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História Selva de Vidro - Cósmico


Escrita por: PervassWorldd

Capítulo 2 - Cósmico


 

Cósmico ♫

 

 

Telescope de Cage The Elephant tocava nos fones de ouvidos de BaekHyun quando ele viu ChanYeol pela primeira vez. “Em uma galáxia muito distante, dentro do meu telescópio eu vejo”[1] ressoava em seus ouvidos, os lábios se mexendo em um canto sussurrado, quase sem som algum saindo por entre eles, no momento em que os olhos castanhos do Byun esbararam no Park.

 

Ele era tão alto que seria impossível não notar sua presença, essa que usurpava a atenção de qualquer um que tolamente quisesse seguir o caminho alheio, a aura abstrusa a qual exalava chegava a ser sufocante, estupidamente instigadora. BaekHyun não possuía intenção alguma de olhar para aquele cara, sua mente estava extasiada pela música em seus simplórios fones, sendo capaz apenas de sentir a mochila pesada em suas costas e os pés já cansados de tanto andar. Seu plano resumia-se em dá uma olhada na universidade e voltar para o início do ano letivo no dia seguinte. Não esperava ser invadido por outro alguém, sentir-se bagunçando do mesmo modo a qual a música o afetava. A faixa certa, aquela que entra em sua mente o arrastando sem cerimônias para outro universo, cheios de sentimentos e sensações.

 

A jaqueta de couro preta jogada sobre os ombros, que estavam eretos tão bem posicionados que até pareciam ensaiados, uma despreocupação gananciosa. Os coturnos surrados nos pés enormes, talvez 44 ou 45, aparentavam ter pisado em lugares que BaekHyun não poderiam nem ao menos imaginar, muito fora de seu mundo. As tatuagens marcavam quase toda a pele a mostra, os braços fortes, as mãos, o pescoço. Apenas o rosto estava livre delas. Era fascinante. BaekHyun sentia a língua coçar para ir até ele e perguntar a história, o motivo, de cada uma delas, o que lhe era estranho demais, até parecia que nunca havia visto uma pessoa tatuada antes, a fascinação que sentia era dominadora, quase o fazia sentir-se coagido.

 

O estranho levantou a cabeça, haviam piercings por ali, um na sobrancelha direita, abaixo do lábio inferior, outro no nariz e um alargador na orelha esquerda. BaekHyun sorriu consigo mesmo, o cara tinha o pacote completo de Bad Boy, aqueles que te faziam questionar se possuíam um acordo com o diabo de tão desgraçadamente bonitos e intimidadores que eram. Entretanto, não foi nada disso, a aparência rebelde que ele emanava e todo o conjunto da obra, que fez BaekHyun sentir-se tomado. O cara levantou o olhar, mesmo que ele não fosse na sua direção BaekHyun conseguia vê-lo perfeitamente.

 

Olhos negros, profundos, que pareciam gritar por alguma coisa que BaekHyun não soube dizer, eram tristes, uma tristeza quase infantil, como se ele estivesse sentindo-se perdido e sozinho, um garotinho que havia soltado a mão de sua mãe em algum lugar lotado e não sabia o caminho de casa. O coração de BaekHyun disparou, os olhos negros piscaram, o som estridente de baterias, e eles lhe mostravam uma obscuridade latente. Era insano, dominador, o fez perder o fôlego.

 

 

 

 

 

 

 Haviam se passado vinte e cinco dias desde que beijara Byun BaekHyun. A cabeça de ChanYeol mergulhara, nesses vinte e cinco dias, dentro de um vórtice de indagação, tornando-se por deveras doloroso conviver com os próprios pensamentos, que por vezes nem ao menos pareciam serem seus, como se uma outra voz, essa tão parecida com a sua, estivesse sussurrando comentários que não queria dentro de si. Sentia-se torpe, fora de si, como se houvesse levado um tiro e os miolos espalharam-se por ai. A bala que o atingirá sem duvidas era cor-de-rosa.

 

 Estivera evitando BaekHyun por todos esses dias como um belo covarde de merda, ChanYeol secretamente admitia, secretamente porque na maioria do tempo seguiu dizendo repetidamente a si mesmo, como se para tornar real, que não olhara novamente na cara do Byun simplesmente porque o lance deles tinha acabado naquela fatídica  noite, no capô de seu Impala.       

