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História See You Again - V


Escrita por: Lunesz e Selfish_Queen

Notas do Autor


VAI TER CAP AGORA SIM E VAI TER NOME SIM PORQUE SIM! Amamos vocês, por isso respondemos algumas perguntas que ficaram no ar (mentira, é que ficamos muito ansiosas mesmo)
Boa leitura e nos digam o que acharam da capa da May e do capitulo nos comentários.

Capitulo dedicado aos amorzinhos de pessoas que são as TaeYoongi e cassiduarte90 ^^
-AMORE

Capítulo 29 - V


Fanfic / Fanfiction See You Again - V

V ON

Minha cabeça estava doendo muito, devo ter acordado por causa da dor que ela estava me causando. Me encontro em um quarto no tom de branco, com apenas uma parede pintada de azul, ele tinha uma janela larga, deixando a luz do sol entrar abundantemente. Ao meu lado tinha um criado mudo, com uma pequena planta em cima. Na parede ao lado da janela havia quadros velhos de flores pintadas. Olho para o outro lado da sala e vejo que tinha uma porta ali, e a sua parede era metade madeira pintada de branco e a outra metade de cima era de vidro, me permitindo ver o que acontecia do outro lado do quarto. Tento me levantar, com isso percebo que estou com uma agulha me inserido soro em meu braço esquerdo, e sinto alguns fios estarem grudados debaixo da roupa fina no tom de azul-bebe. Tinha algumas máquinas apitando alto, pareciam ser meus batimentos cardíacos e um tipo de fio entrando em meu nariz, que estava me incomodando muito por sinal. Depois de uma luta, consigo ficar sentado na cama. Vejo que minhas mãos estavam enroladas como algum tipo de curativo, e que tinha mais deles espalhados pelo meu corpo, minha barriga ardia demais, eu deveria estar cortado. Antes que eu pudesse gritar por explicações, ouço a porta abrir, e dela sai dois homens de jalecos brancos e algumas mulheres com a mesma vestimenta. Me recuo um pouco na minha cama, não sabia quem era aquelas pessoas, o que elas poderiam fazer comigo?

-Vejo que já está acordado, isso é muito bom – falou um dos homens, com um tom simpático – Não se preocupe, não vamos te machucar.

Não confiava nele, o que estava acontecendo aqui? Quem eram eles? O que houve comigo?

-Para que possamos continuar seu tratamento, precisamos saber o seu nome, poderia nos dizer? – Falou o segundo, segurando uma prancheta em suas mãos.

-Meu nome é... – Naquele momento eu gelei, não me lembrava de nada, não me recordava do meu nome, de minha parentela, de meus amigos, não sabia quem era. – Eu não sei.

~.~.~

Já fazia duas semanas desde que aqueles homens de jalecos, que afirmaram que eram médicos, tinham me visitado. Eu estava em um hospital, eles me disseram que um casal havia me encontrado machucado vagando pela estrada e me trouxeram correndo para cá. Quando um enfermeiro depositou uma agulha em meu braço eu acabei desmaiando, e fiquei cinco dias sem acordar.

Eu já não estava mais na sala que tinha acordado, me encontrava agora em uma mais amigável, seu tom era bege, sua cama era mais macia que a outra e ao seu lado tinha outro criado mudo, porém agora ele possuía um abajur em seu topo. Tinha uma mesa perto da cama e em cima dela tinha alguns papeis e lápis de cor. De frente a minha cama, do lado da enorme janela que por sinal tinha algumas grades e enormes cortinas marrons, se posicionava uma cadeira estampada de verde, assim como a almofada em cima dela. Não me lembro de como cheguei aqui, só sei que cheguei. Algumas vezes eu me levantava de minha cama e começava a desenhar. Os desenhos se variavam em borboletas a algumas flores, que pareciam lírios. Sempre quando alguém entrava no quarto, eu me encolhia na minha cama ou na cadeira, o barulho que eles faziam eram altos demais, parecia algum carro derrapando. Um médico já tentou conversar comigo, porém eu não conseguia responde-lo, não tinha confiança nele, não tinha confiança em ninguém dali, aparentemente eu tinha alguém que me protegia dos outros, mas eu não sei quem essa pessoa era. Tinha alguns livros infantis na gaveta do criado mudo, ali eu selecionava alguns dos livros finos e os foleava, como se fossem as coisas mais interessantes do mundo.

Quando estava no meio da minha 10º leitura do mesmo livro, ouço a porta abrir, me fazendo cruzar minhas pernas e depositar meu livro ali no meio delas, o fitando sem encarar os médicos.

-Esse é o nosso maior enigma doutor – o médico que sempre tentava conversar comigo se pronuncia, ele não estava sozinho. Arrisco olhar as pessoas presentes no meu quarto e vejo que ao lado do meu médico de rotina, havia um rosto novo. Ele não era asiático, tinha olhos claros, seus cabelos eram grisalhos e ele tinha um semblante simpático estampado em seu rosto. Ele se aproximou de mim, e por incrível que parece eu não recuei.

-Qual é o seu nome camarada? – Disse terno, mesmo que o seu coreano parecesse improvisado.

-Ele não tem nome doutor – o meu médico se manifestou novamente – nós chamamos ele de ‘número cinco’, em homenagem ao número da sala em que ele ficou apagado, não tem muita importância mesmo já que ele não fala conosco, então só damos comida a ele e esperamos que a sua memória volte com o tempo.

-‘Número cinco’? – O homem misterioso se virou para o outro com indignação em sua voz- ele não é um objeto doutor, ele tem um nome, uma história, ele não pode se recordar disso agora, mas quero que fique em sua mente que ele é uma pessoa e merece ser tratado como tal.

Desde quando eu cheguei aqui ninguém havia me defendido de tal maneira. Os dois começaram a discutir baixo, então eu voltei a encarar meu livro, passando meus olhos rapidamente pelas folhas, nele ensinava sobre numerais romanos. Ouvi o meu médico se alterar e gritar algo como ‘ele não tem nome’ com isso, fito uma página que continha o número cinco que eles me titulavam. Já que eles me chamavam assim, não seria um problema de ficar com esse nome temporariamente.

-Meu nome é V – falei calmamente, voltando a atenção deles para mim. Peguei o livrinho e apontei para a página que tinha um enorme desenho de um ‘V’.

-Ele nunca tinha falado tão abertamente conosco antes em muito tempo – um sussurrou, fazendo o médico dos olhos azuis se aproximar novamente de mim.

-V é um nome bonito – falou abrindo um sorriso. Ele esticou sua mão para mim – Eu me chamo Mattew Patterson, mas pode me chamar de Mat.

