História Segredos do Passado - De volta à escola

Segunda-feira, 06:30.

 

Acordei com o despertador do Chanyeol tocando, esfrego meus olhos e olho para o teto, era de manhã e eu iria para a escola depois de um longo tempo. O maior se mexe um pouco na cama, mas logo se senta na mesma, esfregando seus olhos.

— Bom dia, Chan.

Ele se vira para mim.

— Bom dia dorminhoco. — Beija a minha testa. — Hora de levantar.

Park puxa as cobertas que nos tampava e eu dei um pulo da cama, estava um pouco frio e aquela coberta era a única coisa que me aquecia. Vou correndo para o banheiro tomar um banho para me esquentar, tiro minha blusa do pijama e coloco ela no cesto para lavar, Chanyeol aparece com duas toalhas e me entrega uma, entramos no banho.

 

 

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Terminamos nosso banho e vestimos nossos uniformes que estavam dentro do roupeiro, peguei meus materiais e arrumei minha mochila, Park fez o mesmo. Hoje seria um dia cheio, espero que dê tudo certo.

Pegamos nossas mochilas e descemos as escadas, o pai do Chanyeol estava sentado lendo jornal e tomando café.

— Bom dia — dissemos em coro.

O homem guardou o jornal e sorriu para nós.

— Bom dia meninos. — Ele deu o último gole no seu café. — Está preparado para voltar à escola, Baekhyun?

Engulo seco.

— Bom, eu estaria mentindo se não falasse que estou com um pouco de medo — confesso.

Park coloca seu braço por cima do meu ombro e me puxa para perto dele.

— Vai dar tudo certo, eu estou com você — Park diz gentil.

Concordo com a cabeça, ainda nervoso, eu não sabia como as pessoas da escola iriam reagir ao me ver depois de tanto tempo. Eu não sabia como a Kim iria reagir quando me visse.

— Filho, eu vou ter que viajar daqui alguns dias para uma viagem de negócios, não sei ao certo quanto tempo essa viagem vai demorar — o pai do Chanyeol comentou.

Vejo o sorriso morrer no rosto do maior, fico triste também, eu gostava muito do seu pai.

— Tudo bem, eu entendo — Park responde. Ele se senta e eu me sento junto para tomarmos um café da manhã rápido, não queríamos nos atrasar para a escola.

 

Terminamos de tomar nosso café e nos despedimos do Sr. Park e fomos caminhando até a escola. O dia estava muito bonito, tinha um ar diferente, o canto dos pássaros estava deixando o caminho para a escola menos pesado, mais harmonioso, o sol da manhã batia em nossos rostos e aquecia nossos corações.

 

Fomos andando de mãos dadas até chegarmos na escola, eu não me importava com o que as pessoas daquela escola iriam pensar sobre isso, eu não me importava com a opinião dos outros. Quando entramos, um grande movimento se formou no corredor principal, parte era por me ver depois de tanto tempo, e outra parte era por me ver com outra pessoa, do mesmo sexo que o meu. Vamos em direção dos nossos armários e muitas pessoas nos encaravam, isso estava me deixando um pouco incomodado, até que um grupinho de meninos e meninas de outra turma começaram a rir e a falar da gente, Park se virou para eles e eles pararam de rir.

— Qual o motivo da piada? Me contem, quero rir também — ele disse seco.

O grupinho se desfez e todos que estavam no corredor começaram a olhar umas para as outras e voltaram a fazer o que estavam fazendo antes. Senti que pela altura do Chanyeol e pelo seu tom de voz, algumas pessoas se sentiam intimidadas por ele. Suspiro e apoio minhas mãos na cintura do maior, o abraçando por trás. Por mais que eu não me importasse com a opinião dos outros, eu me sentia incomodado pela forma que algumas me olhavam, como se eu fosse alguém de outro planeta. Park viu o meu desconforto, então segurou minha mão gentilmente e me puxou para o lado.

— É o seguinte, eu não precisava estar fazendo isso mas resolvi fazer mesmo assim. Gostaria que todos soubessem que eu amo o Baekhyun, nós estamos namorando e quero falar que a opinião de pessoas homofóbicas e preconceituosas não me importam, pessoas que julgam o amor dos outros não são importantes para mim. Todo mundo tem o direito de amar, vocês amam seus pais, seus irmãos, animais de estimação, alguns tem namorado, namorada, vocês amam as pessoas importantes nas suas vidas, não amam? — Algumas pessoas começaram a concordar com a cabeça. — Pois então, e eu amo o Baekhyun, toda forma de amor é válida, errado é não amar, errado é julgar o outro por suas escolhas, opiniões, julgar por ela não ser igual a ti, isso é errado. Então eu gostaria de falar que, não importa o que vocês digam, eu sei que muitos aqui vão ficar falando mal da gente, mas eu não vou desistir das coisas que eu acredito, eu não vou desistir do Baekhyun, eu o amo, e amor não é só de homem com mulher, acredito que todos devemos amar uns aos outros, assim o mundo vai ser um lugar bem melhor.

Ele me puxou para um abraço e deu um beijo estalado na minha testa, na frente de todo mundo, sem se importar com eles. Algumas pessoas começaram a bater palmas e a falar coisas como “lindos”.

— Você é maluco, Chanyeol — digo com um sorriso enorme nos lábios.

— Sou maluco por você, Byun. — O maior enrosca sua mão no meu cabelo e sela seus lábios nos meus em um beijo rápido, para não causar tanto alvoroço na escola.

Nos afastamos e ainda tínhamos plateia, algumas meninas estavam com os olhos brilhando enquanto olhavam para nós, outros estavam apenas sorrindo. Acho que Park conseguiu quebrar um pouco esse preconceito na escola, e eu o agradeci mentalmente por isso.

As pessoas foram se afastando e consigo escutar barulhos de passos pesados se aproximando do local, alguns deram espaço e vi a garota loira olhando para mim com lágrimas nos olhos.

