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História Seele - 13 - Aprendendo que a vida não é o que tem no script


Escrita por: Hawk03

Notas do Autor


Resolvi adiantar Seele em vez de atualizar A Different Fairytale e sim... esse capítulo vai tratar um pouco de amor e amadurecimento. (nem vou mencionar que perdi metade desse capítulo que já estava pronta)

Teremos a tal declaração mencionada nas notas finais do capítulo anterior? Vamos ter um couple se consolidando?

A resposta estará na capa desse capítulo?

Leiam para saber...

Capítulo 14 - 13 - Aprendendo que a vida não é o que tem no script


Fanfic / Fanfiction Seele - 13 - Aprendendo que a vida não é o que tem no script


"Há muito tempo decidi que nunca mais iria amar
E você apareceu meu gatinho, gatinho, gatinho, gatinho"

(Kotik - Alexander Rybak)

 

 

 

 

Santa Stella High School, Ikebukuro - dias depois

 

Trazia dentro de uma pequena sacola duas matryoshkas que havia comprado em São Petersburgo durante os dias em que ficou lá pras as gravações de Rise and Fall na antiga capital da Federação Russa. Yuri também estava decidido a resolver de vez o seu impasse com Jean e Otabek. Tinha pensado muito nisso enquanto estava fora do Japão, além de que os conselhos dados por Phichit lhe ajudaram a esclarecer várias coisas. Nunca imaginou que aquele tailandês de comportamento doce fosse mesmo um sábio nesse assunto. Mesmo que já tivesse com a sua decisão feita, sentia que seria difícil quando a colocasse em prática e era por isso que esperava mais do que ansioso a hora do almoço. O tempo pareceu colaborar com o pedido do loiro e logo chegou o período que ele tanto aguardava. Mal colocou os pés para fora da sua sala de aula e lá estavam o canadense e o cazaque, apenas esperando-o como sempre. Dessa vez, Mila estava junto da dupla e surpreendentemente, isso não incomodou Yuri nem um pouco. Os quatro caminharam para o refeitório em silêncio. O russo levava consigo a tal sacola, além de um pequeno embrulho em seu bolso. Pegaram suas refeições e sentaram-se na mesa de sempre, ainda em silêncio. O mais novo então, resolveu ser o primeiro a falar algo.

- Eu... trouxe isso aqui da Rússia enquanto eu gravava em São Petersburgo. Essa aqui é pra você, JJ. - pegara a matryoshka de cor vermelha e olhos verdes. - A outra, trouxe pra Mila. 

Estendeu para a ruiva uma boneca de madeira de corpo azul e olhos negros, tais como os de seu namorado. Mila olhava para a matryoshka com um ar nostálgico. 

- Мамочка* adoraria ver uma dessas. Ela sempre fala do quanto sente falta de uma legítima matryoshka russa e de como isso a faz lembrar Smolensk... Yuri, algum dia você foi para Smolensk? - perguntava, querendo tentar estender os laços de amizade com seu conterrâneo. 

- A única vez que saí de Moscou foi quando vim para o Japão. E isso me fez finalmente conhecer São Petersburgo. Um dia, quem sabe... irei até lá. - encerrou o assunto colocando mais uma porção de takoyaki na boca. Depois de terminar seu almoço, sai dali rapidamente, sendo seguido por Otabek. Mila fica sem entender porque o namorado foi atrás do loiro.

- Babicheva... é um assunto apenas dos dois. E... aquela ali não é a Keiko acenando pra você? - JJ aponta para uma garota alta e gorda, que parecia chamar a russa. Assim que viu a moça sair da mesa e ir em direção à japonesa, Jean aproveita para ir atrás dos dois amigos. Sabia muito bem para onde eles iriam, porque era o lugar preferido do trio antes daquela confusão toda ter início.

Yuri e Otabek foram para o terraço do Santa Stella, onde sempre costumam ficar após o almoço. O cazaque parecia estar chateado com algo, pois o loiro sentia isso. E foi o próprio Otabek quem resolveu quebrar o silêncio ao ver que o russo ainda permanecia calado.

- Yuri... pode me explicar o que foi aquilo? Você nunca gostou muito da Mila! Por que isso agora? - o menor não podia ceder aos seus sentimentos. Pelo visto, chegou o momento de tomar a decisão que planejara há dias. E teria que vestir sua persona de ator para encarar tal problema.