~.~.~

O doutor Mat deve ter sido a pessoa mais legal que eu devia ter conhecido no planeta. Desde quando fomos apresentados, ele tirava de duas a três horas do seu plantão para ficar comigo, tentando me ajudar a recuperar a minha memória. Por mais que eu tentasse, por mais de várias horas de sessões de terapias gastas, eu não conseguia me lembrar de nada, absolutamente nada! Não puderam registrar minhas digitais no sistema já que minha mão foi queimada devido ao suposto acidente que eu sofri, as apagando, sem falar dos machucados que tenho em meu corpo, tinham me relatado que eu havia sido cortado por vidro e eles doíam muito, ardiam demais nas primeiras semanas, mas depois foram cicatrizando.

-Que desenhos lindos V – Eu estava sentado na cadeira desenhando algo apoiado a mesa quando ouvi Mat chegar no quarto, não hesitei em abrir um sorriso.

-Obrigado, eu gosto de desenhar essas flores – falei orgulhoso do desenho, mesmo com que ele se pareça com um desenho de uma criança de seis anos. Eu não falava com mais ninguém daquele hospital sem ser Mat, ele me transmitia confiança.

-Flores hein? Do que elas lhe lembram? – Perguntou sereno, se sentando no chão ao meu lado. Mesmo sendo um homem de meia idade, ele ainda portava um ar de infantilidade.

-Elas me lembram...- eu fiquei imóvel naquele momento. Elas me lembravam sim de algo, de uma agonia, de uma dor, de algo que me deixou com um enorme desgosto. Um tumulto em volta de mim, algo selando meus lábios, uma forte batida, luzes de automóveis em meu rosto. Não hesitei e comecei a gritar colocando minhas mãos em meus ouvidos, aquele barulho precisava cessar. Mat tentou me acalmar se segurando em meus braços, fazendo nos dois terem um contato visual, porém eu não conseguia parar de chorar alto, aquela dor em meu peito não cessava, com isso, duas enfermeiras entraram no quarto ás pressas e injetaram algo no meu ombro, comecei a ficar sonolento com o tempo, porém não dormia. Mat me ajudou a ir até minha cama e lá eu deitei. Ouvi ele sussurrar algo com as enfermeiras, porém não pude ouvir muito da conversa, eu estava com muito sono, mas a agonia que sentia não me deixava dormir. O médico já ia se retirar do quarto, saindo de perto da minha presença, porém agarrei um dos seus braços, fazendo o mesmo olhar para mim. Meus olhos estavam marejados e acho que ele entendeu a mensagem. Mat pegou a cadeira que ficava ao lado da janela e a colocou no lado da cama, não saindo do meu lado em nenhum momento. Agarrei um dos seus braços e não o soltei, o medicamento não surtia enfeito contra a minha ansiedade, para dormir eu precisava de paz, e eu só alcançava a paz enquanto ele estava ao meu lado. Assim que fechei meus olhos, senti sua outra mão acariciar meus cabelos, com isso, acabei caindo no sono.

Já haviam se passado duas semanas desde a minha última crise. Não tive outra coisa do tipo desde então, na verdade, parece que eu tinha melhorado. Às vezes eu saia do quarto e ia passar pelos jardins do fundo do hospital com Mat. Esse médico era uma benção em minha vida! Ele havia me dito que ele era italiano e vinha de Milão, ele estava cobrindo o plantão de um amigo dele aqui que tinha sido injuriado enquanto trabalhava, e também estava querendo saber como funciona o sistema psicológico sul-coreano. Ele tinha vários doutorados e diplomas em psicologia e psiquiatria, gostava de ler, e se interessava por moda. Sim, moda. Ele era casado a vinte e três anos, sua mulher era uma fotografa bastante conhecida em Milão, seu nome era Elizabeth. Quando estávamos em uma de nossas sessões, ela tinha vindo ao hospital visitar o seu marido e por incrível que pareça, ela havia gostado de mim. Fiquei sabendo que Mat havia contado de mim para ela, coisa que me fez ficar bastante alegre. Quando ficou uma semana aqui na Coreia, Elizabeth sempre vinha nos visitar, trazendo algo em sua bolsa; Cookies caseiros com gotas de chocolate. Não sei o porquê, mas aqueles cookies me lembravam de algo, mas não sabia do que ou de quem. Ela era um amor comigo, sempre brincava com a minha aparência e dizia que eu daria um ótimo modelo. De uma vez ou outra, ela tirava algumas fotos minhas enquanto eu estava despercebido e o resultado até que era bom.

Já haviam se passado três meses desde quando eu cheguei a esse hospital, e nada da minha memória colaborar. Estava sentado no chão, lendo algumas revistas de roupas que Mat havia me emprestado, e por incrível que pareça eu comecei a me importar mais com moda. Ouvi a porta abrir, e vi Mat saindo por ela, porém aquele meu primeiro médico frio e maldoso estava lá, coisa que não me deixou nem um pouco à vontade.

-V, eu tenho duas notícias para você – Mat disse se sentando no chão, ficando de frente para mim, me encarando. Ele deu um longo suspiro e continuou – Você não apresentou nenhum sintoma de doença psiquiátrica desde alguns meses, com isso, teremos que te liberar do hospital para que a sua vaga seja liberada a pacientes com estados piores.

Quando eu ouvi isso eu tremi a base toda e arregalei meus olhos. Eu não tinha nenhum lugar para ir, o hospital ERA a minha casa. Se eu saísse de lá eu acabaria virando um mendigo! Antes que eu pudesse reclamar da decisão deles, Mat continuou.

-ENTRETANTO – ele disse segurando as minhas mãos – Eu tenho uma proposta para você.

-Proposta? – Perguntei abobado.

-Sim – ele deu um longo suspiro e continuou – Você sabe que eu e Elizabeth se apegamos demais a você certo? – Gesticulei com a cabeça, afirmando que sim e ele continuou – Sabe, meu amigo se recuperou e agora eu poderei voltar para a Europa... você quer vir conosco?

Não sei se eu estava alegre com o fato de poder ficar para sempre ao lado de Elizabeth e Mat ou com medo de deixar a Coreia para viver em um pais completamente diferente. Fitei o chão por alguns segundos, precisava daquela resposta. Bem, eu até podia ter uma vida aqui em Busan, porém, do que adianta ela agora se eu não me lembro de nada? A lendo mais, se eu continuar aqui tentando tratar algo que eu não posso mais recuperar, não terei mais Mat ao meu lado, o que seria de mim sem ele? Tenho que recomeçar a minha vida, não sei minha idade, entretanto devo ter meus 16, 19 anos, ainda sou novo, não posso ficar preso ao meu passado inexistente.

-É muito frio na Itália? – Perguntei com um sorriso, que logo foi respondido por outro de Mat, ele me abraça forte e acabo retribuindo. Ele seria a minha família a partir de agora.

