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História Segredos Primaveris - A-mary-llis


Escrita por: CameliaBardon

Notas do Autor


Oioi gente bonita ♥ como vão vocês? Hoje venho trazer esse mini-conto (três capítulos, talvez?) que é super levinho e docinho, para acalmar os nervinhos na quarentena, né?
O nome do personagem não foi dito propositalmente de início, pra vocês se deleitarem na hora certa, heheheh. E para quem chegou de paraquedas: não se preocupem que é UA. Sejam bem-vindos ♥

Capítulo 1 - A-mary-llis


Fanfic / Fanfiction Segredos Primaveris - A-mary-llis

Para um simples florista, a vida da alta sociedade parisiense era mais divertida de se observar do que de se participar. Havia muito mais prazer em cuidar de suas flores do que em vê-las partindo para as mãos de lordes galanteadores, que mal sabiam como segurar o embrulho sem esmagar os caules. Muito menos diversão em imaginar os sorrisos forçados das senhoritas por já estarem enjoadas de receberem flores como presentes ⎼ de aniversário, de cortejo, de agradecimento… 

No entanto, havia momentos divertidos entre a área rural e os prédios imponentes. Havia também os admiradores que sempre paravam para admirá-las, de longe, sem nunca comprá-las, de fato. Estes eram os mais curiosos e distinto. Ele sempre perguntou-se por quais motivos não o faziam.

Primeiro, havia a senhorinha que com frequência passeava pelo Arco do Triunfo com uma dama de companhia e sua neta. Ela se demorava ao olhar para o carrinho, com o olhar longe como se lhe doesse, porém fosse incapaz de desviar o olhar. Depois, havia os mendigos que se estabilizaram nos degraus de Montmatre. Por último e não menos importante, havia a duquesinha.

Apesar de ser filha de um nobre influente, ela jamais parava para comprar quaisquer flores. O coração do florista falhava uma batida sempre que ela transitava por entre o Jardim de Luxemburgo, religiosamente aos sábados de manhã. Sempre acompanhada da mesma aia, ela namorava as flores vendíveis e admiráveis.

Numa dessas longas manhãs, ela veio sozinha. Talvez tivesse colocado a aia para correr ou marcado um encontro com algum pretendente? Observando-a cheirar o aroma suave, sorriu junto a ela. No entanto, este sorriso apenas se manteve até ela notar que o florista a olhava com insistência. Quando o viu, desviou o olhar.

Ah, céus, pensou o florista, imitando o gesto. Tudo o que precisava para hoje era constranger a filha do duque!

Voltando a tarefa de borrifar água em suas pétalas de rosas selvagens, o florista entreteu-se em fingir ser parte das folhagens, sentindo as bochechas corarem de vergonha. Quando virou-se de costas para organizar as prateleiras do carrinho, escutou passos atrás de si. Em seguida, uma voz doce encheu seus ouvidos:

― É incrível como algumas delas são muito mais bem cuidadas que as do que o Jardim de Luxemburgo! Qual é o segredo para que elas fiquem vistosas deste modo?

O florista virou-se para contemplar a duquesinha, sorrindo curiosamente para ele. As colunas de fofoca ⎼ quando não lhe sobrava mais nada a ler, o florista até lia-as para se divertir com as críticas bem-humoradas ⎼ diziam que ela tinha uma certa beleza, ainda que muito comum e/ou pouco chamativa. Entediante. No entanto, aos olhos dele, vê-la de perto foi como estar de frente com o próprio sol, reluzente e imponente.

Ajustando a boina nos cabelos ondulados, ele sorriu de forma singela com o elogio.

― O segredo? Bem, senhorita, creio que o charme esteja em tratá-las com carinho e respeito. Como as flores de Luxemburgo recebem apenas atenção visual, o efeito na aparência não é tão perceptível.

A jovem assentiu sinceramente interessada no assunto. Fechando o leque e o deixando pender ao lado do corpo. Se achegando para o lado do florista, ela inclinou-se para observar as flores recém-regadas.

― É curioso… e as gotículas de água as deixam ainda mais adoráveis.

― Parecem cristais, não?

― Oh, sim. Cristais de água… ― achando graça, ela sorriu. ― Mas por que algumas delas estão mais molhadas que outras?

