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História Segundos - Reflexos


Escrita por: Lucidium09

Notas do Autor


Hoje saiu um capítulo. Só ainda não sei quando poderei postar novamente. Desculpe os erros.

Capítulo 9 - Reflexos


Fanfic / Fanfiction Segundos - Reflexos

 

Ausubel a ouvia chorar silenciosamente dentro do carro enquanto dirigia a caminho da casa da Hooper, afinal ele sabia o tamanho do peso que havia sido colocado sobre as costas daquela mulher, sabia que tinham lhe dado uma escolha, sabia que era uma decisão individual, mas sabia que ela era nobre e fiel e que sempre escolheria se sacrificar para proteger algo muito importante para si, para proteger pessoas inocentes e para proteger seu país. Ela, logo ela que para todos não passava de uma atriz coadjuvante na grande peça da vida tinha recebido o papel mais importante e o aceitou corajosa, abriu mão de sua carreira, do homem que amava e da própria vida. Afinal o prazo havia acabado, hoje Molly Hooper deixaria de existir.

- Molls, eu queria dizer qu-

- Desculpe, por favor me desculpe, não sei se estraguei tudo por causa da besteira que fiz. – Falou uma Molly cortando a fala de Ausubel, falando apressadamente. Ausubel viu de relance um reflexo da antiga Molls ali e sorriu.

- Eu ia dizer que sentia muito, Molls. Sei que estamos exigindo muito de você e também ia perdi que me perdoasse, realmente não queria que nos reencontrássemos desse jeito. Quem realmente precisa me desculpar é você. – Molly o olhou intensamente, mais lágrimas brotaram em seus olhos e finalmente disse após se acalmar.

- Obrigada Mark, foi sempre foi meu precioso amigo.

- Sabia que ninguém me chama pelo meu verdadeiro nome deste o dia que te disse adeus, quando tínhamos nove anos cada? -  Falou saudoso. – É tão familiar vindo de você, mas por favor me chame de David, pode ser perigoso me chamar pelo meu verdadeiro nome. – Molly concordou.

O resto da viagem ao apartamento foi pontuado pelo silêncio da médica legista e pelas lembranças do agente Ausubel. Este ainda lembrava perfeitamente da primeira vez que se encontrara com aquela menininha tímida, a Molly criança, que falava gaguejando e se oferecera pra sentar ao seu lado na hora do almoço para dividirem um lanche. Ausubel sorriu ao ser transportado para aquela época. Lembrava-se bem...

Tinha oito anos completos e já sabia falar três línguas além da materna, praticava vários esportes e tinha total consciência que seus pais eram agentes secretos, trabalhavam para o governo inglês. Apesar de saber muito mais do que qualquer garoto de sua idade e ter ciência que nunca teria uma vida comum, dado que seus pais se mudavam constantemente e viviam em situações perigosas, Mark nunca foi uma criança muito sociável, estava sempre sozinho e pouco se importava com os outros. Tinha acabado de se mudar para uma cidadezinha do interior da Inglaterra e naquele momento ele estava sozinho sentado num banco na hora do almoço na escola, foi quando a viu se aproximar e gaguejando lhe cumprimentar e lhe oferecer parte de seu almoço, pensou em recusar de imediato mas algo naquela menina, extremamente envergonhada dado a tonalidade de seu rosto, vencendo seus medos e inseguranças para oferecer a ele parte de sua comida lhe tocou. Ainda perguntou a ela do porquê daquela atitude e recebeu a mais doce das respostas. – Eu te vi sozinho, é triste está sozinho e não quero que você fique triste. – Falou a menininha com um sorriso genuíno.

A partir daquele instante a escolheu como algo a ser protegido, uma valorosa amiga, sua primeira e mais preciosa amiga. Um ano se passou e os dois amigos cultivaram este sentimento e aos nove anos de idade lhe disse adeus, seus pais foram designados para uma missão de segurança mundial e ele jurou a Molls, sua Molls, que no dia que ele a encontrasse novamente ele continuaria a protegendo, que seria para sempre seu guardião, mesmo que longe e indiretamente.

Ausubel lembrou-se também de que dias após este acontecimento ele era apresentado a uma garotinha, de cabelos longos, lisos e castanhos. Ela sorrira para a cara de espanto que provavelmente ele fazia naquele momento e dizia com um ar meio que presunçoso.

 - Sou Angel Collins, mas você já deve ter percebido que esse não é meu nome de verdade. Mas pode me chamar por ele ou pela forma que todos me apelidaram: Arcanjo. – Ele não pôde responder, estava praticamente em choque. – Soube que seu nome é Mark, mas de agora em diante você também terá um novo nome: David Ausubel. Vou morar com você e seus pais, seremos treinados juntos de agora em diante, como irmãos. Há algum problema?

Piscou atônito, era muita informação até para ele. Tempo depois lhe foi explicado toda a verdade e desde aquele dia se tornara o braço direito do Arcanjo, sua lança de batalha e seu confidente.

Ausubel recobrou a noção da realidade enquanto estacionava na frente do prédio onde sua Molls agora iria desaparecer, sentia o gosto amargo de não ter podido cumprir com toda sua promessa a ela. Ver Molly quebrada o quebrava também.

 

Molly se olhava no espelho de seu banheiro, havia tomado um banho longo e agora se vestia e maquiava tal qual tinha sido orientada a fazer. Todos os seus pertences haviam sido empacotados e até mesmo seu gato agora estava em um novo lar, com um novo dono. David, como ele queria que ela o chamasse, havia lhe avisado que Mycroft enviaria seus pertences a um endereço seguro e remoto, ela havia negado a oferta, preferia que tudo fosse queimado, preferia que não houvesse nenhum vestígio de Molly Hooper. Ainda de frente ao espelho vislumbrou as marcas que Sherlock havia deixado em sua pele, sorriu tocando o local, aquele seria o último dos vestígios de Molly, quando aquelas marcas sumissem, também sumiria sua identidade. Fechou os olhos com força, engolindo o choro que teimava em manchar seu rosto sempre que se lembrava da forma como havia deixado Sherlock.

