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História Secrets Segunda Temporada - Capítulo I


Escrita por: sweetcabello

Notas do Autor


GEEEEEEEEEEEENTE!
OLHA QUEM ESTÁ DE VOLTA!
PRIMEIRAMENTE MIL DESCULPAS PELA SINOPSE, PROMETO QUE VOU ARRUMÁ-LA, APENAS DESCOBRI QUE NÃO SOU BOA COM RESUMOS (TRISTE FIM)....
EU NÃO SEI SE VOCÊS LEEM ISSO AQUI E EU NEM GOSTO DE ESCREVER COISAS GRANDES, MAS ESTAVA LOUCA DE SAUDADES. NEM ACREDITO QUE MAIS UM CICLO NA NOSSA FAMÍLIA COMEÇA..... EU ESTOU GRITANDO E DEVO PARA?
Ok!
Esse capítulo postado hoje (18/04) é meu presente a uma pessoa incrível que faz aniversário hoje, então ele é todo dedicado a Débora Amanda. Ela me deu uma lista de adjetivos, mas perdi em algum lugar, mas posso dizer com minhas palavras, Debs você é uma pessoa incrível, linda por fora e por dentro que eu tive o enorme prazer de conhecer, você tem uma alma pura e é uma grande amiga, amiga pra caralho e sei que se me meter em problemas terei você para me defender. Eu poderia passar horas te elogiando, mas as pessoas vão começar a se entediar com isso aqui.

LEIAM AS NOTAS FINAIS!

Capítulo 1 - Capítulo I


 

Lauren POV

 

Terça-Feira

 

Já dizia o autor desconhecido, saudade, sete letras e uma dor enorme. Mas ainda assim essa palavra não é capaz de resumir o que sinto.

Saudade aperta, perfura nosso peito, invade nossa mente com lembranças, cheiros e cores. A saudade configura-se no que passou, no que não existiu e no que poderia existir. Em cada detalhe reside a saudade. Na ausência da voz, na presença das lembranças, nos pequenos gestos. Tocar enquanto conversa, acariciar, até irritar o outro, roubar beijos e abraços nos invade durante a saudade. 

O som do despertador soando no quarto me tirou dos sonhos. Sonhava com ela. Mais uma vez com ela. Praguejei o barulho irritante do despertador sem coragem de desligá-lo. Mais um dia de rotina, eu precisava levantar mesmo sem vontade. Rolei pela cama e grunhi ao perceber que ela estava vazia, mesmo sabendo que ela não estaria. Agarrei-me ao seu travesseiro e respirei minha saudade impregnada em seu cheiro. Respirei fundo buscando coragem para levantar. Abrir os olhos foi um erro total, a claridade do dia fez meus olhos arderem. Estava velha demais para algumas cervejas. Contei até cinco e pulei da cama, outro erro. Senti uma vertigem e precisei fechar os olhos e respirar fundo. A semana seria longa.

Arrastei-me do quarto até o corredor com um destino. Caminhava lentamente por pura preguiça.

- David. – o chamei após duas suaves batidas na porta do seu quarto. – Está na hora de levantar, amor! – avisei. Girei meu corpo, mas ouvi a voz de Camila ecoando em minha mente, ela dizia que eu precisava ter certeza que David estava acordado. – David. – chamei mais uma vez. Bati na porta do seu quarto. – Hora de levantar. – avisei novamente. Ouvi um som incompreensível. Era sua forma de dizer que estava acordado.

Caminhei de volta ao quarto. Uma ducha quente espantaria a preguiça. Amarrei os cabelos em um coque alto, entrei no box e deixei a água morna refrescar meu corpo. Depois do banho, dirigi-me ao closet atrás de uma roupa para mais um dia instigante ou tedioso no escritório. A mágica do meu emprego estava na imprecisão do caso que chegaria às suas mãos. Escolhi uma blusa branca social, uma saia também social preta e calcei saltos bico fino preto. Soltei os cabelos, que caíram em cascatas por meus ombros, e fiz uma maquiagem leve.

A casa parecia muito silenciosa e isso indicava apenas uma coisa. David ainda dormia. Olhei as horas e percebi que me atrasaria se eu não corresse para preparar o café. Em passos apressados parei em frente ao quarto do meu filho.

