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História Seduzentes - Vejo Uma Porta Abrir


Escrita por: PetitGi

Notas do Autor


Vejo Uma Porta Abrir - Frozen

Capítulo 52 - Vejo Uma Porta Abrir


Vejo Uma Porta Abrir

Os corredores da biblioteca nunca pareceram tão longos como naquele momento. Mesmo sendo por volta do meio-dia, a luz da tarde mesmo quente para um dia de outono, não impedia os corredores de parecerem tão sombrios. E desertos. Não havia uma alma viva ali com exceção dos dois. Os passos mesmo abafados nos carpetes, gritavam quando de encontro ao assoalho de madeira. E a respiração? Por que tão alta? Claro, isso tudo acontecia apenas com ele, Doug, o nerd afobado. Mal, em suas botas longas de saltos finos, andava como um gato, como um cadáver, não fazia ruído algum, sequer parecia respirar.

Vez ou outra na caminhada ele lançava olhares para a menina esbelta que o acompanhava. As botas eram intimidantes e o corpete deixava sua cintura infinitamente marcada, e ressaltava seus seios redondos valorizando seu corpo de maneira nada discreta; os cabelos caíam sutilmente ondulados, emolduravam seu rosto e cobriam suas costas; seus olhos vítreos, sem piscar; a pele clara e suave como leite. Não dava para negar de forma alguma a beleza de Mal. Mas era uma beleza aterrorizante. Mesmo sem chifres, sem presas ou garras. Suas cores eram muito vivas, muito frias. Algo na garota o fazia pensar em deuses duros e frios como mármore. Impiedosos.

-Eles costumavam ficar aqui – disse indicando a prateleira mais baixa numa estante discretamente escondida na dobra de um corredor; lugar perfeito, longe dos olhos, porém não escondido de maneira óbvia: feitiços e esconderijos mirabolantes – Ainda tem dois exemplares, mas não tem caráter tão significativo quanto os demais... – disse de joelhos no chão, evitando a todo custo olhar para aquela entidade cheia de magia. Mesmo no chão, mesmo de costas pensou ter visto um brilho verde iluminar as estantes. Lentamente estendeu o braço para cima levantando os dois exemplares para que a jovem os pegasse – Não acho que lhe serão úteis – disse mais baixo ouvindo as folhas serem folheadas – O que já vi e o que já ouvi de sua capacidade são milagres enquanto esses ensinam coelhos a saírem da cartola.

-E os demais? – sua voz era fria, sem sentimentos, sem emoções. Deliciosamente aveludada; um convite aos ouvidos mais críticos... Infinitamente perigosa.

-Fiquei próximo da bibliotecária o suficiente para que deixasse escapar – disse voltando a caminhar, mostrando a direção; precisava se manter falando para não sucumbir ao seu desejo ardente de fazer perguntas, ao desejo insano de encarar a joia verde em seu lindo pescoço e implorar que a menina realizasse uma bruxaria que lhe arrancasse os sentimentos para esquecer assim a ferida gigante que a sua princesa má causou em seu peito – Assim que a chegada de vocês foi anunciada os seis livros foram retirados, aqueles dois só retornaram por insistência minha e por serem os de conteúdo mais fraco.

Caminharam mais alguns corredores em silêncio. Doug continuava indignado para não dizer assustado pela forma como ela andava, como ela se movia: silenciosa demais, fria demais, sequer parecia respirar; lembrava-o um cadáver, embora fosse bonita demais, poderosa demais para ser um reles morto-vivo.

Chegaram em frente ao balcão da bibliotecária. Lindo em mogno. Cheio de livros empilhados e sem a costumeira imagem da velha adormecendo sobre um exemplar, borrando as letras com sua baba. Todos estavam distraídos demais com o resultado do jogo, com o show do estepe-real. Estavam sozinhos. Sem testemunhas.

-Por aqui – indicou ele, seguindo para o outro lado do balcão. Não estaria fácil assim, mesmo tendo em vista que as três estantes atrás do balcão era leituras proibidas sem a devida autorização de um professor e da diretora. Não. Era fácil demais.

Doug se encaminhou para a extrema ponta a esquerda dos que viam do lado de fora do balcão, pressionou um ponto firme da estante e empurrou-a. Uma porta falsa. Doug não quis ver o sorriso que brilhou naqueles olhos mágicos, o repuxar de lábios sutil. Como um cavalheiro, deixou a estante virada, a porta aberta para que ela passasse primeiro.

-Me responderia se eu perguntasse como descobriu essa façanha? – a voz parecia conter uma nota de divertimento.

-Foi sem querer – sussurrou encostando a porta/estante; não podiam ser pegos ali.

-E já entrou aqui antes?

-Não... – a voz do nerd quase não saiu.

