1. Spirit Fanfics >
  2. Segunda Chance >
  3. Capítulo VII

História Segunda Chance - Capítulo VII


Escrita por: rose_apothecary

Notas do Autor


Estou completamente sem palavras pra expressar minha felicidade ao constatar que essa história chegou a mais de 100 comentários! Nem nos meus melhores sonhos eu esperava isso, ainda mais com 6 capítulos! Muito obrigada a todos que estão escrevendo os reviews, aos que estão em cada capítulo aqui, aos tiram um pouco de tempo pra vir nessa fic quando dá, aos que apareceram agora...E a todos que comentam no twitter e fazem propaganda por lá! Até um meme do Pedro desmaiando eu já e fez meu dia de tanto que eu ri! Vocês tem um lugar reservado no meu coração. Estou transbordando de felicidade.
Na alegria de postar o Capítulo VI semana passada esqueci de dizer algumas coisas: eu sei que vocês estão ansiosos pra Teresa finalmente saber do passado e pra gente ver um pouco dos pensamentos dela e eu também sei que foi um balde água fria ela não se interessar pelas visões do Pedro agora, mas acalmem-se! Tudo tem seu tempo. O último capítulo não quis dizer que ela nunca saberá e sim que não vai ser agora.
Algo que eu sempre fico de falar e sempre esqueço é que eu tenho o costume de escrever ouvindo música instrumental me ajuda muito! Geralmente eu escuto trilha de filme e uma que tem sido minha maior companheira nessa jornada é Somethings We Should Never Forget. É tão linda se alguém se interessar em ouvir fica a dica!
É isso boa leitura!

Capítulo 7 - Capítulo VII


Eram nove da manhã e o Sol do Rio de Janeiro não perdoava ninguém, principalmente a pequena comitiva familiar que se dirigia ao restaurante para realizar o café da manhã. Pedro havia separado uma roupa mais leve para o dia que se seguia, mas assim como todos ali, ele sofria com o calor tão cedo de manhã. Estavam todos muito cansados, o astrônomo mesmo havia dormido apenas cinco horas, pelo que o relógio do quarto em que se hospedou indicava naquela madrugada, ao que parecia ele e Teresa haviam virado a noite conversando até que ele a deixou com uma proposta na porta do quarto dela.

O desânimo e ressaca pós-festa eram multiplicados pelo ar seco, ingredientes perfeitos para deixar qualquer um irritado, especialmente Pedro. Contudo, o oposto acontecia, ao invés de se sentir pesado com o calor matinal, Pedro era o mais leve dos homens. Ele havia tirado dois pesos de suas costas, primeiro por ter feito aquela inusitada proposta. Não sabia se fora culpa da bebida  que aquela ideia brilhante havia lhe ocorrido, mas aquilo pouco importava agora. O mais importante era que como aquela manhã de primavera, a mente dele estava clara e ele sabia como agir daqui para frente.

Seguir ao lado de Teresa, ajudando ela e no que fosse preciso era o caminho. Ao garantir que ela pudesse contra atacar as farpas que recebia da mãe, ele foi capaz de involuntariamente acalmar seus próprios demônios. Porque havia nele dois Pedro, aquele primeiro privado de uma vida normal por uma série de responsabilidades que detestou o acordo matrimonial de uma maneira tão forte que acabou sendo cegado por aquele ódio. Por esse Pedro o astrônomo não nutria nenhuma compaixão, gostava até de pensar que estava fazendo raiva nele ao propor mais uma vez um relacionamento com base em um acordo. Esse Pedro merecia ser contrariado e talvez pela primeira vez na vida ele estivesse sendo.

Havia também o velho Pedro, a culpa que atualmente o astrônomo carregava foi herdada dele. Um sentimento tão forte que manchou sua alma e agora parecia ser parte da sua essência. Esse Pedro provavelmente estaria orgulhoso dele. Porém naquela madrugada um  terceiro Pedro finalmente saía das sombras dos outros dois. Alguém de atitude, que poderia controlar seu próprio destino.O astrônomo que cresceu atormentado pela culpa e por visões de uma outra vida, por ações que ele simplesmente abominava as via fazendo sem poder mudar nada durantes as visões. O Pedro atual só queria a certeza que mesmo influenciado por esses dois era capaz de tomar suas próprias decisões.

