História Security - Jungkook (BTS) - I love U

O dia da premiação finalmente chegou, eu me sentia ansiosa já que era a primeira vez na qual eu trabalhava em um evento de grande escala como esse.

Para a ocasião, comprei até um terninho novo, azul petróleo e calças de mesma cor. Prendi meus cabelos escovados em um rabo de cavalo, como era exigido no regulamento da minha profissão e testei os equipamentos auriculares mais de três vezes naquele dia.

O trânsito estava louco, era impossível estacionar. Haviam "fãs" esperando o momento certo para atacar numa formação que abarrotava todas as ruas em torno do nosso local de destino. A equipe estava doida embora tal evento não fosse nenhuma novidade. As meninas que ficam responsáveis pelo cabelo e maquiagem dos meninos murmuravam palavrões, denunciando nosso atraso. A responsável pelo figurino estava louca ao telefone, algo pareceu ter dado errado e ela engolia o choro que ficava muito bem expresso em sua voz. Enquanto o circo pegava fogo, eu observava a movimentação das ruas ao lado de Charles, que fazia questão de ir ainda mais devagar em retaliação.

— Vamos parar o mais próximo possível da entrada. Você pode estacionar três ruas abaixo e buscar a van minutos antes da premiação acabar. — Digo, meu colega acena concordando.

Quando o veículo finalmente para, os gritos podem ser ouvidos de maneira ensurdecedora. Outros integrantes da equipe de seguranças de Jungkook, mais alguns outros contratados pela empresa, formam um corredor para que os meninos atravessassem de forma segura através dos pontos de fotos.

Os garotos desceram da van escoltados por mim e seguiram caminho pelo tapete vermelho, parando em frente a grandes cenários que explicitavam o nome da premiação. Fotógrafos apertavam os botões de suas máquinas fotográficas incisivamente, os flashes captavam o rosto bem maquiado dos garotos e o figurino com o qual assistiriam a premiação. No final da sessão, o personagem que representava o prêmio da Mnet se juntou aos garotos e interagiu com cada um deles. As câmeras captavam cada momento, sedentas pelo Ibope que aquele grupo coreano renderia. Eu acompanhava tudo do outro lado do tapete, na realidade, nem no tapete, propriamente dito, eu pisava. Estava invisível às câmeras, às vozes estridentes, tudo graças ao meu uniforme, o qual servia, praticamente, como um manto de invisibilidade.

Assim, encaminho os garotos até seus assentos. Eles podem escolher onde vão ficar, eu só preciso saber onde estão.

Então, eu os observo de longe. Eles se movimentam timidamente. Algo aconteceu. Os garotos não param de empurrar Jungkook e zombar dele. J-Hope ri escandalosamente. Uma integrante de uma girlgroup lança um olhar reprovador para eles, como uma mãe repreendendo os filhos. Jungkook tropeça sobre os próprios pés, mas consegue manter o controle sobre o seu corpo, evitando cair sobre um dos assentos já tomados por uma garota de longos cabelos negros.

Eu semicerro os olhos. Não deveria intervir, mas confesso estar curiosa sobre o que acontecia.

O mais novo diz alguma coisa pra ela e, em seguida, toma único lugar vazio ao seu lado. O restante do grupo se senta nas poltronas disponíveis atrás deles, ainda muito agitados.

Jungkook morre de medo de garotas, por que sentou ao lado de uma?

Balanço minha cabeça negativamente, tentando encontrar soluções otimistas.

Bem, talvez agora ele não tenha mais tanto medo de garotas!?

A premiação se inicia com uma apresentação de abertura que levanta o público. Acho que a pior coisa em ser segurança é não poder nem bater os pés ao ritmo da música, numa situação dessas.

Conforme o cronograma, o grupo dos garotos seria um dos últimos a se apresentar. No finalzinho da apresentação do grupo NCT 127, ordenam que eu encaminhe os garotos até o camarim deles. Assim faço.

Quando vou chamar os garotos, percebo Jungkook em uma conversa animada com a solista IU. Ele tem o rosto corado e ela, um sorrisinho estático no rosto.

Jungkook era obcecado por IU, eu sabia já há muito tempo atrás. O maknae não conseguia esconder sua admiração e preferência pela garota, mas eu nunca o imaginei conversando com ela assim, sendo corajoso o suficiente para isso.

Eu me aproximo de Taehyung que está sentado na extremidade da fileira.