O florista olhou para a duquesinha de soslaio, aproveitando-se da pergunta para ajustar o toldo de pano sobre as delicadas flores. O sol já começava a arder sobre suas cabeças; ao contrário dos humanos, a natureza não tinha chapéus disponíveis a seu belprazer.

― Veja bem: cada uma delas tem suas particularidades. Umas amam água, outras murcham com o excesso… umas amam o sol, já outras secam se ficarem muito expostas.

― Ah! Faz sentido, é fascinante…!

Daí, então, ela afagou o próprio braço, constrangida. Lançando um olhar doce para o florista, ela sorriu de escanteio.

― Queira perdoar-me… parecem coisas simples de se entender de antemão. É que eu não… ― pigarreando, ela se recompôs. ― Eu as admiro muito, apesar de não compreender metade sobre elas.

― Um pouco como os humanos… ― o florista murmurou, atraindo o olhar dela. ― Digo, não há necessidade de se desculpar, visto que não há humano que saiba de tudo. Há mais sinceridade em querer sempre ter algo a aprender do que agir como se soubesse de tudo.

A duquesinha pôs-se a pensar no comentário que o jovem lhe fizera. Qualquer outro teria aproveitado a oportunidade para lhe humilhar, fazer troça de sua vulnerabilidade ou tentado sair-se melhor na retórica. No entanto, o florista fora sincero em suas opiniões e… gentil sem interesse em troca. Ela cogitou a possibilidade de ter gasto toda sua sorte numa rodada só, portanto permaneceu quieta. Já o florista, temendo ter dito algo ofensivo, engoliu em seco e pôs-se a pensar no que podia fazer para consertar a situação. 

Buscando entre as flores que não eram tão vistosas e que sempre murchavam por não serem compradas prioritariamente, o florista buscou um pequeno broto de amarílis, quase nascendo. Mantendo o caule intacto, entregou-o a ela um tanto hesitante. Durante o gesto, teve tempo de comparar seus dedos e unhas, manchados de terra, com os dela ⎼ pareciam macios e… intocáveis. Ela o segurou, abrindo um sorriso de orelha a orelha.

― Como é linda! ― erguendo-a ao nariz, seus olhos brilharam de emoção, o que fez o jovem sorrir também. ― Qual é o nome desta?

― É uma amarílis, senhorita. Plante-a num vaso com terra e regue-a uma vez ao dia. Ela ama ambientes ensolarados, e floresce apenas na primavera.

A duquesinha soltou um riso incrédulo, deixando o florista confuso. Procurando recompor-se, ela lhe fez uma reverência, abrindo um sorriso adorável.

― Muito obrigada pelo presente, senhor…?

― Ah! ― corando, ele ajeitou a boina uma vez mais. ― Jade, senhorita. E não me custou nada. Srta. Maillard, estou certo?

― Não precisa tratar-me por estes pronomes entre as flores, senhor. Meus amigos me chamam de Mary.

Ela sorriu, aconchegando a muda junto a si. O florista não pode deixar de acompanhá-la, Mary tinha aquela espécie de encanto contagiante sincero. Infelizmente ou não ⎼ ainda estava por decidir-se se sucumbir aos encantos da duquesinha era, de fato, tão bom quanto aparentava ⎼, Jade não possuía qualquer tipo de autodomínio quanto à encantos.

― Mary? É algum apelido?

― Ah, com toda certeza! 

― Para… Rosemary? Mary-Elise?

A duquesinha olhou para trás, em busca da aia que havia despistado. Esta, trazendo um filhote travesso pela coleira, acenou para Mary, para que a acompanhasse. Era mesmo uma pena.

― Mary, de Amaryllis.

Jade arqueou as sobrancelhas, surpreso com a coincidência. Uma parte de si gostaria de acreditar que aquela fora uma manobra premeditada do destino, porém soube que se tratava apenas de sua imaginação quando observou-a caminhar para longe, os saltos ecoando na calçada conforme sua silhueta se perdia no horizonte.

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Mary deixou sua muda num copo de água, na surdina, enquanto sua querida aia, Ève, lhe providenciava um recipiente com terra. Ève nada disse, porém Mary via seu sorriso de escanteio. Quando esta finalmente sossegou, ela sentou-se na cama da duquesinha, armada de um ferro de passar roupas e um vestido.

