História Segunda Chance - Jikook (ABO) - Lidando Com as Escolhas

Era a segunda vez que Seokjin levava comida para o loirinho, mas ele nem ao menos a tocou. Só ficava deitado em sua cama, desejando acordar desse possível pesadelo.

— Você nem tocou na comida, meu anjo. — O mordomo comentou, retirando a primeira bandeja e sobrepondo a segunda no lugar. 

— Estou sem fome. — Suspirou.

— Mas você não pode ficar sem comer. Vai ficar fraco. — Tentou argumentar, mas o menor não respondeu. Ele então se sentou na cama. — Eu sei o quanto isso dói, já me decepcionei com alguém uma vez. Um beta. Mas Jimin, você precisa reagir, levanta dessa cama e vai conversar com ele, tenta ouvir um pouco do que ele tem para te falar. Quem sabe assim ele não te escuta também, e esquece de fazer... Aquilo.

— Jin, eu não quero ver o Hungguk nunca mais.

— O nome dele é Jungkook...

— Não interessa! — Ralhou sentando-se também. — Seja lá quem aquele alfa for, quero que ele suma das nossas vidas!

Seokjin passou a mão pelo cabelo do rei, enquanto lamentava interiormente por ele estar passando por aquilo. Estava tão animado e feliz, e de uma hora para outra tudo muda. Aquele que ele pensou ser o amor da sua vida, apenas estava lhe usando para vingar-se de seu pai.

Ele não queria ver o menino assim, ele é sempre tão gentil e alegre. Vê-lo com o coração entristecido e se enchendo de rancor, era como um tormento.

— Vou deixar pelo menos essa vitamina, quando eu voltar quero ver o copo vazio.

Jimin apenas suspirou, o mais velho compreendeu aquilo como um sim, e saiu um pouco mais despreocupado. O ômega precisava ter o seu momento sozinho, conversar com ele ainda não era uma boa ideia.

Quando o tempo já estava quase escurecendo, Jimin sentiu seu estômago reclamar pela falta de alimento. Havia tomado apenas a vitamina deixada por Seokjin, sabia que não iria aguentar passar toda a noite e madrugada sem comer nada.

Preferiu esperar um pouco mais, até que todos estivessem dormindo e aí então ele poderia ir para a cozinha sem correr o risco se encontrar o alfa.

Pegou sua lamparina de mão, tinha um pouco de óleo ainda, daria tempo de ir, pegar um lanche e voltar. Quando já estava voltando, tentando equilibrar em uma mão a bandeja com um copo de suco e alguns biscoitos, a chama da lamparina apagou.

— Ótimo! — Ironizou.

Ele respirou fundo e comprimiu os olhos, tentando se acostumar a escuridão. Estava a apenas alguns passos do seu quarto, era só caminhar reto, não tinha erro.

Deu o primeiro passo com cuidado e depois o segundo, estava indo bem. Até que seu corpo trombou contra o de outra pessoa, e teve o corpo jogado para trás.

A sua bandeja com tudo o que estava em cima, e também a lamparina, foram jogados ao chão, fazendo o maior estardalhaço.

Pensando que se tratava de Jungkook, tateou pelo chão em busca de alguma coisa que pudesse usar como arma, suas mãos foram de encontro a bandeja de prata e sem demora, ele a ergueu e acertou várias vezes seguidas na silhueta que se levantava na sua frente.

— Ai! Ai! Para! Sou eu! — Era a voz do amigo de Jungkook.

— Hoseok ? — O loiro a reconheceu de imediado, cessando o ataque.

Enquanto ambos se levantavam guiando-se um ao outro, algumas luminárias foram acesas revelando a chegada de Jungkook por um lado, Seokjin e Yoongi por outro.

— O que está havendo aqui ? — Demandou o rei alfa. Ele olhou para Hoseok e depois para Jimin, percebeu um machucado em seu braço e caminhou em sua direção. — Você está bem ?

