Se não leu as notas iniciais, volte e leia!!!! <3
Paris ― Dezembro, 2018
Point Of View Katherine La Perla Chermont
O dia estava quase amanhecendo em Paris e eu ainda estava olhando para o teto da casa dos meus avós. O casamento de Megan e Ryan havia sido incrível e poder ter estado presente fez com que eu me sentisse um pouco melhor. Mas estar neste local sem a presença do meu avô e, sem falar com ninguém da minha família era sufocante, eu me sentia péssima e com vontade de chorar a cada vez que viravam a cara para mim. Até Annie parecia ter me esquecido, ela que sempre foi como um pedaço da minha pele.
Theo suspira alto ao meu lado na cama e eu resolvo me levantar e pensar a respeito de como vou tirá-lo da minha vida sem causar danos a ele ou sem que pense que estou o fazendo por querer Justin de volta desesperadamente.
Com grande esforço o tiro de cima de mim e saio do quarto de fininho, usando apenas minha camisolinha de seda.
Talvez um pedaço de bolo do casamento e um gole de água me ajudem a decidir o que fazer a respeito da minha vida.
Agora eu tenho um filho. Responsabilidade com alguém além de mim, tenho contas, preciso de uma casa fixa para ele e não posso me dar ao luxo de ficar me apaixonando ou colocando qualquer pessoa para conhecê-lo, tudo é absolutamente sério e pode mudar a vida dele permanentemente causando danos para sempre e, ele já tem muitos danos com o que se preocupar, a perda da mãe, a saída da terra natal, a vida dele nunca foi fácil, agora eu desejo que seja e assim será!
Termino de descer a imensa escadaria e caminho tentando fazer o menor barulho possível para a copa, lá devo encontrar caixas e mais caixas com doces. Provavelmente ainda deve ter restado um pedaço de bolo.
Entro na cozinha e me deparo com Justin na porta olhando as luzes da torre fumando um cigarro, apenas de cueca. Eu não esperava lidar com uma situação assim e não estava preparada para ficar sozinha com ele. Imediatamente meu coração dispara!
Tento sair da cozinha sem ser notada, mas bato a mão em um pote imenso de vidro para decoração que parecia estar um pouco na ponta demais para o meu gosto. Com o meu gesto de tentar segurá-lo acabo pisando em um mar de vidro espatifado sentindo uma dor aguda no meu pé e quando me dou conta há sangue para todo o lado.
― Merda, Katherine! ― Justin fala me pegando no colo e indo escada à cima.
Posso ver o rastro de sangue que vou deixando e tento segurar meu pé me arrependendo amargamente de tal ato, já que ainda posso sentir um pedaço de vidro no mesmo. Merda!
― Desculpe, eu só queria um pouco de água e um pedaço de bolo, não estava conseguindo dormir, não queria causar tudo isso ― desabafo quando ele me põem sentada na pia de seu banheiro.
― Relaxa Katie, sei que não estava atrás de mim, se o quisesse teria batido a porta do meu quarto e não ido até a cozinha ― ri de canto e eu mordo os lábios com a dor dele mexendo no meu pé.
― Está pronta? Isso vai doer! ― Fala com um tom de prazer.
―Você parece estar se divertindo com isso. ― Gemo de dor por ele puxar sem minha autorização.
Quando me mostra o caco de vidro, meus olhos se arregalam e eu tenho uma vontade forte de chorar me fazendo morder o canto do lábio.
― Você quer chorar? Oh meu Deus. ― Justin fala me abraçando e alisando minhas costas, eu não esperava por isso.
― Doeu muito. ― Resmungo e ele ri.
― Como você pode ser uma mãe se vai chorar quando seu filho se machucar? ― Ri levemente e eu o acompanho.
― Agora eu sou uma mãe. ― Conto e ele me solta assentindo.
Acho que era muito triste para ambos que aquele filho não fosse nosso e aquilo trazia à tona todo o nosso passado doloroso juntos.
Justin lava o meu ferimento com sabão e eu observo o nome de Angel em sua mão direita me fazendo ter vontade de chorar novamente. Quero agarrar sua mão e beijá-la com muita força, pedir aos quatro cantos do mundo e a todos os deuses que me fizessem voltar no tempo, e fazer tudo diferente, mas fazer diferente não me faria tê-lo conhecido, nem vivido metade das coisas que já passei muito menos aprender tudo que aprendi até aqui. Então agradeço a dor, aprendo com ela e dou meu melhor para não agir assim novamente.