Depois de ficar mais de uma hora preenchendo de papeis na recepção, finalmente sou liberado do hospital. Mat tinha comprado roupas novas para mim, já que eu não possuía nenhuma peça pois a minha que tinha chegado no hospital estava arrasada. Quando chegamos no aeroporto para embarcamos no avião para a Itália, eu fico meio amedrontado com tudo aquilo. Recapitulei tudo o que havia acontecido; eu tinha sofrido um acidente e acabei perdendo a memória, fiquei internado em um hospital por ter perdido a minha memória e agora estou embarcando para a Europa para ser praticamente o filho do meu psiquiatra. É, acho que na minha vida passada eu nunca tinha presenciado tal coisa antes. Assim que entrei no avião e me acomodei em meu assento, Mat me arremessa um livro grosso, era um dicionário de coreano para italiano. Claro, meta do ano; aprender italiano! Espero que consiga aprender bem essa língua o mais rápido possível, quero me acostumar bem na minha nova casa.

~.~.~

Quando o avião aterrissou, desembarcamos tranquilamente já que eu não tinha muita coisa na bagagem, apenas duas peças de roupas. Com esse fato, antes de eu conhecer minha nova casa, Mat disse para paramos para comprar novas roupas para mim. Pegamos um táxi e começamos a visitar várias lojas – estupidamente caras – e compramos várias roupas para mim, algumas eram muito bonitas não vou mentir, mas tinha algumas que me fazia pensar ‘como alguém consegue vestir isso em público’? Com o meu novo guarda roupa composto por três malas enormes de roupas só na primeira viagem, finalmente pude conhecer minha casa. Bem, achei que Mat e Elizabeth moravam em uma casa de um andar feita de madeira com uma chaminé, bem fofinha, porém, o carro parou em frente a um enorme, ENORME prédio no centro da cidade. Saímos do taxi e não precisamos pegar nossas malas já que os porteiros já as tinham segurados.

-Ansioso para ver Elizabeth? – Mat perguntou olhando para mim com um tom animado.

-Bastante! Faz tempo que eu não a vejo – fui sincero enquanto passava pelo enorme saguão do prédio. Seu chão era de carpete vermelho com alguns detalhes amarelos, suas paredes eram cobertas por espelhos e outros tipos de vidro, dava para se ver pouco da sua parede que aparentava ser negra. Entrando no elevador sozinho com Mat, vejo que ele apertou o quinto andar, irônico não? Alguns meses atrás eu era um zé ninguém, uma peste para a humanidade, não sabia nem meu próprio nome, porém Mattew e Elizabeth me ajudaram a renascer, eu não era mais o ‘número cinco’, eu era V, o menino que venceu sua mente, o que gosta de borboletas e de moda. Eu era uma nova pessoa, independente de quem eu era no passado, devo tudo isso as pessoas que me ajudaram nesse percurso e que ainda me ajudam.

-Obrigada – falei bem baixo, mas que ele pudesse ouvir, antes que Mat pudesse falar algo, a porta do elevador se abriu e saímos de dentro dele. As paredes do andar tinham um papel de parede branco com algumas flores azuis, bem fofas. Ele me guiou até uma porta, seu número era 497, não sei porquê, mas irei fazer de tudo para lembrar desse número. Mat pega um molho de chaves e abre a porta, ele gesticula para mim entrar e assim eu fiz. Era uma área bem aconchegante, logo na entrada tinha uma mesinha e em cima dela tinha um pote com várias chaves e moedas, adentrando mais no imóvel, vi que em sua sala tinha três sofás e uma poltrona e no centro delas havia uma mesinha. Eles deviam conversar com muita gente pelo visto. A televisão enorme de tela plana estava presa a parede, e as janelas do local levavam a uma sacada. Viro meu rosto para o outro lado do apartamento e vejo uma enorme cozinha, amei o conceito aberto daquele lugar, mesmo sendo luxuoso era aconchegante. Andando mais um pouco, entrei em outro local, esse deve ser o maior local do apartamento; uma sala com três poltronas e várias estantes de livros e revistas com direito a certos quadros e matérias de revistas emolduradas em suas paredes. Entre o espaço das poltronas, tinha duas janelas enormes que vinham do teto ao chão, suas cortinas tinham um tom cinza, assim como toda a sala, e ao lado de uma estante vi uma escada, deve ser os quartos. Olhei para os lados e vi que Mat não estava comigo. Que educação ein V?! Corri até a sala principal e vi ele pegando as nossas malas com os porteiros, não hesitei e comecei a ajuda-lo.

-Siete molto fresco con il suo padre – um porteiro se dirigiu a mim assim que eu peguei a última mala. AMIGO, NÃO FODE! Não sei nada de italiano, o que eu faço?

-Ele disse que você está sendo muito legal comigo, V – Mat me ajudou, olhei de volta para o porteiro e me curvei. Ouvi o porteiro tentar falar algo em japonês, e tentei ignorar, porém fiquei feliz com a sua tentativa de me elogiar.

Pegamos minhas malas e subimos até o segundo andar. Lá não era graaande coisa, tinha apenas algumas portas que levavam para um banheiro, um escritório que devia ser de Mat, e para os quartos. Abrindo a porta de um dos quartos, vejo que ele era enorme, tinha um tom branco muito forte, assim como seus moveis que eram poucos por sinal; apenas dois criados mudos ao lado da cama enorme, de frente a cama tinha uma cômoda e um espelho, me permitindo ver meu corpo deitado. As janelas eram grandes e deixavam muita luz natural entrar no quarto. Ao lado oposto das janelas haviam um closet enorme e Mat me ajudou a arrumar minhas coisas ali.

-Depois iremos decidir a decoração do seu quarto – Mat disse quando estava fechando o closet – Pensei em borboletas, já que você gosta muito delas.

Assenti com a cabeça, bem alegre e voltei a fitar o quarto. Ali era a minha nova casa agora, não podia ficar mais feliz, pelo menos eu achava, pois ouvimos uma voz feminina gritar no andar de baixo.

- Mattew! Sei a casa?! – Era Elizabeth, e novamente a merda do italiano, tenho que aprender essa língua o mais rápido possível.

- SI! E V è venuto con me! – Ele gritou de volta, e eu não estava entendendo merda nenhuma do que eles estavam falando. – Vamos descer? 

Assenti com a cabeça e descemos, pude rever Elizabeth, seus cabelos longos e castanhos se trocavam pelo loiro curto bem liso, seu figurino era lindo, ela estava seguindo muito bem a moda mesmo sendo uma mulher de idade. Quando ela me viu, abriu um enorme sorriso igualmente a mim e veio correndo me abraçar.

-Fico muito feliz em saber que você aceitou nossa proposta de vir para Milão! – Disse ainda me abraçando muito forte, cheguei a ficar com falta de ar.