Instintivamente, Jimin se afastou e se escondeu atrás daquele em que estava mais próximo, Hoseok.

— Uh... — O alfa olhou para Jimin e depois para seu amigo. — Eu estava indo para a cozinha, não quis ascender as luzes para não incomodar ninguém.

Ao terminar sua fala, Jimin se afastou dele também, e sem olhar para os que estavam alí, virou-se com pressa voltando para seu cômodo.

— Eu vou pro meu quarto. — Pronunciou.

Jungkook olhou para o chão e se abaixou para limpar a bagunça deixada pelo ômega, mas o mordomo tocou em seu ombro para impedi-lo.

— Deixe que eu limpo, Majestade.

— Não, eu limpo. Se ele foi buscar isso é porque está com fome, leve alguma comida para ele, no quarto. — Seokjin assentiu. — E me chame de Jungkook.

— Não é apropriado.

— Pode fazer em particular. — O mordomo assentiu e seguiu seu caminho, para preparar um lanche e levar para Jimin.

— Você está bem ? — Yoongi perguntou ao namorado.

— Estou, ele não bate tão forte.

— Você se casou com um desequilibrado. — O ômega acusou. — Olha o que ele fez com o Hobi.

— Estou bem, amor.

— Ele estava com medo que fosse um desconhecido. — Jungkook argumentou.

— Ele estava com medo que fosse você!

— Isto não tem cabimento. Eu não faria nenhum mal pra ele.

— Você se mostrou ser alguém que ele não conhece e ainda vai matar o pai dele. Não tem por que ele ter medo de você... ? — Yoongi fez uma pausa enquanto passava pelo alfa, junto com Hoseok. —... É, tenta convencer ele disso.

O rei suspirou pensativo, e quando terminou de arrumar a bagunça, foi para o próprio quarto tentar dormir. Seus pensamentos se resumiam à Jimin e ao modo que ele reagiu. Quando conseguiu adormecer já estava quase amanhecendo.

[...]

Os servos puseram a mesa como de costume, no mesmo horário de sempre. O desjejum fôra apenas entre Jungkook e seus irmãos. O rei ômega permaneceu em seu quarto, e tomou o seu café matinal em particular.

Ele passou rapidamente pelo corredor que dava acesso ao salão onde eram servidas as refeições, com medo de encontrar o alfa, mas Seokjin lhe informou que Jungkook se trancou no gabinete do rei, e pediu para não ser perturbado.

— O que ele entende de governar ? —  O ômega perguntou ao mais velho, revirando os olhos.

— Não sei. Mas ele está com o tal Hoseok, parece que ele é um homem de estudos.

— Aquele lá é outro mentiroso! São farinha do mesmo saco.

— Não deveria falar o que não sabe, garoto. — O rei assustou-se com a voz de Yoongi surgir próxima de si.

Ele seguiu o som da voz e descobriu o castanho de frente a porta do antigo gabinete do seu pai.

— Pra você é Majestade. — Jimin informou arqueando uma sobrancelha.

Yoongi franziu o cenho, olhando-o de cima à baixo.

— E se eu não quiser, vai fazer o que ? — Inquiriu, dando um passo para frente.

— Não tenho tempo para isso. Preciso ver se aquele alfa não está fazendo nenhuma bobagem. — Revirou os olhando tentando passar, mas o outro ômega não permitiu. — O que pensa que está fazendo ?

— Jungkook foi bem claro quando disse que não quer ser incomodado por ninguém. — Cruzou os braços e acentuou: — Ninguém.

— Saia da minha frente. — Jimin ordenou.

— Não.

— Ora, seu, seu... Seu nanico, saia já da minha frente!

— Você é mais baixo do que eu. — Respondeu com desdém e em seguida reafirmou: — E você não vai passar.

— Eu vou contar até três...

— Não seria melhor você fazer isso mais tarde, Jimin ? — Seokjin perguntou aflito, querendo evitar uma briga. — Há outras obrigações a serem vistas.