- David. – bati apressadamente em seu quarto. – Campeão deixa de preguiça. – abri a porta do seu quarto e ele continuava inerte em seu mundo dos sonhos. – David Cabello Jauregui. – elevei o tom de voz ao chamar seu nome completo. – Você tem dois minutos para levantar dessa cama e começar a se arrumar. – resmunguei. David grunhiu sonolento, mas mesmo sem abrir os olhos ele levantou o tronco da cama. – Chuveiro. Agora. – eu ordenei, e, sem muita vontade ele concordou com a cabeça. – Estou lá em baixo fazendo o café – olhei novamente as horas. – e você tem vinte minutos para se arrumar.

Pó de café, água e um pouco de açúcar eram meus ingredientes secretos para acordar de verdade, com o passar dos anos um copo de café meio amargo se tornou presente em meus dias e um pequeno vício em meio a muitos. Enquanto esperava as torradas ficarem prontas, abri a geladeira em busca de frutas para fazer uma vitamina para meu filho. Surpreendi-me ao notar que a mesma estava quase vazia, contendo uma caixa de pizza de domingo, duas maçãs, algumas garrafas de refrigerante, de água, uma garrafa na metade de leite e uma de suco de laranja quase no fim. Revirei os olhos, odiava quando David bebia o suco de laranja, mas sempre deixava um restinho insignificante na garrafa e a colocava de volta na geladeira, ele tinha a mesma mania com a garrafa de leite. Abri o armário e comemorei por ter uma caixa de cereais, seria o café da manhã dele. Servi-me de café, uma xícara cheia para alegrar meu dia e mordisquei uma torrada. Enquanto fazia o meu café e preparava seu cereal com leite, mais cereal que leite, eu não percebi que um tempo razoável havia passado e David não tinha descido para comer.

- Esse menino está se afogando no banho... – resmunguei enquanto subia para chamá-lo novamente e pegar minha pasta. – DAVID CABELLO JAUREGUI. – gritei ao chegar a seu quarto e vê-lo dormindo. Suas penas estavam fora da cama e seu corpo deitado desengonçadamente. David pulou no susto pelo meu grito.

- Já acordei, já acordei, já acordei! – repetiu perdido entre o dormir e o despertar.

- Meu Deus garoto. – resmunguei assustada. – Sete e quinze! – informei as horas, ele coçou a nunca constrangido, um sorriso sapeca e culpado no rosto. Apontei para seu banheiro. – Lave esse rosto e escove os dentes. – disse enquanto me dirigia ao seu closet.

- Ih... Relaxa Mama!

- Não me venha com relaxa. – disse séria.

- Desculpa Mama. – sua voz veio do banheiro.

- Dois dias sem um banho antes de ir à escola. – peguei uma calça skinny escura. – David você não é mais um bebê e tenho certeza que sabe suas obrigações! – resmunguei enquanto escolhia uma camisa. Peguei uma camisa básica preta e um moletom vermelho vinho com o desenho do Mickey. – Que isso não se repita amanhã. – ordenei.

- All Star branco cano médio. – colocou a cabeça dentro do closet e pediu ao notar que eu escolhia seu tênis. Joguei sua calça e ele tratou de tirar a calça de pijama que usava. David rapidamente se vestiu. – Estou pronto e nem demorou.  – disse orgulhoso. Revirei os olhos.

- Hoje à noite teremos uma conversa séria sobre essa sua preguiça... – David baixou os olhos tristes. Peguei sua mochila, jogada em cima de sua mesa. – Pronto? – ele acenou com a cabeça em concordância. – Esse cabelo está realmente precisando de um pente e um corte. - seu cabelo com o tempo se tornou mais volumoso e era sempre uma briga para cortá-lo.

- Um minuto. – pediu. Abriu a gaveta da cômoda e pegou uma touca preta. – Prontinho! – comentou depois de colocar no cabelo. - Agora não preciso pentear. – disse com um sorriso enorme no rosto como se tivesse resolvido um grande problema do mundo.

- Sábados nós vamos cortar essa juba que você chama de cabelo. – acabei com sua alegria.