Pela primeira vez parecia que aquela decisão fora dele apenas. O melhor de tudo é que o astrônomo só tinha a ganhar com aquele plano, isso se a resposta de Teresa fosse positiva. Dessa vez ele possuía uma segunda chance de fazer tudo certo, mais uma vez selando um arco com ela. Só que agora ele iria cumprir tudo à risca e com louvor. Pretendia também deixar que ela ditasse as regras e acataria todas as suas vontades. Claro que Pedro queria agradá-la, mas para sua felicidade ele havia percebido que não havia nada que lhe atraísse mais do que deixar ser encurralado e totalmente levado por Teresa.

Pedro tentava não pensar no beijo deles com frequência para não se deixar levar por ele e desligar da realidade. Mas bastava uma pequena distração que a sua mente já viajava para as matas do lado de fora da casa de Petrópolis onde aos poucos Teresa foi cercando ele entre as árvores, aos poucos aproximando os corpos deles e depois as bocas... É melhor eu parar por aqui...Tentava de todos os jeitos reprimir esses desejos, porque a arqueóloga havia deixado bem claro que eles seriam amigos. Porém agora, com a possibilidade de um relacionamento mesmo que apenas de fachada, era impossível não pensar em como seria tê-la como sua namorada. Ou melhor, como seria ser dela.

E para completar a tumultuada noite de ontem ele ainda havia feito a descoberta de que Teresa sabia que ele a via em suas visões. Claro que ela, sagaz como era, havia matado a charada e mais uma vez mudado toda a trajetória que Pedro havia bolado na cabeça. Ele pretendia dizer tudo a ela e até isso não faria mais porque a arqueóloga não tinha nenhum interesse em saber os ocorridos de outras vidas. Se ela não queria saber, então ele iria tentar não pensar mais nisso também, olhar apenas pra frente. 

Isso por si só lhe trazia muito alívio, mas era mais fácil falar do que fazer. Se Teresa aceitasse a proposta havia um futuro novo para os dois construírem e não haveria muito para Pedro se lembrar dos cometidos pela sua vida passada. Mas se ela não aceitasse...Ele não queria nem pensar, seria a resposta divina de que Pedro estava condenado a pagar por aqueles delitos sem nenhuma chance de redenção.

 Para completar isso tudo havia ainda uma sensação que crescia em seu peito dizendo que o astrônomo devia convencer Teresa a ouvir toda a história…Afinal se ele abrisse o jogo ao menos ela saberia de onde surgiu toda aquela rejeição e crença de que ninguém era capaz de amá-la. Ela saberia de tudo assim como eu sei, assim estaríamos na mesma página, seríamos iguais…E ela me odiaria.Mas agora que tava tudo ocorrendo tão bem Pedro não gostava nem de pensar nessa possibilidade. De qualquer forma, a arqueóloga não estava interessada nisso.

— Pedro! — Luis chamou tirando o astrônomo de seus pensamentos. O namorado de Januária pediu licença e sentou na mesa em que Pedro tomava seu café da manhã sozinho. — Estava mesmo procurando por você. Você viu minha irmã hoje?

—Teresa? Não, acho que ela ainda não levantou.

— Certo, certo. Prefiro que ela escute de mim mamãe foi embora. — pelo pouco tempo que havia passado com Dona Isabel o astrônomo já tinha percebido que a senhora só fazia algo que lhe trouxesse benefícios e aparentemente passar tempo apenas com a família não parecia ser um deles. Mesmo assim ele estava surpreso e seu rosto denunciava isso já que Luís logo em seguida tratou de explicar. — Ela voltou para cidade para resolver alguns assuntos. Mesmo no domingo a empresa não para, muito menos ela, se um dia ela parar pode saber que algo aconteceu.

