia atirar a centenas de metros de distância.

Nos sentamos de frente um para o outro, passei minhas pernas sobre as suas compridas e ele me puxou me encaixando entre as dele.

—Eu nunca senti isso antes, Hannah, eu nunca gostei de alguém como eu gosto de você. Nunca senti esse ciúme, essa vontade de ficar com alguém o tempo todo, muito menos esse medo que eu sinto de outra pessoa poder tocar você – Ethan passou a mãos pelo meu braço, seus olhos azuis encaram os meus de forma intensa e sincera e por trás disso eu via seu medo – Pensar que você não me queria... que você estava indo com ele e não comigo acabou comigo. Me destruiu de tantas formas que pensei que eu nunca ia sentir isso.

—Eu sinto muito.

—Não quero sua pena, Hannah. Não quero que fique comigo porque acabei me apaixonando por você – prendi a respiração, ele pareceu não perceber o que tinha dito ou dado importância, mas saber que ele estava apaixonado por mim... era algo ao mesmo tempo incrível e pavoroso – me sinto um idiota por ontem a noite, eu não queria ter feito você desistir de tudo porque eu banquei o irresponsável...

—Você acha que eu vim aqui por conta disso? – o interrompi. What?

—Não foi?

 Neguei com a cabeça rindo, não era engraçado coitado, mas não pude evitar. Quando percebi que isso só o magoava parei.

—Desculpe-me...

Eu era uma idiota mesmo.

—É sério mesmo, Ethan, me desculpa. Eu só achei engraçado o fato de você achar isso – segurei sua mão – não foi por isso que eu vim aqui. Na verdade, eu nem sabia que você estava bêbado, não falei nada para ninguém que estava vindo para cá, a não ser para Martin.

 Ele franziu a testa um pouco, pensativo.

—Por que então? Quero dizer, porque você está aqui? E Randall? Brian me disse que você já tinha ido com ele.

—E eu fui. Não fomos longe, eu só não podia fazer isso com ele, Ethan. Eu gosto de Randall apesar de tudo, e eu não posso brincar com os sentimentos dele se não é dele que eu gosto.

—E é de mim?

Um sorriso involuntário saiu dos meus lábios antes que eu pensasse sobre ele.

—Não tem como não gostar de você na verdade, muito menos não me apaixonar. Acho que eu sempre soube que você foderia com minha cabeça e todo o resto de mim.

—E mesmo assim você decidiu não ficar comigo – murmurou baixo – eu nunca quis ninguém antes, muito menos corri atrás, Hannah, e eu fiz isso por você e você me rejeitou. Nunca me senti daquele jeito, era uma dor diferente.

—E acha que foi fácil para mim? – questionei, ele deu de ombros, essa atitude me fez sentir raiva. Não dele, mas de mim e de tudo a ver com minha vida. Levantei-me bruscamente ficando de pé – Foi a coisa mais difícil que tive que fazer na minha vida. Eu estou tão confusa quanto você sobre tudo isso, esse sentimento, isso que eu estou sentindo por você chegou em péssima hora. Na hora mais arriscada de todas...

—Então me deixa te proteger, Hannah.

—Não é arriscado para mim, Ethan. É arriscado para você, Julius estava certo, e agora que aconteceu seu acidente eu não deixo de pensar que tem algo a ver comigo.

—Espera um minuto aí, Hannah – Ethan se levantou também – Como assim, Julius está certo? – não respondi, eu havia mentido para ele quando me perguntou o que Julius queria – Você falou que ele não te disse nada! Eu quero saber o que ele te disse.

Meu Deus! Eu tenho a maior boca do mundo.

—Isso não vem ao caso Ethan.

—Vem sim – ele se aproximou com passos perigosos – Se Julius te falou alguma coisa ele é um grande Filho da Puta! Foi a noite do aniversário do Scorpions 1?

 Anui.

—Desgraçado – Ethan socou a parede com raiva – Ele veio com o papo que já estava resolvido e me pediu de desculpas.

—Ele só queria proteger vocês – o defendi – Ele sabe que eu sou o risco Ethan, e francamente, depois do que eu te contei no Hamptons é estupidez você não pensar nisso.

—Se você pensa realmente isso, por que está aqui?

 Uma onda de paz estabeleceu em mim em meio aquela confusão. Essa era a pergunta mais fácil do mundo. No fim das contas todo mundo estava certo. Eu não podia continuar com Randall, eu não podia ir com ele para a casa do lago e aceitar seu pedido de namoro. Minha história com o designer havia ficado para trás, minha história agora era outra. E por mais egoísta que fosse da minha parte, eu tinha o direito de ficar com quem eu realmente gostava, eu tinha o dever de deixa-lo escolher se está a fim de entrar nessa empreitada, porque por mais que eu estivesse apaixonada por Ethan e o quisesse comigo, era dele a escolha.

 Ele poderia dizer não, não querer se arriscar... Só que ele também poderia dizer sim, e se ele ainda tivesse a fim, tentarmos.