- Otabek, a verdade é que eu preciso lhe dizer algo. Quando eu estava na Rússia, eu pensei muito até tomar essa decisão. E... eu só quero que você e a Mila sejam felizes. Gosto mesmo de você, de verdade. E dói gostar de você. Por isso... eu prefiro ter apenas a sua amizade. Mesmo que seja a Mila ou qualquer outra pessoa, me sentirei bem ao ver você sorrindo. Era só isso que eu tinha para te dizer. - baixou o olhar. Não queria ver o semblante do outro. 

O moreno se aproximou um pouco mais do loiro e tomou uma atitude inesperada. Extinguira a distância entre seus corpos e acabou por beijar o russo. Yurio ficou sem reação. O contato não durou por muito tempo e logo tiveram que se separar. Foi quando o adolescente tirou o pequeno embrulho que trazia no bolso de sua calça. Otabek o abrira e dele retirara um dymkovo** com sua aparência. Depositou um beijo na testa do garoto e saiu da cobertura sem olhar para trás. Não ouvira o sussurro de um Yuri que agora chorava. 

- я люблю тебя***.

O loiro ouviu passos e se virou achando que Otabek havia voltado, mas para a sua surpresa, era JJ quem estava ali. Ao contrário do outro veterano, o canadense parecia mais agitado. Ele realmente detestava ver Yurio chorando e detestava mais ainda o motivo que causava isso tudo. Andou em direção ao menino e o abraçara. O mais novo não o repeliu e acabou retribuindo o carinho. Estava precisando daquilo antes que desabasse no chão e chorasse mais ainda. 

- Não vou negar que eu os segui e ouvi tudo. Posso não ter entendido nada do que vocês falaram porque tava tudo em russo, mas... vendo o jeito pelo qual o Beka desceu aquelas escadas e você aqui chorando, presumo que isso seja um caso de coração partido. Yuri... por favor, não chore. É normal se decepcionar quando o primeiro amor não dá certo. A vida continua e você ainda tem muito o que aproveitar dela. Quem está perdendo nisso tudo é ele, mon cher****. Uma vez, eu te disse o quanto lhe considero precioso. E eu não quero ver você desse jeito, com o coração quebrado só porque alguém não quis cuidar dele como se deve. Sabe, eu confesso que achava você apenas um gatinho arredio que mostrava as garras para quem fosse ousado o suficiente para se aproximar. Mas aos poucos, você deixou que um canadense metido, narcisista, arrogante, egocêntrico e tagarela chegasse perto. Eu fiquei feliz com isso, Yuri. Assim como você, eu também tive meu coração partido em pedacinhos há um bom tempo. E olha só onde eu estou hoje. Por isso, não fique chorando por algo que não deu certo. Lembre que você pode ter a mim pro que der e vier. - apertou um pouco mais o abraço como se tivesse medo que o menino escapasse. 

- Jean... às vezes você pode ser um chato, um puta pé no saco... só que o que seria de mim sem você para tentar me animar? - o moreno viu que Yurio havia parado de chorar. - Obrigado por permitir a esse gato arisco que ele não se machucasse ainda mais. Eu até poderia ficar assim com você, mas o sinal acabou de tocar e ainda temos aula. Vamos embora daqui antes que nos peguem.

Ambos desfizeram o abraço e caminharam silenciosamente da cobertura até o corredor que dava acesso às salas de aula. JJ se despedira do menino com um selinho e logo correu para a sua sala. Já Yuri pensava no quanto seria difícil encarar Otabek a partir de agora quando definiu que seria somente amigo dele e nada mais. Ele só não pensou ainda que isso mudava totalmente a sua relação com Jean e no quanto sua decisão acabou por abrir caminho para o canadense. 

x-x-x-x-x

 


"Embora o tempo siga em frente e as estações mudem
Eu vou sempre voltar a pensar no nosso beijo"

(First Kiss - Alexander Rybak)

 

 

 

 

Yuri ainda se perguntava o porquê de acompanhar Victor e Phichit até um templo budista. Desde que ocorreu aquele estranho surto do russo em São Petersburgo, o fotógrafo prometera para si mesmo que não deixaria o prateado sozinho e faria de tudo para que aquilo não acontecesse de novo. Porém, não contava com o ator contando sobre isso para o tailandês e o mais novo colocando em sua cabeça a mesma paranoia ridícula de consequência de vida passada e ciclo de reencarnação. O japonês só relevava aquilo em consideração a Victor e nada mais. Depois das orações e de um monge benzer o estrangeiro, dizendo isso e aquilo, os três vão embora. Só que eles não contavam com algo: encontrar Lee Seung Gil passando por ali. E não conseguiram passar despercebidos do coreano, para o desgosto duplo de Yuri e Phichit.