Ultrapassaram em poucos passos os aproximadamente três metros do corredor; Mal absorvia as informações rápido demais: as paredes cruas, os quadros antigos. Os olhos da moça acenderam magicamente e ela não negou um sorriso conforme passavam.

A salinha era pequena, com paredes revestidas de madeira, algumas pequenas estantes e candelabros para iluminação já que não havia janelas. Imediatamente a chegada deles, acenderam-se num tom esverdeado; Doug tremeu. Tinha alguns punhados de livros e pergaminhos espalhados na pequena mesa e nas prateleiras.

-Eram estes aqui – indicou o rapaz se aproximando e folheando os exemplares que conhecia. Mal por outro lado observava os pergaminhos soltos, sem ordem. Não havia só conteúdo mágico ali, mas político. Rascunhos de leis e manifestos. Tinha bastante conhecimento ali naquele esconderijo.

Doug afastou-se. Deixou a menina debruçar-se sobre os livros. Tinham, sim, alguns feitiços repetidos ao seu conhecimento, outros desconhecidos por ela.

-Quanto disso você entendeu?

-Não muito – disse, modesto, ajeitando os óculos – São muitos símbolos e as descrições para a prática não eram acessíveis.

-Não é muito... – Doug prendeu a respiração com a informação – Mas é o suficiente por enquanto – soltou o ar, mais relaxado. Não queria desapontá-la.

-Mal... Mal... nós podemos ir embora? Não deveríamos estar aqui – disse gaguejando demais. Era sua primeira infração, sua primeira grande infração no colégio e ele não sabia se estava fazendo certo ou não. Acabara de ajudar um ser mágico de poder desconhecido a adquirir mais poder e conhecimento sobre uma magia que não haviam muitos capazes de deter. Caso ela realmente fosse um ser maléfico, ele seria um cúmplice e... era melhor não pensar nisso.

-Não... Vamos fazer um teste primeiro.

Sua voz soou sutilmente mais urgente, o tom sempre aveludado. Mal folheava os livros, todos ao mesmo tempo, enquanto o nerd tremia como vara-verde. Quando encontrou o que procurava, a moça respirou fundo e soltou o ar lentamente. O ato foi lindo, foi assustador.

-Mal... – ele implorou num sussurro que sumiu no ar pesado.

-Toda ajuda tem uma recompensa, Doug – disse ela fixando o olhar no dele. Bela e perigosa. Bela e mágica. Ele não conseguia parar de tremer – Hoje seu coração está em pedaços, pesado. Estou errada?

-Não.

-O que eu ofereço é um feitiço de compensação.

-Uma troca?

-Mais complexo que isso.

-O que isso faz exatamente?

-Vamos compensar uma situação. Esse feitiço surgiu com propósitos menos elaborados e mais substanciais. Mas o que eu estou te oferecendo é impagável: posso diminuir sua dor por hoje, diminuir e compensá-la com sentimentos mais acolhedores.

-Como isso...

-Todo o excesso negativo das suas emoções vem para mim. Eu vou sentir no seu lugar o excesso. Em contrapartida, você sentirá qualquer prazer que eu venha a sentir, em excesso. Aceita?

Era mais do que tentador, era acolhedor, era perfeito. Cuidado! Seu cérebro racional e medroso ordenou. Mas como dar ouvidos a razão sendo que ele estava tomado de mágoas? Lembrava-se bem de como fora angustiante sua noite quando vira Evie aceitar um convite para sair de Chad. Agora que o amor fora confessado, ele não tinha chão, não conseguiria dormir, nem fazer nada que não fosse vegetar.

Seu peito estava dilacerado. Seu coração se contorcia de tal forma que em qualquer momento não conseguiria mais bater. Não existe dor pior do que aquela causada pelo alvo do nosso afeto. Evie era perfeita demais para ser de um nerd como ele. “Com força, cara. Ele metia com força e ela gemia gostoso. Me encheu de tesão” dissera Chad depois da festa na qual ele não conseguira ir por insegurança. Ela seria de todos, menos dele...

-Consigo sentir seu desespero daqui... – a voz baixa de Mal o envolveu.

...E se ele pudesse se livrar do excesso daqueles sentimentos e emoções e sensações tão pesadas que o sufocavam desde o final do jogo, mesmo que fosse por reles dois minutos, já valeria à pena.

-Eu aceito.

Seus ouvidos pareceram se entupir e mesmo olhando atentamente para a moça não conseguiu entender o que seus lábios formaram, nem o som das palavras chegaram a fazer sentido. Agora a imagem da moça ele jamais esqueceria: seus olhos e seu colar em brasa, num brilho intenso. Seus cabelos chegaram a voar com a intensidade do feitiço. Mas sua visão também falhou: por meio segundo pensou ter visto os olhos da menina mudarem sutilmente de cor.