—Você me fez essa pergunta e eu respondi – falei.

Ele parou um pouco me olhando, depois sacudiu a cabeça e fechou os olhos para se acalmar. Quando abriu estava muito mais calmo.

—Eu sei me cuidar sozinho, Hannah. Eu sou crescido e vacinado, não preciso que você me proteja e você não deveria ter nos afastado pelo que Julius ou qualquer um pense.

—Ele disse que juntos somos perigosos, Ethan – lembrei-o – eu não sei ainda, tudo que eu sei é que para outra pessoa eu não seria, mas para você sim.

—E essa decisão deveria ter sido tomada por mim, no entanto você pareceu decidir no meu lugar.

Engoli em seco, sentindo o ardor em minha garganta.

—Você não é o primeiro que me diz isso.

—Imaginei que não – disse contrariado – eu quero você, Hannah, independente de tudo. Eu já te falei, se for assumir um risco ficarmos juntos, por mim tudo bem eu não tenho medo disso e me sentiria pior se você tiver correndo esse risco sozinha.

—Você não sabe onde está se metendo, Ethan!

—Não, e nem você pelo visto.

 Ethan não podia estar mais certo. Eu realmente não sabia, estava dando tiros no escuro e impedida de ir atrás das respostas, não sabia o que essas tais pessoas queria com meu pai, Adam e eu. Eu não sabia o porquê deles estarem atrás de mim agora, e porque Ethan comigo era tão perigoso.

—Eu tenho medo de alguém machucar você – se fosse possível, meu peito estava ainda mais apertado com a angústia que eu sentia – Eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecesse com você por minha causa, Ethan.

—Ei – ele veio até mim me abraçando – Hannah, seu medo e receio por mim não é diferente do que eu o que sinto por você. Deixe-me cuidar de você também, você quer me proteger, eu deixo, só que me deixe proteger você também. Vamos cuidar um do outro. Eu estou disposto a fazer qualquer coisa pra ficar com você, eu te falei isso, se você quiser...

 O interrompi erguendo os pés e o beijando. Eu não me importava com isso, não me importava mais com meus planos de ter uma família e seguir os passos dos meus pais e muito menos queria que Ethan fizesse isso por estar apaixonado por mim. Se fosse para termos algo, seria por conta própria e vontade dele.

 Não foi um beijo lascivo, apenas um selinho demorado, mas o suficiente para acender meu corpo inteiro. Enlacei seu pescoço com meus braços e ele me ergueu segurando minha bunda, eu já ia passar minhas pernas pela sua cintura quando ele, suavemente, nos separou. Uma onda de insegurança me bateu por ser repelida, aquela era a primeira vez que eu era rejeitada por ele.

—Não assim – ele segurou minha mão quando quis me afastar por conta da rejeição, e beijou os nós dos meus dedos bem devagar por conta da vermelhidão – eu não quero mais ter você assim, Hannah. Eu quero você sendo minha de verdade, assim como eu ser seu.

—Você não me quis.

—Não te quis? – ele riu e me puxou afundando o rosto no meu pescoço – garota eu sempre quero você – devagar ele esfregou sua ereção em minha barriga, meu sexo se contraiu em imagina-lo entrando – A gente só transa e apesar de gostar de sentir o seu gosto em minha língua e de deslizar meu pau em você, não quero que pense que tudo que eu quero com você é sexo, não mais. Agora sou eu que quero mais com você, Hannah, tudo que você estava disposta a encarar com Randall, eu quero que você tente comigo.

—Você não precisa...

Ele se afastou.

—Não preciso? Acha que eu estou fazendo isso apenas para você ficar comigo? – acenei confirmando – Claro que não, Hannah! Eu quero isso, você não escutou o que eu disse? Eu quero você pra mim, quero que todo mundo saiba que agora você tem dono e que eu também tenho uma dona. Eu não quero fazer promessas que não posso cumprir... mas eu vou tentar. Eu não vou acertar sempre, e você tem que ter paciência comigo quando eu errar.

—Você vai correr perigo comigo.

—Quando você vai entender que eu sei me defender? – Ethan segurou meu queixo – E se eu não soubesse, você estaria aqui para me proteger, não estaria? A diferença é que sozinho já somos fortes, juntos, acho difícil conseguirem se meterem com a gente.

O sorriso que se espalhou pelo meu rosto, quase não coube. Acho que era aquilo que eu queria ouvir.

—Eu acho que centenas de milhares de coraçãozinhos vão se partir ao saber que o rei das noites nova-iorquinas está amarrado – brinquei.

—Não tanto quanto os tarados batedores de punheta.

—Meu Deus Ethan, vou fingir que não escutei isso – ri mais ainda.

 Ethan riu também e caímos na cama deitados, era tão bom ali, os braços dele me abraçando, o som maravilhoso da sua risada invadindo meus ouvidos como se fosse uma canção, um jazz muito bom. O pensamento de alguém tirando essa risada de mim, me fez parar, eu não poderia permitir isso. Assim como eu não poderia permitir que alguém fizesse algum mal a Brian.