— O que está acontecendo ali? — Interrogo em um sussurro.

Taehyung parece assustado com a minha presença. Ele acaba recuando um pouco, parecendo desconfortável.

— Nada demais! — Ele afirma, olhando para outra direção que não meus olhos. Muito suspeito. — Já está na hora?

Assinto em afirmação.

— Okay, obrigado por avisar, Ray. — Eu espero Taehyung passar a informação para os outros integrantes enquanto permaneço como uma estátua esculpida de mármore. Assim que Taehyung cutuca os ombros de Jungkook para dar o recado ao único que faltava, o maknae se vira, e, por acidente, eu posso ver suas mãos entrelaçadas com a de IU.

Engulo em seco e cuido para que ninguém perceba que eu vi. Miro os olhos na direção do palco e suspiro profundamente para manter meus sentimentos em controle.

Não posso me desconcentrar agora. Eu repetia esse mantra inúmeras vezes enquanto recolhia os meninos e tomava a frente deles, os guiando entre a multidão.

Não posso sentir nada pelo meu cliente. Eu repetia em seguida, intensificando o aperto que exercia em minhas próprias mãos.

Vou ficar feliz por ele. Eu tentava convencer a mim mesma, já sentindo a amargura subir à garganta.

Não vou sofrer por antecipação. Tsc, a quem quero enganar? Quando foi que minhas chances com Jeon Jungkook foram reais?

Idiota.

— Ei, Ray. — Jimin me alcançou. Ao que parece, eu andava em passos rápidos. O loiro puxou meus ombros para trás, me freiando. — Você está bem?

Jimin era muito distante, mas eu sentia verdade em sua expressão. Eu parecia tão mal assim? Tão deprimida? Que fundo do poço, eu não deveria estar assim.

— Não, mas vai passar rápido. — Garanto, engolindo em seco antes de continuar nosso caminho.

Ninguém me perguntou mais nada quando chegamos ao camarim. Estava tamanha movimentação e desespero, que eu senti meu próprio interior em paz. Parece que tentaram sabotar os figurinos do grupo, mas a estilista responsável acabou resolvendo o problema a tempo.

Me estirei na poltrona em um canto isolado e puxei meu celular do bolso pela primeira vez desde que o recuperei. Haviam 13 mensagens de Park Seo Joon e duas chamadas perdidas do meu irmão.

Resolvo retornar a ligação de Lee Ran. Embora eu o odeie, ele pode ter ligado com boas notícias sobre o caso de Jungkook.

O telefone toca uma, duas, três, quatro vezes. Antes que eu desistisse, o policial atende o telefone animadamente.

— Chucky!!!!! Ainda bem que ligou. — Ele exclamou, do outro lado da linha.

E lá vai ele com o meu apelido...

— Vou desligar. — Ameaço, ele sabia que eu odiava que meu nome fosse associado a um boneco possuído e mesmo assim, ele insistia.

— Okay, você venceu. Estou feliz que tenha ligado para o Oppa...

— O caso do senhor Jeon Jungkook foi encaminhado para a sua delegacia? — Indago, cruzando os braços sobre o peito.

— Quê!? Bom, a Soo-ah vai fazer um jantar especial hoje e nos gostaríamos muito que você viesse. Com um namorado se possível.

— Tsc, rejeito o convite. E a condição também.

— Não é bem uma condição... Você pode vir sem ninguém também. Eu só queria que você formasse logo uma família.

—Obrigado pela preocupação, irmãozinho, mas eu tenho uma longa carreira profissional pela frente. Deixo a benção da família pra você.

— De qualquer forma, estarei te esperando. Você já sabe onde eu moro.

— Vou estar trabalhando. — Justifico. Em fato, eu estava apenas arrumando justificativas para não encontrar meu irmão bem sucedido e sua esposa perfeita.

— Pede uma folga, você tá precisando.

O que ele sabe sobre o meu emprego? Mas devo concordar com a colocação dele. Eu realmente precisava me ausentar, precisava me reencontrar de novo, precisava retirar esse manto de invisibilidade sobre mim.

Agora que as ameaças diminuíram muito, seria um bom momento para pedir férias.

— Tá, tudo bem. Eu vou. Só não prometo nada sobre o namorado.

— Ótimo! A Soo-ah vai ficar muito feliz quando souber da notícia! Até mais tarde.

— Até.

Eu preciso voltar a me acostumar com um mundo onde a vida não é um MV.