Quando começou a sentir medo do que via, sentiu a magia fazer efeito: seu peito pareceu retomar atividade normal, o nó em sua garganta sumiu e sua respiração acalmou o suficiente. Conseguia pensar em Evie sem sentir que ia morrer, sem passar mal, sem ter vontade de chorar. Recordava as palavras de Chad, lembrava-se de vê-la flertar com outros rapazes, mas não sentia nada.

Mal voltou ao normal. Continuava impassível, fria.

-Você não está sentindo nada? – questionou baixinho, constrangido; mesmo assim se sentia leve, como se tivesse despido toneladas de seus ombros.

-Sinto, sim. Mas eu sei esconder meus sentimentos, você não – isso sou como um tapa aos ouvidos dele, mas não deveria ser surpresa, é claro, afinal ela raramente demonstrava qualquer emoção – Vamos, nerd. Não podemos ser pegos aqui.

-Você não vai levá-los?

Ela parou cogitando se deveria ou não falar; decidiu que sim:

-Reparou antes de entrarmos em alguma coisa além dos livros? – recebeu uma negativa – Não tem pó, nem sujeira em nada; o local foi recentemente limpo. O cheiro de parafina no ar sugere que as velas foram acessas, mas tem algo mais, um cheiro suave de orquídeas, como as que a Fada Madrinha mantém em sua sala na diretoria. Ela não somente esteve aqui como frequenta o lugar com alguma frequência para o perfume das flores estar no ar – Doug ficou chocado com o que ela percebera e ele não – Não vou levar nada, mas vou voltar aqui mais vezes. Mais alguma pergunta?

Os dois saíram sem olhar para trás. Ele ainda desajeitado, ouvindo o som dos próprios passos; ela, inaudível e cheia de graça.

 

 

O Salão dos Alunos estava cheio de todos os alunos e professores do colégio. Ainda haviam câmeras, mesmo a diretora tendo pedido que fossem desligadas. Os atletas estavam ali, todos de uniformes, suados e fedidos, mas isso não parecia incomodar em nada mesmo as meninas mais frescas.

Mesmo no caos da comemoração, o desconforto do menino-fera passou batido. Benjamin procurara duas meninas e um rapaz desesperadamente desde o fim da partida, desde a declaração de Chad, mas nada. Por um bom tempo, nada de nenhum dos três. Até que, quando pensava em desistir, Mal pareceu brotar num dos sofás numa conversa animada com a formanda Raissa; Doug não estava longe dela. Não os vi chegar... será que sempre estiveram no salão? Deu mais uma olhada rápida no local. Nada de Audrey.

Afastou-se então do centro, onde Jay e Carlos estavam sentados com o troféu dourado, cheio de pessoas loucas para ouvir relatos e dar parabéns ou qualquer outra coisa que fosse, e seguiu para onde a sedutora garota se encontrava.

-Posso roubá-la um pouco de você, querida Raissa? – perguntou bastante educado.

A semideusa deu uma piscadinha para o futuro príncipe herdeiro e saiu de onde estava, cedendo seu lugar para que Benjamin se sentasse perto de Mal.

-O que quer comigo, alteza? – a voz naturalmente aveludada ganhara um sorriso sutil.

-Podemos conversar sobre a confusão que foi hoje? Acho que você sabe o que aconteceu.

-Você também viu o espetáculo que seu amiguinho, perdão – corrigiu de forma debochada – seu ex amiguinho deu.

-Chad declarando seu amor por Evie não lhe soa estranho, Mal?

-Não seria o primeiro imbecil a delirar com ela, menino-fera.

-Mas ele estava com Audrey. Esse tipo de sentimento não muda tão rapidamente e se isso acontecesse, nós lutamos para não magoar ninguém.

-Nem todos tem seu senso de gentileza – Mal foi bem mais branda do que costumava ser.

-Sim, mas... Não sei. Ele foi extremamente insensível com Audrey. Com Doug também! É visível o quanto ele é louco por Evie – disse indignado.

-O nerd está bem – suspirou Mal, como se lidasse com algum peso nos ombros.

-Você não pode saber.

-Não. Você não pode saber – a firmeza deixou claro que ela escondia segredos – Voltado ao problema, Chad sempre foi insensível, não queira me dizer o contrário. O que viu hoje condiz perfeitamente com o feitio dele.

-Sim... Não posso negar.

Benjamin bagunçou os cabelos úmidos de suor, e apoiou os cotovelos nos joelhos, desviando o olhar da moça a sua frente. Estava claramente chateado, como se fosse ele quem tivesse sido largado.