-Eu que fico feliz em saber que vocês me acolheram – confessei me separando do abraço apertado que ela tinha me dado, olhando para os dois – fico muito agradecido mesmo.

-Você sabe que nós dois lhe consideramos como um filho ne V? – Mat se pronunciou, ficando ao lado de Elizabeth – Pois fique sabendo que iremos cuidar muito bem de você.

~.~.~

Havia se passado mais ou menos um ano desde que vim para a Itália, acabei aprendo muito bem o italiano, não sei de todas as palavras, porém, consigo ter uma conversa normal com as outras pessoas. Elizabeth, que agora quer que eu a chame de Beth, me ajudou bastante na escrita enquanto Mat me ajudou na pronuncia. Por falar nela, durante meu tempo aqui, eu a via fazendo a mesma coisa que fizera na Coreia; ficar tirando fotos espontâneas minhas. Na memória de sua câmera só tinha fotos minhas desenhando, brincando com os cães que via na rua quando passeava com os dois ou até mesmo fazendo bolinhas de sabão. Ela me contou que eu tinha ‘um ar de infância dentro de um adolescente formoso’. Eu achava aquilo meio esquisito no começo, mas quando ela me contou que minhas fotos inspiraram amigos estilistas dela a começaram a criar roupas baseadas em minhas fotos e carisma, em vez de ficar alegre e soltasse arco-íris pelo cu por ter coleções baseadas em minha vida, eu fiquei agradecido. Agradecido por eles terem me acolhido e orgulhoso de mim mesmo por fazer algo útil em minha vida, mesmo sendo algo um tanto como inesperado.

Nós três estávamos sentados na sala de leitura, aquela enorme sala que eu tinha relatado ser cheia de livros. Mat e Beth estavam sentando nas poltronas lendo alguns livros de histórias de romance e eu preferi ficar no chão, encostado ao lado de trás da minha poltrona, de frente a uma das janelas, mexendo no meu celular (que eles tiveram questão de comprar para mim, junto com outros aparelhos como notebooks e vídeo games). Mesmo que o joguinho estivesse me mantendo bastante entretido, vi uma movimentação maior acontecendo na rua. Me aproximei mais da janela e vi que se tratava de um acidente de carro, bem, apenas um homem bateu de frente com outro veículo, e pelo visto ninguém se feriu. Naquele momento minha cabeça começou a latejar, as mesmas memórias que me vieram no hospital voltaram. Fiz de tudo para não chorar e consegui controlar meu pânico. Olhei para Beth e Mat e os dois não perceberam minha crise. Ótimo. Oras, se eu contasse a eles que meus problemas mentais voltaram, eles me mandariam de volta para outro hospital e eu não queria aquilo. A crise passou depois de alguns minutos, mas minha alma ainda estava angustiada, me sentia vazio, me sentia como se eu estivesse sendo trocado, sentia que não tinha feito algo bom...SAIA DESSA V! Aquilo aconteceu a muito tempo atrás, não tem importância agora!

A noite caiu, mas ainda sentia aquela agonia. Por mais que eu rolasse em minha cama, eu não conseguia descansar. Estava morrendo de sono, porém quando fechava meus olhos para dormir, aquelas cenas voltavam a minha mente. Sai do quarto que estava infestado de bichos de pelúcia, (o que? Me deixa! Amo aquelas coisinhas fofas, posso ser crescido, mas não deixo minha criança interior morrer) e vou em direção a sala de estar. Meus dois ‘pais’ já estariam dormindo a essa hora, com isso, ligo a televisão bem baixo e vejo um filme qualquer acomodado no sofá, de costas a bancada da cozinha. Não conseguia me acalmar, aquilo estava me deixando louco.

-Insônia? – Ouço uma voz sair da cozinha, era Mattew. Ele se senta no sofá em minha frente e me encara, esperando a resposta, como fazia comigo nos meus tratamentos no hospital. Solto um suspiro derrotado e assento com a cabeça que sim.

-Não consigo dormir bem, acho que deve ser o stress da escola – menti, e sim, eu estava estudando em uma escola, em uma escola de moda na verdade. Me interessei mais sobre o assunto e Elizabeth fez questão de pagar o ensino particular para mim.

-Ah, vocês e seus costumes de falar sobre tecidos e linhas – soltou um riso fraco seguido pelo meu. Por mais que ele gostasse de moda, eu e Beth falávamos sobre aquilo 24 horas por dia, devia ser cansativo para um psiquiatra.

Sem querer, eu acabo soltando um bochecho o que faz Mat questionar minha insônia. Expliquei para ele a minha relação com a ansiedade, quando acabei de falar, ele se levanta do seu sofá e se senta ao meu lado. Entendendo o que ele queria fazer, deposito minha cabeça em seu ombro, e assim ficamos por alguns minutos, observando as luzes dos prédios da sacada. Era estúpido o fato de eu me acalmar ao lado dele, eu tentava de tudo para resolver meus problemas sozinhos, mas não conseguia, eu só ficava em paz com alguém me apoiando. Já estava quase caindo no sono, mas, antes que eu apagasse por completo, deixo uma frase bem curta sair de minha boca por meio de um sussurro mal-ouvido.

-Obrigado, Jin.

~.~.~

-QUERIDOS, EU TRAGO NÓTICIAS! – Eu estava sentando no chão fazendo a lição de casa da escola e Mat estava lendo alguns casos psiquiátricos dele quando ouvimos Beth chegar em casa gritado de animação.

-Qual seria a noticia para tanta animação? – Mat perguntou guardando a sua pasta assim como eu, guardando meus papeis.

-VENHO INFORMA-LOS QUE EU FUI CONVIDADA PARA REGISTRAR O CASAMENTO MAIS ESPERADO DA CÓREIA DO SUL! – Ela estava praticamente pulando de alegria, não deixei de abrir um enorme sorriso. Ela trabalhava duro com suas fotos e uma conquista assim será muito boa para a sua carreira.

-Isso é incrível – falei bastante contente. – Quando você vai para lá?

-Eu não vou sozinha para outro país, vocês dois irão comigo! – Tendo dito isso, eu e Mat nos entreolhamos por um momento um tanto como confusos.

-Querida, você sabe que e- Ele tentou explicar a situação, mas a sua esposa o cortou.

-Não se preocupem, quando eu estava no táxi eu resolvi tudo! Você, Mattew, pode ir visitar aquele hospital novamente já que várias coisas devem ter mudado em dois anos, e você V, você pode falar para a escola que está saindo em uma ‘viagem profissional’! Eu irei tirar minhas fotos espontâneas no casamento, quem sabe você pode me ajudar com elas?