—Ethan... Eu não vou ficar de braços cruzados, eu não posso ficar fugindo e preciso ir atrás de respostas. Eu tenho que fazer isso não apenas por você e eu, eu tenho que fazer isso por Brian e Martin também. Por todos ao meu redor.

Ele acenou confirmando.

—Eu vou te ajudar.

—Ethan...

—Eu não estou pedindo sua permissão, garota. Estou apenas te informado.

  Não falei nada, levantamos juntos e fizemos nossa higiene matinal. Eu não achei meu short que havia deixado no chão, nem meu sutiã, então não me importei em vestir. Minha barriga estava roncando alto, eu poderia comer duas pizzas facilmente. Antes de eu sair do quarto, Ethan me puxou para ele de novo me dando um beijo de verdade.

 Sua língua avançou contra a minha de forma experiente, meus lábios foram reivindicados em um beijo quente e sensual. De forma lenta onde explorávamos aos poucos a boca um do outro, o ar era algo secundário e quanto era necessário ele beijava meu queixo ou eu beijava o dele antes de voltarmos a nos atacar.

 Havia tanta fome naquilo, seus dedos estavam no meu coro cabeludo e os meus arranhando suas costas de maneira lenta. Caramba, eu poderia gozar assim facilmente se continuássemos com isso. Não fui eu que parei, foi ele quando meu maldito estômago roncou alto, fazendo ambos rirem.

—Sabe, se você quiser me jogar na cama e me foder agora, eu consigo esperar – sorri maliciosa.

—Céus, você é pior do que eu pensava – Ethan me passou na sua frente dando um tapa em minha bunda – vamos comer, e estou falando de comida.

Parei de uma vez voltando a olhar para trás.

—Eu passei a gostar do termo comer – Ethan estremeceu, mas continuei – você está certo, é quente e acho que não me incomodo de você usar, comigo é claro.

—Você me traumatizou com isso, sua teoria está certa no fim das contas quando penso nisso – ele estremeceu de novo – você realmente estragou um termo quente. O que fez você mudar de ideia?

 Eu nunca havia gostado desse modo que os homens falavam de sexo, não até agora. Ethan deixava tudo mais quente, tudo mais sexual e sensual, poderia ser outra teoria minha. Ou talvez era apenas o olhar e ouvido de uma mulher apaixonada, que assistiu alguns filmes pornôs e usado Bolt e seus parentes do criado-mudo enquanto se masturbava e escutava essas palavras sujas imaginando Ethan falar aquilo... Eu ficava com a última opção.

—Não importa – Eu não podia contar isso a ele, é claro – Você quer que eu te dê outra coisa para pensar e esquecer minha teoria passada.

—Se você acha que pode concertar seu estrago.

 Apertei os olhos deliciando-me com o desafio. Desatei o nó do seu moletom que caiu no chão, deixando-o apenas de cueca. Ele foi resmungar alguma coisa, mas eu o impedi colocando um dedo em seus lábios. Ficando na ponta dos pés, passei um braço pelo seu pescoço e mordi o lóbulo da sua orelha, colocando a outra mão por cima da sua boxer.

—Esqueça tudo que eu disse, e você vai querer usa-lo. Que se dane o sentido teórico e prático da palavra. Quando você ouvir ou sentir vontade de falar isso, você vai me imaginar de joelhos chupando seu pau e suas bolas enquanto você me diz palavras sujas dizendo que vai me comer gostoso, que vai me arrombar inteira e depois de comer minha boca você vai gozar nela. Vai me imaginar abrindo as pernas para você na sua mesa do escritório e comendo minha boceta gemendo em seu ouvido, você pode pensar em mim também de quatro, esperando para você me comer bem gostoso, enfiando bem fundo em mim até suas bolas baterem em minha bunda, sentindo a carne contra carne e gozando lá dentro. Porque comer agora é isso campeão, você dentro de mim mandando ver.

O gemido que Ethan foi gutural. A cada palavra seu pau enrijecia mais contra minha mão, e quando terminei suas mãos foram para tentar me apertar, mais fugi rindo alto dele.

—A gente pode realizar isso para ficar marcado na memória – ele disse quando tomei uma distância de mais de três metros entre nós – Você não vai fugir garota, você vai resolver essa minha ereção...

—Rapaz, não é que eu estou com fome? – dei as costas para ele rindo.             

—Hannah, sua filha da mãe...

 Desci as escadas correndo escutando os passos de Ethan atrás de mim, ele não precisava correr com suas pernas compridas. Direcione-me para cozinha o sentindo atrás de mim, apenas quando cheguei perto, ele me alcançou me fazendo rir mais e me tirando do chão.

—Você vai me pagar – resmungou, me apertando forte.

—Me solta seu tarado, você não vai me comer agora!

—Acho que sua forma de cura para teoria funcionou – ele riu – agora vamos resolver meu probleminha lá em cima. Bom dia, Abigail, deixe o café da manhã pronto daqui algum tempo descemos e esquentamos.