-Sei que está preocupado com Audrey – disse Mal num tom quase amável: envolvente e suave; mesmo não devendo ser, era surpreendentemente bom saber que ela em nada sentia ciúmes da ex – Com Doug também. Mas, Ben – disse segurando-lhe as mãos em cumplicidade; o gesto deixou-o com os olhos inocentemente arregalados: sua mãe, Bela, fazia o mesmo quando queria confortar seu pai – Você não pode resolver os problemas de todos, não pode lidar com a dor dos outros por eles.

-Fui criado para isso, Mal – lamentou em voz baixa – Não consigo não me importar.

-Não disse isso, que não deve se importar. Você só não pode parar sua vida por isso. Não é um problema diretamente seu, embora se importe com eles.

O silêncio não pesou, mas reconfortou. O ruído ao redor era plano de fundo; ninguém parecia nota-los, e de fato Ben sentia como se estivesse numa bolha. Mal tentara e conseguira confortá-lo... Mostrava gentileza, ela soubesse disso ou não.

-Acho que isso vai ter uma grande repercussão – disse pensativo; bem mais calmo, seguro de suas próprias emoções, sem se confundir com a dor dos colegas.

-Como assim? – ela se afastou, cruzando as pernas e colocando-se confortavelmente numa postura despreocupada.

-Meu término com Audrey, e esse amor declarado assim, na frente das câmeras... Acho que isso está mexendo com a cabeça das pessoas – você não é nada lerdo, menino-fera – Acho que o pai de Chad vai vir buscá-lo pessoalmente; talvez o príncipe Felipe também venha buscar Audrey. Nessas horas os pais querem proteger os filhos e evitar a polêmica depois.

-Parece ter pensado nisso, alteza – brincou Mal – E para você qual é o plano de fuga?

-Eu não vou para casa nesse fim de semana – notando o brilho nos olhos dela, continuou – Pelo menos, não hoje. Meus pais acham melhor eu ficar quieto aqui no colégio e não aparecer nesse momento de grandes fofocas para preservar minha imagem e da coroa.

-Interessante – a forma como ela pronunciou a palavra... foi tão sexy, tão sensual... Não tinha como ignorar que ali já começara um jogo de sedução que terminaria com corpos suados se complementando em êxtase.

-Sabe... – entrou no jogo também sorrindo; Mal havia o colocado num caminho de desejo sem volta. Sim, ele era louco pela garota, mas não negaria que aquele corpinho nu junto do dele era ainda mais enlouquecedor. Mal despertara nele um lado viril, uma fera com grande apetite sexual – Eu preciso mesmo de um banho e descanso.

-Seus colegas não vão se importar se você se retirar – sorriu ela, comprando nas entrelinhas o convite para subir até o quarto do menino-fera.

-Melhor eu ir então – sorriu e se levantou.

-Não se esqueça de trancar tudo – disse em tom de brincadeira, mas era um aviso seríssimo.

-Não vou esquecer.

E saiu pela porta da frente, despedindo-se de alguns, comunicando seu cansaço para outros. Mal, enquanto isso, ficou sentada com as pernas cruzadas e uma taça de água na mão, lidando internamente com a excitação do encontro próximo, e com as dores na alma de uma rejeição.

[...]

A água quente do chuveiro era muito relaxante em seus músculos tensos. Ben jogou a cabeça para trás recordando-se de tudo naquela manhã agitada.

Esperava, sim, ter um momento com Mal antes do jogo, mas não pensara que poderia envolver os demais amigos dela, Chad e biscoitos. Tudo com Mal era espontâneo, as frases mais sensuais e insinuativas, os gestos mais delicados e íntimos. Ele jamais teria pego a mão de uma moça, para que esta lhe desse de comer; o gesto pareceria, além de ousado, abusivo. Mas com Mal... com ela fora um gesto suave, intimista; tudo para tê-la o mais próximo possível, ter sua pele tocando na dele. E a confiança dela ao dizer que ele tinha um jogo para ganhar...

O jogo fora incrível, acirrado, bem jogado. Sempre que conseguia uma brecha nas marcações e que não estava com a bola em seu domínio, ele olhava para a arquibancada. Não era difícil de vê-la ali. Toda de negro no mar azul e amarelo; seus cabelos também eram muito chamativos. Sabia que ele não era sempre o alvo de seu olhar, mas a mera possibilidade de ela vê-lo cair ou errar um passe, ou uma pegada... só de saber que ela estava olhando-o, sentia-se feliz e ansioso muito mais do que pelo jogo em si. E sentia toda vez o peso de seu olhar. Conseguia sentir! Suas costas pareciam queimar sob a intensidade daqueles olhos claros.

Ao fim do jogo quis tê-la nos braços assim como Chad tomou Evie. Sua intenção, ainda mais depois de ter sido ele a marcar o ponto final, o ponto da vitória, era correr direto para a arquibancada e tirá-la do chão. Ao contrário do seu desejo, assim como Jay e Carlos, ele se viu cercado de garotas. Todas lindas, simpáticas e bem-intencionadas, mas não eram a garota que ele queria. Só conseguiu se afastar quando jogou a camisa usada e várias lutaram para pegar a peça. Fazia tempo que ele não sabia o que era estar solteiro; principalmente, estar solteiro e em forma.