- Phichit-ssi? É você mesmo? - Seung Gil falava com um certo tom de empolgação. O tailandês não sabia onde se enfiar e olhava para os lados procurando o melhor local para fugir. O que ninguém esperava era que Victor acabasse se metendo naquele clima constrangedor.

- Ei... você é o cara do red carpet que se assumiu em rede nacional? - foi a vez de Yuri querer brincar de avestruz e enfiar a cabeça num buraco. Tinha esquecido de falar ao russo que o coreano era pura cilada. 

- Por favor... vamos esquecer isso. Eu... só queria poder falar com o Phichit-ssi e por isso que vim para cá. Foi apenas uma coincidência encontrar vocês aqui. - o moreno corara ao se lembrar do escândalo que havia protagonizado no Japão. 

- Então você veio aqui falar com o meu amigo? Pois eu e o Yuri os deixaremos a sós, pois pelo visto ambos têm muito o que conversar... - o ator arrasta o fotógrafo para longe do ex-casal. O nipônico se irrita com a atitude ingênua do mais velho. Só não viu que o maior tinha parado em frente a um arbusto na calçada e retirava de trás da vegetação um paparazzi, que corre assustado ao ter sido descoberto.

Caminharam mais um pouco até à estação de ônibus. Lá, Yuri finalmente pode reclamar e esbravejar sobre a falta de sensibilidade do mais velho em relação ao problema amoroso de seu amigo.

- Como você pôde fazer isso, Victor-san? Aquele homem só fez o Phichit-kun sofrer! Por que teve essa atitude insensível? - Victor não pareceu esmorecer diante das palavras de Yuri. Já parecia que o homem tinha as palavras exatas para serem ditas naquele instante.

- Atitude insensível é a do seu amigo chamar pelo nome desse cara enquanto tá na cama com outro. Sim, o Chris me conta tudo o que acontece com eles. E ele também me falou que o Phichit não consegue esquecer o tal Seung Gil. Olha... tanto o Yuratchka quanto ele acham que relacionamento amoroso é igual a um jogo de xadrez. Só que são eles que estão levando o xeque-mate e ainda não notaram isso. Por que tratam o amor feito brincadeira de criança? Eu não entendo isso... - viu que o menor havia se calado diante de sua resposta, mostrando que o russo de fato estava certo. - E mais insensível ainda é ele se envolver com outro homem achando que isso tudo vai se resolver quando na verdade, ele só estará se machucando cada vez mais! O tal Seung Gil pode ter tido um motivo para ter feito o que fez. Por que acha que ele teve a cara e a coragem de se assumir em rede nacional sabendo que a carreira dele poderia acabar ali mesmo? Foi para brincar com o coração do Phichit ou pra mostrar que era digno de uma segunda chance?  

Yuri olhava para aquele homem fazendo tal discurso com seu japonês mediano sendo aplaudido pelos transeuntes naquele ponto de ônibus semi-lotado. Aquele era mesmo o Victor Nikiforov grudento e mimado que conheceu naquele ensaio fotográfico? Só de ver o maior falando tais coisas com sinceridade, sentiu-se chateado consigo mesmo mais uma vez. Poderia ter conhecido um pouco mais do homem romântico e doce que Victor pareceu ser nesse instante. As palavras também o atingiram um pouco porque ele mesmo reconheceu que era apenas um iniciante no amor e que na verdade nunca amou ninguém. Entrou logo no primeiro ônibus que chegou na estação, sendo seguido do russo. O veículo estava indo para Ikebukuro. Coincidência ou não, era o bairro onde ficava a escola de Yurio. Victor suspirou aliviado, pois tinha prometido buscar o menino no colégio.

- Acho que demos sorte. Esse ônibus passa no mesmo bairro onde o Yuratchka estuda. Tinha quase me esquecido que iria buscá-lo. - o japonês ao seu lado prestava atenção com seriedade. Ele não queria perder aquela faceta recém-descoberta de Victor para ele. 