— Não, Jin, eu quero entrar e eu vou!

— Só passando por cima do meu cadáver. — Yoongi enfatizou.

— Não seja por isso! — Jimin partiu para cima do outro ômega, agarrando seus cabelos castanhos.

— Por deus! — O mordomo tentou intervir, mas ao se aproximar de ambos, recebeu uma cotovelada no nariz, por acidente.

Seokjin se afastou levando a mão até o nariz e percebeu que estava sangrando. Ele chamou pelos guardas algumas vezes, para obter ajuda, mas acabou chamando mais a atenção dos outros dois que estavam dentro da sala.

— O que houve ? Eu ouvi gritos... — Jungkook perguntou ao abrir a porta. Mas a cena que viu fez seus olhos se arregalarem.

Os ômegas estavam atracados pelo chão. Jimin não soltava o cabelo de Yoongi, enquanto o outro segurava um pulso do loirinho tentando fazê-lo soltar e a outra mão no rosto, empurrando-o.

— Meu deus! — Hoseok se aproximou, saindo da sala.

Quando segurou o namorado erguendo-o do chão, recebeu um chute vindo muito provavelmente do loirinho, grunhiu com a dor mas continuou na tentativa se separar.

Jungkook colocou-se a ajudar, indo na direção de Jimin e segurando seus braços. Ambos os alfas puxavam os outros dois para lados opostos, e após muito esforço conseguiram separar.

— O que aconteceu aqui ? — Jungkook perguntou.

— Solte-me! — O rei ômega ordenou mas foi ignorado.

— Jimin queria entrar na sala mas ele não queria deixar — Seokjin explicou apontando para Yoongi. — Eu tentei interceder, mas... — E mostrou as mãos e o nariz ensanguentados.

— Vá cuidar disso. — O rei Jeon indicou, e o mordomo assentiu.

— Yoongi, pelo amor de deus, ele é o rei! — Hoseok repreendeu o ômega.

— Estou pouco me lixando para isso. Ele não passa de um garoto mimadinho que não sabe nada do mundo! — O ômega se debateu, soltando-se do mais alto. — Não sou eu que você precisa segurar, é esse selvagem! — E saiu pisando fundo, sendo seguido pelo alfa.

— Quem é o selvagem ?! — Jimin gritou tentando acertá-lo com um chute. Ele impulsionou o corpo para trás, apoiando-se no peito do moreno e lançou as pernas para frente.

Jungkook, por sua vez, aproveitou a ocasião e não deixou o ômega encostar os pés no chão novamente, e o levou para dentro da sala, trancando a porta logo em seguida.

— Abre essa porta. — Jimin pediu com a voz alta. Ainda estava sendo levado pela adrenalina.

— Precisamos conversar.

— Não tenho nada a ser dito pra você.

— Mas eu sim...

— Mas eu não quero ouvir! — Jimin respondeu, forçando a maçaneta da porta. — Abre isso!

— Eu vou abrir, mas antes você vai me ouvir. É melhor que se sente. — Jungkook informou, sentando-se em um sofá e indicando com a mão, para que o loiro fizesse o mesmo.

Jimin bufou revirando os olhos e vendo que não tinha escolha, se aproximou e sentou na outra extremidade do estofado.

— Quem é você de verdade ? — O ômega perguntou. Seu tom de voz era baixo mas o rosto mantinha-se firme.

— Meu nome verdadeiro é Jeon Jungkook. Há muito tempo quando este reino ainda não existia... — O alfa contou toda a história, através do seu ponto de vista. Ao final, sua respiração estava pesada e seus punhos cerrados. Era sempre doloroso para ele lembrar-se do passado. —... Eu não tenho nada contra você Jimin, mas acontece...

— Se não tem nada contra mim, por que vai matar o meu pai ? — Perguntou interrompendo o alfa. — Não percebes que eu o amo e se fizer qualquer coisa contra ele, estará atingindo à mim ?