Secou-se e se vestiu ali mesmo, como de costume, bermuda e camiseta, e saiu ansioso para ouvi-la bater na porta, vê-la entrar sorrateiramente como se... Congelou assim que saiu da suíte. Mal estava ali, impressionantemente a vontade numa das poltronas. Benjamin olhou ao redor confirmando o que ele já sabia, o que ele fizera antes de entrar debaixo da água quente: tanto as janelas quanto a porta estavam trancadas.

Notando-o perplexo, ela sorriu e se explicou:

-Estava aberta – indicou a porta.

-Estava trancada – retrucou sem conseguir evitar o sorriso de surgir.

-Não para mim – disse já de pé.

Adrenalina correu por suas veias, excitação. Ele sempre soube que isso aconteceria, sempre imaginara as diversas formas daquela beldade invadir seu quarto e tomá-lo, corpo e sentimento, todo para si.

Ele se aproximou sem pressa, e beijou aqueles lindos lábios avermelhados com doçura e lentidão. Afastou os cabelos dela de seu lindo rosto e confessou:

-Queria ter te abraçado assim que o jogo terminou. Queria ter comemorado com você – ele a sentiu mais suave com aquelas palavras – Por que não estava lá? – perguntou num sussurro.

-Vi Doug se afastar chateado. Fui oferecer uma explicação.

-E tem uma explicação para isso?

-Tem... Você mesmo disse que eu parecia saber o que aconteceu.

-E você vai me contar?

-Não hoje. Pelo menos não agora – sussurrou de encontro aos lábios dele, provocando-o – Finja.

-O quê?

-Finja que nada de estranho aconteceu. Você ganhou o jogo e me tem nos braços – conduziu as palavras e a mente do garoto – O que acontece agora?

-Agora... – sorriu ele, um sorriso pequenino e inevitável. Agora ele afastou uma pequena mecha de cabelos roxos daquele rosto alvo e em voz baixa disse – O restante das pessoas desaparece para mim, mas na verdade as arquibancadas estão em silêncio só esperando o inevitável.

-Que seria... – sussurrou com os olhos já se fechando.

Um beijo. Ele e ela perdidos igualmente num beijo suave, lento. Nada desesperado e impulsivo. Era um beijo quase carente de carinho, não de luxúria. Saudoso, como se houvesse tempos em que não haviam estado juntos de tal forma. Quase tímido, como se realmente houvessem testemunhas daquele ato de intimidade.

-Isso me parece bem mais interessante mesmo – sorriu ele, negando interesse em qualquer outro assunto anterior.

Afastados, com olhos brilhantes, os dois se olhavam com sentimentos novos nos olhos. Tal como ele fizera antes, ele confessou, completamente envolvida naquela atmosfera acolhedora:

-Sinto-me diferente com você – ela confidenciou inesperadamente, acariciando o rosto do príncipe com a ponta dos dedos, encantada com aquela pele macia de bebê, com a aspereza sutil no movimento contrário ao nascimento da barba – Não sinto isso com mais ninguém.

Ele a abraçou mais forte, prendendo-os juntinhos. Aquilo aos seus ouvidos era praticamente uma declaração.

-Isso é bom? – perguntou como ela teria perguntado se fosse o contrário. A voz profunda, quase pesada demais para sair.

-Não sei – e realmente não parecia saber; havia confusão em seus lindos olhos verdes. Havia muita sinceridade ali naquela cor.

-Você gosta? – tentou outra vez, apreensivo com a resposta que demorou alguns segundos para chegar.

-Gosto... Gosto muito.

-Então fique perto de mim – implorou ele – Deixe-me ficar perto de você.

Mal só conseguiu assentir.

As bocas voltaram a se tocar, se acariciando e se prendendo em chupões sutis. A macies dos lábios, a umidade da boca e as línguas em dança era algo mágico. Cada pequeno carinho, cada deslizar de mãos, cada aperto; tudo ali era suave, demandando doçura.

Mal passou seu braço sobre os ombros de Ben sentindo-o tirá-la do chão e rodá-la pelo quarto. Como se estivessem rodeados por uma plateia, ele a exibia em seus braços para as paredes e móveis: ele era o campeão dela, era ele o seu conquistador e não nenhum outro. Como se estivessem sozinhos, seus olhos eram todos dela: ela era sua campeã, o ganhara antes mesmo de se conhecerem pessoalmente, ela o conquistara e o preferia entre os outros.