Ainda estava tentando processar aquilo, ok, eu vou voltar para a Coreia do Sul? Certo, não vejo nenhum problema desde que os dois estejam comigo. Assento com a cabeça que sim, confirmando minha viagem. Segundos depois eu e Mat saímos correndo da sala para arrumar nossas malas porque Beth tinha dito que o voo estava marcado para o final da tarde.

~.~.~

Assim que desembarcamos, já consegui me sentir em casa. Mesmo não tendo muitas lembranças da Coreia, eu sabia que lá era a minha terra natal, e que me sentia bem andando em suas ruas, sentindo o cheiro do Kimchi sair dos restaurantes, tudo me deixava confortável. Por ironia do destino, o casamento iria ser em Busan, em uma igreja no centro da cidade. Eu e Elizabeth chegamos bem quando a cerimonia havia encerrado, ainda bem que deu tempo para ela tirar a foto dos noivos, que eu nem dei o trabalho de ver quem eram. Beth tinha dito que tinha que ficar aqui por mais um tempo para tirar fotos da festa, entendi o lado dela e fui para o jardim que ficava no lado de trás da igreja juntamente com ela. Preferi ficar num lugar mais reservado, aonde ninguém pudesse me ver, eu era praticamente um penetra na festa, nem conhecia os noivos, então ficar parado no meu canto é melhor. Me sentei no chão, apertando a grama de leve com minhas mãos, mas meu momento de paz se foi quando eu ouvi duas crianças rindo em minha direção.

-Olá – disse sorridente em direção a pequena menina com um vestido branco e a um menino de terno. Adoro crianças, quando converso com elas me sinto como uma.

-Oi! – a menina me respondeu com um enorme sorriso, e o menino preferiu ficar quieto – Meu nome é Min-Jee, e o seu moço?

-Meu nome é V – os dois se sentaram na grama junto comigo, céus, como eram fofos – e o seu nome camarada?

-Baekhyung – ele hesitou em falar seu nome, mas abriu um sorriso meigo.

Ficamos alguns minutos conversando e brincando, aqueles dois eram uns amores, principalmente Min-Jee, aquela menina tinha um sorriso encantador. Ela havia me dito que seus pais eram os noivos, o que me fez admirar a sua competência, ela tinha apenas seis anos e respeitava a opção sexual dos pais, que coisa maravilhosa.

-Gostei de você – ela disse apontando seus dedinhos pequeninos para mim – Vamos ser amigos?

-Claro, você é uma menina muito legal, eu estarei honrado por ser seu amigo! – Respondi com sinceridade. Ah, crianças são tão inocentes, me lembram muito da minha personalidade também, são dóceis e puras.

Ela se levantou junto com Baekhyung e os dois me puxaram, Min-Jee alegava que eu tinha que conhecer seus pais. Neguei de primeira, mas não pude resistir a aquela carinha fofa. Eles estavam praticamente me empurrando para eu ver seus pais. Fui levado até um jardim e vi que ali estava ocorrendo um pedido de casamento.

Sabe quando tudo ao seu redor parece desmoronar? Foi assim que eu me senti quando vi que a pessoa que estava sendo pedida em matrimonio era meu irmão, Kim Seokjin.

V OFF

JIN ON

Meus olhos não estavam vendo no que eu presenciava naquele momento, eu fiquei estático, não sabia responder, não sabia como agir. Meu Tae estava vivo? Aquilo era possível?

-OMMA, APPA, FIZ UM AMIGUINHO NOVO! – Min-Jee gritava de alegria puxando Taehyung pelas suas mãos junto com Baekhyun. Antes que eles pudessem terminar o seu caminho, eu não hesito e abraço meu irmão como se não houvesse amanhã. Taehyung estava vivo, eu não conseguia pensar direito, todos esses anos eu me culpando por sua morte para descobrir que ele estava bem? Não acreditava no que estava acontecendo, o amor de minha vida acabara de me pedir em casamento e o meu irmãozinho estava vivo! Me separei do abraço e encarei mais suas feições, ele estava mais bonito do que antes, espera, aonde ele estava durante esses dois anos?

-J-jin? – Ele hesitou em suas palavras, o que aconteceu com ele? Os médicos disseram que ele estava morto! Assenti com a cabeça chorando e o puxei para outro abraço, agora minhas lagrimas não cessavam. Eu estava o abraçando, eu estava sentido seu calor novamente, eu reencontrei meu Tae.

-Taehyung? Não acredito que é você...- Jungkook falou incrédulo, correndo para abraça-lo. Olhei para Namjoon e o mesmo fez um cara de quem estava entendendo a situação, assim como Jimin, mesmo que aquilo fosse um tanto como muito, mas muito confuso mesmo. Não sei se estava triste por ter meu pedido de casamento atrapalhado ou super feliz por ter reencontrado meu irmão.

-O acidente – ele disse baixo, e assim se sentou no chão, parecia que tinha caído – O acidente, a ambulância...ARGH! COMO PUDE ESQUECER DA MINHA PRÓPRIA FAMILIA E AMIGOS?! – Ele havia começado a chorar, com isso, me sento ao seu lado e acaricio seus cabelos, tentando acalma-lo como sempre fazia. Olhei para Hoseok e vi que seu rosto estava com espanto de tudo aquilo, e suas mãos não largavam a de Yoongi que estava com sua filha em seu colo. Lindo, como irei contar isso também para ele? – Vocês devem me odiar agora, por ter esquecido de vocês, por ter esquecidos dos meus amigos...

-Não se preocupe V, somos amigos agora, lembra? – Min-Jee disse se aproximando dele, levantando o dedo mindinho, que logo foi cruzado por Tae.

-V? – Perguntei o puxando para meus braços, mesmo tendo Namjoon na minha vida, Taehyung é meu irmão, e eu o amo muito. Fiquei dois longos anos separado dele, e não vai ter alguém ou o que desse mundo que há de nos separar novamente.

-O nome que me deram na psiquiatria...- Falou baixo – Me desculpe por não ter me lembrado de vocês! Me desculpem por deixá-los preocupados, eu, eu...

Naquele momento ele começou a gritar no meio do seu choro, o que me espantou muito, nunca havia o visto tão alterado assim, ele estava...assustado? Olhei para Namjoon e vi que ele e Jimin levaram as crianças para dentro, deixando apenas eu e Jungkook no jardim.

-Tae, está tudo bem, se acalme, você está com a gente agora – Jeon tentou se aproximar dele, porém Taehyung se levantou e se afastou de nós dois. Senhor, pelo o que esse menino deve ter passado durante todos esses anos?

-Madre, voglio che mia madre! – Ele gritou em...italiano? Tantas perguntas para serem feitas, mas fomos interrompidos por uma mulher que estava gritando o nome de ‘V’. Ela tinha uns cabelos loiros curtos e estava bem vestida, espera… aquela não era a fotografa do casamento? Com ela estava outra pessoa, um homem, e percebi que os dois não eram asiáticos. Ok, quero explicações imediatas, quem eram eles e o que eles fizeram com o meu Tae?! A mulher puxou Taehyung pelo braço e o levou para longe de nós, antes que eu pudesse evitar aquilo, o homem veio em nossa direção.