      

E teria facilmente caído nas teias de suas desculpas patéticas se não estivesse sendo atormentado pelas lembranças do beijo. Não importava o que estivesse fazendo, BaekHyun sempre estava lá, no fundo ou no centro de sua mente. Se bebia algo logo se recordava do gosto de licor da boca de BaekHyun, se ouvia música sua mente o entregava a sonância do gemido do Byun, esse que penetrara seus sonhos todas as noites, se alguém lhe chamava ChanYeol via-se alucinando ao ponto de imaginar ouvir a voz máscula daquele maldito pirralho dizendo seu nome, se dirigisse seu carro os olhos ardiam com as imagens de BaekHyun sentando sobre o capô, as pernas espalhadas sobre a lataria vermelha fazendo com que tivesse lapsos de vontade de ir até a frente do carro e esfregar o rosto contra o local em que colocará o Byun.

 

BaekHyun o havia invadido, o preenchido feito o som de sua guitarra, forte, potente. ChanYeol não conseguia esquivar-se, na maior parte do tempo ele nem ao menos tentava fugir. Sem perceber entregara-se como um dependente a cada pequena coisa que o proporcionasse alguma lembrança do garoto cor-de-rosa.

 

ChanYeol sentia a necessidade de estar junto a ele, de senti-lo sobre suas mãos, de desvendar a mente que lhe parecia incrivelmente tenaz. Queria conhecê-lo, ir ao seu íntimo e quando lá chegasse se aprofundar um pouco mais. O caos que BaekHyun fazia em sua cabeça feria ChanYeol e lhe parecia essencial doer para enxergar o que havia dentro de si. Como tirar a casca de uma ferida. Sentia-se posto contra a parede, os muros de sua fortaleza estremeciam a cada B a sua volta. 

 

 Nunca havia percebido, ou talvez estivesse apenas se enganando, que sentia atração por homens. Por todo esse tempo havia se afundado em garotas apenas para fugir dessa verdade? O vazio que o abraçava quando estava metido dentro de um corpo feminino era por querer estar perdido em uma carne como a sua? Era justamente no meio desses questionamentos duros que se via odiando BaekHyun. Quem esse maldito garoto pensava ser para fazê-lo sentir-se a porra de uma farsa de merda? De chegar à sua vida e jogar em sua cara que todo o mundo de ChanYeol não era sequer real.

 

ChanYeol era o única que se conhecia, sempre foi assim, essa era a sua maior verdade, mas lá estava BaekHyun fazendo-o pensar que nunca chegou a realmente saber quem era.  Odiava a si mesmo, muito mais do que conseguia odiar a BaekHyun,  por permitir que todas essas merdas estivessem em sua mente, o controlando como uma marionete inversa.

 

Não queria os questionamentos, não queria as perguntas e muito menos as respostas, mas caralho, queria a porra daquele garoto insolente nem que fosse apenas para ir até ele e provar para si mesmo que não o queria. Não fazia sentindo, nada era como antes. O leão que um dia foi tão audaz encontrava-se no fundo de sua jaula, encolhido e com os olhos fechados para que não visse que a porta estava aberta.

 

O que mais deixara ChanYeol frustrado era o fato de que nesse quase um mês BaekHyun não viera atrás de si. Não escondia o tanto que havia esperado que o garoto o procurasse, queria desesperadamente que ele o confrontasse sobre os beijos trocados. Seria tão mais fácil para si se o Byun brotasse em sua frente com a porra daquele sorrisinho cheio de perigo e certamente era por isso que o desgraçado não apareceu nem ao mesmo uma vez. ChanYeol sabia disso, não demorou muito para que a ficha caísse e notasse o que o pirralho estava fazendo. BaekHyun queria vê-lo rastejar, esperava que admitisse seus desejos por si mesmo.

 

 

Talvez Byun BaekHyun fosse um adestrador de leões.

 

ChanYeol acabou descobrindo, depois de perguntar como quem não quer nada para uma líder de torcida, o horário em que a equipe costumava treinar. Sentia-se tremendamente patético, entretanto preferia se prestar a esse papel a assistir a si próprio ser consumido pela loucura. Não aguentava mais, não existiam meios de continuar carregando tantas indagações, precisava dar a si mesmo uma prova de que a atração que sentiu pelo Byun era algo facilmente superável, quem sabe não estivesse surtando por pouca merda? 

 

  Com essa perspectiva tola ChanYeol se viu esperando pelo Byun no campo aberto onde os ensaios aconteciam. Era a primeira vez em que estava nessa área da universidade, antes não havia razões para que estivesse ali.  Jamais conjecturou que seus pés tocariam a grama incrivelmente verde, até parecia que estava vivendo uma vida que não era sua. 

 

   Encostou-se a uma árvore, um pouco afastada de onde os líderes de torcida estavam, mas sabia que seria visto, até porque sua pessoa destoava completamente do ambiente em foco. Sentiu a boca salivar, queria fumar pra aplacar a ansiedade que lhe embrulhava o estômago, mas havia um tempo que estava tentando livrar-se completamente de seu vício. Procurou pelos fones no bolso da jaqueta, mas não os encontrou, certamente os tinha deixados no banco do motorista no Impala. Por impulso pôs-se a assobiar, o som característico entrando em seus ouvidos e deslizando até a mente como um calmante para os nervos aflorados, o indicador batucando na palma da mão direita, em um ritmo que ainda não havia notado ser Like A Virgin. Quando em fim percebeu onde a sua consciência o estava levando avistou BaekHyun.