Acabaram próximos da cama. Não haviam mais sorrisos, não mais. Havia somente intensidade e sentimento. Ele se abaixou para puxar o zíper das botas dela para baixo, tirou a meia e finalmente deixou-a descalça como ele. Igualmente devagar, ele desatou os laços do corpete de aparência tão desconfortável.

De pé, olho no olho, verde e azul-esverdeado presos um no outro:

-Sem pressa? – disse ele com a voz profunda, a entonação sutil em forma de pergunta.

-Sem pressa – concordou Mal, igualmente presa no momento, no carinho que ia além do físico, além da perversidade.

O desejo ainda estava ali, mas não em chama; em brasa. A luxúria que havia sido combinada não era mais relevante. O que não havia sido dito era o que importava. Dizendo em voz alta ou não, os dois estavam diferentes, se sentiam diferentes, um diferente bom. Era atração. Respeito. Carinho...

Ben voltou a pegá-la nos braços, dessa vez para deitá-la em sua cama. Ficou alguns segundos observando-a ali, mas não resistiu quando ela o chamou com os olhos, com as mãos estendidas carente de sua proximidade.

-Não se afaste – pediu ela num tom único, a vibração delatava algum medo.

-Nunca.

 

No Salão dos Alunos – conforme sugerido por Mal – Doug se encontrava numa das poltronas, nem longe, nem perto dos atletas. Não estava escondido, nem fugindo da situação. Ali todos o viam numa postura calma e natural, com um livro em mãos como normalmente.

“Ele não deveria estar sofrendo pela princesa má?” questionavam alguns, não baixo o bastante. “Talvez ele não goste dela tanto assim” sugeriu outra alma.  “Ou ele é bem mais forte do que imaginávamos”.

Obrigada, Mal!

O pensamento grato direcionado a moça veio a crescer quando seu peito se aqueceu em sentimentos ternos. Doug sentiu que era correspondido. Doug sentiu que era amado.

 

 

Seis da tarde – ou da noite como diziam alguns – o sol já era uma linha no horizonte. O quarto estava na penumbra e os dois continuavam deitados, abraçados, presos um ao outro sobre a cama. Os lençóis ainda alinhados, os corpos ainda vestidos.

Ben e Mal adormeceram ali, coladinhos depois de longos e profundos beijos e conversas não ditas em voz alta e sim na troca de olhares. Foi ela quem acordou primeiro, tendo o garoto deitado sobre si, o rosto confortavelmente em seus seios. A constatação tirou seu ar por alguns segundos, mas soltou o fôlego devagar conforme inevitavelmente suas mãos trêmulas se dispuseram a acariciá-lo: cabelos e nuca principalmente, ombros e braço também; sempre mantendo o toque suave, leve o bastante para não o acordar. E ela não era acostumada a isso, carinhos suaves sem receber nada em troca; era algo raro e para um seleto pequeno grupo de seres vivos.

A mente da garota estava em branco, tão em branco que somente Benjamin canalizava seu olhar. Nada mais vinha em sua mente que não aquele adolescente adormecido confortavelmente em seus braços. Velar seu sono era prioridade, sua única prioridade; e um grande conforto para si mesma. Nunca se sentira tão leve, tão em paz como naquele momento.

A constatação do óbvio a fez perder o ar mais uma vez. Ela estava verdadeiramente relaxada, como nunca antes estivera.

Ben se mexeu, espreguiçou-se, em seguida apertou o abraço em Mal, como se ela fosse o melhor ursinho de pelúcia ou o melhor travesseiro. O movimento repentino da parte dele fez com que a garota parasse os carinhos, mas voltou a tocá-lo com leveza, sem perceber que sorria com igual amabilidade.

-Queria que todo sono e todo despertar fosse assim – disse com a voz grossa de um recém acordado.

-Você parece bastante à vontade – sorriu Mal, a voz sempre era aveludada, mas o tom ali... Ben apertou-a mais uma vez.

-Você me deixa assim... – suspirou entre os seios dela. Mal se arrepiou inteira – É a única que me deixa confortável para ser eu mesmo.

-Príncipe ou fera?

-Príncipe ou fera... ou menino – concordou Ben.

-E qual dos deles você quer ser agora?

Ele não respondeu com palavras. Apoiou as mãos no colchão e se impulsionou para cima e para frente, tomando os lábios da garota num beijo cheio de volúpia. Seus lábios descendo vez ou outra para o queixo dela, então voltando aos lábios chupando fortemente e...

-... Morrendo de fome – a voz de algum garoto adentrou o quarto – Acho que o jantar de sexta é sempre o melhor...

Os dois trocaram um olhar. A movimentação no corredor agora seria mais intensa com o início do jantar: a chance de serem ouvidos, de serem pegos juntos na cama era enorme. Era um risco tão excitante...