— Eu não acredito que você roubou o garoto que eu gostava, irmãozinho, você estragou tudo!

Kim veio correndo na minha direção, ela estava com muita raiva, se alguém não a parasse, algo de ruim iria acontecer. Park parou na minha frente, de modo que ela não conseguisse sequer tocar em mim. Kim grita de raiva e tenta me atacar, mas foi em vão por Chanyeol ser muito mais alto que ela.

— Não toca no Baekhyun! — ele gritou exaltado, fazendo vários olhares virem na nossa direção, continuei atrás do maior, me segurando na sua camisa do uniforme. — Mesmo se eu não estivesse com ele, eu nunca ficaria com você, Kim, então deixa ele em paz e segue a sua vida.

A garota fuzilou o Chan e saiu batendo os pés para a nossa sala, que em breve teríamos que entrar também. O maior se virou para mim e ele parecia preocupado.

Não era de menos.

A movimentação do corredor foi baixando, até restar só nós dois.

— Está tudo bem? Aquela maluca não vai fazer nada com você enquanto eu estiver por perto. — Seu olhar era sincero.

Minha vista embaça.

— Promete, Chan? Promete mesmo?

— Eu prometo, meu baixinho, pela minha vida. Eu te amo tanto, não vou deixar ela encostar um dedo sequer em você.

Ele me puxa para um abraço e fica fazendo cafuné em mim, até eu me acalmar.

Ficamos abraçados até o sinal tocar e eu ver o Luhan vindo em nossa direção com o Sehun, eles estavam de mãos dadas, não posso negar que eles são um casal muito bonito. Logo mais apareceu o Yixing com o Chen, eu e o Chan cumprimentamos todos e entramos na nossa sala.

Kim estava na sua mesa e suas fiéis escudeiras estavam cochichando com ela alguma coisa, deve ser pelo que aconteceu mais cedo, não me preocupei muito. Sentei no meu querido lugar e o Chan no dele, ficamos esperando algum professor entrar para podermos finalmente começar com a aula.

 

Minutos depois a professora de geografia entrou, a mesma se assustou quando me viu. Confesso que senti vontade de rir na hora.

— Baekhyun, a diretora está te chamando na sala dela.

— Tudo bem, estou indo.

Me levanto e vou em direção da sala da diretora, isso era um pouco nostálgico, parecia aquela vez que ela me pediu para ir na sua sala para conversarmos sobre o novato — Chanyeol —, mas eu sabia que dessa vez não seria sobre algo do gênero.

Vou caminhando em passos lentos e aprecio cada canto daquela escola, eu realmente estava sentindo falta da escola. Quando chego, bato duas vezes na porta.

— Pode entrar. — Ela diz alto o bastante para que eu pudesse ouvir.

Abro a porta e ela estava sentada na sua enorme cadeira — como sempre.

— Bom dia, a senhora queria falar comigo?

— Bom dia, Baekhyun. Sim, você pode se sentar — ela diz.

Fecho a porta e me sento na cadeira à sua frente, ela fica me analisando, acho que por eu ter ficado tanto tempo longe da escola, ela queria ter meu rosto novamente na sua mente.

— Precisamos falar sobre as suas faltas, Baekhyun. Você faltou por muito tempo, aconteceu alguma coisa?

Mordi meu lábio inferior, eu precisava contar tudo.

— Aconteceu sim, diretora. Eu tive alguns problemas sérios e não pude voltar para a escola antes de resolvê-los, mas agora que está tudo resolvido, eu não vou mais faltar daquele jeito. A senhora sabe que eu não faltaria tanto se não houvesse algo sério acontecendo.

— E que problemas foram esses? — A diretora colocou os cotovelos em cima da mesa e ficou esperando alguma resposta. Suspiro, eu teria que contar de qualquer jeito, para quem sabe ela rever minha situação.

— E-eu... — gaguejei. Engoli uma, duas vezes até tomar coragem de começar a falar. — Estava fugindo do meu pai porque ele me espancava, entre outras coisas... então eu fiquei na casa de um colega meu até tomar coragem de denunciá-lo... ele foi preso recentemente, então só agora eu pude voltar para a escola sem ter medo do que poderia acontecer comigo. — Ela me olhava demonstrando tamanha tristeza que eu nunca tinha visto antes. — Sei que faltei muito, mas quero pedir para a senhora para que não me reprove, eu consigo acompanhar a matéria, eu aprendo rápido, posso fazer todos os trabalhos e provas que meus colegas fizeram. Eu estava ciente de tudo que estava acontecendo por causa do meu colega, só peço que pense na minha situação e me dê uma solução.

A diretora abaixou a cabeça e ficou uns segundos em silêncio, pensando no que eu tinha acabado de falar. Imagino o que ela estaria pensando, não era fácil eu falar sobre isso com alguém, imagina ouvir.

— Baekhyun — ela começou —, sua situação é bem delicada... você sabe que se tivesse faltado por mais um tempo, sua reprovação seria imediata, mas por sorte isso não ocorreu. Estive pensando, vou fazer uma reunião com todos os professores para resolvermos juntos sobre o que fazer com você. Mas não se preocupe, não vamos te deixar na mão, vou explicar para eles o principal motivo da sua ausência e te falo hoje depois do recreio ou antes, tudo bem?

Coro na hora.

— A senhora poderia não contar para eles sobre o meu pai? Tenho um pouco de vergonha sobre isso, e eu quero tentar abafar essa história por um tempo.

Ela sorri sem jeito e coloca os cotovelos em cima da mesa.

— Claro, Baekhyun, vou dar um jeito.

— Obrigado, diretora. Eu sabia que a senhora iria ser compreensível — digo. Me levanto e dou um abraço nela, que retribuiu na mesma intensidade. — Agora se me dá licença, vou voltar para a minha sala.