— Você precisa entender. Ele deve pagar pelo que fez!

— E se ele não fez ? E por que eu deveria acreditar em você ? — Jimin supôs. — Ele é o meu pai, e você é apenas um estranho que eu pensei que conhecia... Mas só me usou.

— Eu não sou nenhum estranho, Jimin. — O alfa argumentou, mas o outro apenas suspirou sem acreditar. Seus olhos baixaram para seu pulso, e Jungkook viu sua metade do coração. Ele então puxou o tecido do punho para cima, deixando a pulseira exposta. — Vê ? É igual a sua. Não foi a sua mãe que te deu. — Jimin a fitou com atenção, tocando a sua própria, no pescoço. — Eu fiz quando você tinha apenas um ano, e eu sete. Eu costumava brincar com você, enquanto a minha mãe estava ocupada. Ela cuidava da gente...

— Onde ela está ? — Jimin perguntou com os olhos marejados. — A sua mãe.

— Ela tirou a própria vida. — Jungkook informou, fechou os olhos por uns instantes e respirou fundo. — Logo depois que seu pai chegou contando todas naquelas mentiras!

— E-eu não acredito em você! — Acusou levantando-se do sofá. — E se você era mesmo esse menino que diz ser, ele não existe mais...

— Tem razão, ele não existe mais. — Levantou-se também. — E eu não estou mentindo.

— O meu pai é um homem bom. Nunca faria aquilo. — Jimin afirmou negando com a cabeça. As lágrimas já começando a cair. — Você está enganado.

— Ele matou o meu pai, Jimin! — Vociferou. — E vai pagar por isso, você acreditando em mim ou não!

— Eu não vou deixar! — Gritou de volta. Siwon era a única família que lhe restava, ele o amava incondicionalmente e o sentimento era recíproco. Aquele alfa chegou como quem não queria nada, com seu jeito aventureiro, justo e destemido, e Jimin logo se apaixonou pela primeira vez, entregando seu coração de bandeja, mas descobriu que estava apenas sendo usado para a conclusão de uma vingança. Aquilo doía demais. Ele retirou seu colar, com a metade do pingente e atirou no peito do alfa. — Você devia ter morrido com seu pai!

Jungkook segurou o objeto antes que este caísse no chão, e abriu a boca arregalando os olhos. Não podia acreditar no que acabara de ouvir. A sua mandíbula travou no mesmo instante e ele avançou contra o ômega.

Jimin deu alguns passos para trás e acabou caindo sentado em uma poltrona. Olhou para cima e viu o alfa com o braço erguido e pronto para golpeá-lo, ele fechou os olhos encolhendo o corpo e protegeu-se como pode com os braços. Mas de repente, Jungkook parou sua ação ficando apenas observando o loirinho que tremia o corpo com bastante medo.

Ele juntou forças lá do fundo de sua alma, saiu esbarrando em uma bancada com alguns livros em cima, derrubando-os de imediato, abriu a porta e saiu enfurecido.

Jimin levantou a cabeça devagar e quando viu que estava sozinho, abaixou a cabeça novamente e rompeu-se a chorar em demasia.

[...]

Quando anoiteceu, Seokjin passou em seu quarto mas ele não estava lá. conhecendo bem o ômega, supôs que ele estava possivelmente no quarto de Siwon, e quando encaminhou-se para lá, encontrou o menino vestindo-se para dormir.

— Perdoe-me pelo seu nariz. — Informou sem saber ao certo se havia sido de fato ele a causar aquilo.

— Não se preocupe com isso. — Afirmou sorrindo doce e ao ver a expressão de choro ainda presente na face alheia, se aproximou. — Eu não gosto de lhe ver assim.

— Você acredita no que ele diz ? — Jimin perguntou ao mordomo. — Sobre o meu pai.