 Eu congelei nos braços de Ethan sem nem ao menos respirar ao ouvir isso. Ah meu Deus! Lutando contra seus braços me pus em pé e olhei pra trás. No balcão preparando o café da manhã estava governanta de Ethan.

 Ela tinha o cabelo preso em um coque perfeito, seus olhos estavam risonhos e um sorriso profissional em seu rosto.

—Bom dia Abigail – consegui falar.

—Bom dia, senhorita Swift.

—Só Hannah, por favor.

—Que merda – Ethan me abraçou por trás – Eu jurei que você ia ficar corada, só que você ficou foi pálida de susto. Melhor, Abigail, vamos comer agora mesmo.

 Eu tinha noção o quão pálida eu deveria estar. Caramba, Ethan estava de cueca atrás de mim, eu havia falado para ele que não ia me comer... Eu queria saltar daquele andar mesmo e procurar a vergonha que meu pai não me deu.

—Eu vou recuperar minha calça que você tirou – Ethan se afastou. Devo me vangloriar porque eu não olhei para sua bunda fenomenal quando se virou e subiu as escadas.

 Aproximei-me do balcão e Bruce veio correndo, abaixei um pouco e fiz carinho em seu pelo antes de subir no banco. Eu sabia quem era Abigail, ela havia ido para Hamptons e era a esposa de Ryan.

 Ela era a governanta da casa dele, assim como a cozinheira e responsável por toda a organização. Fiquei me perguntando se não tinha outra empregada por aí, mas era sábado, e pelo que eu sabia nos fins de semana era Abigail que cuidava de Ethan.

—De você ele gosta – ela sorriu colocando a ração para Bruce – demorei um ano para fazê-lo entender que era eu que colocava comida para ele.

 Sorri com ela que voltou para o fogão. Ethan desceu as escadas já com a mesma calça e se sentando ao meu lado, ele passou a mão pela minha cintura e beijou minha cabeça.

—Você deveria ter me dito que tínhamos companhia – sussurrei para Ethan que riu.

—Não achei que fosse necessário, ela já sabia que você estava aqui – arregalei os olhos – Ela pegou sua roupa para lavar, Hannah. Já deve estar seca, eu já tinha acordado antes de você, sabe que horas são? – neguei com a cabeça – Quase meio dia.

 Meu Deus, Martin iria dar um troço.

—Eu preciso ligar para o Martin...

—Seu segurança já ligou senh... Hannah – Abigail interrompeu-me – Ele ligou para meu marido, o tranquilizamos.

 Apenas acenei. Havia sido Ryan que liberou minha passagem na portaria de Ethan. Por incrível que pareça, Martin confiava em Ryan mesmo ele não sendo o único outro cara que ele confiava, Mason. É claro que ele havia mandado um segurança ficar lá embaixo, mas confiar no motorista de Ethan a ponto de me deixar nos cuidados dele, foi surpreendente até.

 Abigail colocou um suco de laranja na minha frente junto com panquecas, ovos mexidos e bacon, meu café da manhã favorito apesar de estar na hora do almoço. Para Ethan ela preparou torradas e café forte e preto.

—Como você sabia do que eu gosto? – perguntei curiosa para a governanta.

—Ethan me falou mais cedo.

 Olhei surpresa para Ethan que dedicava sua atenção para seu café da manhã.

—O que? – ele perguntou quando me pegou olhando-o, segurei seu rosto e o beijei.

—Você é lindo, sabia?

—Sabia.

 Bati meu ombro com o dele e quanto vi, Abigail estava de novo olhando para nós com um sorriso enorme no rosto toda contente. Fiquei sem graça com aquilo.

—Não olhe pra gente assim, estou começando a achar que vai ser você a pessoa a fazê-la corar – Ethan riu.

—Dê-me um desconto – ela disse em tom divertido – eu nunca te vi assim.

Ethan deu de ombros.

—Então acostume Abby, minha namorada vai andar muito por aqui.

—Fico feliz por isso.

 Mal retribui o sorriso da mulher, porque estava paralisada com o “minha namorada”. Então era isso que éramos no fim das contas, certo? Minha namorada. Parecia bom pra mim.

...

 Eu e Ethan assistíamos algumas seções de filme. Sua sala tinha uma decoração impecável e a cara dele, qualquer um que entrasse ali identificaria a personalidade de Ethan, desde os móveis convencionais aos designes mais modernos como o formato diferente da mesa de centro escura, ou dos vasos de flores e plantas que Abigail cuidava tão bem.

 No sofá, estávamos esparramados. Ao contrario da maioria das pessoas normais, apesar de ter bebido demais, ele não estava tendo uma ressaca. Ethan parecia bem, suas pernas estavam esticadas e sua cabeça estava no meu colo enquanto eu brincava com seus cabelos.

