História Seele - 5 - Um bom red carpet precisa de algo bem chamativo

"Me sinto especialmente grande hoje, não me incomode"

(Solo Day - B1A4)

Hoje era o esperado red carpet. Phichit estava em vias de deixar Yuri louco de vez por causa da escolha da roupa que iria usar no tapete vermelho. Segundo o tailandês, ele queria algo para impressionar. E como sabia que o japonês tinha um gosto casual para moda, pediu a ajuda dele. Mas todas as sugestões do rapaz pareciam ir para o ralo por causa da indecisão do amigo, o que estava lhe deixando louco. Yuri pensou em desistir e sugerir ao moreno que este fosse pedir para Chris lhe auxiliar. Enfim, decidiu pedir socorro ao suíço, que demonstrou se entusiasmar com a tarefa. Saiu do quarto de Phichit e foi para a cozinha. Queria relaxar um pouco, porque não era somente seu companheiro de apartamento que estava deixando-o quase fora de si. 

Havia Victor Nikiforov. 

Desde o dia do photoshoot, que o russo lhe perturbava. Havia dado o número do seu telefone apenas para não soar como mal-educado. Se arrependeu quando o mais velho passou a lhe mandar mensagens, sempre colocando o assunto "encontro" no meio. Yuri dava todo o tipo de desculpa possível e até mesmo dobrou a quantidade de coisas que fazia na ViVi, só com o intuito de evitar o belo estrangeiro por quem acabou se encantando, algo que ele não admite nem se estivesse amarrado ou prestes a ser torturado por algum Cavaleiro de Ouro em seus sonhos. Além disso, suas dores de cabeça se tornaram cada vez mais constantes depois daquele encontro. Não disse para Phichit que sentira as malditas dores quando ficava distante de Victor durante o ensaio. Ainda tentaria descobrir o porquê daquilo... se seu momento de paz e sossego não tivesse sido interrompido por um certo tailandês.

- Yuri, olha isso!!! - e mostrou a tela de seu iPhone, onde tinha um artigo sobre Seung Gil comparecer ao red carpet do drama. - Como ele pode ter a audácia de aparecer no dia do MEU tapete vermelho? Me diz que eu posso socar ele, por favor...

- Não sei porque ainda perde tempo olhando alguma coisa desse cara. Esquece ele, Phichit-kun! Além do mais, eu também estarei lá e não tô nem a fim de fotografar um escândalo, tampouco tirar você de cima dele. Finja que ele não existe, ok? - tomou o celular das mãos do rapaz e tirou do tal artigo. 

Resolveu acompanhar o jovem até o quarto dele, onde uma montanha de roupas se fazia presente e não precisaria nem dizer que o japonês sentiu no momento. No meio dela, um Christophe segurando um belo terno Gucci de cor azul-cobalto em suas mãos. 

- Junge, por que não disse que tinha essa coisa belíssima guardada? - disse, enquanto olhava para a impecável peça pendurada em um cabide. 

- Porque eu odeio usar terno... só de pensar em colocar um eu tenho vontade de me coçar. Não gosto de roupa formal, acho um saco.

- É por isso que você fica se coçando toda vez que terminamos de gravar? Interessante, junge. Mas vai por mim... ficaria muito bonito usando isso aqui. - Phichit cora ao ouvir aquelas palavras. Ao ver que o clima ali mudaria, Yuri saiu de fininho. Sabia que o amigo estava escondendo dele que estava tendo um affair com o suíço. Afinal, não é todo mundo que tem um ouvido sensível, capaz de ouvir gemidos baixos, fora a sacanagem proferida por aqueles dois. 

Voltou para a cozinha. Procurava algo pronto para comer, já que estava com preguiça de cozinhar algo que prestasse ou fosse comestível o suficiente. Quando enfim se decidiu por uma lata de batatas Pringles sabor queijo, ouviu um som de notificação vindo de seu celular. Rezou para que fosse algo do trabalho, porém ao pegar o aparelho bufou de desgosto. Era uma mensagem de Victor.

Russo chato: boa tarde Yuri! O que faz de bom por hoje?

Katsudon: comendo. Não tenho muito tempo, vou sair daqui a cinco minutos. Falo depois *emoji de cara triste*

Como precisaria de um bom álibi para despistar o prateado, saiu rapidamente de casa e pegou um ônibus até Akihabara. Mandou uma mensagem para Phichit, avisando que iria dar uma volta e que não demoraria a voltar. Encostara a cabeça no vidro da janela do veículo e mais uma vez, voltou a pensar. Era verdade que Victor o deixava bastante perturbado. Mas não sabia o porquê de querer vê-lo novamente, mesmo que quisesse repelir o maior. Tudo o que tinha que concluir era que aquele russo era uma verdadeira incógnita em sua cabeça. Antes que se distraísse mais, desceu onde queria. Talvez andar por Akihabara fosse uma boa ideia...

... se um certo estrangeiro não estivesse ali, o olhando, com um certo ar de felicidade. Como Victor sabia que ele tinha saído para aquele bairro? O viu andar em sua direção. Escondeu as mãos no bolso do velho casaco de moletom azul que vestia. O prateado não podia ver que as mãos de Yuri suavam. O coração falhou uma batida quando sentiu o russo lhe abraçar. Respirou fundo só para sentir aquele perfume doce e suave que exalava das roupas do mais velho. Sua mente concluiu que ele estava realmente ficando louco. 

- Katsuki! O que veio fazer aqui? - o olhou. Victor estava mesmo feliz em ter lhe visto.

- Er... vim só dar uma volta. E por favor, me chama de Yuri. Como sabia que eu estaria em Akihabara? - separou-se do homem, sem lhe devolver o olhar. 