— Eu não sei, meu querido. — Seokjin foi sincero. — Seu pai é um bom homem, mas acredito que Jungkook lá no fundo também seja. Ele não faria isso se não estivesse sentindo muita dor no coração.

— Ele vai matar um homem inocente, Jin! — O ômega exprimiu sentido. A qualquer instante voltaria a chorar novamente.

— Shh, calma... — Puxou o loirinho para um abraço. — Tudo vai se resolver, não chora.

E passando alguns minutos com o mais novo, Seokjin cantarolou uma música apenas em murmúrio, enquando acariciava os cabelos do menor em seus braços. Logo depois, quando o menino se acalmou, o mordomo se retirou do quarto, para cuidar de algumas coisas antes de dormir.

Absorto, Jimin estava deitado na cama, olhando o teto enquanto pensava em uma solução para seu problema.

Amava seu pai.

Amava Jungkook.

Estava perdido em uma incógnita.

Ele tinha que fazer uma escolha, e ela embora fosse difícil, apenas o alfa mais jovem pretendia extirpar a existência do outro.

Ergueu o corpo sentando-se na cama, passou os olhos no criado mudo e suspirou. Ele abriu a gaveta e pegou a adaga que Jungkook havia lhe entregue na floresta em uma noite passada.

Estava decidido. Ceifaria a vida do alfa, antes que ele matasse o seu pai.

Levou um susto quando a porta do quarto fôra aberta, e Jungkook entrou fechando-a posteriormente.

— O que veio fazer aqui ? — O ômega indagou escondendo a lâmina.

— Dormir ? — Perguntou retoricamente.

— Você não ficar aqui.

— Jimin nós somos casados. Vamos dormir no mesmo quarto você querendo ou não. — Informou enquanto retirava a camisa, para tomar banho. — Pelo menos isso.

O loirinho revirou os olhos respirando pesadamente acompanhando com os olhos, o alfa entrar no banheiro.

Ele então deitou-se na cama, com o corpo de barriga para cima e as pernas juntinhas, todo coberto. Por baixo do edredom ele segurava a adaga com firmeza entre ambas as mãos.

Quando Jungkook saiu do banheiro, estava completamente nú. O ômega sentiu seu coração bater mais rápido, com medo do que ele poderia fazer. Seu corpo congelou e ele apertou o objeto em suas mãos com tanta força, que os ossos dos seus dedos estavam ficando evidenciados.

O alfa apenas vestiu um pijama e deitou na cama, ao lado do loiro.

— Boa noite, jimin. — Mas o menor não respondeu.

Supunha que o alfa tentaria tomar o seu corpo, pela lua de mel ainda não consumada. Mas estava enganado.

Vários minutos depois, Jimin olhou para o lado e viu o alfa ressonando de costas para si. Parecia que estava dormindo tranquilamente. Ele então se levantou e sentou na cama, de joelhos, estudando o melhor jeito de golpeá-lo fatalmente.

Também estava criando coragem para realizar tal ato.

Levou a mão direita que empunhava a arma lentamente, e encostou o metal gelado no pescoço do alfa, exatamente na altura da sua jugular. Sua mão começou a tremer enquanto seu corpo suava frio.

“Vai mesmo fazer isso ?” perguntava a si mesmo, enquanto tomava coragem.

— Você vai me matar, Jimin ? — Levou um susto caindo para trás ao ouvir a voz do alfa. Jungkook levantou-se também sentando na cama, e ordenou com sua voz de comando: — Larga essa adaga.

No mesmo instante, Jimin sentiu o corpo amolecer, e seu braço cair devagar sobre a cama. Seu punho fôra liberando a arma do aperto contra a dua vontade. Sua mente ordenava para que a empunhasse e acertasse o coração do moreno, mas seu corpo obedeceu a ordem do mesmo.

Jimin viu o alfa se aproximar e olhou para o lado, fechando os olhos, apenas esperando aquelas mãos lhe tocarem. Mas Jungkook apenas pegou o objeto cortante e guardou dentro da gaveta ao seu lado.