Ela assentiu e eu voltei para a minha sala, onde atraí muitos olhares no momento em que coloquei o pé dentro da sala. Fui sorridente para o meu lugar, sem olhar para ninguém além do Chanyeol, me sento e vejo que ele estava escrevendo algo. Ele atira uma bolinha de papel para mim, eu a pego e abro o papel.

 

“Deu tudo certo lá, Baek?”

 

Na mesma folha, anoto a resposta.

 

“Sim, ela vai decidir depois com a ajuda dos professores. Mas vai dar certo”.

 

Atiro a bolinha para ele e começo a prestar atenção na aula, eu precisava me focar nos estudos se quisesse acompanhar os outros — não que isso fosse difícil para mim.

 

 

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As aulas passaram rápido, e finalmente estava na hora do recreio. Peguei meu celular e fui para a mesa do Chanyeol esperar que ele arrumasse suas coisas, o maior guardou seu caderno de baixo da mesa e se levantou, colocando seu braço por cima do meu ombro e me guiando até os fundos da escola, onde não haveriam muitas pessoas. Geralmente a Kim ficava no refeitório com suas amigas idiotas, então eu não veria elas, pelo menos no recreio. Chanyeol pegou seu celular e mandou uma mensagem para seus amigos, falando que estaríamos nos fundos da escola, caso eles quisessem ir lá.

O maior me puxou para de baixo de uma árvore enorme e se sentou no chão, me sentei do seu lado e deitei minha cabeça no seu colo. Park brinca com alguns dos meus fios de cabelo, os bagunçando.

Seus amigos se aproximaram de nós, Luhan e Sehun estavam de mãos dadas.

— E aí, galera — Chanyeol disse animado.

— E aí. — Chen acenou. — Oi, Baekhyun, fiquei sabendo que você e o Chanyeol estão namorando.

— Acho que depois daquela cena do corredor, todos já ficaram sabendo — Yixing comentou.

Luhan se sentou do meu lado, os outros se sentaram também, fazendo um mini círculo.

— Achei tão linda a declaração que o Chan fez para o Baek — Luhan disse, seus olhos estavam brilhando. Ele faz beiço e encara Sehun. — Bem que você podia fazer uma declaração um dia desses para mim, Sehun...

— Quem sabe um dia, Lu — ele responde rindo.

Luhan cruza os braços, parecendo uma criança emburrada.

— Então, Baek, nos conte mais sobre você. Você é uma pessoa tão calada e misteriosa, gostaria de conhecer esse garoto que conseguiu conquistar o meu amigo Chan. — Lu arruma seus cabelos loiros que caíam sob seus olhos.

Levo um dos meus dedos na boca e penso na pergunta. Eu não tinha muito o que contar, minha vida nunca foi tão interessante assim, ela se baseava em estudar, tentar ser o filho perfeito, estudar, ser representante de turma... já falei em estudar?

— Bom... Eu gosto muito de assistir filmes em geral, cozinhar, assistir One Piece quando tinha tempo... — Levo outro dedo para a minha boca. — Acho melhor vocês perguntarem o que querem saber — rio e tiro meus dedos da boca, limpando-os no meu uniforme.

— Como você se sentiu quando viu o Chan pela primeira vez?

Começo a rir, lembrando da cena.

— A diretora pediu que eu mostrasse a escola para o Chanyeol, como ela sempre faz quando entra alguém novo — reviro os olhos. — Logo de cara quando eu o vi, eu me senti estranho, não sei bem explicar, mas meus batimentos aceleraram quando eu vi aquele garoto do uniforme amassado entrando na sala da diretora — rio. Park aperta minha bochecha de leve. — Desde que eu vi o Chan, eu senti algo diferente, só não sabia o que era. Não sabia se eu tinha apenas achado ele bonito, ou se era algo mais forte. Confesso que fiquei um pouco “balançado” por dentro. — Faço as aspas no ar. — O Chan sempre foi um amor comigo, mesmo antes da gente começar a namorar, ele sempre me salvou, posso dizer que sou muito grato por ele e por tudo que ele tem feito por mim. Se hoje eu sou uma pessoa melhor, foi porque ele me ajudou nisso — sorrio.

Os garotos estavam sorrindo de orelha a orelha, Park também sorria. O maior deu um beijo estalado na minha testa.

— Vocês venceram no ranking de fofura — Yixing disse com a língua entre os dentes.

— Posso dizer que sou muito sortudo por ter o Baek do meu lado — Park responde. — Mas, chega de perguntas constrangedoras, Luhan. — Ele parecia sério.

Luhan sorriu e apertou seus lábios com força, senti que ele queria perguntar algo para nós.

— Deixa ele perguntar, Chan, não seja chato — digo com humor. — O que você quer saber, Luhan?

O chinês deixa um sorriso travesso dominar seu rosto, eu sabia que boa coisa não iria vir.

— Vocês já transaram, não é? — ele pergunta malicioso.

Park fita o chinês de imediato. Começo a rir da situação constrangedora em que nos enfiamos.

— Já sim — respondo naturalmente.

Park se assusta com a forma natural que eu respondo à pergunta do chinês.

— Chega de perguntas constrangedoras, Luhan — Chanyeol o repreende. Luhan franze seus lábios. — Não sei se contei para vocês, mas, eu entrei em uma banda.

— Sério? Ela já tem um nome? — Chen pergunta.

— Sim, se chama Angels Of Rock. Por sorte os integrantes são legais, eu só não estava contando com uma coisa...

Todos olham para Chanyeol, curiosos. Infelizmente eu sabia o que era.

— A irmã do Baek é a segunda vocalista — ele revira os olhos.

— O que?! — Todos gritaram surpresos.

— Eu fiquei tão surpreso quanto vocês, nunca pensei que dentre milhares que mandaram seu vídeo para a gravadora, ela seria escolhida. — Park torce o seu nariz.