- Como estou? – girou o corpo. – Um gato, como sempre. – completou antes que eu pudesse falar qualquer coisa.

- Vamos amor... – pedi impaciente. – Eu tenho que te deixar na escola e ir para o escritório. Tenho uma cliente marcada para oito e quarenta e cinco. – David bateu continência e me seguiu. Passei em meu quarto e peguei minha pasta.

Na cozinha, David abriu a geladeira.

- Oba! – exclamou feliz. – Só temos pizza... Então isso será meu café. – fez uma dança muito estranha, que aprendeu com o Siope.

- Nem pense mocinho. – peguei meu café, que já estava frio e joguei na pia. – Eu fiz cereal, mas estamos atrasados. – peguei seu cereal e joguei no lixo. – Pegue a maçã e vá comendo no carro. – David pegou a fruta sem muita vontade.

- Por que não posso ir comendo a fatia de pizza? Eu como fria mesma... – piscou seguidas vezes de forma manhosa. Neguei com a cabeça. David suspirou frustrado e abocanhou a maçã.

 

[...]

 

Passamos o caminho todo em uma conversa animada sobre o começo do campeonato de futebol. David havia largado, para a tristeza de Camila, de vez a natação e decidido ficar apenas com o futebol.

- Ainda tenho dois minutos. – comentou assim que estacionei em frente à escola.

- Você costuma chegar quinze minutos antes. – o lembrei.

- Ih... Relaxa Mama! – cerrei os olhos em sua direção.

- A senhora vem me pegar ou a tia Tay? – mudou rapidamente de assunto.

- Tudo indica que serei eu, mas vamos ver como vai ser as coisas no escritório. - dei de ombros - Caso tenha alguma reunião que se prolongue eu ligo pedindo a Taylor. Vamos fazer compras hoje, a dispensa e a geladeira estão vazias. – David tampou a boca cobrindo um riso.

- Essas compras eram para ser feitas no domingo. – lembrou-me. Sorri envergonhada. – Mama. – chamou-me. – Isso quer dizer que a senhora não fez meu lanche! – disse o óbvio. Bati com a palma da mão na testa. Meu filho riu do meu relapso.

- Sabia que esquecia algo! – puxei minha pasta no banco de trás, peguei minha carteira e lhe entreguei uma nota de dez dólares. – Isso deve dá para seu almoço. – ele concordou. Beijei sua bochecha esquerda. – Tenha um bom dia. E me orgulhe! – David sorriu em concordância, tirou o cinto, mas quando destravou a porta eu pigarreei. – Não está esquecendo-se de algo? – David rapidamente beijou minha bochecha.

- Eu te amo! - comentou manhoso.

- Me dê? – estendi minha mão para ele. David colocou um biquinho enorme no rosto, neguei com a cabeça. – Você se atrasará. – informei. – Então não me venha com essa carinha. – fui firme mesmo com vontade de mordê-lo. A contra gosto David abriu sua mochila e me entregou seu PSP da nova geração.

- Eu só queria jogar um pouquinho no intervalo... – comentou tristonhamente. – Tchau Mama! – abriu a porta e desceu do carro.

- David Cabello Jauregui. – o chamei e ele suspirou derrotado. – O celular também. – pedi.

- Mas... Mas... Mas Mama. – choramingou. – E se acontecer alguma coisa como vou avisar à senhora?

- A escola me liga. – fui categórica. – Sabe que é proibido o uso do celular...

- Ih... Relaxa Mama! – disse de forma marota. – Ninguém é pego com o celular. – neguei com a cabeça. David encolheu os ombros.

- Mas meus amigos trazem... E eles não são pegos. Deixa Mama, só hoje! – juntou as mãos em uma súplica. Neguei com a cabeça. – Eu prometo que só vou usar no intervalo. – neguei novamente. – Só hoje e eu não peço mais. – pediu mais uma vez. – Mama... – choramingou. – Apenas hoje! – mordeu o lábio inferior em sinal de nervosismo. O sinal tocou. David olhou para a escola e depois para mim. Arqueei a sobrancelha indicando que esperava pelo celular. Ele tirou o celular, entregou-me sem muita vontade e saiu correndo.