 

   O uniforme de cheerleader, o all star cor de rosa. Era completamente invulgar que houvesse passado a venerar coisas como essas, estupidamente patético, mas novamente, não era algo que conseguia impedir. A vontade que sentia de ir até o garoto e colocar-se de joelhos na frende dele, apenas para enterrar a rosto no meio da saia rodada enquanto colocaria os pés, ainda com os tênis, em suas coxas, era grande de mais. No que diabos estava pensando? Cacete! Não era pra isso estar acontecendo, ir até o Byun estava se mostrando uma ideia completamente errada. Puta merda! Fora estúpido ao ponto de subestimar o poder que BaekHyun tinha sobre si.

 

   Ainda dava tempo de ir embora e simplesmente esquecer toda essa merda. Hora ou outra seria capaz de afogar todos os desejos insanos que o Byun despertava em si. Podia simplesmente ir e arranjar alguma forma de livrar-se de toda essa merda e era isso que estava prestes a fazer quando viu que BaekHyun o encontrou. ChanYeol paralisou, o coração tornou-se frenético dentro do peito. Ao mesmo tempo em que queria desesperadamente dar o fora e fugir das sensações que agora, com o Byun em seu campo de visão, encontravam seu pico, trasbordando em seu ser, queria ficar, permanecer ali para provar de perto de toda aquela loucura. Terrivelmente mais avassalador sentir toda a confusão despertada pelo menor agora que estava vendo-o.

 

 Já havia se decidido antes mesmo de pensar em ir embora. Não seria capaz de partir agora que BaekHyun estava tão próximo. A pouco passos de distância conseguia ver os cabelos rosas, hoje em um tom muito mais vibrante, os lábios rosadas abrindo-se em um sorriso presunçoso, cheio de uma certeza cretina. Filho da mãe! Ele sabia, o desgraçado.   

 

  — Você demorou. — O sorrisinho no canto dos lábios, os dentes pontiagudos mordendo o lábio inferior daquele jeitinho sapeca. ChanYeol engoliu em seco, a saliva descendo garganta a  baixo com a mesma ardência de uma vodca, procurando por controle dentro de si. Não podia vacilar, não podia.

 

  — Não sabia que tinha marcado algo contigo, pirralho. —  ChanYeol jogou, como quem não quer nada. Os olhos cor de mel lhe penetravam, incisivos, como se já tivessem descoberto sua mentira antes mesmo das palavras deixaram sua boca.

 

  — O que fazes aqui, senhor Park? — Insolente, a sobrancelha direita, agora pintada de rosa, arqueada naquilo que lhe pareceu descrença. — De olho em algum rabo de saia?

 

      ChanYeol estava, como estava!

 

    — Líderes de torcida não fazem o meu estilo. — Olhou BaekHyun de cima a baixo, lutando arduamente com a vontade de meter as mãos por de baixo da saia e tocá-lo por ali, descobrir como seria a sensação... Fechou os olhos, respirando fundo.

 

   — Qual é o seu tipo então? — BaekHyun deu mais um passo a frente, uma distância mínima o separava de ChanYeol. Levantou a cabeça para olhar o Park, o dedo médio contornado a linha quadrada do maxilar marcado. ChanYeol abriu os olhos, que estavam incrivelmente negros, quentes. — Diga-me do que gostas, Park.

      

    ChanYeol segurou o dedo pequeno e fino com a mão direita, sentindo como ele se perdia em sua palma grande. A mão livre rumou em direção as coxas de BaekHyun, hoje  ele não usava meias podia ver a pele leitosa perfeitamente, mas antes de concretizar seus anseios a parou no meio do caminho, e ali ficou, parada no espaço entre eles. Era um quase doloroso, um “pela metade” que refletia muito bem no que seu interior havia se transformado. ChanYeol era duas metades de si mesmo, uma tão distinta da outra. Uma falsa e a outra real demais para que conseguisse lidar.

        

   — Você não acha que ‘tá sempre querendo saber demais, Byun? — Apertou o dedo em sua palma, apenas para sentir um pouco mais da pele de BaekHyun. — Um garotinho muito enxerido, lhe falta modos.

 

    BaekHyun gargalhou, aquela risada tão pueril que o aquecia por dentro, entregando-lhe uma imensidão de sentimentos bons, como se por aqueles segundos, em que o garoto cor-de-rosa ria sem vergonha, tivesse encontrado um lar só seu. Era assustador, mas desgraçadamente bom.