— Ela parece ser muito requisitada mesmo...  — disse querendo utilizar termos melhores, que fariam jus a mãe de seu cunhado.

— Então você a conheceu...Enfim, não é sobre isso que vim falar, é sobre seu pai. — Pedro ficou tenso em sua cadeira e até largou a xícara de café que ele rodava levemente esperando que o líquido esfriasse. O que seu pai teria aprontado? — Januária está muito preocupada com ele. Disse que o comportamento dele mudou demais, que está mais agitado que o normal.

— Sim, eu notei uma certa animação da parte dele, acho até que é algo bom. Papai tem sido muito apático nos últimos anos, Francisca chegou até a pensar que ele poderia estar deprimido.

— Eu também disse que essa predisposição era algo bom, mas sua irmã está resoluta. Ela acredita que ele está aprontando alguma coisa.

— Ela acha que ele pode ter voltado a beber? — não que seu pai tivesse parado, porém nos últimos anos ele foi capaz de contornar o problema raramente ficando bêbado.

— Não queria entrar nesse assunto...é da família de vocês.

— Mas você vai fazer parte dela, pode fazer livremente — Pedro disse dando um leve tapa nas costas do cunhado. Ele gostava de Luís, além dele fazer sua irmã feliz o rapaz seria uma adição à família Alcântara já que mesmo noivo já estava participando ativamente dos problemas dela — Alias bem vindo a família, nada melhor do que começar com o pé direito tendo que resolver os transtornos causados pelo patriarca dela…

— Eu não acho que seja o caso, eu não cheguei a vigiar seu pai ontem, mas pelo que vi ele não estava bebendo. Nenhum copo. 

— Isso é novo…

— Ele me parece bem focado também. Pode ser que não seja nada, eu só estou te dizendo isso porque Januária está preocupada.

— Você fez bem Luís, obrigada por se preocupar com os dois — ele realmente não sabia que atitude tomar, torcida para que realmente não fosse nada demais. — Bem, acho que o melhor a se fazer é conversar com ele, de certo que não é nada. Pode deixar eu me responsabilizo.

Luis então se despediu e foi se sentar com os irmãos que conversavam animadamente em outra mesa. Francisca e Maria da Glória também estavam junto ao grupo que não parecia estar abatido pelo calor. Pedro pensou em se juntar a eles, passou a festa longe dos familiares e havia um limite para sua insociabilidade. Foi então que viu Teresa entrar no restaurante e a vontade de se misturar ao grupo de pessoas se perdeu. 

—  Bom dia! —  Teresa exclamou enquanto sentava ao seu lado e depositava uma bandeja cheia de frutas à mesa.

— Alguém acordou de bom humor…

—  Você também parece muito bem humorado enfrentando esse calor a essa hora da manhã. —  ela devolveu. De fato ela estava alegre e até mais leve com um vestido branco e um chapéu na cabeça que só não escondia os cabelos curtos porque eles voavam em todas as direções. Havia tantas coisas que ele queria dizer, que ele deveria contar mas toda a vez que colocava os olhos nela as palavras pareciam fugir. Era mais importante admirá-la. — Por que você está me olhando desse jeito?

—  Você me deve uma resposta… — ela sabe muito bem porque eu estou olhando ela desse jeito!Ou não sabe? Era óbvio não era que ele a achava linda e Teresa se portava de maneira confiante, era capaz de dizer quando era desejada. Mas ela também nunca tinha recebido flores de alguém e não parecia estar familiarizada com cortejos. — E você está linda também.

— Então será assim? Para um namoro de fachada você me parece bem empenhado em agir como se ele fosse de verdade.

— Honestamente...E estamos em um ponto em que eu sou incapaz de tentar esconder qualquer coisa você  — não havia mais segredos da parte dele, a única coisa que Teresa não sabia era porque ela não estava interessada em saber.  — Estou te dizendo isso porque é a verdade, foi exatamente o que pensei quando pus meus olhos em você naquele primeiro dia. E de todas as coisas que eu deixei de dizer pra você em Petrópolis, essa é a mais estúpida porque não há motivos para esconder e deixar de dizer iisso.