- Te vejo a noite amor. – gritei antes de ligar o carro. – Eu te amo.

- Também te amo Mama! – gritou de volta enquanto corria para a escola.

 

[...]

 

- Bom dia Amanda. – cumprimentei minha secretária assim que entrei.

- Bom dia senhora Jauregui.

- A senhora Johnson já chegou? – chequei as horas. Eu estava atrasada alguns minutos. Dirigi-me a minha sala.

- Ainda não. – ouvi sua voz antes de entrar em minha sala.

- Amanda. – coloquei a cabeça fora. – Não me incomode. – avisei. Ela acenou em concordância. – Avise-me quando ela chegar. – a lembrei antes de fechar a porta.

Estava perdida lendo o processo da minha cliente, Mabel Johnson. Ela havia feito um Boletim de Ocorrência contra seu chefe, que sugeriu a ela, que a mesma conseguiria subir de cargos se fizesse algumas “horas extras”. Assédio sexual em ambiente de trabalho. O inquérito foi aberto e levado ao Ministério Público, mas o mesmo não cumpriu o seu dever e perdeu o prazo para a denúncia, e desta forma a ação tronou-se privada subsidiária a pública, ou seja, eu como sua advogada tinha legitimidade para propor a ação e representar legalmente minha cliente.*

O telefone da minha sala tocou, tirando-me a concentração da leitura.

- Ela chegou? – perguntei a minha secretária.

Desculpe-me senhora Jauregui, eu sei que a senhora pediu para não ser interrompida, mas é a sua mulher na linha. – explicou. Meu coração bateu descompassado.

- Tudo bem. – a tranquilizei. – Pode transferir a ligação.

Oi amor! – Camila me cumprimentou. – Por que não atende esse celular? – brigou logo em seguida. – Assim não precisaria ligar para seu escritório.

- Desculpa. Devo ter esquecido no carro. – expliquei manhosa. – Estou com saudades... – confessei em um fio de voz.

Eu também... – suspirou frustrada. Ficamos em silêncio apenas escutando a respiração uma da outra. – Como está se comportando nosso bebê?

- Se ele ouvir você o chamando de bebê... – gargalhei na linha. Mesmo sem ver sabia que ela estava revirando os olhos. – A cama fica tão vazia sem você! – murmurei tristonha. – Você tem se alimentado direitinho? Tem comido de três em três horas? Tem evitado se expor ao sol? Tem se hidratado? Está dormindo bem? Tem evitado estresse? Tem sentido enjoo? Tem...

Lauren. – gritou do outro lado da linha. – Amor... – suspirou. – Eu estou bem. – corrigiu-se. – Quer dizer, nós estamos bem... Não se preocupe, pois estou me alimentando direitinho e... – pausou.

- O que foi?  - perguntei assustada. Apertei o telefone me sentindo angustiada com sua pausa.

Não é nada... – bufou. – Apenas que o projeto está atrasado porque o engenheiro pediu demissão e o que assumiu agora é um filhinho de papai que não sabe porra nenhuma, e – pausou novamente. - ele está me dando nos nervos...

 - Mas por que o engenheiro pediu demissão? – perguntei curiosa.

Não sei dizer muito bem, mas parece que sua mãe, que morava em Vancouver, teve um ataque cardíaco que culminou em sua morte... Ele meio que entrou em estado de choque... – deixou a frase morrer.

- Oh... Que triste. – não sabia o que dizer. – Mas você ainda volta domingo?

O Austin e a Ariana acabaram de passar e mandaram lembranças... – disse divertida. Rolei os olhos. Poderia passar anos, mas nunca engoliria aqueles amigos de Camila. – Isso aqui está uma loucura, mas estou aqui apenas para auxiliar junto com o Austin, se ele quiser ficar tudo bem, mas o resto é departamento da Ariana... Então, se eu não me engalfinhar com o engenheiro até sábado, domingo estarei de volta. – suprimiu o riso.

- Nem brinque com isso. – resmunguei. – Quero você de volta inteirinha no domingo... Nada de estresses... – massageei as têmporas. Tudo o que eu queria era minha mulher de volta a minha casa e em meus braços para que eu pudesse mimá-la e o meu filho que ela carregava na barriga.