— A Kim sempre gostou de cantar assim como eu — digo. Olho para o céu e vejo as formas que as nuvens estão formando. — Nossos pais nos colocaram em aulas de canto quando éramos mais novos, eles queriam que fossemos perfeitos no que fizéssemos.

Park arruma o meu cabelo.

— Você também tem uma voz linda, Byun, sabe disso — ele diz. Coro na hora.

Sorrio gentil para ele. Os garotos ficaram falando coisas sobre quererem ouvir eu cantando algum dia. Quem sabe.

Ouvimos o sinal tocar, nos levantamos e Park disse para os garotos irem na frente, que iríamos logo atrás. Aproveitando que eu estava sozinho com ele, o abraço e puxo seu colarinho para selarmos nossos lábios. Não foi um beijo com língua, foi apenas um carinho com os lábios. Nos afastamos e eu o aperto mais contra mim, acariciando as suas costas.

— Eu amo você, Chan. Não quero te perder nunca — digo manhoso.

— Você não vai me perder nunca, meu baixinho — ele sorri. — Mas agora precisamos ir, não quero me atrasar e ter que ficar ouvindo os professores nos xingando.

Concordo com a cabeça.

Pego sua mão e enlaço nossos dedos, eles se encaixaram perfeitamente.

 

 

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As aulas foram normais como sempre, tirando o fato da diretora ter me chamado para conversar. Ela havia conversado com os outros professores durante o recreio, e então decidiram que eu teria que fazer algumas provas e trabalhos extras para recuperar a minha nota. Se eu fizesse isso, eu não reprovaria. Concordei com a condição, sabia que conseguiria dar conta, estudar nunca foi um problema para mim.

 

 

12:30.

 

Estávamos siando pelo portão para irmos para casa, quando vi a Kim passar do nosso lado, ela deu uma piscadinha para o Chanyeol. Aposto que foi apenas para me provocar.

Mantenha a calma, Baekhyun.

— Nos vemos hoje de tarde no ensaio, gatinho. Estou ansiosa para cantar com você de novo — ela fez uma voz melosa totalmente enjoativa.

Park não respondeu, fez de conta que não era com ele. O maior pegou a minha mão e seguimos o caminho de volta para casa.

— Não liga para ela, Baek. Ela só está querendo te provocar — Park comenta.

— Eu sei — respondo cabisbaixo.

Foi só o que eu falei o caminho inteiro.

 

Voltamos em silêncio para casa, o clima estava um pouco estranho, mas eu não quis mais tocar naquele assunto com ele. Quando chegamos, Park alimentou o Floquinho, seu pai não estava em casa, as vezes ele passava o dia inteiro fora e só voltava de noite. Fui para o seu quarto, vi que ele estava atrás de mim, larguei minha mochila em cima da sua escrivaninha e me atirei na cama. O maior se sentou na cama e ficou em silêncio por alguns segundos, até falar:

— Baek, o que você acha de me acompanhar todos os dias nos ensaios? Não deve ser legal ficar sozinho aqui.

Viro meu rosto na sua direção e penso na proposta.

— Não sei se é uma boa ideia. Ver você perto da Kim... e ainda mais com essas provocações dela... não sei se quero ver isso.

O maior pega as minhas duas mãos.

— Por favor, vai por mim. Eu adoraria que você me visse cantando, Byun — ele diz calmo.

Analiso cada expressão do seu rosto, ele não iria desistir tão facilmente dessa ideia.

— Tudo bem, eu te acompanho nos ensaios — digo. — Vou adorar te ver cantando, sua voz é linda. Tenho certeza que vou me apaixonar de novo quando você começar a cantar — sorrio de canto.

Park sorri de orelha a orelha e me puxa para um abraço, beijando minha bochecha em seguida.

— Obrigado, baixinho. Você não sabe como é importante ter a sua presença lá — ele sorri.

No fundo eu não sabia se tinha tomado uma boa decisão, o que eu sabia era que a Kim iria fazer de tudo para infernizar a minha vida enquanto eu estivesse na gravadora. Ah se ia.

 

 

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13:30

 

Almoçamos e nos arrumamos para irmos na gravadora, eu estava muito nervoso, continuava achando que não era uma boa ideia.  Sabe quando você sente que alguma coisa vai acontecer? Pois então... estou sentindo isso. Espero estar enganado.

 

Quando vi, estávamos na frente da gravadora. Descemos e Park me puxou pela mão até entrarmos e eu ver algumas silhuetas, uma delas era familiar. Senti vontade de vomitar quando vi ela se virando e sorrindo para o Chanyeol. Dois garotos vieram na nossa direção quando nos viram entrar, a garota ficou sozinha atrás, fechando a cara ao me ver. Ela me fuzilava com os olhos, com total olhar de reprovação.

— E aí, Chanyeol. — O garoto mais alto apertou a mão do Chan.

— E aí gente, hoje eu trouxe o meu namorado para ver o nosso ensaio — Park disse enquanto apertava a mão do garoto mais baixo.

Os olhares dos garotos vieram na minha direção, eles pareciam legais.

Estendo minha mão para eles.

— Prazer, meu nome é Baekhyun — digo fazendo uma expressão gentil.

— Prazer, Baekhyun, meu nome é Zitao. Mas você pode me chamar de Tao. — Ele aperta a minha mão com um enorme sorriso. — Não sabia que o Chanyeol tinha alguém, mas é um prazer enorme conhecer você.

— Prazer, Baekhyun, meu nome é Kris. É um prazer te conhecer. — Kris aperta a minha mão.

Sorrio gentil, mas no fundo eu estava com vergonha.

 

Ficamos jogando conversa fora até outro garoto aparecer na gravadora, ele se apresentou como Minseok. Estávamos conversando até a dona da gravadora aparecer para eles começarem a ensaiar. A secretária disse que ela estava muito ocupada, pois estava no telefone conversando com alguns repórteres, eles tinham interesse na banda.