 Parecia uma cena tão íntima, tão diferente. Ambos olhávamos para a televisão, perto da mesa de centro, Bruce estava curtindo o calor do verão dormindo preguiçosamente. Eu ainda não sabia como levaríamos isso para frente, uma coisa era ficarmos isolados aqui nessa casa apenas assistindo televisão e aproveitando a companhia um do outro, outra coisa completamente diferente era sair para enfrentar o mundo lá fora.

—Você está silenciosa – Ethan desviou a atenção da televisão.

—Estou pensando o quão louco é isso tudo.

—Isso tudo o que?

—A gente – respondi – acho que não imaginávamos que íamos tão longe assim.

—Nem fomos a lugar nenhum ainda – ele se sentou – não pense demais, toda vez que você faz isso acabamos de alguma forma brigando. Deixa apenas as coisas irem por si só.

 E se elas fossem para um lado mais perigoso? Essa era a pergunta na ponta da minha língua para sair, mas fiquei calada. Eu havia prometido que ia tentar, estávamos ali, no apartamento dele sem transarmos mesmo eu estando molhada e a cada toque meu nele seu pau endurecendo no moletom. Ethan estava levando a sério esse negócio de ficarmos juntos além do sexo, e mesmo morrendo de vontade de seduzi-lo de novo e dessa vez deixa-lo me comer – eu estava começando a gostar dessa palavra – eu ainda sim, estava gostando disso.

  Estava gostando de tomar sorvete de maracujá enquanto assistimos uma série muito boa, “Arrow”, porque eu tinha uma queda pelo arqueiro. Da necessidade que parecíamos ter para que nossas peles ficassem o máximo possível coladas uma na outra, mesmo que fosse apenas nossos dedos.

—Como vai ser na segunda, Ethan? – perguntei – trabalhamos juntos, eu trabalho para você na verdade, isso pode ser um inferno.

—E você liga para o que eles vão pensar?

—Puf, eles nem gostam de mim mesmo – dei de ombros, porque era verdade, muita gente ali não ia ainda com a minha cara – eu só não quero prejudicar você.

—Você tem que parar com isso – ele se aproximou mais segurando meu rosto – deixa isso para lá, garota. Você parece que quer arrumar qualquer desculpa.

 De certa forma ele estava certo. Eu estava tentando me sabotar, era estranho, mas eu me sentia encantada demais por Ethan para acreditar que ele era realmente meu. Que ele queria largar suas crenças e caçadas para ficar apenas comigo. Aquele ali era o herdeiro Scorpions, o escorpião daquela família, o cara que construiu a Red Intense Hot quase do nada e se tornou um dos homens mais importantes de Nova York. E eu?

 Eu era apenas aquela que poderia fazer uma bala ou um carro mata-lo. Sacudi a cabeça. Não vá por aí, Hannah...

—Desculpe-me – pedi beijando-o seu rosto– eu só estou paranoica ainda. Eu juro que vou me esforçar mais, você só vai precisar ter paciência comigo também.

—Hannah, você só tem que colocar na sua cabeça que eu não vou desistir de nós dois. Eu não posso abrir mão do que eu estou sentindo agora, então não pense que suas paranoias ou qualquer coisa que você pense sobre tudo isso, vai me fazer desistir.

 Meu amor por ele cresceu muito mais naquele momento. Mais do que eu pensei ser possível. Eu estava sendo injusta de novo, se Ethan que era o que poderia ser mais prejudicado não iria desistir, eu também não poderia fazer isso.

...

 Minha bolsa já estava sobre meu ombro enquanto eu e Ethan nos beijávamos na porta do seu elevador diretamente no hall da sua casa. Com uma camiseta de manga curta esportiva cinza escura e uma calça jeans Destroyed, Ethan parecia ainda mais sexy por aparentar estar tão casual. A questão é que eu não podia ficar para sempre aqui, eu precisava ir para casa e conversar com Brian, não tínhamos nos visto desde a despedida no prédio de Maggie.

—Eu passo na sua casa para sairmos amanhã? – Ethan perguntou, sua mão esquerda estava segurando firme minha cintura, a outra acariciando de uma forma tão terna a maçã do meu rosto.

—Claro, eu...

 O barulho do meu celular na bolsa interrompeu-me. Só que não era meu celular normal, era o IPhone cujo apenas três pessoas tinham o número. Ao mesmo instante a mensagem de Martin no outro me dizendo que chegou, me deixou ainda confusa. O número na tela do IPhone era  de Brian.

—Espera só um minuto Ethan – ergui um dedo para ele. – Brian?

—Olá estranha, que bom ouvir sua voz – Brian disse do outro lado da linha.

—Aconteceu alguma coisa? – perguntei depressa – Eu estou indo para casa, para conversarmos. Martin já esta lá embaixo me esperando.

—Bom, acho melhor você falar para ele que você vai dormir fora – um arrastar de cadeira e o barulho dele mexendo em algum teclado me fez pensar que ele estava na sala secreta. O relógio marcava sete horas da noite, isso era estranho, Brian estar lá em uma hora dessas e no sábado – você precisa vir me encontrar, Hannah. Eu andei olhando a papelada, e... – ele assoviou – não estou gostando nada disso, preciso de você para me ajudar com as câmaras de segurança de frente para o restaurante também.