Quatro anos havia passado desde nosso casamento, e, depois de muitas conversas decidimos que era tempo de aumentar a família. Camila estava grávida de oito semanas. Não havia engordado muito, e a barriga de grávida ainda não aparecia, mas seu corpo estava se preparando para a maternidade novamente. Seus seios estavam volumosos, os cabelos brilhosos, a pele viçosa, mas os enjoos haviam começado.

– Agora estou me perguntando por que deixei você viajar para Boston!

Porque é meu trabalho? – disse o óbvio - e porque eu vou ficar aqui apenas uma semana? Não precisa toda essa preocupação excessiva amor... Um pouco sufocante, eu diria, mas fofa. Eu estou bem... Domingo estou de volta.

- Assim espero. – contemplei abobalhada. Peguei uma caneta na mesa e comecei girá-la em meus dedos.

O que você vai fazer com David hoje? – mudou o rumo da conversa.

- Vamos fazer compras... – tampei minha boca rapidamente e me praguejei pela confissão indesejada.

Lauren Jauregui. – aumentou o tom de voz. Coloquei a caneta de volta ao lugar. – Eu não acredito que você ainda não fez as compras... – ajeite-me desconfortavelmente na cadeira. - Eu viajei deixando você ciente que era para fazer as compras no domingo. – brigou.

- Mas amor...

Não tem mais amor e nem menos amor. – cortou-me. – Vocês estão comendo o quê? Não acredito que meu filho está passando fome, Lauren! – exclamou furiosa.

- Eu nunca deixaria David com fome. – defendi-me. - Eu comprei pizza no domingo. – ouvi Camila bufar. – Esse departamento das compras é com você, eu sempre fui desligada... – admiti. – Eu percebi hoje quando fui fazer seu café e...

O que o menino comeu ontem? ­– perguntou alarmada. – Como assim você só percebeu hoje?

- Sobre isso. – sorri envergonhada. – Ontem ele acordou atrasado para a escola e eu comprei um cachorro quente no caminho. – fechei os olhos esperando a bomba explodir.

UM CACHORRO QUENTE! – repetiu aos berros. Ouvi Camila respirar fundo. – Você deixou meu filho sem jantar?

- Sobre isso... – Camila bufou. – Ontem eu saí com os amigos daqui do escritório... Mas não se preocupe fomos a uma pizzaria e eu o levei comigo!

David comeu pizza em plena segunda-feira? – perguntou mesmo sabendo a resposta. – Ele dormiu tarde? – fez uma pergunta retórica. - Ele foi pra escola sem banhar? – não respondi. Não precisava responder, ela sabia a resposta. – Hoje pelo menos ele tomou um café da manhã e um bom banho antes de ir para aula? – o silêncio me entregou. - ­Eu vou fazer picadinho de você...

- Ele comeu uma maçã hoje! – defendi-me como pude. Camila resmungou algo inaudível, julguei como sendo palavrões dirigidos a mim. – Eu não fiz o lanche, mas lhe dei dez dólares para o almoço.

E ele pega esse dinheiro e almoça besteira... Lauren, quando eu te ver...

- Vai me encher de beijinhos? – perguntei em um fio de esperanças.

Não tem beijinho nenhum... Não acredito que deixou meu bebê ficar comendo porcarias... Estou imaginando ele na escola com aquele cabelo todo assanhado, com cara de sono. Desse jeito não terá nenhum aproveitamento... – começou a divagar. A voz diminuindo gradativamente. Senti vontade de apertá-la em meus braços e roubar mil beijos, apenas para diminuir sua crise de raiva. Ouvi algumas batidas na porta.

- Um momento, amor. – pedi a Camila. – Pode entrar. – aumentei o tom de voz. Amanda abriu a porta.

- A senhora Johnson chegou. – acenei em concordância.

- Peça para ela me esperar e em cinco minutos você a deixa entrar. – informei. – Eu apenas encerrarei essa ligação. – Amanda sorriu em afirmativa e fechou a porta. – Amor... – chamei Camila no telefone. – Eu tenho que desligar, minha cliente chegou.

Salva pelo gongo! ­– reclamou.