— Socorro, eu realmente tenho que me acostumar com isso 

Se as palavras dela não fossem resposta suficiente para responder a pergunta que Pedro fazia em sua mente, as bochechas coradas e o sorriso tímido eram a prova suficiente. Ela certamente não estava acostumada àquele tipo de comentário, não conseguia levantar os olhos de tão sem jeito que havia ficado. Aquilo não poderia ficar assim, ela repetiria e reafirmaria todas qualidades dela até que aquela incredulidade fosse embora de seu rosto.

— Aconteceram tantas coisas ontem a noite que mal pude dizer que sinto muito de não ter te revelado tudo que sabia. Se um dia você ainda quiser saber o que vi, posso te dizer ou você pode ser meu diários…

— Eu aprecio, mas de verdade eu não me importo. Vamos olhar pra frente, okay?

Era o que ele deveria fazer, fazia sentido em fazer isso. Mas não era tão simples assim era? Naquelas últimas semanas havia sido fácil, com seus pensamentos tomados por Teresa e sem nenhuma visão. Só que não seria sempre assim e ele achava que o tom com que a arqueóloga havia feito aquela afirmação não parecia muito seguro. Como se aquele fosse mais um teste para ver se era possível seguir em frente sem ir ao fundo daquela ligação inexplicável que eles possuíam. Se ela está disposta a tentar desse jeito eu também estou. 

O silêncio tomou conta da mesa. Pedro observou os pratos de frutas vermelhas na bandeja dela, os convidados confraternizando em outras mesas e depois a própria arqueóloga pensando no que dizer. Na madrugada anterior, ele havia deixado a suite dela após propor o acordo, a noite fora longa e havia motivo para que ela fosse respondida com pressa. Agora após uma noite de sono, talvez fosse o melhor momento para trazer o assunto de volta.

— Então sobre a sua…

— Primeiro eu preciso dizer que essa foi uma ideia de gênio! Não sei como não pensei nisso antes. — disse Teresa com uma animação que pegou de surpresa. — Mamãe com certeza vai se irritar porque ela não teve um dedo nisso e principalmente porque você é a pessoa perfeita! Totalmente o oposto do que ela valoriza: é calmo, reservado, um acadêmico…

— Essas minhas melhores qualidades porque você está fazendo soar como se elas fossem ruins? 

—  É o que ela faz...Mamãe é capaz de detestar tudo que eu gosto é praticamente impossível que ela não se oponha a você faz exatamente o meu tipo. — Teresa já havia dado indícios que estava interessada nele, a iniciativa do beijo fora dela no final das contas. Mas aquela havia sido a primeira vez que ela tinha manifestado um interesse real nele, como pessoa e não apenas uma atração. O sorriso que se formou no rosto do astrônomo foi tão embaraçosamente grande que foi impossível de não ser notado por ela. —  O que foi? Que sorriso é esse?

—  Então quer dizer que você aceita?

—  Claro que não! —  enquanto ela ria o sorriso de Pedro se desfazia. — Eu nunca faço um acordo sem antes negociar os termos. Certo, quais são os seus?

— Nenhum, qualquer coisa que você decidir está bom. 

—  Você realmente está me dando todo esse poder?

—  Sim, trace o curso e eu irei segui-lo.

— Pedro, que abnegação é essa? Não é possível que você não ganhe nada com isso tudo.

— Mas é claro que eu ganho sua companhia.