— Você vai ficar quieto e deixar-me, ou eu vou ter que te amarrar na cama ? — Jimin apenas engoliu em seco, encolhendo o corpo e ficando na beirinha da cama, o mais longe possível do moreno. — Você vai tentar me matar outra vez ?

Jimin negou com a cabeça.

O alfa suspirou pesadamente olhando o enorme espaço entre eles no colchão, estipulado pelo loirinho. Ele se levantou da cama levando consigo um travesseiro e caminhou até o guarda roupas. Pegou para si um lençol e seguiu para o estofado grande e espaçoso, que compunha a decoração do quarto.

— Eu vou dormir no sofá. — Informou sem olhar para o ômega.

Jimin franziu as sobrancelhas sem entender, contudo, não achou aquilo ruim. Voltou aos poucos para o seu lugar na cama, mas sem tirar os olhos da direção de onde Jungkook estava.

Ele pretendia não dormir aquele noite, ficaria de guarda a fim de impedir qualquer investida do alfa. Porém, os seus olhos fechavam-se sozinhos e automaticamente quando as pálpebras ficaram pesadas. Vez ou outra ele despertava e voltava a olhar para o sofá.

Enquanto isso, Jungkook dormia tranquilamente.

Jimin acabou pegando no sono pesado. Estava com o rosto no travesseiro e o corpo todo largado e esticado em formato de xis.

Acordou em um sobressalto olhando para trás. Ele viu o sofá vazio e respirou aliviado.

Ficou ainda deitado por um tempo, trocou suas vestes após fazer suas higienes e tomou café da manhã na cozinha, na companhia de Seokjin.

— Onde está o Jungkook ? — O loiro perguntou enquanto passava geléia em uma torrada.

— Saiu com o guarda pessoal dele, para tratar de um assunto delicado... — O mordomo não quis falar, mas o rei alfa havia ido tratar de sepultar os restos mortais de Jeon Hyuk em um lugar apropriado, junto de onde sua mãe descansa.

— Hm... — Murmurou desconfiado mas não perguntou nada a respeito. — Quem é o guarda pessoal dele ? Não me diga que é o Namjoon!

— Não. O Namjoon foi escalado a chefe dos sentinelas.

— E quem... — Jimin arregalou os olhos, o ômega mais velho já sabia qual seria a sua pergunta e antes de responder, eles ouviram um pigarro vindo da direção da porta. — Tae!?

O loirinho se levantou da mesa e correu ao encontro do seu amigo, abraçando-o com força.

— Hey! — O alfa deu um passo para trás sorrindo, devido ao impacto do corpo menor ao seu. — Também senti sua falta.

— Veio me visitar ? — Perguntou ainda abraçado.

— O rei Jeon ordenou-me a voltar para ser teu guarda novamente. — Jimin franziu o cenho sem entender o motivo daquilo, mas não iria objetar. — Seu pai me pediu para te falar que seja forte.

O ômega separou o abraço e ficou olhando-o a medida que ficava emocionado ao lembrar-se do pai.

— E-ele disse isso ?

— Sim. — Taehyung confirmou. — E pediu para que eu cuidasse de você.

Jimin comprimiu os lábios evitando o choro mas quando o alfa puxou-o de volta ao abraço, ele desatou a chorar outra vez.

— Oh, quase ia me esquecendo. — Seokjin levantou-se chamando a atenção dos dois. — Vou levar um lanche para o Hoseok, ele está desde cedo no gabinete trabalhando.

— Deixa que eu levo. — Jimin se prontificou, secando algumas lágrimas. — O mordomo fez uma expressão de quem iria repreendê-lo mas o rei voltou a tomar a fala. — Não vou fazer nada, só levar a comida e ver o que ele está fazendo. Apenas isso.

— Não me venha com novas confusões. — Seokjin comprimiu os lábios, organizando a bandeja.