- Está com muita raiva? – perguntei como uma criança que sabia que estava encrencada. – Desculpa amor... – pedi antes que ela tornasse a gritar na linha. – Eu nunca fiquei sozinha com o David por muito tempo... Trabalhar, cuidar da casa, conferir seus deveres e cuidar do filho me pareceu mais fácil no mundo das ideias... – admiti. – Está sendo uma semana difícil sem você... – murmurei tristemente. – Mas estamos nos virando e eu prometo que amanhã ele vai cheiroso e de barriga cheia para a escola. – disse orgulhosa. – Eu te amo.

Não desliga amor. – pediu com um fio de voz, meu coração se apertou. – Amanheci emotiva, no tipo do dia que tudo que preciso é um abraço seu...

- Eu queria poder te apertar em meu abraço... – sussurrei. - Eu não quero desligar... – admiti frustrada. – Mas o dever me chama. – coloquei um bico no rosto. Conversar com Camila sem poder tocá-la era tão angustiante. – Mas minha vontade de você não cabe em mim. De te abraçar, de te beijar, de te agarrar e encher de carinhos... Essa saudade me angustia, dilacera meu peito. – ficamos em silêncio apenas ouvindo a respiração uma da outra. - Tenho que desligar. Eu te amo!

Eu também te amo. - respondeu antes de encerrar a ligação.

 

[...]  

 

- Mama, a senhora sabe o que devemos comprar? – David perguntou enquanto nos dirigíamos aos carrinhos do supermercado.

- Sua mãe me mandou uma mensagem com a lista de compras. – resmunguei. – Como se eu não soubesse o que precisa na minha própria casa. – revirei os olhos. David começou a arrastar o carrinho me seguindo pelos corredores.

- E a senhora sabe? – questionou divertido.

- Claro! – menti descaradamente. Ele estreitou os olhos

- Então o que precisamos comprar? – perguntou desconfiado.

- Primeiro seus cereais, que só tem uma caixa. Depois alguns litros leite, suco de laranja, biscoitos, frutas, produtos de limpeza...

- Isso é muito vago, Mama. – interrompeu o meu discurso. – Desculpa pela interrupção. – pediu quando lhe olhei séria. – Mas é verdade!

- Como assim é muito vago? Você está achando que eu não sei o que precisa lá em casa?

- Mas Mama... A gente quando sai às compras não compra – fez aspas com a mão. – alguns litros de leite. É preciso saber a quantidade, coisa que deve ter na lista que Mama Camila mandou... Algo do tipo – olhou as prateleiras despreocupadamente. – cinco garrafas de 1L de leite...

- Você venceu espertinho! – disse emburrada, apertando sua bochecha em seguida. – Vamos olhar essa lista e terminar as compras, estou com fome. – o dia no escritório havia sido estressante e não muito produtivo.

- Podemos comer pizza? – ele piscou várias vezes os olhos.

- Não. – ele colou um bico enorme. – Hoje vamos comer sushi. – David bateu palmas mostrando a felicidade. Camila odiava peixe cru, mas David, graças a mim, desenvolveu o gosto pela culinária japonesa ou por provar coisas inusitadas.

Passeávamos e conversávamos amenidades enquanto recolhíamos o que estava escrito na lista, David fazia piada de alguma coisa ou implorava por alguma besteira para comer ou beber enquanto fazíamos compras, mas como uma boa mãe negava por ele ter comido muita besteira nos últimos dias. Ou talvez tenha sido ordens de Camila que eu não permitisse que ele comesse mais porcaria.

- Mama e se comprarmos sorvete para comer enquanto assistimos a um filme. – neguei. Peguei algumas caixas do seu cereal favorito. – Sorvete e filme não combinam. – torceu o nariz pelo pedido. – E se levarmos mais alguns pacotes de pipoca para termos uma maratona de filme todas as noites.

- Você precisa dormir cedo. – o lembrei.

- Só essa semana que a Mama Camila não está em casa. – pediu. – Se ela não souber, não irá brigar. Será outro segredinho nosso. – sussurrou.