― A senhorita está bem sorridente hoje, srta. Mary… me enche os olhos!

― Sempre estou sorrindo, Ève… deve ser apenas sua impressão.

Ève transitou os olhos entre a roupa à passar, à ama e à delicada florzinha. Erguendo uma sobrancelha para o filhote de beagle da ama, até mesmo o animal parecia estar farejando o erro na equação.

― Sei… e não há nada relacionado àquele belo florista que presenteou-a após quinze minutos de conversa?

― Não… ― respondeu a duquesinha em tom sonhador.

― E, igualmente, nada relacionado a terem se afeiçoado um ao outro quase que de imediato, suponho?

― Jamais. Ah, Ève, vossa imaginação é uma dádiva a estes meus pobres olhos e ouvidos inexperientes.

Ève suspirou, compadecida da dor dela. Antes de ser sua aia, ambas cresceram juntas na enorme mansão do duque de Maillard. Com tanto espaço sobrando, não era de se surpreender que fosse uma vida repleta de limites excessivos e solidão para dar e vender.

― Não o aprova ― Mary afirmou, sem olhar para a aia. 

― Pelo contrário. Eu o aprovo, mesmo sem estar em posição de aprovar ou desaprovar. Sempre quero o melhor para ti, minha querida. Se afeiçoou-se a ele, é adorável de se ver. Mas seu pai… 

Mary suspirou, interrompendo o discurso de Ève. Já tinha a ciência do que viria a seguir, após ouvi-lo tantas vezes de formas diferentes.

― Meu pai não aprovaria ninguém menos do que um velho viúvo caquético e podre de rico, apenas para manter a boa reputação da família, quando toda Paris sabe que trai minha mãe com qualquer rabo de saia que apareça na rua.

― Srta. Mary! ― Ève teve a decência de fingir espanto, apesar de concordar com a fala da ama. ― Se ele a escuta dizendo estas coisas a plenos pulmões, não sei o que pode… 

― Eu prefiro viver trancafiada dentro de casa do que dentro de minha própria cabeça, Ève. Posso aceitar com relutância que me digam como agir… agora, controlar o que penso? Jamais permitirei que isso venha a acontecer.

Ève sorriu de escanteio, admirando a coragem da amiga. No fundo, a aia desejava também se dar ao luxo de permitir-se pensar de tal modo; não obstante, a vida que levava não lhe proporcionava regalias.

― O que podemos fazer para ao menos passar um… tempo próximo ao seu príncipe-camponês, srta. Mary?

A duquesinha tentou em vão esconder as bochechas coradas de constrangimento, finalmente desviando os olhos de seu novo bem precioso para encarar a aia nos olhos.

― Isso depende de até onde está disposta a ir sem que comprometa seu emprego… 

Ève aproveitou-se de que terminou de passar o vestido para sentar-se ao lado da amiga. Olhando para ela, Ève tomou as mãos de Mary nas suas, carinhosamente.

― Como lhe disse, o que a fizer feliz, também me fará feliz, senhorita. Emprego? Posso muito bem arranjar outros, uma vez que há apenas uma de vós no mundo.

― E apenas uma de vós em meu mundo ― Mary sorriu com os olhos brilhando de emoção. ― Sempre amá-la-ei de todo meu coração, Ève.

A aia riu de modo tímido, grata pela amizade que cultivaram durante todos aqueles anos. Suspirando e com ânimo recobrado Ève anunciou:

― Não está noiva, portanto… não estarei sendo conivente com nenhuma traição.

― Ah, disso eu duvido ― Ève riu com maldade. ― Podemos ocasionalmente deixar que Wolf se perca da coleira mais vezes, não?

O filhote, ao escutar seu nome, ergueu as orelhas, mesmo que permanecessem caídas. Ambas riram, entreolhando-se carinhosamente.

― Contentar-me-ei em apenas conversarmos uma vez mais. É mais do que já tive na vida.

Mary voltou os olhos para sua amarílis, admirando-a em silêncio. Quem me dera se, como meu nome, tivesse nascido flor…


Notas Finais


Ai, Jade, meu paquera renegado...
Esses dois são só amor ♥ me digam o que acharam, o que esperam dos próximos, tudinho, amo conversar cocêis ♥


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