—Você descobriu alguma coisa?

—Não exatamente, não quero falar nada que possa me arrepender muito menos por telefone – respondeu-me – só que eu preciso me focar em apenas uma coisa, e Hannah... É uma coisa grande.

—Você está me deixando preocupada, Brian – andei pelo Hall, eu não olhava diretamente para Ethan, mas sentia sua presença perto – Martin está lá embaixo, não sei como eu faço para chegar até aí.

—Deixa isso comigo. Fala para ele que estaremos lá em vinte minutos Ethan sacou o celular e voltou para a sala – Ryan...

 Sacudi a cabeça. Não sabia o que ele estava planejando, mas eu tinha que dar um voto de confiança a Ethan por querer me ajudar antes de saber que aquela papelada tinha haver com a vida dele.

—Ethan vai dar um jeito, daqui 20 minutos estamos aí.

—Estou te esperando.

...

 Nos fundos da Nigth 3, entre um prédio e outro havia um beco com um segurança, eu o conhecia pelo nome das vezes que eu o encontrei aqui. Escapar de Martin me deixou ainda mais culpada por mentir para ele, eu havia o dispensado e avisado que iria posar na casa de Ethan.

 Ryan havia conseguido para nós o carro emprestado de um dos vizinhos de Ethan, era um Mustang 1987 com pintura impecável e vidros escuros. Meu namorado poderia dirigir um fusca que ainda sim conseguia deixar o carro com uma elegância invejável.

 Segurando minha mão entramos, a boate não estava toda iluminada, apenas em meia luz sem deixar aquele ar sensual e poucas pessoas começavam a se organizar para a noite. Brian estava de frente para Alien e não estava sozinho, Maggie estava sentada no sofá perto das prateleiras mexendo no celular e Roger cochilando na poltrona.

—Como eu disse – meu irmão apontou para os outros – estou sozinho.

 Abri um sorriso para ele, quando se levantou para me dar um beijo na testa. E cumprimentando Ethan com habitual abraço de lado com tapinhas nas costas que os homens usam.

—Descobriu alguma coisa anormal? – tomei seu lugar de frente para Alien, colocando os óculos – Você andou olhando as gravações da batida do Ethan de novo?

—Tive que conferir, eu sabia que tinha alguma coisa errada – Brian apontou para a tela – a minivan não estava por perto quando o carro passou. Ela veio da direção oposta, ficou parada em uma distância de quatro quadras do acidente, a mesma distância do restaurante até lá.

—Vocês estão investigando meu acidente?

 Merda! Eu não havia falado para ele o que tínhamos vindo fazer aqui. Maggie levantou o olhar, cruzando as pernas também curiosa, pelo visto ela também não sabia o que o namorado estava fazendo esse tempo todo.

—Brian tem uma teoria do seu acidente – expliquei encolhendo os ombros num pedido de desculpas – eu deveria ter te falado antes com você.

—É você deveria mesmo.

—Ethan, eu não tive tempo para pensar – levantei-me de novo caminhando até ele – eu estava muito confusa sobre esse monte de coisa entre nós, e a gente se acertou, eu não queria estragar tudo.

—Como assim se acertaram? – Maggie se levantou – Então vocês? – ela juntou os dedos esfregando-os, e quando Ethan me puxou pela cintura, soltou um gritinho que me fez lembrar que ela era irmã de Mel – Eu sabia que ia dar nisso. Já estávamos sacando a de vocês faz tempo.

 Roger deixou seu boné cair abrindo os olhos assustado pelo barulho da irmã.

—Jesus, eu ainda estou de ressaca! – reclamou.

—Você não deveria estar no seu plantão hoje? – Ethan riu – você veio com aquele plano de irmão solidário, finais de semanas que terá que trabalhar.

Roger fez uma careta.

—Tecnicamente eu estou trabalhando. Meu superior me liberou para a investigação do caso do meu irmão – Roger era quase tão bonito quanto Ethan. Era um pouco mais atarracado, e com seus cabelos castanhos escuros com corte social. Mas ninguém poderia dizer que não eram irmãos, haviam poucas semelhanças entre eles como os traços faciais do nariz, e os olhos... que eram muito parecidos apesar do de Ethan ser mais intenso em relação a cor – Eu ia no seu apartamento, só que fui avisado que você estava numa maratona de sexo. Preferi ajudar Brian.

—Ajudar? – Brian ergueu as sobrancelhas – Tem certeza que é isso que você está fazendo cunhadinho? Por que você estava reclamando do barulho do teclado enquanto eu digitava.

 Sem cerimônia, Roger ergueu o dedo do meio para Brian.