- E você acha que eu não vou brigar por dormir tarde por quê? – David encolheu os ombros. Entramos no corredor feminino, parei em frente aos absorventes. Peguei alguns absorventes internos e joguei no carrinho. Já estávamos no segundo carrinho, David carregava um e eu outro.

- Para que serve isso? – parou ao meu lado e pegou a caixinha. – Absorvente interno com aplicador. – leu o que estava na caixa. Meu rosto ganhou uma coloração vermelha automaticamente. – Fácil de aplicar. Mais conforto. – continuou lendo o slogan. – Para que serve um absorvente interno? – comecei a tossi freneticamente, David largou a caixa e começou a bater em minhas costas, ele estava visivelmente preocupado. – Mama a senhora está bem?

- Sim, eu estou. – o tranquilizei assim que a tosse cessou. Ele me olhou por alguns segundos antes de voltar a olhar a prateleira com inúmeros absorventes de várias cores, tamanhos e marcas. Olhou novamente para mim como se esperasse minha explicação. – Bem... – comecei tentando escolher as melhores palavras ou as palavras adequadas para aquela situação. – São coisas que as mulheres usam... Bem... Nós mulheres... – pigarreei. - A partir de uma determinada idade... – rolei os olhos sem saber como explicar. - Amor, por que você não vai pegar sorvete? – perguntei para fugir daquela resposta. David concordou com a cabeça. – Vou te esperar no corredor de higiene bucal. – informei.

- Mulheres são tão estranhas. – murmurou para si enquanto empurrava seu carrinho. Respirei aliviada. Aproveitei a ausência do meu filho para pegar mais alguns produtos de higiene íntima feminina.

- Lauren Jauregui? – uma voz tirou-me dos devaneios de qual marca de pasta dental escolher. Olhei para o lado e uma mulher um pouco mais alta que eu sorria largamente em minha direção. Ela tinha os cabelos em um tom mel com mechas claras, eles eram curtos na altura dos ombros. Pisquei algumas vezes buscando em minha memória a familiaridade do seu rosto. – Quanto tempo! – declarou. Puxou-me para um abraço, que eu retribuí de forma desajeitada.

- Oh meu Deus. – disse quando lembrei quem era. – Sarah! – aumentei o tom surpresa com aquele encontro. Sarah Logan havia estudado comigo em Miami durante todo o ensino médio, ela era líder de torcida na época e namorava o capitão do time de futebol americano, típico clichê. – Você continua linda. – ela sorriu envergonhada. – Quanto tempo! – ainda não estava acreditando naquele encontro. - Você se mudou para Nova York? – perguntei assim que nos afastamos.

- Estou aqui desde o ano passado. Decidi mudar de ares desde que me separei de Thomas. – fez uma careta involuntária.

- Não acredito que você se casou com seu namorado do Ensino Médio. – disse assustada.

- É... – concordou sem muita vontade. – Nem eu acredito. Foram anos perdidos... – sacudiu-se como em um tremelique, parecia querer afastar lembranças ruins. – Agora ele é só um borrão no meu passado. – disse firme. – A única coisa boa que ele me deu nesses anos foi meu Jacob, de oito anos e o meu pequeno Will, de quatro. – sorriu abobalhada ao mencionar o nome dos filhos. – Nós três nos mudamos e agora estou realmente aproveitando a vida e as possibilidades que ela oferece. – piscou sugestivamente. – Se eu soubesse que a vida podia me mostrar tantas portas com inúmeras possibilidades em cada uma, eu teria feito outras escolhas. – contemplou nostálgica. – Mas você continua linda. – tocou meu ombro. – O que tem feito da vida? – deslizou sua mão por meu braço. Arqueei a sobrancelha sem entender seu gesto. – Podíamos marcar um dia para colocar a conversa em dia. – sorriu de lado, encarei sua mão em cima da minha. – Adoraria saber mais sobre vida. O que acha de um chá nesse sábado?

- Deselegantemente ela vai recusar seu pedido. – a voz firme de David surgiu no ambiente e eu me afastei automaticamente me sentindo culpada sem ter feito nada. – Não se pode sair por dois minutos... – resmungou sozinho para si.

- E esse lindo rapazinho? – Sarah indagou curiosa. David me fuzilou com o olhar e se aproximou.