 

 

Minutos depois a Suni — dona da gravadora — saiu da sua sala e ordenou para que eles fossem para o estúdio, e assim eles fizeram. Park me pegou pela mão e me guiou pelo enorme corredor, me deixando do lado de fora, na parte das edições.

— Boa tarde a todos. — A mulher começou a falar. — Peço desculpas pela demora, eu estava falando com alguns jornalistas e pedi para que eles viessem amanhã aqui para conhecerem melhor a banda. Eles se interessaram bastante por ser uma banda nova no mercado de trabalho. Vocês não precisam se preocupar, eles só querem conhecer um pouco mais sobre cada um de vocês, vão ser perguntas básicas. — Ela arrumou seus óculos e passou a olhar para o Chanyeol e para a Kim. — Eles adoraram saber que os vocalistas são um garoto e uma garota, falaram que a mídia adora quando tem algum casal na banda. E é sobre isso que eu quero falar com vocês, mais precisamente, com o Chanyeol e a Kim.

Minha barriga começa a doer e sinto que coisa boa não está para vir.

— Como assim um casal na banda? — Park pergunta.

Por favor, não seja o que eu estou pensando.

— Chanyeol, Kim, eu gostaria que amanhã na entrevista vocês falassem que são um casal, e agissem como um. Posso contar com vocês?

Minha cara vai parar no chão, e eu acabo não conseguindo esconder tamanho desgosto com a situação. Na hora eu fecho a cara e me seguro para não gritar de raiva, ou até mesmo quem sabe chorar. Fecho os punhos e fico esperando uma resposta do Chanyeol.

Bom, a Kim estava dando pulos de felicidade. Maldita.

— Você pode contar comigo, Suni, vai ser um prazer fazer par com o Chanyeol.

Claro que seria um prazer.

— Tem certeza que isso é necessário? Suni, eu tenho namorado. — Park aponta para mim. — Não quero assumir um namoro com outra pessoa, sendo que eu nem gosto dessa pessoa.

— Isso me ofende, Chanyeol — Kim resmunga. — Você precisa aprender a ser mais profissional, vai ser só uma mentirinha do bem.

Mentirinha do bem que faria ela se sentir muito feliz.

— A Kim tem razão, Chanyeol. Pensa na quantidade de pessoas que queriam estar no seu lugar agora. Seu namorado vai ter que entender, é pelo bem da banda — ele disse sorridente.

Não caia nessa conversa, Chan...

— Preciso conversar com o meu namorado sobre isso, a opinião dele é importante para mim — ele diz. — Se me dão licença, eu vou ali falar com ele.

Ainda precisamos conversar sobre isso? Pensei que a resposta era óbvia.

Ele vem na minha direção e me chama para o lado de fora da gravadora. Não consegui disfarçar a minha insatisfação com tudo aquilo. Seu nervosismo era nítido, acho que tão nítido quanto a minha raiva momentânea.

— Você ouviu, não é? — perguntou nervoso.

Respiro fundo antes de responder, mas na realidade eu estava tão estressado que não conseguia pensar em manter a calma.

— Ouvi, mas iria preferir não ter ouvido metade daquela conversa.

Tento ser o menos seco possível.

Park se surpreende com o nível da minha grosseria, era raro os momentos em que eu era assim.

— Eu sei, mas você sabe que eu não posso fazer nada...

— Como assim você não pode fazer nada? Você é idiota, Chanyeol? — Minha voz se altera gradativamente. — Por que você não sai da banda, se o que eu penso é tão importante assim para você?

Eu mesmo me surpreendi com o tom de voz que eu usei com ele, nunca na vida eu tinha falado dessa forma com ele.

— Baekhyun, eu não sei se você sabe, mas eu assinei um contrato com a dona da gravadora, eu não posso simplesmente sair da banda do dia para a noite — ele diz, tentando manter a calma entre nós dois.

Fecho os punhos com raiva, sentindo uma mistura de tristeza e raiva dentro de mim.

— Não quero saber, eu não quero ter que ver vocês dois juntos. Você esqueceu de tudo que ela fez comigo? Acho que não preciso te lembrar dos detalhes. — Sinto meu coração amolecer e a raiva sumir, restando apenas uma tristeza dentro de mim. — Se você não pode romper o contrato, só não aceite essa proposta maluca... eu não quero te ver com ela, Chan, iria doer tanto. — As lágrimas começam a cair e a minha voz a falhar. — Por favor, não faz isso comigo...

— Então me dê uma opção, pois estou sem nenhuma no momento. Você sabe que eu não quero fazer isso, mas como eu assinei essa droga de contrato, estou me sujeitando a isso.

Limpo as lágrimas que insistem em continuar caindo.

— Então vai ser assim mesmo? — pergunto com os olhos cheios de lágrimas. — Eu vou ter que ver você fingindo namorar outra pessoa, que ainda por cima é a minha irmã?

Park segura minha mão que estava trêmula e fria, me puxando para mais perto e me envolvendo em seus braços quentes. Como eu queria morar nos seus braços, ou em um lugar tranquilo em que não houvesse ninguém para nos incomodar, e pudéssemos viver felizes.

— Eu não vou beijá-la, vai ser só encenação, fica tranquilo. — Ele tentou me tranquilizar, mas já era tarde demais. — Você sabe como como eu te amo, Byun, eu jamais faria qualquer coisa para te magoar. Sinto muito se estou te fazendo chorar agora, estou me sentindo um monstro por causa disso tudo, é a última coisa que eu queria.

Fico em silêncio por alguns segundos. Eu não queria brigar com ele, não queria mesmo, mas eu sentia que essa conversa não ia ir para frente, era o sonho dele contra a minha birra.