— Pare com isso. Por que está agindo assim? Se for por conta de algo que aconteceu antes…

— Não! —  ele não estava cem por cento certo daquela negativa, mas uma vez que Teresa não estava nem um pouco interessada em saber do passado não era necessário discutir o tópico. Além disso Pedro tinha certeza que não importava o que fosse eu não deixaria a arqueóloga enfrentar a  mãe sozinha, principalmente depois de ver em primeira mão como era a relação das duas. — Você pediu para deixar isso para trás e é o que vou fazer. Primeiro, eu quero te ajudar, e se te ajudar significa passar um tempo com você enquanto me apresenta como seu namorado é o que eu vou fazer isso eu faço de bom agrado. —  para Pedro era tão claro que não podia haver benefício maior que estar ao lado dela? Ele só tinha a ganhar — Segundo, parece que eu não deixei minhas intenções claras, eu quero estar ao seu lado, não importa como ocupar o espaço que você estiver disposta a  reservar para mim.

— Céus, acho que não vou conseguir fazer isso….

— Por quê?

—  Esse fingimento só vai contribuir para que você alimente mais esses sentimentos! Sendo que não haverá nada em troca. 

—  Teresa eu tenho ciência disso e estou disposto a fazer mesmo assim. É minha responsabilidade não sua.

— Pedro você é bom demais, não quero...Não quero te iludir, eu não sou capaz de ter esses tipos de relacionamentos, não sou assim, eu...não sei como fazer isso — a última parte ela disse quase sussurrando com medo que as outras pessoas que tomavam café da manhã nas mesas próximas fossem escutá-la. Depois de alguns minutos em que ela lutou para conter o embaraço ela prosseguiu. — Além disso, não quero perder nossa amizade.

— Não temos nada a perder, vamos continuar sendo amigos não importa o que aconteça — ele assegurou segundo a mão esquerda dela, por alguns instantes pensou ter visto uma aliança em seu dedo. Mas não era nada, apenas uma lembrança de um outro acordo que tinha feito, em um outra vida. — E só porque você não sabe não quer dizer que você não seja capaz. Eu posso te mostrar, te levar a concertos, teatros…

— Então você vai enfrentar a minha mãe em troca de encontros comigo?

— Eu realmente disse que receberia em troca sua companhia...Nesse meio tempo o que tiver que acontecer, vai acontecer.

— Certo, precisamos de uma história convincente caso comecem a perguntar sobre nós.

— Não precisamos inventar muito, caso contrário vamos acabar nos perdendo nas nossas próprias mentiras.  Vamos dizer que nos conhecemos na casa de Petrópolis assim como ocorreu.

— Ótimo, todo mundo pode confirmar que eu passei o final de semana lá. Depois você me enviou flores e cartas, mamãe viu algumas delas e meus irmãos também. É perfeito.

— Realmente é o começo perfeito… — e se dependesse apenas de Pedro aquele realmente o começo do namoro deles e ele desejava que futuramente Teresa também concordasse e quem sabe percebesse que eles já estavam se comportando como se estivesse em um relacionamento, ela só não havia percebido. —  Quer dizer então que é oficial? Você aceita minha proposta.

—  Sim Pedro, nós temos um acordo — por alguns segundos Pedro esqueceu a realidade em que se encontrava e por muito pouco não se aproximou de Teresa para beijá-la. Foi uma demonstração gigantesca de autocontrole para não diminuir a distância entre eles, principalmente com Teresa sendo emoldurada pelo Sol da manhã, com um sorriso tranquilo em seu rosto. Seria demais pedir para ter aquela visão todos os dias? Ele esperava que não, e torcia para ser capaz de nunca ser o responsável por acabar com a serenidade dela. — Por que está me olhando assim? Quer um beijo para selar o acordo?

Ela deu uma risada e aproximou o rosto dela do dele. Por vários segundos Pedro realmente acreditou que depois de tantas noites fantasiando como seria beijá-la novamente, apesar de jurar para si mesmo que não estava perdendo tempo sonhando acordado com isso, finalmente iria encontrar os lábios dela. Porém, no último instante Teresa virou o rosto e o beijou na bochecha demoradamente e ainda aproveitou para dar uma risada.

— O que você tinha dito sobre se iludir? — ela dava risadas enquanto Pedro tentava não transparecer que estava constrangido, mas falhando mesmo assim porque a vermelhidão do rosto entregava tudo. — Por sua conta e risco não é?