—A culpa é sua – Roger disse olhando para mim, com apenas um olho aberto e a mão sobre o outro por conta da luz – você deu um pé na bunda do meu irmão, e agora eu que tenho enxaqueca. O desgraçado nem tá com olheira – jogou seu boné em Ethan – filho da mãe.

—Volte a dormir aí bonitinho – ri dele e me voltei para Ethan, era hora de resolvermos tudo logo – Eu também pedi para Brian investigar sobre você. Fiquei curiosa sobre o porque acharem que ficar comigo pode ser perigoso para você em especial.

—Hannah...

—Ethan, por favor, é o melhor a fazer porque talvez tenha algum motivo que nós dois não sabemos.

 Um pouco relutante, ele acenou. Beijei seu queixo e voltei para o computador. O silêncio voltou a reinar na sala, Roger não dormia e havia se levantando para ficar perto de mim apesar de cada vez que eu precisava digitar fazia uma careta engraçada. Brian voltou para a pasta com as informações de Ethan, e poucos minutos depois tomou conta de outro computador com a testa franzida.

Hackear não era difícil. O sistema de segurança do restaurante era comum, de uma pequena empresa que eu já havia feito isso antes no centro mesmo de Manhattan. Pedindo para eu parar, Roger passou a cronometrar o que Brian havia dito sobre as quadras. E meu irmão estava certo, a minivan saiu de onde estava no mesmo momento que o carro de Ethan com diferença de segundos. Para confirmar precisávamos somente da fachada do restaurante, mas era inevitável, Roger trabalhava na área de homicídios e era realmente muito competente e minucioso.

—Essas são as imagens – mostrei para ele quando as gravações do restaurante foram liberadas – você estava certo. Foi muito preciso, Roger.

—O que reforça mais uma questão – massageou as pálpebras – a minivan não estava lá, ela não o viu sair. Brian está certo, alguém avisou.  Tem como você verificar o perímetro?

—É muito limitada. É apenas a da fachada mesmo – passei a mão pelo meu rosto – posso tentar conferir as dos prédios adjacentes, não vou prometer nada.

—Como se você não fosse conseguir.

 O cutuquei com o ombro.

—Não é isso. É que a pessoa pode estar escondida. Outra questão é que e se a pessoa não estivesse olhando de fora? E se for algum funcionário do restaurante ou algo do tipo. Temos que ver todas as possibilidades.

—Tenta achar alguma imagem suspeita, a pessoa deve ter mandado alguma mensagem na hora que ele saiu ou ligado. Consiga as imagens de pessoas com celulares na mão, que tenha estado no campo de visão da partida do Cadillac do restaurante. Qualquer uma que você conseguir, pode ser suspeita.

—Deve ser muito difícil achar alguém com celular na mão no século XXI – ironizei.

 Era algo muito simples fazer aquilo. Eu me lembrava das vezes que meu pai me lavava ao escritório dele, ele me sentava de frente para computador e me explicava tudo. Era um lugar grande no térreo da nossa casa na fazenda, um dos meus parques de diversão favoritos porque eu sempre pegava tudo que ele falava muito rápido. Chris me levou lá somente depois de eu descobri sobre ele, o que fez muito sentido já que eu não sabia o porquê ás vezes ele pedia para eu desmontar um computador quando estávamos na sala ou o porquê daquele cômodo ter sido proibido antes.

—Minha nossa! – Brian arrastou a cadeira para trás de uma vez.

—Descobriu alguma coisa? – Ethan perguntou agitado.

—Amor você está pálido – Maggie agachou perto dele segurando-o pelos ombros – Brian.

 Brian não respondeu, a impressora começou a fazer um barulho e as folhas começaram a sair.

—Mais impressão? – peguei as folhas, com fotos, e fechei a cara.

 Eu havia visto meu tio apenas em uma foto que meu pai tinha tirado junto com ele quando eram jovens. Papai nunca falava dele, e quem eu era para contrariá-lo? Era a dor dele e Chris sempre deixou claro o quanto amava o irmão, eu podia pesa-la na época apenas com a que sentiria se perdesse Brian.

 Olhei para uma das fotos, era meu tio com certeza e havia também uma do meu pai assim como a de Adam, Julius, um homem que eu não conhecia e outros dois amigos que trabalhavam com papai e Adam de um dos meus aniversários que eu não me lembrava muito, todos mais novos de pouco mais de duas décadas atrás. Meu tio estava uns três anos mais velho do que na foto que eu tinha visto, mas era claramente ele.

—O que é isso? – perguntei sem entender, para que aquelas imagens? – O que eles todos tem haver com o que você estava procurando?

—Hannah, esse cara é mesmo seu tio, não é? – ele perguntou, confirmei, eu tinha certeza absoluta – foi o que eu pensei, eu vi aquela foto que você me mostrou e está nos registros como irmão do seu pai. Hannah, seu tio também trabalhava para a CIA.