— Se aquele ômega metido não ficar no meu caminho outra vez...

— Que ômega ? — Taehyung quis saber.

— Amigo do rei Jeon. — Seokjin explicou. — Aqui, leve para o Hoseok e não se preocupe que o Yoongi não está aqui. Ele foi com Jungkook.

Jimin assentiu e pegou a bandeja equilibrando-a com as duas mãos. Enquanto o mordomo ficou explicando ao guarda sobre os últimos acontecimentos no palácio.

[...]

— Hoseok ? — O rei chamou da porta, para que o outro lhe ajudasse a abri-la.

— Oh... — O alfa exprimiu ao ver o loirinho diante dele. — Deixa que eu pego.

Hoseok pegou o objeto e entrou na sala, sendo seguido pelo ômega. Ele colocou a bandeja em cima da mesa e sentou-se olhando para o menor, que bisbilhotava alguns papéis

— Pode ficar a vontade, só quero ver o que esta fazendo. — Explicou ao alfa.

— Eu estava planejando algumas ações de responsabilidade social, sabe, algumas famílias das colônias ainda vivem sob condições de extrema pobreza... — Jimin pegou um dos papéis com o cenho franzido e viu  que era mesmo verdade o que aquele alfa estava falando. —... Mas é claro, se vossa Majestade permitir. — Hoseok se levantou e ficou de frente para o menor. — Olha, eu sei que essa situação toda é bastante lastimável para você, mas, o que eu puder fazer para ajudá-lo eu farei. Pode contar comigo Majestade.

Jimin sentiu verdade naquelas palavras. Ficou emocionado ao ouvi-las e sorriu a vontade.

— Obrigado. Eu vou sair, deixar você comer sossegado. — Hoseok assentiu com uma reverência e quando o ômega chegou a porta, concluiu: — Você está fazendo um ótimo trabalho.

O alfa sorriu satisfeito e quando Jimin deixou a sala e fechou a porta, ele iniciou sua refeição, sentindo que tirou um peso de suas costas. É claro que ele sentia e muito pelo ômega. Não era de acordo com as atitudes de Jungkook.

Durante o tempo em que seguia pelo corredor, vagueando e buscando algo para fazer – desde que tornara-se rei as suas lições foram todas canceladas. –, pois sentia-se entediado, sentiu algumas cólicas em seu baixo ventre.

— Aah, não... — Gemeu frustrado. Sabia que aquelas dores enjoativas era sinal do seu cio.

Apressou-se a ir até a cozinha a procura de Seokjin, mas não o encontrou. Avisou para uma beta para que quando ela o encontrasse, lhe passasse o recado de que ele estava esperando-o no antigo quarto de Siwon.

A serva tomou aquilo como uma ordem de procurar o mordomo e saiu em sua busca. Seu corpo trombou contra o de Taehyung, e esta aproveitou a ocasião para perguntar se ele sabia do mordomo.

— Eu acho que ele foi ver se deu tudo certo com o tal Hoseok. — A serva o olhou sem entender de qual lugar ele estava falando. — No gabinete real. — A mulher assentiu e saiu na direção do local informado, mas antes de se afastar o alfa a puxou pelo braço. — Por que estais a procura de Seokjin ?

— O rei Jimin mandou. E ele não me parecia muito bem. Ele caminhou um pouco zonzo pro quarto do antigo soberano.

— Eu vou ver o que aconteceu. — O alfa articulou. — Chame Seokjin.

Taehyung seguiu até o cômodo onde Jimin estava, e assim que chegou, sentiu seu aroma acentuado de rosas. O guarda respirou fundo e logo compreendeu. O ômega havia entrado no cio, e ele não iria entrar no quarto com o loirinho daquele jeito, afinal de contas, ele era um alfa.

— Tae ? — Ouviu a voz manhosa de Jimin através da madeira. — Eu sei que você está aí... Vem aqui, por favor...