— Tudo bem. — Me afasto dele e o encaro. — Se namoramos, eu preciso confiar em você, não é? Me desculpa, prometo que vou te apoiar na sua carreira de cantor. Fui eu quem mais te deu apoio para isso, então eu estaria sendo ingrato se pedisse para você abandonar o seu sonho.

Sei que mentir é feio, mas, o que eu posso fazer?

— Tem certeza disso, Baek? Tudo bem para você? — ele pergunta animado.

Park analisa cada expressão minha, vendo se eu iria mudar de ideia ou me arrepender.

— Tenho sim... — respondo.

Droga, droga, droga, Chanyeol, você é burro ou o que? Como pode acreditar que eu estava falando sério? Às vezes acho que você não me conhece, nunca pensei que você iria acreditar que eu aceitaria isso numa boa, você não viu como isso me magoou? Como isso me quebrou por dentro? Parece que não. Mas de qualquer modo, esse sempre foi o seu sonho, tocar em uma banda e ter o reconhecimento que merecia, isso tudo já está acontecendo, e eu não sou ninguém para impedir os seus sonhos. Lembra daquela nossa conversa que tivemos na sua casa? Quando você me disse que seu sonho era tocar e cantar em uma banda? Pois bem, você conseguiu, eu não posso estragar tudo com a minha crise de ciúmes, mesmo eu tendo meus inúmeros motivos. Só espero que eu tenha forças para aguentar tudo isso, pois fácil eu sei que não vai ser.

— Vamos entrar então? Preciso dar uma resposta para a Suni — Chanyeol disse empolgado, me puxando pela mão para dentro da gravadora.

Todos estavam lá, esperando o Chanyeol para voltarem às suas atividades normais. Soltei a sua mão e fiquei do lado de fora, eu não queria ter que ouvir aquilo, mesmo sabendo que aquilo era a realidade.

— Conversamos bastante e, consegui chegar à uma conclusão — o maior falou, fazendo Kim olhar para ele, esperançosa para que a resposta fosse positiva. — Eu aceito fazer par com a Kim, se for pelo bem da banda.

Só consegui ouvir os gritos de Kim, olhei para ela e ela me fuzilou com os olhos, logo mais deu um sorriso diabólico para mim e pulou em cima do Chanyeol. Eu sabia que tudo aquilo era para me provocar, resolvi fingir que não estava vendo aquilo. Eu não podia fazer nada contra isso. Os dias seriam longos. Longos e tristes.

 

 

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Uma semana depois...

 

Hoje faz uma semana desde que o Chanyeol aceitou essa loucura de “namoro falso” com a Kim, minha irmã. Às vezes eu penso que eu deveria ter impedido toda essa farsa, pois eu não sabia que eu iria sofrer tanto assim. Pensei que eu iria conseguir suportar, mas pelo visto me enganei. Cada dia que passa, as provocações ficam piores, sem contar daquela droga de entrevista que eles tiveram que se beijar na frente dos repórteres, sim, eles se beijaram. Chanyeol me disse que não havia gostado, mas não posso dizer o mesmo da Kim, ela estava com um ar de satisfeita. Sempre que eu estava sozinho pelos corredores, seja da gravadora ou da escola, ela vinha me provocar falando como o Chan beijava bem, minha vontade era de socar a cara dela, mas nada disso adiantaria, ela só veria que suas provocações estavam dando certo. E no fundo, estavam mesmo. Eu estava desgastado, as brigas com o Chanyeol eram seguidas, uma por dia no mínimo.

Desculpa Chanyeol, eu disse que iria te apoiar, mas nesse caso, eu não estou conseguindo. Sinto que vou explodir a qualquer hora.

Às vezes parecia que o Chanyeol havia se esquecido de tudo que a Kim e meu pai fizeram comigo, pois os dois pareciam se dar muito bem. Já perguntei inúmeras vezes para ele se ele estava com problema de memória, ele sempre falava que não havia esquecido, mas que estava apenas sendo gentil, o que era o normal dele, Chanyeol tinha um coração muito bom. Bom demais para ser verdade.

Sempre que tinha o ensaio, eu ficava sentado do lado de fora com os meus fomes de ouvido, isso tudo era para evitar qualquer conversa desnecessária que me daria motivos para brigar ou ter minha crise de ciúmes. Perdi a conta de quantas vezes vi a Kim se atirando em cima dele para ver minha reação. Claro que ele sempre empurrava, na hora eu não dava muita bola, mas quando chegávamos em casa eu explodia. Qualquer coisinha já estava me tirando do sério, até o pai do Chanyeol andou estranhando a nossa relação, preferimos não comentar sobre o assunto para não deixar ele preocupado com nossos problemas.

Teve um dia dessa semana que a Kim armou uma e beijou o Chanyeol. Sim, ela beijou ele. Se eu senti nojo e raiva dela? Mas claro. Minha vontade era de voar naqueles cabelos loiros dela e arrancar todos os seus fios. Mas, eu mantive a calma, as coisas ruins que vinham acontecendo comigo eu guardava para mim, até que eu explodisse de fato. Lembro até hoje das suas palavras quando eu vi aquela maldita cena.

“— Baekhyun, não é o que você está pensando...”

Essa frase é épica, a frase mais dita quando pegamos algo no flagra.

Eu sabia que ele não tinha culpa, eu sabia que a culpa não era dele, era da Kim. Só dela.

Na hora eu tentei manter a calma, mas eu estava morto por dentro.

“— Tudo bem, eu acredito em você.”

Foi a única coisa que eu disse, antes de sair da sala.

Sim, eu acreditava nele. Eu confiava nele, mas não confiava nela.

Fui guardando cada vez mais dentro de mim, até o dia em que as provocações foram tantas, que eu comecei a gritar dentro mesmo da gravadora, tiveram que separar eu e a Kim, se não a gente iria se matar ali mesmo. Tudo isso por causa de um toque mais íntimo que ela tentou com ele. Era isso que eu precisava para surtar e entrar dentro daquele estúdio e partir para cima dela.