- Eu não sabia. Vim aqui pra comprar algo pro Yuratchka. Ele anda meio ansioso por causa do red carpet. Gostaria de ir comigo? Acho que você deve conhecer isso aqui melhor do que eu... - Yuri bem que queria protestar, dar meia-volta e sair correndo. Mas Victor o pegou pela mão e o levou consigo. Não tinha escapatória.

Só não diria em voz alta que estava achando aquilo divertido, apesar de querer enfiar em sua cabeça que deveria se manter longe daquele homem pelo seu próprio bem.

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"Senão meu sonho sempre será só um sonho"

(Au Revoir - Mark Forster feat. SIDO)

As câmeras estavam posicionadas em direção ao glamouroso tapete vermelho estendido em Shinjuku. Do lado de fora, o Shinjuku Piccadilly fervilhava de celebridades e imprensa, todos apenas com o objetivo de fazer daquilo um sucesso. No meio daqueles fotógrafos afobados e de jornalistas barulhentos, estava Yuri. Um pouco mais tranquilo por causa da inusitada tarde que passou com Victor, por mais que estivesse convicto de que não voltaria a se repetir. Agora queria se focar um pouco mais no seu trabalho, que era o que mais lhe importava naquela ocasião. Tinha saído antes de Phichit e Christophe porque tinha que pegar seu equipamento e ter uma pequena reunião com Takeshi, que estaria junto dele naquela noite de premiére restrita, apenas para convidados e elenco. Depois, teria que dizer a Victor que não poderia mais se aproximar dele. Não podia dizer seus motivos, por estes soarem patéticos, em sua opinião.

Viu a movimentação de seus colegas de imprensa e rapidamente direcionou a câmera para a entrada do red carpet. Para seu desgosto, a primeira celebridade a sair de uma elegante limusine estacionada na porta do Shinjuku Piccadilly era Lee Seung Gil, acompanhado da tal modelo Sala. Tinha que tirar as fotos daquele rapaz, por mais que seu santo não batesse com o dele. Quando o olhar de ambos se cruzaram, Yuri viu o coreano movimentar os lábios, chamando-o de "assassino de nações". Como resposta, deu o dedo do meio de maneira discreta, deixando-o em destaque próximo à lente da câmera. Quem visse de longe, acharia que aquela era uma maneira um pouco excêntrica de apoiar a máquina fotográfica sem precisar de uma das mãos.

- Yuri-kun... é impressão minha ou você acabou de fazer um gesto obsceno para aquele cara ali? - quem perguntava era Takeshi, que estava do seu lado no momento.

- N-não!! É impressão sua, Takeshi-san! Claro que eu não faria algo assim... - conseguiu disfarçar rapidamente. Tinha se esquecido de que estava junto de seu chefe, mesmo ele sendo seu amigo de infância. 

Voltou para a sua posição anterior e passou a fotografar o restante das celebridades que tinham ido prestigiar a estreia de Rise and Fall. Foi quando o elenco chegou ao red carpet. Mais uma vez, o coração de Yuri disparou. Victor estava belo em seu terno Armani de cor cinza. Ao lado dele, o loirinho que tinha visto na sala de figurino naquele dia, também de Armani. Ambos pareciam ter saído do Olimpo apenas para brindar os pobres mortais com sua beleza. O japonês passou a tirar fotos de forma compulsiva, algo que surpreendeu Takeshi. Naquele momento, Phichit chegava ao lado de Christophe. Enquanto Yuri fotografava, não havia percebido na troca de olhares entre o tailandês e um certo coreano, que estava na escadaria sendo entrevistado. O mundo pareceu ter parado para Seung Gil ali. Lá estava o rapaz que amava, vestido de maneira elegante e formal, portando uma aura madura e sexy. Tentou dar meia-volta e pensar em invadir aquele espaço, agarrar o mais novo e lhe dar um beijo digno de cinema. A mão de Sala o impediu de sair da escadaria. Ela sabia do que se passava, mas se sujeitava a tudo isso por gostar de Seung Gil de verdade. Então, o moreno teve outra ideia. Ele tinha em mente de que isso poderia mudar sua vida, mas não se importava mais. Tomou o microfone da mão da repórter que o entrevistava. Respirou fundo e finalmente tomou coragem.

- Gostaria de anunciar a todos os presentes que a partir desse momento, sou um homem livre. Não quero mais me sujeitar a nenhum tipo de ordem para esconder do mundo inteiro minha sexualidade. Peço desculpas por isso, mas precisava. Porque eu quero que a pessoa que eu amo saiba que estou aqui por ele. E não vou desistir dele assim tão fácil e espero que ele me perdoe pelo que fiz. - devolveu o microfone para uma atônita repórter e foi arrastado para dentro do Shinjuku Piccadilly por Tae Joon. 

No red carpet, Phichit segurou as lágrimas. Estava aliviado por Seung Gil não revelar que a tal pessoa era ele, mas não seria estúpido de querer conversa e perdoá-lo facilmente. A declaração do coreano ofuscou a atenção que era dada ao elenco do drama, justo a atração principal. Enquanto todos olhavam uma chorosa Sala na escadaria, eles não viram que um fotógrafo japonês tinha escapulido dali. 

Yuri mesmo disse ao seu amigo que não estaria ali para fotografar um escândalo. E aproveitou o primeiro táxi que viu e se enfiou lá dentro. Mandou o taxista seguir para o bar. Não sabia o porquê da decisão, somente viu que era a melhor opção que tinha no momento. Queria estar o mais longe possível do provável barraco que seria armado ali e lamentou não ter arrastado o colega de apartamento junto. 

"Tentamos ir com calma
Mas continuamos perdendo o controle"

(Shut Up - Black Eyed Peas)