Taehyung respirou fundo e abriu a porta. Jimin estava em cima da cama, ofegante e com alguns botões de sua camisa aberta. Ele passava uma mão pelo pescoço e peito, fitando-o com olhos felinos e um leve sorriso no rosto.

— O seu cheiro é tão... — Fez uma pausa farejando o ar com os olhos fechados. Quando os abriu, umedeceu os lábios novamente e no final, deu uma leve mordida no inferior. —... É tão bom, TaeTae...

— Jimin eu... Você... Eu vou... — Taehyung gaguejou engolindo em seco.

— Vem aqui... — Pediu dando duas tapinhas no colchão, um pouco a sua frente. 

Taehyung, mais uma vez, respirou profundamente e seguiu até onde o ômega pediu. Estava concentrado em não deixar o seu lobo despertar-se com todas aquelas insinuações e aqueles feromônios do ômega.

— Seokjin já está vindo... — Informou tentando manter a seriedade.

— Hmm... Eu não quero o Seokjin... — Engatinhou na cama e ficou ao lado, praticamente colado no braço do guarda. — Deixa eu te contar uma coisa... — Apoiou uma mão no ombro do alfa e colou os lábios em sua orelha. —... Eu quero que me toque, TaeTae... — O ar quente que saía da boca entreaberta do loirinho fez os pelos da nuca de Taehyung se eriçar. —... Lá embaixo...

O alfa engoliu em seco olhando pasmo para Jimin, mas antes de qualquer ação sua, o loirinho levou sua outra mão até seu rosto e encostou seus lábios nos dele.

Taehyung arregalou os olhos mas não se afastou. O rei segurava seu rosto com firmeza e não iria deixá-lo se afastar. Contudo, quando o alfa sentiu sua mão ser guiada pelo menor, e ser posicionada exatamente em cima membro ereto de Jimin, ele separou o beijo.

— Jimin! — Exclamou atônito.

Quando o ômega abriu os olhos lentamente, Taehyung percebeu seus olhos azuis como o céu, e é claro, aquilo era o seu lobo no comando. Jimin não iria se comportar daquele modo. Não com ele.

— Sim ?... Ahn... — Gemeu apertando sua mão por cima da de Taehyung em seu falo. — Gosto quando meu nome soa com a sua voz.

— Acho melhor eu ir embora. — Tentou se levantar, mas o ômega sedento o puxou novamente.

— Não... — Abriu sua calça e segurou a mão de Taehyung colocando-a dentro de sua roupa. O alfa permaneceu com ela parada ao sentir a pele sensível do membro de Jimin. — Movimente-a... — Pediu.

Taehyung permaneceu parado. O loirinho então começou a mover por ele, estimulando-o usando a mão do alfa. Ao mesmo tempo, ele segurou o rosto do mais alto com a outra palma, e voltou a beijá-lo.

Aos poucos, o ômega foi retirando a sua mão de cima da dele, e Taehyung automaticamente continuou a masturbá-lo por conta própria.

— Hmmm... — Jimim gemeu alto quando chegou em seu ápice, gozando na palma do alfa. — Isso foi tão revigorante. Poderíamos até fazer mais vezes... — Sugeriu sorrindo manhoso.

O alfa retirou sua mão de dentro da roupa alheia. Jimin tentou impedi-lo de levantar, mas desta fez Taehyung puxou o braço com mais força.

— Eu vou pedir para que Seokjin lhe traga um chá.. — Informou com a sua voz grave e firme.

O loiro inclinou a cabeça para o lado, fazendo um pequeno bico em seus lábios. Taehyung virou-se se costas antes que o lobo ômega voltasse a tentar seduzi-lo.

Quando Taehyung abriu a porta do quarto e saiu, fechando-a seguidamente, ele deu de cara com Jungkook, parado de braços cruzados encostado na parede de frente a porta e com um olhar raivoso.

Continua...