“— Para com isso, Baekhyun. Ela não fez nada.”

Foi o que eu mais ouvi aquele dia do Chanyeol. Achei que ele foi muito injusto comigo, ele não sabia como eu estava me sentindo, como eu estava cansado e esgotado por dentro. Só eu sabia como eu estava me sentindo realmente.

Aquele dia foi o pior dia de todos, de longe.

Obviamente ele pediu desculpas para mim quando chegamos em casa, ele viu que eu estava certo, e que a Kim não era nenhuma santa. Mas, será que um pedido de desculpas era o suficiente quando já está esgotado?

 

 

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Combinamos que hoje seria o último dia que eu iria acompanha-lo no ensaio, pois ele viu o quanto aquilo estava me deixando chateado. Para ser sincero, eu estava mais feliz assim. Tudo estava indo bem, acho que meu último dia aqui seria tranquilo.

O ensaio tinha acabado — finalmente —, e Chanyeol estava conversando com os garotos da banda, me sentei em uma das cadeiras da recepção e fiquei esperando ele para irmos embora. Uma silhueta conhecida se senta do meu lado, quando vejo quem é, minha vontade é de me levantar, pegar o Chanyeol pela mão e sairmos correndo dali.

— Oi irmãozinho — ela diz.

Reviro os olhos.

— Sai daqui, Kim.

Ela finge estar surpresa.

— Que grosseria é essa com a sua irmãzinha? — ela ri. — Por que você não se toca que seu futuro com o Chanyeol não vai dar certo? Você só está atrapalhando o futuro dele, ele vai ser um excelente cantor e de uma banda muito famosa, mas você só puxa ele para baixo. Deve ser horrível ter um namorado que não te apoia no seu maior sonho. — Sua voz sai completamente irritante.

Me levanto com raiva e saio batendo os pés até o lado de fora, segundos depois vejo a silhueta do maior se aproximando de mim.

— O que aconteceu, Byun? — ele pergunta preocupado.

Abaixo a cabeça. Nem eu mesmo sei o que está acontecendo dentro de mim.

— Estou cansado de tudo isso... eu tenho aguentado muita coisa calado para te ver feliz, mas eu mesmo não estou feliz com isso. Desde o dia que eu comecei a frequentar os seus ensaios, a Kim tem feito de tudo para me provocar, hoje ela conseguiu me tirar do sério, e eu não aguento mais isso Chanyeol. — Comecei a chorar de novo, era inevitável, era a única coisa que eu conseguia fazer agora. — Estou esgotado, não aguento mais isso....

O maior estava com seus olhos marejados, ele iria começar a chorar a qualquer hora. Passei a mão no meu rosto e ele estava todo molhado, que droga Baekhyun, por que eu tenho que ser tão fraco? Qualquer coisa eu começava a chorar, se bem que, o Chanyeol não era qualquer coisa. Eu o amava, amava muito. E me doía ter alguns pensamentos da minha mente, isso era a última coisa que eu queria fazer, mas eu não aguentava mais. Eu chorava todo dia escondido no banheiro, rezando para que tudo isso acabasse logo, que Chanyeol largasse essa ideia maluca de banda ou que a Kim fosse expulsa da banda, mas nada disso acontecia. Já pensei muitas vezes se eu estava sendo ingrato, sim, eu estava sendo. Mas isso já estava me fazendo mal, estava fazendo mal para o meu namoro com o Chan.

Eu te amo Chanyeol, sinto muito.

 

Limpei os resquícios de lágrimas que ainda insistiam em cair, eu precisava ser forte, forte para tomar uma decisão que fosse o melhor para nós dois, mas era tão difícil, eu não tinha coragem. Eu amava ele, eu amava Park Chanyeol, amava tanto que chegava a doer. Abri a boca para tentar falar algo, e um milhão de pensamentos invadiram a minha mente, desde o primeiro dia dele na escola, ele sempre esteve do meu lado, ele nunca me abandonou.

O maior me abraça, fazendo com que eu comece a chorar de novo.

— Me desculpa, eu não sabia que você estava sofrendo tanto assim. Você é o grande amor da minha vida, eu não quero te perder nunca. — Park me aperta mais contra si. — Já passamos tantas coisas juntos, se eu te perdesse agora eu não saberia como reagir. Eu prometo pela minha vida que as coisas serão diferentes, só me diz o que eu preciso, eu não sei o que fazer para você ficar comigo.

Nos afastamos lentamente. Levanto o olhar e encaro seus olhos castanhos marejados.

— Eu não posso te dizer o que fazer, pois vou estar sendo extremamente egoísta. — Vou em direção do carro e paro do lado da minha porta. — Só quero que você faça o que quer e seja feliz. Não se importe tanto comigo...

Ele dá meia volta no carro e destrava as portas, entro e me arrumo no banco. Park entra e me encara confuso.

— Como eu não vou me importar com você? Você é importante para mim, não adianta nada eu estar feliz e você não, quero que ambos estejamos felizes.

— Mas isso não vai ser possível — falei seco. — Nosso namoro está me fazendo mal, eu estou mais chorando do que ficando feliz, isso não é um bom sinal. No começo eu estava muito feliz estando do seu lado, eu me sentia infinito, mas agora, o que eu mais faço é chorar. Você está me fazendo sofrer tanto, tudo isso tem me feito sofrer muito, eu já sofri demais nas mãos do meu pai, pensei que daqui pra frente tudo iria ser diferente. — Comecei a chorar, eu estava sendo fraco novamente. — Você foi tão bom para mim, sempre me ajudou e nunca desistiu de mim, e eu estou aqui, sendo ingrato, não te dando apoio. Eu queria poder ficar feliz por você estar conseguindo realizar o seu sonho, mas eu não consigo. ‘Tá doendo muito, você não tem ideia de como dói, Chanyeol, me perdoa por não conseguir te apoiar quando você mais precisa.