― Muito obrigada por ter me ajudado, Justin. ― Desço da pia mesmo sentindo meu pé doer muito e sigo mancando para fora do banheiro.
― Katherine? ― Me chama e eu paro olhando em sua direção.
― Se importa que eu tente algo? ― Pergunta e eu enrugo a testa em confusão.
― O quê? ― Pergunto, mas o mesmo se aproxima como o lobo do cordeirinho, me deixando intimidada.
― Justin... ― Falo quando o mesmo se aproxima demais me deixando completamente bêbada pelo seu perfume, fazendo minhas pernas tremerem.
― Só me deixa... Por favor?! ― Segura me rosto.
Azuis no caramelo, quanto tempo não tenho essa sensação, eu sentia o seu hálito quente próximo ao meu rosto e eu só queria romper aquela barreira, mas algo em mim me travava. Independente de tudo eu era noiva, mesmo que quisesse terminar, aquilo não seria legal e eu não gostaria de compactuar com isto, mas o cheiro dele me deixava tão inebriada que eu quase esquecia o meu nome, em que lugar estava e com chegava a porta mais próxima.
Sinto suas duas mãos dentro dos meus cabelos, seus lábios esmagam os meus e eu havia quase me esquecido de como era a sensação de tê-lo tão perto, era como se não existissem lábios tão macios ou corpo que pudesse me aquecer como o dele.
Droga!
O beijei com toda saudade, paixão e amor que existiam dentro de mim por ele, tudo era dele, mesmo que eu tentasse adormecer isso tudo, não era possível, cada parte em mim fazia parte dele, era como se tivéssemos nos tornado um só corpo e estava difícil para caralho viver sem estar completa.
Quando percebi estava com Justin sob mim em sua cama e eu sentia o seu membro rijo já roçar em mim, aquilo foi como um despertar para mim e eu não queria ir mais adianta com aquilo.
― Justin, para! ― O empurro, mas o mesmo não para.
― Justin, você está me machucando! ― Falo quando o sinto segurar meus dois pulsos com apenas uma mão.
Tento tirar minhas mãos, mas ele é muito forte, mexer minhas pernas é impossível já que ele está no meio delas agarrado ao meu pescoço como uma sanguessuga.
― Justin! ― Grito muito alto, mas não surte efeito algum.
― Quando você se transformou neste monstro que tenta pegar mulheres a força? ― Falo e finalmente consigo me afastar ele o empurrando com força.
― Nunca mais, eu disse NUNCA mais me toque quando eu tiver te mandado parar. ― Me descontrolo e quando ele vem em minha direção segurando meu braço lhe dou um tapa forte no rosto.
― Você me decepcionou hoje como nunca havia feito, mesmo com todas as merdas que cometeu, me esqueça para sempre. ― Falo saindo pela porta e a batendo com força.
ACORDO NA MANHÃ SEGUINTE como se um caminhão tivesse passado por cima de mim e dado ré. Meu corpo dói, minha cabeça e minha consciência está no chão.
― Acordei ontem e você não estava na cama, foi até o quarto do Justin? ― Theo pergunta e eu me encolho.
― Eu pude ouvir os gritos daqui, a casa é grande, mas os ecos durante a madrugada são ferozes. ― Conta e eu me sento na cama olhando em seus olhos.
― Theo, acabou. ― Falo tirando minha aliança de noivado e devolvendo para ele.
― Antes que possa continuar, não acabou porque vou voltar com Justin e nem nada próximo a isso, acabou porque não sou sua propriedade, não sou o alvo que você deve proteger e neste momento meu foco, esforços e amor estão totalmente direcionados a Addae. ― Theo assente, se levanta da cama e tenho certeza que aquela será a última vez que colocarei meus olhos nele.
Quando Theo vai embora não demoro a ir também, me despeço naquela casa, pois sei que não voltarei aqui mais, infelizmente minha família não faz mais parte da minha vida.
Sinto uma forte decisão dentro de mim e acredito que tenha chegado o momento.
Olho para a sacada e o encontro fumando seu cigarro, coloco meus óculos sob a cabeça, lanço o meu olhar de: “você morreu para mim”, entro no carro alugado e o motorista sai da propriedade me deixando com a minha sensação de vazio tão conhecida.
Busco o número na agenda e colocou o celular no ouvido escutando ser completada.
― Bom dia, Scooter! ― Falo.
Continua...
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