 

   — Ou você que é incrivelmente fechado, Park. Já pensou nisso? — BaekHyun questionou, o tom insolente dominava a sua voz, mas havia um que de seriedade que não passou despercebido por ChanYeol. — Mas se preferir... — Curvou a perna direita, o joelho tocando a perna de ChanYeol, em um claro convite.  — Você pode me ensinar a ser um bom menino, Yeollie. — O apelidinho deixou a boca bonita daquele jeito travesso de quem sabe como provocar. BaekHyun gostava de jogar, sempre um passo a frente de ChanYeol.  

 

   — Humm... — ChanYeol suspirou pesadamente, sentindo o poder sobre o próprio corpo escapar por entre seus dedos. Estava fazendo um esforço descomunal para não mandar tudo a merda e beijar BaekHyun. — Tem idade pra ser tão insinuante, garoto? — ChanYeol questionou, puxando a mão que estava no meio dos corpos, sentindo que se não a enfiasse dentro do bolso poderia acabar se rendendo. O joelho de BaekHyun balançava e um lado a outro em sua perna, o tentando com algo tão inocente, mas que simplesmente por vim dele se tornava tão tremendamente sexual dentro da cabeça de ChanYeol.

 

     — Tenho idade suficiente pra saber o que eu quero, senhor Park. — Debochado com a maldita sobrancelha rosa arqueada, o rosto de traços suaves talhados em devassidão. Olhou no fundo dos olhos de ChanYeol, como se de algum modo pudesse ver através dele, ler a mente conturbada que estava cheia, vertendo pensamentos nada castos. Sem dizer uma palavra, BaekHyun retirou o dedo médio do meio da mão grande ChanYeol, o levou a boca, os olhos cor de mel dento dos olhos negros, o chupou com vontade, o som molhado e indecente soando mais alto do que realmente era, antes de levá-lo, todo babado, para dento da mão fechada. BaekHyun estava, sem um pingo de vergonha na cara, insinuando o ato da penetração.

 

       BaekHyun era a personificação da tentação, o próprio diabo.

 

    — Puta merda, mas que porra! — ChanYeol xingou, o corpo nadando em adrenalina. Com o olhar quase animalesco abriu a mão, lambendo a palma úmida sendo assistido por BaekHyun, que resfolegou, notavelmente pego de supressa. — Você ainda tem gosto de leite, pirralho.

        

    A mão que havia lambido rumou, quase que involuntariamente para o joelho nu do menor, cobrindo-o com a palma. O seguro com força parando, desse modo, os movimentos que o Byun fazia contra a sua perna. ChanYeol queria o controle, mas precisava, quase dolorosamente, sentir, provar com a própria pele, as nuanças do garoto menor. O que realmente havia ido fazer ali? Talvez apenas quisesse se deixar queimar com as chamas que BaekHyun ofertava, abrindo as portas do inferno de um modo tão gracioso que cegamente acreditava ser o paraíso.

      

      — Então é só mamar, ChanYeol.

 

   Ouviu a voz grave, tão fodidamente masculina, de BaekHyun dizer seu nome como uma prece, como se ele estivesse disposto a enfiar a mão dentro do peito de ChanYeol e arrancar-lhe o coração para o comer em sua frente, de um jeito tão afável que ChanYeol acabaria o agradecendo por fazê-lo.  Foi o estopim do controle ilusório, que rompeu tal qual vidro jogado ao chão. Estardalhaço para todos os lados, cortando, rasgando, ferindo, deixando que o sangue encontrasse sua liberdade. 

 

   ChanYeol subiu a mão do joelho de BaekHyun encontrando morada na coxa pálida, um aperto firme, rude, que o representava tão bem. Com a outra mão segurou o pulso do garoto cor-de-rosa, virando-o com pressa, o corpo pequeno agora estava escorado contra a árvore. Qualquer pessoa que fitasse ChanYeol no presente momento veria cólera, o olhar de um delinquente, mortífero.

 

   Mas não BaekHyun. BaekHyun não era qualquer um, ele era tudo o que ninguém nunca foi. Ele via, nos olhos negros como as trevas, o fitar de um animal, a besta do tesão que o Park não conseguia esconder. ChanYeol o encrava com o mesmo olhar da noite em que o beijou.

 

    — Quanto você está ganhando para levar a minha alma para o inferno? — As mãos fechadas em punhos uma de cada lado do rosto do Byun. ChanYeol estava curvado, o rosto próximo ao do menor. Podiam sentir as respirações se chocando, misturando-se antes de entrarem pelas bocas abertas, como se prontas para receber a língua alheia. Ansiosos, desejos, completamente loucos.