-O que aconteceu aqui? – Ele perguntou a pergunta que nós queríamos fazer a ele.

-Eu que vou fazer as perguntas aqui, senhor – falei rígido – quem são vocês e o que vocês fizeram com o meu irmão?!

Estava pronto para pular em cima do pescoço dele, porém Jeon me acalmou. Ele parecia surpreso pelo o que eu disse, sobre eu ter falado que Taehyung era meu irmão

-Eu me chamo Mattew Patterson, sou psiquiatra, cuidei do seu irmão quando ele não se lembrava de quem era, ele perdeu a memória, não sabia seu próprio nome e sobre sua parentela, com isso acabei levando ele para a Itália junto com a minha esposa...não acredito que você não veio procura-lo durante esses anos.

Antes que eu enfiasse a cara daquele infeliz no ponche, Jungkook tomou a palavra.

-Achávamos que ele estava morto. A ambulância que o transportava para o hospital sofreu um acidente e nos deram a informação que todos que estavam nela haviam falecido.

-Isso explica a falta de digitais em suas mãos, queimaduras do veículo – falou baixo, fitando o chão. Ele respirou fundo e nos encarou – Eu quero explicações sobre tudo, sobre toda a vida do V, seus parentes, amigos, tudo!

-V? – Perguntei não acreditando no que ouvia, realmente tinham refeito a vida dele? – Ele não se chama V, seu nome é Kim Taehyung.

-Esse é um bom começo – disse abrindo um pequeno sorriso, assim nos sentamos em uma das mesas que haviam ali e eu e Jeon explicamos tudo sobre a vida de Taehyung, desde a morte dos seus pais até o acidente de dois anos atrás.

-Entendo...-disse quando acabamos as explicações, e acabou bufando – Não acredito que irei leva-lo para a ala psiquiátrica novamente, ele odeia aquele lugar...

Querido, EU que falo assim sobre o Tae, não um italiano qualquer. Quem ele pensa que é? O pai dele?

-E o que o Taehyung fez durante esses anos? – Perguntei.            

-Ele ficou alguns meses na ala psiquiátrica, depois se mudou para a Itália comigo e com a minha esposa Elizabeth, ele está cursando uma escola de moda no momento, tem amigos lá, e a mesma me contou que ele podia conseguir uma vaga como modelo para uma marca de roupas – Disse num tom de orgulho, mas, aquele não era o meu irmão que eu conhecia muito bem, não, aquela pessoa que Mattew citou era V, e eu quero o meu Taehyung de volta.

-Então quer dizer que ele teve uma nova vida em Milão, certo? – Jungkook perguntou e Mattew assentiu com a cabeça.

-Céus, como iremos fazer ele se adaptar a Coreia novamente? – Disse derrotado, colocando minhas mãos em meu rosto.

-Simples, ele volta conosco para Milão e esquece o passado horrendo que teve com vocês. – Tendo dito isso, eu me levantei da mesa e encarei o médico com todo o ódio do mundo.

-Não, ele fica aqui e pronto! – Disse num tom firme, se é briga que ele quer, é briga que ele vai ter!

-Pense bem, como você acha que ele vai se adaptar novamente a Coreia sendo que ele se acostumou completamente com a Europa? Além do mais, como ele iria reagir sabendo que o namorado dele está com outro? Sabendo que o ‘grande amor de sua vida’ – ele olhou para Jungkook – se casou com outro e tem uma família? Ele passou por muitos traumas, Seokjin, muitos traumas mesmo, eu acho melhor ele ficar conosco em Milão, apagando todo o seu passado novamente, pense bem, você quer um Taehyung destruído ou um V feliz?

JIN ON

V ON

Minha mente estava me torturando, a cada passo que eu deposito nesse chão e uma dor que vem em minha alma, como pude esquece-los? Minhas lágrimas não paravam de descer, eu estava no meu estado de adolescente desesperado. Pedi para Beth me deixar sozinho por alguns minutos para eu pensar e assim ela fez. Precisava analisar tudo aquilo; como eu esqueci de Jin, Hoseok e Jungkook? Por que esse mundo está tramando contra mim? Será que sou um personagem odiado de alguma história?

Andar ao redor da igreja não era tão ruim, mas me decidi sentar na cafeteria aonde ficava muito perto dela. Pedi um chocolate quente com um pouco do meu sotaque italiano que eu aprendi e fui surpreendido por um homem de meia idade pedido a mesma coisa que eu, se sentando ao meu lado. Não abrimos o bico até o pedido chegar.

-Você não é o Taehyung? – O homem perguntou, e eu assenti com a cabeça um pouco abalado. – Você não tinha morrido num acidente de carro? – Neguei e ele continuou – Então, quer disser que você já sabe de tudo e está com raiva disso, certo?

-Raiva? Raiva do que? – Perguntei com tanto como curioso.

-Sério? Não está com raiva de todos os amores de sua vida forem roubados de você? – Ele se levantou e ficou atrás de mim, passando seus dedos pelas minhas costas – Park Jimin roubou a honra de Jeon Junkook, Namjoon pediu a mão do seu tão doce irmão Jin e agora, Min Yoongi está namorando o seu namorado na maior cara de pau, eu ouvir dizer que eles têm uma filha sabia? Haenim, também dada como CL se não me engano...

Eu não acreditava no que ouvia, todos aqueles que eu amava estavam seguindo bem com suas vidas sem mim, me trocaram sem mais nem menos, já até tem filhos!...meu remédio, preciso tomar meu remédio para me acalmar senão posso piorar! Tento retirar os pequenos medicamentos do meu bolso, porém o moço me impede de fazer isso.

-Eu tenho uma ideia, mas para isso, sem remédios – ele retirou as medicações do meu bolso e as guardou consigo– Preciso de você sóbrio para essa missão, está bem? -Assenti com a cabeça, com um pouco de medo. Eu reconhecia aquele homem...mas não sabia exatamente quem era ele.

-Eu te conheço – Perguntei com um pouco de receio nas minhas palavras.

 -Isso não importa agora, o que está valendo nesse momento é a minha possível vingança junto com a sua sobre Park Jimin.

-O que você está planejando? – Perguntei um pouco agoniado e ele abriu outro sorriso assustador. Que Deus me perdoe pelo o que eu irei fazer, ou talvez não.