- Ikebukuro? Mas esse bairro é tão distante... como sabe que é ali? - não podia deixar de perguntar. O estrangeiro mal conhecia o Japão e como poderia saber sobre Ikebukuro?

- Yuri... eu já vim ao Japão e principalmente para Tóquio algumas vezes antes dessa. E passei um tempo em Ikebukuro. Sei como me virar por lá. - tudo no que o fotógrafo pensou era que o russo acabara de lhe dar um fatality usando Execução Aurora. - E também, essa é a primeira vez que eu irei na escola do Yurio. 

Para não dar mais bola fora, o japonês ficara calado até o destino final. Ao finalmente chegarem em seu inesperado destino, ambos desceram do ônibus e foram caminhando em completo silêncio. No meio do caminho, viram um melancólico Yurio andando ao lado de um Jean com o rosto machucado. Victor logo correu em direção ao loiro, que começou a chorar quando viu o prateado. Yuri foi logo para onde estava JJ e perguntou o que havia acontecido. 

- O Otabek do nada me deu um soco e disse que a culpa do Yuri estar mudado com ele era minha. Que porra foi que eu fiz? - o canadense colocava a mão em cima do olho esquerdo, que estava inchado e começava a ficar roxo. 

- Victor... acho que terei que me despedir aqui. Vou levar esse garoto pro apartamento e tratar desse olho. Ele não pode ir pra casa assim. - Yuri teve pena do rapaz e resolveu cuidar dos machucados no rosto dele. Assustou-se ao ver que o nariz do moreno sangrava. 

- Espere! Nós iremos com vocês... não posso levar o Yuratchka pro hotel desse jeito. - Victor fizera sinal para um táxi parar e rapidamente fez os outros três entrarem no veículo. 

Enquanto Yuri falava para o taxista onde ficava o apartamento, o ator olhava para os dois adolescentes ao seu lado. Yurio segurava fortemente o braço de JJ, enquanto o moreno botava a mão no olho inchado o tempo inteiro. Ficou preocupado por causa do estado da dupla. Lembrou-se de ter dito que eles estavam realmente brincando com fogo, mas não imaginava que aquilo se transformaria em um incêndio. Teria que falar sério mais uma vez com eles e os aconselhar. Não queria que o seu pequeno Yuratchka se magoasse mais ainda. E decidiu que pediria a ajuda do fotógrafo que se prontificou a cuidar dos ferimentos do jovem canadense. Talvez ele soubesse lidar melhor com aqueles dois do que ele próprio. E foi nisso que pensou enquanto estavam naquele velho táxi. Numa maneira de ajudar o seu amigo e de quebra, tentar mostrar mais uma vez para Yuri Katsuki que ele não é nada daquilo que o japonês se acostumou.

 


"Eu não me importo de perder minha cabeça
Eu já estou amaldiçoado"

(Fairytale - Alexander Rybak)


 

 

 

 

 


Notas Finais


Sei que muita gente vai querer me esfolar viva depois desse capítulo. Mas... tenho uma coisa para confessar a vocês. Eu percebi que aconteceu uma coisa em Seele e isso não se repetiu em Posledniy rebenok e A Different Fairytale. Eu acabei de ver que os personagens dessa fic adquiriram personalidade própria e é algo que eu não consigo mudar neles. Quanto ao caso Otabek x Yurio x JJ, acabei querendo mostrar a decepção do primeiro amor e de como nós não enxergamos a pessoa que realmente gosta da gente. Isso aconteceu comigo há muito tempo atrás e meio que despejei minha experiência com isso nesse capítulo.

Quanto a Lee e Phichit, eu vi aqui que a situação deles teria que ser resolvida e esse será o foco do próximo capítulo...

... antes do clímax de Seele e provavelmente, a cartada final para o relacionamento entre Victor e Yuri se firmar de vez (é, eu sei que isso foi spoiler).

Maaaasssss... terão que aguardar as próximas cenas desse roteiro.




*Мамочка (mamochka): mamãe, em russo.
**Dymkovo: boneco de miniatura feito em gesso.
***я люблю тебя (ya lyublyu tebya): eu te amo, em russo.
****Mon cher: meu querido, em francês.

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