 

       — Você não vê? — O tom era doce, uma bela armadilha. — Está indo com os seus próprios pés, andando para trás quando queres ir até os portões. — BaekHyun chegou ainda mais perto, a ponta do nariz tocando o queixo do Park. — Os portões estão abertos. 

 

      Um apito soou ao longe, BaekHyun desviou o olhar, fitando o campo por cima do ombro de ChanYeol. O momento simplório fora rompido, gritos ao chamado do Byun podiam ser ouvidos. Era sua libertação, mas ChanYeol estava insatisfeito com ela. A alforria tinha um gosto amargo.

 

      BaekHyun deu um passo ao lado, ChanYeol logo se virou, os olhos atentos sobre o garoto menor.

 

      — Essa é a minha deixa. — O sorrisinho lindinho estava nos lábios rosados mais uma vez, mostrando como BaekHyun moldava-se sobre uma dualidade que apenas lhe pertencia. O vento extremamente gelado, atípico para essa temporada, balançaram os cabelos rosados. BaekHyun se encolheu, abraçando o próprio corpo.

 

  — Há algo que eu quero lhe dizer. — ChanYeol não fazia ideia do que estava dizendo, apenas sentia um necessidade urgente de não ver BaekHyun partir. Teria coragem de procurá-lo mais uma vez se o deixasse ir? Essa possibilidade o assombrou por alguns longos segundos.

 

     — Me encontre no The Empire 80 hoje à noite, vou escutar o que você tem a dizer.

 

      — Não tenho planos de sair com você, Byun.

 

      — Então terá que engolir o que você quer me dizer, Park. — BaekHyun sorriu, todo presunçoso. — Não irei ‘te escutar se você não pagar um hamburguer com milk shake pra mim.

 

      — Hamburguer e milk shake? Você tem doze anos por acaso?

 

      BaekHyun lhe deu língua, em uma careta que, caralho, ChanYeol achou adorável de mais. Puta merda. Nunca havia considerado coisa alguma como adorável e tinha que ser justo o Byun a lhe roubar tal título. O garoto estava prestes a se virar para encontrar os restantes dos cheerleader que ainda estavam no campo quando ChanYeol tirou, em uma pressa toda afobada, a jaqueta de couro, colando-a  sobre os ombros nus de BaekHyun.

 

     BaekHyun lhe encarou cético, descrente do ato que estava presenciando. Os olhos brilhando em mel puro correram para os braços do Park, e ficando decepcionado ao notar que por debaixo da jaqueta ele vestia uma blusa preta de mangas compridas. 

 

     — Tá frio... — ChanYeol respondeu o olhar questionador do menor. Nem ele próprio sabia o que estava fazendo, foi algo tão involuntário, como respirar. Sentia-se patético, porém era tarde de mais para voltar a trás, e sinceramente? Não lhe agradava em nada ver BaekHyun com roupas tão finas no frio congelando que os abraçava. Era desumano. Por que estava importando-se com isso? Que absurdo. 

 

 

     — Eu não sou uma garota, Park, sou um cara bem resistente. — O tom desbochadinho estava de volta, apesar de suas palavras, BaekHyun passou a jaqueta pelos braços, suspirando em deleite quando sentiu que ela estava quentinha por dentro. Deu as costas ao maior, mas virou-se para ele depois de dar apenas dois passos. — Entretanto... — ChanYeol podia ver a cena em câmera lenta: Os olhos cor de mel quase pareciam sorrir mais do que os lábios finos, que sustentavam o sorrisinho canto de boca, antes de ser abrir em um sorriso grande, deixando os dentinhos pontiagudos amostra. Fitou cada pequena pinta espalhada pela face serena, criando desenhos ao ligar cada uma delas. O cabelo rosados estavam naquela bagunça doida, mas que era tão BaekHyun que dificilmente seria algo menos bonito. O Byun levou o nariz até a jaqueta que ficara enorme em seu corpo e mordendo a língua, respirou fundo, de um jeito bem descarado, deixando claro que a intenção era ser notado, em meio ao ato, e com o olhar cravado no do Park, disse calmamente: — Eu também posso ser a sua garota se você quiser, Yeoliie

      

 

 

 

 

 

BaekHyun lembrava-se da primeira e única vez em que viu ChanYeol sorrir.

 

Era estranho para si admirar o cara selvagem de longe, assistir diversas emoções cruzarem o rosto de feições misteriosas sem nunca presenciar os lábios grossos moldarem-se em um sorriso, o que o fez BaekHyun se questionar se o Park sorria quando ninguém estava olhando. Qual seria a razão dos sorrisos secretos de Park ChanYeol? 