- Sou David Cabello Jauregui. – estendeu a mão educadamente. – Sou filho dela. – sorriu após cumprimentá-la. Ele puxou a minha mão esquerda. – E essa aliança no dedo esquerdo indica que ela é casada. – arregalei os olhos assustada. Sarah corou profusamente. – Com uma linda latina chamada Camila Cabello. Inteligente, educada, a melhor mãe do mundo e dona do coração da Mama Lauren. – abri a boca e fechei seguidas vezes tentando achar as palavras, mas elas sumiram. – Então, eu estou educadamente recusando o convite para o chá em nome de minha mãe. – ele sorriu docilmente.

- Oh! Eu... Eu não... Meu Deus! Eu sinto... Eu tenho que ir. Foi um prazer revê-la. Mas lembrei que tenho um compromisso e estou atrasada...

- Tchau. – David despediu-se com a educação que a Camila havia lhe dado. Eu continuava sem palavras – Eu não posso deixar à senhora sozinha por dois minutos - negou com a cabeça. – e essas desqualificadas aparecem aos montes. – resmungou.

- Desqualificada? – questionei divertida saindo do transe.

- Mama Camila disse que era para eu ficar de olho na senhora – apontou o indicador e o dedo médio para seus olhos e depois para mim. – Segundo ela eu sou o homem responsável por garantir sua proteção e que nenhuma desqualificada tente roubar à senhora dela. – olhou para os lados como se procurasse algo. – Mas bem que Mama disse que elas estão em todos os lugares. – estufou o peito. – Mas não se preocupe, eu estou de olho e não vou deixar que nenhuma se aproxime. – não contive o riso preso e caí na gargalhada, puxei David para um abraço e comecei a beijar sua testa incontáveis vezes.

- Camila te treinou direitinho. – ele assentiu orgulhoso. Beijei suas bochechas enquanto o mantinha em meu abraço. – Meu pequeno herói.

- Mama. – repreendeu-me. – Não sou pequeno. Sou quase do seu tamanho. – contive o riso e apenas confirmei. – Mas Mama ficará feliz quando eu disser dessa sem sal. – fez careta.

- E que tal isso ser nosso segredinho? – pedi já imaginando a briga que Camila faria quando David narrasse o episódio. Ele negou freneticamente com a cabeça. – Por que não?

- Ela deixou claro que eu precisava contar caso alguma mulher ficasse de sorrisinhos para a senhora... – justificou-se. – E ela estava alisando sua mão como um gato grudento e a senhora não fez nada. – acusou. Começou a empurrar o carrinho. – Mama precisa saber disso...

- Mas pense bem David. – comecei meu discurso. – Não há necessidades de estressar sua mãe com essa bobagem... – ponderei. David negou com a cabeça.

- Tenho ordens a seguir! – replicou. - A senhora está encrencada! – um calafrio percorreu meu corpo ao imaginar a cara da Camila. David jogava no time dela, eu estava fodida.


Notas Finais


*O que eu coloquei sobre a cliente da Lauren foi de acordo com as leis brasileiras e uma amiga minha me ajudou, não entendo de direito, desculpe-me se algo estiver errado.


NOSSA FAMÍLIA ESTÁ DE VOLTA SOCOOOOOOORRO
QUERO DIZER QUE NESSES PRIMEIROS CAPÍTULOS A CAMZ NÃO VAI APARECER... VOU PARAR DE GRITAR AQUI.
Eu quero trabalhar nesses momentos da Lauren com o David tento que cuidar da casa, será se ela vai se sair bem? Esqueceu as compras, e deixando o filho comer besteira, temos uma mãe atrapalhada kkkkkkkkk

Eu quero dizer que estava com saudades disso aqui. E queria aproveitar para pedir para vocês comentarem muito aqui no twitter no facebook, em sinal de fumaça, ondem acharem melhor. Vocês não são obrigados a nada, mas como a fic está começando queria que avisassem ao vizinho, papagaio, mãe, pai ao inimigo, a velha gorda sem namorado, ao corno desconsolado... E não esqueça de favoritar e me dizerem o que acharam. Prometo que ela será menos dramática que a primeira (ou talvez não). Amo amo amo você... Nos vemos por aí!


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