— Estou trabalhando nisso… — era melhor se acostumar porque se dependesse de Teresa essa provocação seria a primeira de muitas. A arqueóloga parecia ter se divertido muito às custas dele, mas era impossível se irritar com ela não quando aquela artimanha havia rendido melódicas risadas e as mãos de Teresa passando preguiçosamente pelos cabelos de Pedro na nuca.

— Interrompo alguma coisa? — Pedro e Teresa viraram instantaneamente e para olhar para o patriarca da família Alcântara que se sentava à mesa sem cerimônia.

— De forma alguma pai — Pedro conseguiu dizer sem transparecer ser contrariado, porque na verdade ele estava.

— Sou Teresa — a arqueóloga disse docemente estendendo a mão, ela tomou a iniciativa de se apresentar já que Pedro não tinha feito. Ele ainda estava incerto do que dizer, eles haviam acabado de concordar em seguir com o plano do namoro de fachada, mas iriam colocá-lo em prática ali mesmo? — A namorada de Pedro.

— Namorada? Muito prazer — seu pai ficou ainda mais animado, seus olhos até brilharam. Embora Pedro tivesse prometido mostrar a Teresa como era ter um relacionamento, ele não era conhecido por levar muitas namoradas a festas de família. Apenas quando fosse realmente sério — Você não é…

— Irmã de Luís, seu futuro cunhado. É um prazer conhecer o senhor também, Leopoldina já me falou muito de você .

— Só Pedro, por favor, de onde você conhece minha Leopoldina?

— Ela já foi minha professora por um semestre, nos tornamos boas amigas. — para alguém que estava fazendo aquilo pela primeira, Teresa estava mostrando uma desenvoltura gigantesca.

— Pai, que interrogatório é esse?

— Só estou curioso, não é todo dia que você nos apresenta uma namorada. Aliás, em que momento da festa você estava planejando apresentar ela?

— Isso é na verdade minha culpa, não é Pedro? — ela pegou a mão de Pedro e deu um leve aperto esperando que ele confirmasse a história. O astrônomo se limitou a copiar o sorriso no rosto da namorada e balançar a cabeça positivamente — Ontem foi a noite de Luís e Januária não quiseram tirar as atenções deles. É tudo tão recente também…

— Três semanas…nós achamos melhor esperar — disse sem pensar, ele realmente não fazia ideia de como inventar aqueles fatos e dizê-los tão tranquilamente como Teresa fazia. Então decidiu optar por falar a verdade, o que os dois possuíam não fugia muito de um relacionamento real, pelo menos não para Pedro —  Januária me mataria se eu tirasse os holofotes dela em festa de noivado, eu jamais faria isso com ela, embora estou muito tentado a gritar para que todos possam ouvir que estou namorando Teresa.

— Fico feliz por vocês! — disse o pai de Pedro — meu filho, preciso da sua ajuda. Consegui um comprador para nossa casa, é um amigo meu de longa data da Bahia. Ele está vindo para cá ver o imóvel e quero você traga a sua mãe, quero que ela acompanhe a visita.

— Se você acha necessário — o tom descontraído de antes havia ido embora com a retomada do assunto da casa. O que seu pai estava tramando? Era apenas a compra da casa e se sim por que ele precisava da ex-esposa? Essa falta de respostas para algo tão pequeno estava começando a irritá-lo.

—  É extremamente necessário. Traga Teresa se quiser também. Será um momento mundo importante, acho que agora tudo vai se resolver meu filho.


Notas Finais


Finalmente vamos o porquê da venda da casa de Petrópolis e voltar onde tudo começou. Tem uma fala que eu prestei uma leve homenagem ao meu casal favorito mas esse foi um referência que eu fiz pra mim mesma! Fora isso deixei uma pista do comprador da casa que será importante. Vocês provavelmente vão matar quem é...e espero que não queiram me matar.
Vou responder todos os comentários do capítulo passado assim que der, eu ia fazer isso antes mais achei melhor postar antes. Até mais!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...