 

     Ver ChanYeol sorrir, em meio a tanta gente, foi algo que marcou BaekHyun de formas que ele não conseguia explicar. Podia sentar-se e se por a escrever por longas horas mas as palavras, essas que na maioria das vezes pareciam serem capazes de expressar tantos sentimentos, não conseguiriam fazer jus ao que sentiu em tal momento.

      

      Olhar para o sorriso discreto de ChanYeol era como escutar sua música favorita.

 

     BaekHyun estava em cima da mesa da lanchonete da Universidade, dançando com os olhos presos ao de ChanYeol porque estava, e esperava que ChanYeol tivesse notado isso, dançando apenas para ele quando viu, um tanto surpreso, a boca carnuda moldar-se em um sorriso discreto, mas tão terrivelmente lindo que o fez esquecer-se dos passos que havia ensaiado por tanto tempo.

 

     Sem dúvidas o sorriso de Park ChanYeol era como sua música favorita e via-se ansioso para poder escutá-la uma outra e outra e mais outra vez.

      

 

 

 

 

        

 

 ChanYeol não fazia a mínima ideia de onde The Empire 80 era localizada, nunca havia ouvido falar do local pra ser sincero, mas graças a internet foi fácil encontrá-lo. Pelos comentários do aplicativo de busca era um lugar bem frequentado, gostou do ambiente, estilo vintage, algo que lembrava os anos 80, o que explicava o nome. O piso era de uma cerâmica que imitava um quadriculado em preto e branco, as cadeiras em vários tons de vermelhos numa uma réplica de bancos de carro e as mesas eram o capô de carros clássicos. Haviam muitos vinis espalhados pelas paredes, assim como alguns instrumentos musicais de modelos da década de 80. Bem no fundo uma pista de dança bem ao estilo de embalos de sábado à noite. [2]

 

  Eram sete horas quando ChanYeol estacionou em frente a   The Empire 80, passou meia hora dentro do carro se perguntando que merda estava indo fazer, havia passado a maior parte do dia dizendo a si mesmo que não iria encontrar com BaekHyun, já estava mais do que claro para si que a única forma de se livrar de toda a merda que estava sentindo era ficando longe do garoto cor-de-rosa. Não era seguro estar em volta dele, sua mente parecia outra quando estava junto ao Byun, e tudo isso era assustador, porque lhe tirava o controle, o fazia sentir coisas que nunca sequer experimentou, e era bom, bom de mais e era exatamente ai onde o perigo morava. Porque tinha ser quer assim justamente com BaekHyun? Outro cara? Será que o motivo que o fazia querer manter-se longe tinha haver com a profundidade de seus sentimentos e não com o fato do Byun ter um pau no meio das pernas?  

 

   Eram perguntas demais e agora já não tinha mais certeza se não queria as respostas para elas. Foi nesse ponto, no qual se via ansioso para entrar e encontrar BaekHyun sentado fazendo algo que lhe deixaria louco outra vez, que saiu do carro e fez o caminho para dentro, mas o Byun não estava lá. Foi chocante se pegar tão decepcionado, quase podia sentir toda a desolação dos últimos vinte dias caindo sobre seus ombros mais uma vez.

 

    BaekHyun não havia lhe dado horas exatas, ele poderia chegar a qualquer momento, sabia disso. Quando se aproximava das noves da noite ChanYeol sentiu-se patético mais uma vez. A que papel estava se prestando? Park ChanYeol não era alguém que esperava por coisa alguma, estava prestes a se levantar e mandar tudo a merda quando ele apareceu.

 

  Não importava onde fosse, BaekHyun sempre ganhava o local em que se prestava a estar, sua presença era impactante, merecedora de ser glorificada. Trajava um vestido azul, modelo simples, que pendia na altura dos joelhos, meia arrastão e os All Star rosa nos pés. Sua jaqueta jogada sobre os ombros largos e ele sorriu, aquele sorrisinho no canto da boca, todo lindo, quando o avistou sentando um pouco ao fundo.

 

     ChanYeol estava tão agoniado que quase se levantou para encurtar a distância que os separava, mas se conteve quando julgou que seria algo idiota demais para se fazer, mas caralho!

 

  A vontade de estar perto de BaekHyun era grande demais, fazia com que se sentisse extremamente patético, ainda mais quando o coração deu um pulo dentro do peito assim que o Byun sentou-se a sua frente, o sorriso tornou-se grande, mostrando todos os dentinhos.

 

       — Não vejo meu hamburguer e milk shake, você vê? — Perguntou, brincalhão.

 

    ChanYeol não respondeu, não podia realmente fazê-lo, não quando estava ali parado, encarando BaekHyun e achando-o tão bonito.

 

       BaekHyun era lindo.