Ele não tinha dado partida ainda no carro, então ele me abraçou, sem que eu pudesse me afastar do seu abraço, o abracei de volta, eu amava quando ele me abraçava, seu abraço era tão caloroso, eu me sentia em paz.

— Então fica comigo, prometo curar todas as suas dores, vai doer tanto em mim quanto em você se você for embora, e você sabe disso — ele sussurrou no meu ouvido. Eu queria me afastar dele, mas algo me prendia, seu toque, seu calor corporal, tudo aquilo era tão atrativo e reconfortante. — Por favor meu baixinho, vamos superar isso junto, como superamos tantas coisas juntos.

— Não sei se eu consigo Chan, eu estou muito cansado disso tudo, não é tão fácil como parece — comentei. Meu coração estava partido em mil pedacinhos. — Eu adoraria pensar que se eu ficasse do seu lado, tudo ficaria bem, e o que estou sentindo aqui dentro — apontei para o meu peito — sarasse, mas dessa vez não iria dar certo, só estou atrapalhando a sua vida.

— Meu amor, você não está atrapalhando minha vida, para de pensar nisso. — Ele segurou meu rosto, de modo que nossos olhos se encontrassem. — Não sei o que eu fiz para você pensar isso, mas você está pensando errado Baek. Quantas vezes eu vou ter que falar que você é o amor da minha vida? Eu repito toda hora se for preciso, você é amor da minha vida Baek, eu não me vejo no futuro com ninguém além de você, tire esses pensamentos sujos da sua cabeça. Não quero que você tome nenhuma decisão precipitada por estar de cabeça quente, tudo bem? Lembra dos bons momentos que tivemos juntos, se vale a pena jogar tudo para o alto. Pensa em nós, por favor — ele sussurrou, seus olhos estavam brilhando, parecia que ele iria chorar a qualquer hora, já eu estava me segurando para não chorar de novo. — Posso te beijar, Baek? Quero que essa dor que você está sentindo alivie um pouco, talvez eu também me sinta um pouco mais aliviado, porque também está doendo em mim. Dói te ver triste, para baixo, eu sempre prometi que não deixaria uma lágrima sua sequer caísse, mas é a única coisa que eu estou fazendo agora, te fazendo chorar. Eu não quero que você chore mais, eu quero ver um sorriso no seu rosto, aquele sorriso que eu amo, sabe? Aquele que me conquistou, que fez eu me apaixonar por você. Por favor, não chore mais por mim, meu coração quebra ao te ver assim. — Pude ver uma lágrima escorrer pelo seu olho esquerdo, seguido de outra, e outra. — Então, o que me diz? Eu posso... te beijar? 

— Eu acho que você fala demais. — Tento dar o meu melhor sorriso e o puxo pelo colarinho da camisa, nossos rostos estavam muito próximos, eu conseguia sentir sua respiração quente no meu rosto. — Me beija Chanyeol, me beija logo antes que eu mude de ideia.

Chanyeol me puxou pela nuca e selou seus lábios nos meus, eles continuavam tão macios, tão quentes e úmidos. O maior me puxou para o seu colo, sem se importar pelo fato de estarmos em um lugar onde muitas pessoas veriam o que estávamos fazendo. Os vidros do seu carro eram escuros, mas não sei se isso ajudava em alguma coisa naquela hora, mas confesso que, na hora eu não me importava se alguém veria, o que importava era que eu estava ali com ele, e ambos estavam tentando fazer suas dores irem embora. Não sei se aquele era o jeito certo, mas eu não me arrependo de ter beijado ele.

Depois de um tempo naquela posição, ele me colocou gentilmente no banco do carona e colocou seu cinto, fiz o mesmo. Olhei para ele, e ele estava sorrindo novamente, por Deus, como eu amava aquele sorriso.

— Obrigado Baek, podemos ir para casa agora.

— Obrigado você... podemos sim.

 

Não trocamos muitas palavras, mas até que foi bom, pois tive mais tempo para pensar sobre nós dois. Dizem que as janelas de ônibus, carros, são as melhores para pensar na vida, isso estava começando a fazer sentido. Pensei desde o primeiro dia que eu conheci o Chanyeol, tantas coisas boas aconteceram, as vezes penso, será que ele não tivesse entrado na minha vida, essas coisas teriam acontecido? Eu nunca senti na vida tamanha felicidade antes, minha vida antes de conhecer ele era tão vazia, sem sentido, eu acordava para ir na escola, apenas isso, estudava muito para ser o filho perfeito para os meus pais. Eu não tinha outro propósito, só estudar, estudar e estudar. Meus sonhos sempre ficaram para trás, pois nunca tive ninguém que me apoiasse. Talvez eu devesse mesmo lembrar dos bons momentos que eu passei do lado do Chan, eu o amava tanto, por Deus, ele era o amor da minha vida também, não consigo me imaginar com mais ninguém além dele. Sei que pode parecer besteira, mas eu jamais pensei que gostaria tanto de alguém como gosto dele. Ele é o meu herói, ele salvou a minha vida. Obrigado Chanyeol, eu sou muito grato a você. Eu nunca vou esquecer dos bons momentos que passamos juntos, talvez eu já tenha uma reposta, mas preciso pensar melhor, pensar nos prós e nos contras de cada uma das respostas.

Talvez eu só precise de um tempo para pensar, organizar minhas ideias, assim quem sabe eu consiga responder alguma coisa para o Chan, mas por enquanto, não vou tomar decisões precipitadas. Vamos ver até onde isso vai. Mas, antes de tudo, eu te amo Chan. Saiba que qualquer decisão que eu tomar, vai ser para o nosso próprio bem.