-Está com fome? – perguntou Mal com os lábios repuxados de forma maliciosa, os olhos tinham um brilho safado.

-A minha fome é outra – disse com a voz rouca.

Os dois juntos se livraram da camiseta que ele usava para então retomarem o beijo lascivo e forte. Os dois colaram os corpos e se esfregavam um no outro aumentando o desejo entre eles, as mãos frenéticas em apertos, distribuindo arranhões...

Mal abriu a boca para soltar o ar assim que a mão de Ben encontrou sua intimidade, alisando-a sobre a calcinha. Os olhos dele pegavam fogo ao vê-la se incendiar de desejo. Voltou a beijá-la. Os dedos ainda em movimento, as vezes mais forte, as vezes mais fraco, sobre o tecido.

-Uhmm – ela gemeu assim que seus dedos empurraram aquele frágil tecido para o lado; seus dedos ali rodeando sua entrada, pressionando o clítoris... Benjamin em fogo, ergueu seu tronco e puxou a calcinha da menina para baixo, enquanto Mal erguia seu “vestido” até tirá-lo por sua cabeça e jogá-lo no chão. De maneira nervosa, ele se pôs entre as pernas da menina chupando aquela bucetinha rosada com força. Chupou o clítoris, em seguida açoitando-o com sua língua movendo-se com rapidez, para chupá-lo em seguida e partir para sua entrada. Mal agarrava os lençóis para não gemer, e empurrava o quadril em direção a boca do garoto transformado em fera por sua luxúria. Os lábios de Ben em seus lábios menores, a língua dele tão fundo quanto podia dentro de si... – Uhmm, Ben...

Benjamin se afastou tirando a bermuda e a cueca de uma única vez; seu membro duro em suas mãos, vendo a menina dar a ele espaço na cama. Obviamente ela queria ficar por cima. Ben recostou-se nos travesseiros e esperou ela se sentar sobre si, as pernas ao seu redor. Ao contrário de permitir já que seu pênis adentrasse em seu corpo, Mal colocou seus lábios menores e maiores abraçando aquele pau roliço.

-Porra! – gemeu, mas logo mordeu os lábios pensando que algum dos rapazes poderia tê-lo ouvido; Mal somente soltou um risinho. Ela sempre vinha com novas formas de transar, de obter prazer...

Ela moveu o quadril suavemente, para frente e para trás, fazendo o que as mãos faziam, masturbando o garoto com sua bucetinha, privando-o de entrar nela. Era cruel e muito safado. Definitivamente seduzente. Mal ia e vinha, ia e vinha, ia e vinha, com insistência, com lentidão, fechando seus olhos e esquecendo do tempo, sentindo e absorvendo cada uma das sensações que ela provocava e que seu corpo absorvia. Tanto prazer... e pensar que ela conseguiria sentir ainda muito mais... Ben subiu suas mãos pelas coxas da menina, agarrando sua cintura e mexendo-a para mostrar que estava gostando, que queria mais... mas seus olhos, seus olhos sempre se desviavam para um ponto específico.

-Vem tirar – sussurrou ela. Benjamin Florian desde sempre tinha uma tara naqueles seios e Mal continuar com o sutiã era igualmente cruel, igualmente sensual. Ben para atender ao pedido dela e ao desespero do seu próprio corpo ergueu sutilmente o tronco, sentindo Mal afastar-se de seu pau para desesperá-lo mais. Enquanto soltava o fecho ele gemeu:

-Oh, uhmm... Mal! – aquele afastamento era para deixá-lo finalmente entrar, movendo-se sutilmente para se acomodar. Mal arfava, mas conseguira controlar os gemidos. Sentada, com um pau gostoso daqueles dentro de si por inteiro, de uma única vez, ela tentava respirar com normalidade, lidando com a dor de ser invadida rápido demais e o prazer desenfreado – Tão apertadinha...

Ben soube esperá-la da melhor forma possível: dando prazer. Tantos garotos pensavam que o sexo era somente a penetração que esqueciam outros pontos de prazer, o poder de um beijo bem dado. O menino-fera tomou-lhe a boca com paixão enquanto suas mãos livravam-se da única peça de roupa ainda nela. Sem pudor, beliscou os mamilos entumecidos e apertou-lhe a carne descendo os beijos e chupões por aquele lindo pescoço, mordeu o ombro branquinho e ofegou sentindo Mal subir e descer poucos milímetros, mexendo o mínimo, mas fazia tanta diferença... Ele agarrou-a pela cintura com um dos braços e voltou suas mãos com fúria para um seio, enquanto escondia seu rosto no pescoço dela, sentindo o perfume dos cabelos, e lhe chupando a pele.