 

 — Você está muito chocado... — Não foi uma pergunta, BaekHyun estava confirmando. No fundo dos olhos pequenos ChanYeol achou ter visto algo como mágoa, o que lhe doeu seriamente. Era errado demais ver essa nuance no olhar de BaekHyun.  — Estamos de volta à primeira vez?

 

  A pergunta veio como um tapa na cara. Não! Foi bem pior do que um belo tabefe, preferia, na verdade, que BaekHyun tivesse lhe dado um soco do que jogado tal questionamento em sua face. Sentiu-se culpado, um tremendo idiota de merda.  Havia sido um filha da puta quando o viu pela primeira vez, era uma das coisas que se arrependia amargamente. Não era alguém que colecionava pesares, porque simplesmente não se importava com quase nada, mas descobriu, depois que se pegou sofrendo por conta de seus atos falhos, que se importava com BaekHyun, mesmo que não conseguisse explicar como ou o porquê.

 

   — Não! Não é isso! É que... — ChanYeol travou, o corpo todo gelou. Viu-se sem saída, não sabia o que dizer, era raro para si, sempre estava no controle de qualquer situação, mas bastava ver-se diante do outro para tudo ruir. — Você entendeu errado. — Tentou manter-se calmo, mas não sabia como dizer o que queria, que nada mais era do que relevar ao garoto menor que o achava lindo, lindo daquele jeito tão dele.

 

  — O que eu não entendi, ChanYeol? — A cabeça tombou para o lado, de um jeito tão fofo, a testa se franziu em confusão.

 

  — Eu fico louco quando você diz o meu nome. — ChanYeol soltou impulsivamente. Estava indo se arrepender quando viu BaekHyun ficar adoravelmente constrangido, os olhos abertos em surpresa, os lábios sendo mordiscados em um ato involuntário.

 

  Os olhos se encontraram conhecendo-se em meio ao silêncio. Ônix e Topázio. O contato carregado de significado foi quebrado quando um atendente chegou à mesa.

 

 ChanYeol  encostou-se  a cadeira, notando que havia estado debruçado sobre a mesa até então. Nem ao menos havia notado que tinha se curvado em direção a BaekHyun.

 

 O Cara segurando os cardápio estava em silêncio o que levou ChanYeol a fitá-lo. Ele encarava BaekHyun com desprezo e nojo em suas feições, e BaekHyun, diferente do que esperou encontrar quando procurou pelos olhos mel, o encarava de volta, a sobrancelha rosa arqueada, a face em um claro deboche. ChanYeol gostou disso, BaekHyun não curvava a cabeça.

 

    — Perdeu alguma merda, por algum acaso? — ChanYeol perguntou, a voz naturalmente rouca tornando-se ameaçadora. O Cara tomou um susto, olhando para o cardápio antes de olhar para ChanYeol.

 

      — O que vai pedir?

 

     — Pergunte a ele. — ChanYeol meneou a cabeça em direção a BaekHyun, que gargalhou, cobrindo a boca quando o som se tornou alto de mais. ChanYeol realmente apreciava o som da risada de BaekHyun, a forma como ela chega até si lhe tirava o fôlego.

 

     — Hamburguer de carne e milkshake de morango, por gentileza. — Sorriu, no que era pra ser um sorriso cortês, mas ChanYeol viu o sarcasmos nos lábios rosados.

 

   Quando foram deixados sozinhos, BaekHyun voltou a rir mais um pouco, mordendo os lábios para conter o som estridente.

 

  — Você não precisava ter feiro isso, Park. — Salientou, sério demais para a gargalhada que soltava outrora.

 

  — Eu sou o fechado e você é aquele que não aceita um ato gentil, estou certo?

 

  — Sobre você ser fechado? Mas é claro que sim, Park. — O sorrisinho de lado estava lá também, se gabando. — Não preciso de atos gentios, eu sei o que vou enfrentar quando resolvo sair de casa vestido desse modo.

 

  — Você acabou de admitir que recusa, só pra deixar claro. — atestou. BaekHyun deu de ombros. — Por quê?

 

  “Por que você sai assim?” era o que queria perguntar, mas achou que soaria rude de mais. Não queria se invasivo, ser um babaca outra vez. Temia, mas do que qualquer coisa, magoar BaekHyun.

 

  — Por que o que? — BaekHyun questionou, apesar de ter entendido. Ele queria que ChanYeol perguntasse com todas as letras.

 

  — Porque você se veste assim? Não estou querendo ser um babaca nem nada. — Adiantou-se, ansioso. — Só estou curioso, é novo para mim ver...

 

 — Um cara vestido com roupas que você acha serem femininas?

 

  — E não são?

 

  — Roupas não têm gêneros, Park. — BaekHyun começou, calmo, o tom de sua voz banhado em seriedade, mostrando como era um tópico que lhe era importante. — São acessórios como qualquer outro, o que possui gêneros são as pessoas, coisas não.