~.~.~

Fui de volta a igreja, dessa vez eu entrei no local com um boné e óculos escuros para ninguém me reconhecer. Consegui chamar Min-Jee para brincar lá fora comigo no jardim enquanto Baekhyun estava procurando a minha filha, Haenim. Sim, minha filha, se ela é filha de Hoseok então é minha filha também, não me importo com o novo namorado dele, eu fui o primeiro e tecnicamente ainda sou seu parceiro, eu tenho direto sobre minha filha.

-Aonde vamos V? – Min-Jee perguntou com um sorriso enquanto eu os levava escondido para o carro do homem que planejou isso tudo.

-Para a minha casa, para brincarmos mais! O seu pai que pediu para eu levar vocês... – Respondi com um sorriso quadriculado mentiroso, Min Jee e Baekhyun riram de alegria com suas mãos dadas, estavam ansiosos para brincar comigo. Haenim estava no meu colo, no colo do pai dela. Ninguém percebeu a nossa saída, o que é bom, e assim, entramos no carro e seguimos em direção a um lugar que eu disse que seria perfeito para a ocasião. Assim que chegamos, percebemos que se tratava de uma boate abandonada. Entramos pelos fundos, e o local não estava tão ruim assim, só estava um pouco empoeirado.

-Sua casa é estranha – Min-Jee disse com um sorriso em seu rosto como sempre.

-Tem quartos lá em cima – O homem disse sussurrando para mim – Vou dar um jeito na bagunça daqui de baixo, além do mais, essas crianças aqui em baixo vão chamar muita atenção.

-Eu te conheço – Min-Jee hesitou com as suas palavras, se escondendo atrás de mim.

-Sim, você me conhece – Ele se abaixou, ficando de joelhos para a menininha e o ato que me surpreendeu foi suas mãos virem em encontro as bochechas da menor, as apertando muito forte – E se você não se comportar igual da última vez, eu juro que irei fazer coisas piores do que apenas de jogar para longe.

Segurei firme no braço de Min-Jee que já tinha lágrimas em seus olhos, e subi para os quartos da boate com as crianças. Ficamos no maior que era totalmente vermelho, com uma enorme cama de casal e uma janela, pequena, mas era uma janela.

-Baek – me virei para o menino a minha frente – Trouxe o que eu te pedi?

Assentindo que sim, ele me entrega a sua mochilinha que Ji-digo, seus pais prepararam para ele cheia de comida e duas mamadeiras de leite para Haenim.

-Boa meninão – Disse bagunçando seus cabelos, fazendo o mesmo rir. Falei para os dois brincaram com os brinquedos que Min Jee trouxe e assim eu pude amamentar minha filha pela primeira vez. Ela era linda, suas bochechas eram tão grandes que eu queria morde-las. Apenas um aninho de idade, tão inocente, tão fofa, pena que não puxou o pai, Hoseok, aquele que me trocou tão facilmente.

Conforme as crianças iam brincando mais e mais, o barulho que elas faziam me lembravam de...carros. Carros batendo, o acidente, tudo! Meus remédios, eu preciso deles. Perguntei se os dois ficaram bem lá em cima e recebi um enorme sim como resposta. Desci as escadas meio vacilante com Haenim no colo e vi que o homem que tramava isso tudo estava sorrindo olhando para a tela do celular que continha nas mãos.

-Err, moço? – Eu chamei por ele e o mesmo se virou para mim com raiva em seus olhos – Meus remédios...e-eu, eu preciso deles.

-Precisa? Você é forte Taehyung, não precisa deles, não vai se passar de um fraco logo na frente da sua filha vai? – Ele veio com um discurso que eu já estava careca de saber da psiquiatria, bufei alto e voltei para o quarto, piorando cada vez mais.

V OFF

YOONGI ON

Para uma pessoa que dizia que nunca ia ter filhos, até que estou me saindo bem. Não é que eu não goste de crianças, mas, nunca me passou pela cabeça ter uma. Contudo, depois de ver meu primo e Jin com os deles, uma vontade cresceu dentro de mim e eu não podia deixa-la passar.

Estávamos conversando depois daquela confusão toda com o Tae… V… foda-se.

-Namjoon, você viu meu celular? -Era Jin tateando os bolsos.

-Acho que deixou na bolsa do Baek, amor. -Ele respondeu calmamente.

-Ok, onde está a bolsa? -Jin olhou para a mesa onde estávamos sentados anteriormente.

-Está na mes… não está na mesa! -Namjonn exclamou indo para a mesma.

-A de Min-Jee também não. Podia jurar que tinha deixado aqui. -Agora foi a vez de Jungkook procurar rapidamente por toda a volta da mesa. -Onde está Min-Jee?

-Deixamos ela com a minha tia, lembra? -Jimin aproximou-se do seu esposo e tentou acalma-lo.

-Jimin, sua tia está sozinha. -Jimin virou o rosto e caminhou até a mulher acompanhado de seus amigos.

-Tia? -Jimin falou docemente. E sinceramente, não sei de que lugar ele está tirando isso com um Jungkook super nervosos e preocupado. -Onde está Min-Jee e o Baek?

-Oh meu filho, foram brincar com a CL. -Ela falou simplista e a olhei incrédulo.

-A SENHORA ME DEIXA UMA MENINA DE UM ANO DE IDADE SAIR COM DUAS CRIANÇAS? O QUE TEM NA CABEÇA? -Eu queria voar na cabeça daquela mulher, mas, Hoseok me conteve.

-Onde eles estão? -Hoseok perguntou rude.

-Acho que… na frente da igreja.

Sem esperar uma outra resposta Jungkook seguido por mim e Jin saímos correndo atraindo olhares dos convidados e, ao chegar do outro lado, sinto lágrimas molharem o meu rosto.

-Eles não estão aqui. -Afirmei olhando em volta.

-MIN-JEE, MIN-JEE. -Jungkook gritava olhando para todos os lados. -MIN-JEE MINHA FILHA, MIN-JEEEEEEEEE! -Jungkook caiu de joelhos chorando horrores enquanto Jimin o tinha em seus braços.

-Hoseok, nossa filha… ela… não. -Afundei minha cabeça no peito do meu amor não contendo as lágrimas e no mesmo momento senti as gotas caírem sobre mim.

-Pra onde eles poderiam ter ido, meu Deus. São só crianças. -Jin falava com a voz totalmente embargada pelo choro.

-Jungkook, meu filho. Yoongi! -Era minha tia gritando e correndo até nós. -Seu pai, ele… O que aconteceu? Porque estão chorando? -Ela me abraçou e me puxou para o lado de Jungkook onde ficou com um em cada braço.

-Nossos filhos, sumiram, omma. Eu quero minha filha de volta. -O rosto do meu primo estava muito vermelho. Era preocupante. PORQUE PORRAS EU ESTOU CALMO?

-Como assim, meu filho, vi todos eles agora pouco com aquele menino. -Minha tia disse enquanto passava a mão em meu rosto.