Controlou-se, viu seu reflexo no espelho e não se reconheceu, não a verdadeira Molly, retocou o batom escuro, quem era aquela mulher? Duvidava que um dia voltasse a ser aquela Molly. Não havia mais espaço pra fraqueza e aquela Molly de antes disso era fraca. Mas será que bondade era fraqueza? Não importava mais. Vestiu uma jaqueta preta que cobriu todas as marcas em seu pescoço, uma calça igualmente preta e botas de cano curto e salto pesado. Alinhou o cabelo solto, sempre solto como foi orientada. Ao sair do banheiro já pronta é encarada por um Ausubel que carregava uma pesada capa com capuz, ele a veste com a capa e lhe dá um par de luvas pretas pra calçar e os novos documentos que Mycroft lhe enviara.

Então estava feito, Molly Hooper havia oficialmente desaparecido e agora aquela mulher parada no meio do quarto era uma isca viva, era um instrumento, ela havia se transformado no Arcanjo e só haviam duas pessoas que efetivamente sabiam de toda a verdade, e haviam três pessoas que realmente conheciam o verdadeiro rosto do Arcanjo. Essas pessoas eram Mycroft, Ausubel e Caos.

Como Sherlock gostava de citar ao início de seus casos: Que o jogo comece, ela já estava preparada.

 

Uma loira de meia idade caminhava displicentemente pela calçada onde mesinhas de um restaurante estavam dispostas do lado de fora do estabelecimento, em uma das mesas uma criança tomava alegremente um sorvete enquanto vislumbrava algo de muito interessante em seu celular. A loira esbarra propositalmente na criança fazendo o celular de sua mão cair longe e continua seu caminho sem ao menos se desculpar ou se prontificar a recolher o aparelho do chão. Mesmo irritada a criança pula de seu assento a procura do item perdido, uma contagem começa.

A loira em questão é nada menos que Caos e derrubar o celular daquela criança foi o ato que salvará a vida daquela criança. Quinze minutos antes Caos chegava no local e numa rápida olhada tinha avaliado que: um hidrante do outro lado da rua estava em estado crítico de pressão a ponto de sacar em alta velocidade a válvula de escape, uma mãe estava discutindo com seu parceiro dentro do restaurante deixando uma criança, aquela que tomava o sorvete, distraída com um celular do lado da rua, sentado em uma das mesas, onde Caos se encontrava, a trajetória da válvula encontraria a cabeça da criança daqui a poucos minutos, a pressão seria tamanha que a morte pro traumatismo craneano era fato.

Recalculou algumas variáveis, sentiu o clima e racionalizou a necessidade de água naqueles minutos em toda a Londres, uma nuvem encobriu o céu, mais dados, virtualmente imprevisíveis a um ser humano normal, foram quantificados por Caos e depois de decidir o plano de ação esperou até o último instante em vão que a criança saísse do local onde estava, então pôs-se a caminhar em direção a criança, no ritmo certo, um pequeno empurrão e depois era esperar que ela saísse do assento em busca do celular.

A loira havia calculado o ângulo correto do encontrão, o celular caíra em um local de acesso difícil. Recalculando, 22 segundos e a válvula sacou fora do hidrante numa velocidade surreal e atingiu a parede do restaurante afundando o concreto, todos no restaurante se assustaram e a criança deixou cair seu sorvete. A loira agora estava parada de frente pra cena, uma mãe agradecia a alguma divindade benevolente por sua filha está a salvo. A loira bocejou entediada, aquilo havia sido extremamente fácil, o título de divindade ela aceitava, mas não foi sua benevolência que tinha a motivado a salvar a vida daquele ser. Verdade sim era que estava esperando a saída do Ausubel e da Dra. Hooper do apartamento da médica, aquele restaurante era localizado de frente ao prédio de apartamentos da legista, se uma morte acidental acontecesse ali, mesmo que sem ter sua interferência envolvida, atrairia para aquele local o olhar investigativo de muitos, e realmente não gostaria de driblar agentes do Holmes e da Scotland Yard agora. Pois não saciaria sua curiosidade.

Ignorou o resto da cena que se desenrolava na rua e caminhou para uma cabine telefônica. Ficou lá um bom tempo traçando rotas caóticas e previsões de pessoas aleatórias até que viu pelo reflexo do vidro da cabine, um Ausubel saindo precavendo-se se não era observado seguido por uma pessoa trajando uma capa pesada com capuz, a mesma capa que era a marca de Arcanjo, a agente sem rosto, sem orientação sexual e sem voz, apenas uma figura encapuzada com uma voz digital.

Caos sorriu em expectativa, sabia que o próximo passo de Arcanjo seria iniciar sua caçada, só não sabia qual versão do Arcanjo iria enfrentar neste jogo, a versão tímida e insegura da Hooper que a loira tinha observado nestes últimos meses ou a versão de Angel Collins, uma verdadeira força da natureza, a agente mais perigosa do governo inglês. Qual das duas estava debaixo do capuz? Pensou em jogar uma moeda pro alto e deixar a sorte decidir, mas desistiu em seguida, ela sabia perfeitamente que a sorte sempre é um evento aleatório, e também sabia que aleatoriedade e imprevisibilidade nunca foram palavras sinônimas. Sorriu novamente e saiu, só precisava esperar um pouco mais e começaria a brincar.


Notas Finais


Molly é isca viva do Arcanjo?
Ausubel ama a Molly?
Mycroft sabe de tudo?


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