 Meu tio? Olhei de novo a foto, Chris nunca havia me contado isso. Bom, ele nunca me contava nada mesmo desse assunto. Olhei para meu pai mais novo, Chris era ainda mais lindo naquela idade, a pele negra aquele sorriso enorme. Eu já poderia imaginar o que fez minha avó querer adota-lo e meu tio e avô se apaixonarem por ele. Meu pai conseguia conquistar todo mundo com aquele sorriso.

—Posso ver? – Ethan pediu.

 Entreguei as fotos para ele e Roger no sofá e fui até Brian.

—Meu pai não me contou que meu tio era agente quando morreu – falei a Brian, encostando-me na beirada da mesa. Essa era uma coisa que ele deveria ter dito.

 Brian massageou as têmporas, cansado.

—Hannah...

—O que a foto do meu pai está fazendo aqui? – Ethan o interrompeu.

 Arqueei as sobrancelhas surpresas. Maggie se aproximou mais do irmão. Havia ali sete fotos, do meu pai, meu tio, Julius, Adam, o desconhecido e os outros dois amigos deles. Fiz os cálculos, não podia ser os dois amigos do meu pai e Adam porque o pai de Ethan morreu antes de eu nascer quando ele tinha pouco mais de seis anos. Lembrei-me do desconhecido, havia apenas uma pessoa que eu não conhecia ali.

—Todos ali trabalharam na CIA? – perguntei a Brian.

—Todos.

—Impossível – Ethan se levantou de uma vez – meu pai era empresário, ele lidava com casas noturnas. Não trabalhava para a CIA, eu nunca o vi nem com uma arma.

—Ele trabalhava sim, Ethan – Brian falou mais calmo – Só que isso não é o mais importante ainda.

—Tem mais alguma coisa importante? Você está muito misterioso pro meu gosto, Brian – reclamei.

 Sentei-me na frente do computador que ele estava cruzando todas as informações. Abri as imagens e dados. Os homens que conheci nos meus aniversários foram mortos há quatorze anos. Os únicos nomes vivos eram do homem misterioso e Julius. Não podia ser ele, a não ser que o pai de Ethan estivesse vivo.

—Ethan – perguntei sentindo meu peito aquecer. Será que o pai de Ethan poderia estar vivo? – Esse é o seu pai?

 A foto abriu a imagem inteira. Ideias passaram pela minha cabeça, formando teorias impossíveis. Havia alguma ligação entre todos aqueles homens, e por algum motivo apenas dois deles estavam vivos. Senti Ethan se aproximar.

—Esse aí? – ele perguntou abaixando – Não, não é esse meu pai.

 Pegando novamente as fotos imprimidas, ele tirou uma delas e deixou em cima do teclado. A foto do meu tio.

—Esse é o meu pai.


Notas Finais


Bom espero que tenham gostado, os próximos capítulos vão ser bem mais agitados seja com ação mesmo ou com revelações e mais suspense. Eu amei o fim que dei a primeira temporada quando escrevi e ela saiu exatamente como eu queria que saísse, esteticamente falando e nos preparando para mais. Tecnicamente são 30 capítulos, mas vou ter que dividir alguns e irei postar apenas até o 26, talvez 27 dependendo do quão rápido eu consigo outro note e me organizo pro ebook.
Sobre ele lindo poema é nada mais nada menos criado pela linda Tassy, ela é uma diva cheia de talentos, principalmente para poemas e pensamentos. Sou fã dela, já devem ter percebido e quando ela me presenteou me mostrando eles ainda antes de publica-los em seu blog meses atrás eu não poderia deixar de me apaixonar. Parabéns Tassy sua linda, muito obrigada pela honra!
Tenham uma ótima semana, espero ver vocês muito rapido no fim da proposta, caso contrário apenas dia 02 de fevereiro. Por hora, apenas três spoilers gatos e difíceis de achar pra vcs ;)

Spoilers:

"—Isso é outro nível então.
—Isso mesmo, Hannah – as fotos dos sete homens apareceram em imagens menores – Ai está dizendo que eles trabalharam para a CIA, tem os dados de todos. Só que eu descobri que esses dados foram trocados, não são os mesmos de muito tempo atrás. Não sei se é só a atualização, ou tem algo mais.
—Outra rede de dados protegida? – sugeri.
—Mais que isso. Não confere três pessoas aí, e você vai se surpreender com elas..."


"Ethan acenou sobre o ombro e me levantei para ajudá-lo a dar cobertura. O cheiro de pólvora fazia minha cabeça doer, meu estômago lutava para se manter em controle, mas parecia muito contraído em minha barriga, assim como meus pulmões que se esforçavam para funcionar e o cheiro da fumaça do carro, por conta da explosão, pairava no ar apenas dificultando o processo."

" Eu acho que aquela era uma pergunta que não era para ser respondida por ele ou naquele momento. Um dos policiais caiu no chão depois de levar um soco e o outro baleado com a arma do parceiro pelo homem que estavam amparando a poucos metros de nós. Pensando rápido, disparei a arma na minha mão na direção que eu deveria ter mirado antes naquele homem, no seu peito, no exato momento que ele atirou de novo.
Na minha direção.
—Não! "


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