-Q-que menino? -Eu perguntei temendo sua resposta.

-O Tae.

PUTA QUE O PARIU, CARALHO, EU VOU MATAR AQUELE PROJETO DE ALIEN DOS INFERNOS. ELE PODE ATÉ MEXER COM O HOSOEK MAS, COM A MINHA FILHA NÃO! FODA-SE SE É IRMÃO DO JIN, FODA-SE SE É AMIGO DO JUNGKOOK, ASSIM QUE EU PUSER AS MÃOS NELE, ESSE DESGRAÇADO NÃO IRÁ MAIS RESPIRAR!

-O QUE? -Jin se exaltou. -NÃO É POSSÍVEL.

-PORQUE NÃO? -Agora foi eu. -ELE VOLTA E DESCOBRE QUE SEU NAMORADO TEM OUTRO E COM UMA FILHA. SEU IRMÃO, TAMBÉM E NÃO MUITO DIFERENTE COM SEU MELHOR AMIGO PELO QUAL TINHA UMA PAIXÃO. EU SEMPRE DESCONFIEI DAQUELA CARINHA DE SANTO. -Falava enquanto me levantava e andava de um lado para o outro.

-Amor, calma. -Hoseok tentou se aproximar.

-CALMA É O CARALHO, A NOSSA FILHA ESTÁ COM UM PSICOPATA E VOCÊ ME PEDE CALMA? -Cuspi as palavras.

-OLHA COMO FALA DO MEU IRMÃO. -Jin levantou o dedo para mim.

-EU FALO COMO EU QUISER, ELE MEXEU COM A MINHA FILHA, COM A FILHA DO MEU PRIMO E COM O SEU. ME ADIMIRA VOCÊ ESTAR ASSIM, SEOKJIN! -Novamente, a raiva me consumindo.

 -Hyung, por favor. Para. -Jungkook já de pé me pedia com uma voz doce. -Eu não…

Sabe quando tudo passa em câmera lenta em sua cabeça e parece que tudo é um grande sono? Ver Jungkook caindo novamente, mas, dessa vez desacordado foi demais. Nunca pensei que passaria por isso, nunca senti uma dor tão grande, um vazio tão grande em meu peito quanto estou sentindo agora. Jung Heanim está conosco a pouco tempo e eu já tenho esse amor dentro de mim. Não posso imaginar a dor que meu primo juntamente de Jin que tem os seus a mais tempo. Tudo bem que amor de… mãe? Não se mede, mas, mas… EU SÓ QUERO A MINHA PEQUENA EM MEUS BRAÇOS!

Fui tirado dos meus pensamentos quando as pessoas começaram a se aglomerar em nossa volta e um barulho de sirene ecoar pelas ruas.

-Yoongi, Yoongi! -Hoseok me chamava. -Amor, vai ficar tudo bem, vamos encontra-los, ok? -Assenti com a cabeça. Era tudo que eu podia fazer no momento. Acreditar que aquilo tudo passaria.

~.~.~

Assim que a ambulância chegou, Jungkook se remexeu e abriu os olhos vagamente. Os enfermeiros agiram rápido checando pressão, visão, etc.

Como não foi nada grave, lhe deram um remédio e pediram para que ele permanecesse sentado. Com Jimin ao seu lado, eles explicaram a situação aos convidados e, pediu para que, se alguém tivesse visto algo incomum, para avisar-lhes e claro, ninguém nunca vê.

Já tarde, os convidados começaram a ir embora e seria nessa hora que meu primo e Jimin partiriam para a sua lua-de-mel.

-Desculpa, Jimin. -Meu primo falou um pouco recuperado.

-Está tudo bem, ok? Vamos fazer o possível para acha-los o mais rápido possível.

Era choro pra tudo quanto é lado, era o Jin quase arrancando os cabelos e Namjoon não estava muito diferente, Jimin tentava segurar o choro, mas, depois que disse essas poucas palavras, Jungkook o puxou para um abraço onde o mais velho do casal, desabou.

Eu não muito diferente de Jin, não conseguia sair dos braços do meu amor.

-Qualcuno ha visto mio figlio? -Era aquela mulher, mas, O QUE PORRAS ELA ESTÁ DIZENDO?

-Spiacente, alguém viu meu filho? -Tentou falar em coreano e seu marido se aproximou.

-Onde está o V? -Esse já falava um pouco melhor. -Sinto muito pelas suas crianças.

-Tem que senti mesmo, já que a culpa é do Taehyung. -Eu disse não contendo minha raiva.

-O que está insinuando?

-ESTOU INSINUANDO QUE O SEU V, PEGOU MINHA FILHA POR RAIVA! -Debatia meu corpo para sair do abraço do Hoseok mas, o mesmo não me deixou sair.

-Sinceramente, o meu Taehyung não era assim, peguem esse V e vão embora, e só voltem com o MEU Tae. -Foi a vez de Jin.

-Vocês estão afirmando as coisas sem ter certeza.

-Não foi você que disse na nossa cara que, aqui não fazia bem para ele? Que ele não reagiria bem se soubessem que todos seguiram suas vidas sem ele, POIS OS MESMO ACREDITAVAM QUE ELE ESTAVA MORTO? EXPLICA ESSA DOUTOR! -Jungkook se levantou um pouco tonto. -Ele toma algum medicamento? -Perguntou mais calmo.

-Toma. Se ele fez isso, foi porquê esqueceu de toma-los. -Disse simplista.

-E AINDA DIZ ISSO NA MAIOR CARA DE PAU? -Jimin se segurava para não voar no pescoço daquele homem.

-N-não… e que… olha eu vou ajuda-los a encontra-los. -FINALMENTE DISSE ALGO ÚTIL. -Só espero que não faça nada que vá lhe comprometer. -O QUE?

-C-como assim? -Jungkook fraquejou.

-Esse remédio é para sua cabeça, sem eles, ele não raciocina. Dissemos a ele que deveria tomar, mas, não explicamos o porquê com medo dele piorar sabendo que é… meio… maluco?

Ótimo, minha filha está realmente com um psicopata.

YOONGI OFF.


Notas Finais


ME DOEU FAZER ISSO, SÉRIO! Me desculpe. Mas, esse capítulo responde muitas perguntas, certo? Podem deixar seus xingamentos no comentário -o amor que vocês tem por nós também-.
Eu espero que vocês tenham gostado e me contem, fora esse sofrimento todo, se a história está ficando boa o bastante e RELAXEM, eu tenho coração, farei coisas bonitinhas.
Obrigada por todos os comentários, favoritos e amor. Vocês nos motivam a continuar matand... digo, é, salvando personagens!
Bezzo e até o próximo -Acho que o bait do 'atualizaremos em duas semanas' não funciona mais, né? Ains-
AMAMOS VOCÊS


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