Aos poucos – embalados por seus gemidos e suspiros baixos; os colegas sempre passando pelo corredor como um alerto do risco, um aviso perigoso e excitante – os movimentos se intensificaram; Mal subia e descia cada vez mais, cada vez mais rápido até se colocar a quicar gostosamente, sempre recebendo o apoio indireto de Ben. O prazer era alto o suficiente para que o menino-fera acabasse recuando o tronco, cedendo em direção aos travesseiros e almofadas, sua mão firmemente agarrada ora ao seio, ora ao mamilo; num instante, massagem, no outro, apenas fúria.

Mal era safada; sabia provocar: quando encontrava um ritmo bom, viciante, ela mudava. Quicou, então rebolou, então deslizou. Quando ele achava que não ela não conseguiria surpreendê-lo mais, ela apimentava a transa subindo lentamente e rebolando igualmente devagar para baixo, conforme seu tronco descia, buscando pelo dele, sua boca sedenta pela dele. Ele se forçou para cima, doido pelos lábios dela, por um intervalo de beijos enquanto aquela deusa luxuriosa subia e descia rebolando em seu pau, gostosa e safada, mas tornando aquele momento, aquele breve instante mais delicado, romântico.

-Bomba pra mim – pediu ela, deslizando a língua úmida sobre os lábios entreabertos do príncipe, finalmente parando seus movimentos. Ben não teve dificuldade alguma e erguer o quadril, abraçá-la pela cintura e bombar – Isso... Ah, Ben – suspirou Mal. Aquela rola entrando e saindo de dentro de seu corpo era apenas maravilhosa, conferia um prazer incrível ao tocar pontos que somente aquele rapaz podia tocar – Definitivamente uma fera – riu baixinho firmando suas mãos no colchão.

-Oh, você não tem noção do quão gostosa é – gemeu ele nos lábios dela, sem parar de se mexer – Quão gostoso é seu gemido...

-Me fode – pediu ela – Me fode com força, menino-fera – seus olhos brilhavam cheios de desejo, refletindo todo o tesão do rapaz abaixo de si – Vamos Ben... – gemeu – Quero seu pau gostoso o mais fundo dentro de mim... Oh! Uhmm... Isso! Mais, mais... – implorava cada vez mais baixo, com os olhos fechando de prazer. Ben se empurrava dentro dela, conforme o pedido, com força, quase violência. Não se conteve; ela aguentava, gostava até. Com o pé firme sobre o colchão conseguiu estabilidade para entrar tão fundo dentro de Mal quanto se podia entrar; seu saco batendo em seu corpo lindo chegava a assustá-lo pensando que alguém poderia ouvir aquele barulho de corpos se encontrando, se batendo, se afogando... Ben cerrou os dentes tamanho o prazer, tamanha a força...

Mal puxou-o pelo ombro num movimento rápido, interrompendo o dele. O movimento fez com que os dois quicassem acidentalmente. Finalmente, ela se pôs a cavalgar. Rápida e impiedosa, apoiando-se exclusivamente no peito malhado de Benjamin. Cheio de luxúria, dominado pela visão daqueles seios saltando aos seus olhos junto a pedrinha verde de seu colar, atacou-os, não com as mãos, mas com a boca. Mal passou a se apoiar em seus ombros. Ter seus seios para chupar e morder além de satisfazer suas vontades seduzentes pessoais, também abafava seus gemidos. Para ela, era puro êxtase: ele tinha seu mamilo entre os dentes e os braços ao redor de sua cintura, os dois se movendo, ela cavalgando, ele bombando... desesperados, se apertando, se empurrando um contra o outro de todas as formas até...

-Ah! – ela estremeceu sentindo-se fraca, aliviada, preenchida de porra. O orgasmo os deixava tontos e cansados, sem forças para se separarem; mesmo assim ele delicadamente inverteu as posições, mas não conseguiu tirar seu rosto daqueles lindos peitos agora vermelhos de tanto “carinho” – Você realmente gosta deles – riu Mal, acariciando delicadamente as orelhas e nuca do menino.

Tão leve... única, ele via uma Mal única, toda dele...

 

 

A noite era fria e abraçava os saltos de menina sem problema algum. A biblioteca ficava trancada, mas ela era especialista em desfazer trancas, passar sem ser percebida. Corredores cheios de escuridão, uma porta escondida e um corredor de não mais de três metros.

Ela criou para si uma pequena bolinha de luz verde, então caminhou lentamente, sem qualquer preocupação, os olhos fixos na mesinha, nos candelabros. Disse a Doug que voltaria... Mas não contou ao nerd sobre a porta secreta, dentro do esconderijo secreto. Seu real e mais forte interesse.

Um dos quadros era uma porta. A julgar pela dificuldade em abri-la, e pelo pó daqueles degraus, pelas tantas teias de aranhas... ninguém sabia da existência daquele lugar, ninguém o visitava... perfeito!

 



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