 

 — Acho que nunca havia pensado nisso, na verdade em nada que envolve gêneros. — ChanYeol foi sincero, estava mais aberto do que um dia se permitiu estar. — A gente cresce achando que há apenas o feminino e masculino no mundo e não é bem assim, pelo que ando vendo ultimamente.

 

   BaekHyun sorriu, achando tão bonito a forma como ChanYeol estava ali, sentado em sua  frente em um dos seu lugares favoritos falando sobre algo que claramente não fazia parte de seu mundo. Ele estava querendo lhe entender, isso era mais do que a maioria fazia. ChanYeol estava deixando a ignorância de lado para se abrir, conhecer, aprender.

 

  — Eu me visto assim porque eu acho bonito, porque gosto. — BaekHyun procurou pelos olhos de ChanYeol, que estavam atentos sobre si. — Não me sinto menos homem quando as visto e não quero ser assimilado como o gênero feminino, porque não sou e nem quero ser uma mulher.  Eu uso o que sinto vontade, seja uma calça ou uma saia, isso não me faz menos masculino, não me faz uma garota. Ser mulher não é ser delicada, feminina, usar saia e vestidos, não é nem mesmo o fato de você ter uma vagina, o que vale para ser um homem. Ninguém pode dizer qual é o gênero de uma pessoa, a não ser ela mesma. Apenas ela, e unicamente ela, sabe como se identifica. É tão absurdo colocar acessórios no meio de algo que vai tão mais além. As pessoas estereotipam gêneros e acessórios. “coisas de menino” e “coisas de menina” – BaekHyun fez aspas com os dedos no ar, revirando os olhos desgostoso do que dizia.

 

  — Eu fui tão babaca aquele dia, eu espero que você possa me perdoar por aquela atitude de merda. — ChanYeol começou, o nó preso dentro de sua garganta, sentia que precisava colocar para fora caso contrário iria sucumbir em meio a loucura. — Não foi por causa da sua roupa que eu agi daquele jeito, mesmo que eu estivesse surpreso, mas era que... eu...

 

 

   ChanYeol viu sua coragem morrer quando o cara voltou, colocando o pedido do modo mais polido em cima da mesa, em frente a BaekHyun. ChanYeol sabia que o atendente estava agindo com tanta educação porque se sentia intimidado com a sua presença, isso o fez se perguntar pelas coisas que BaekHyun deveria passar. Sentiu-se revoltado, o peito queimando em raiva, sentiu vontade de mudar a porra do mundo todo, mas ao mesmo tempo a impotência parecia se a sua única aliada.

 

   Alheio ao que acontecia na cabeça de ChanYeol, BaekHyun se encostou a grande janela que havia do lado direito, colocando os pés em cima da cadeira quando se pôs a sentar de lado. O sorrisinho contente adornava os lábios bonitos, quando colocou o hamburguer em cima do colo. ChanYeol fitou o tênis rosa, de cano longo, percebendo que nunca havia visto o tornozelo do Byun, sentiu uma estranha vontade de tirar o All Star do pé pequeno apenas para que pudesse ver essa parte, queria beijá-lo ali enquanto o olharia nos olhos. Engoliu em seco, sentindo-se momentaneamente insano. 

 

     — Porque você sempre está usando esse tênis?

 

   — Você está cheio de porquês hoje, não é Park? —BaekHyun riu, tomando um gole do seu hamburguer e milkshake antes de responder. — Por que é o único que eu tenho.

 

      — Você só tem um sapato? — ChanYeol estava mais indignado do que chocado.

 

    — Nem todo mundo é montado na grana, senhor Park. — BaekHyun se mostrou debochado mais uma vez, mas aos ouvidos atentos de ChanYeol lhe soou extremamente falso. — Não é o único, tenho uma pantufa de coelhinho de causar inveja, qualquer dia te mostro pra você querer uma igual.

 

    Nunca havia visto BaekHyun desconfortável, os olhos pequenos e sempre tão brilhosos, que a todo momento batiam de frente com o seus, fitavam a mesa com tamanha tristeza que pareciam estar fazendo uma força tremenda para não derramarem lágrimas. Fragilizado, quebrado em pequenos pedaços. Até mesmo os mais bravos dos guerreiros possuem marcas e fraquezas. ChanYeol viu-se desolado, sua selva de vidro parecia irrelevante de mais diante do mundo opaco a qual o garoto cor-de-rosa mostrava. Perguntou-se o que a vida havia feito ao pequeno garoto sentado em sua frente. Quis abraçá-lo, colocá-lo perto do peito e lhe dizer que estava ali por ele, que todas as coisas do mundo seriam dele se assim quisesse.

 

   ChanYeol não costumava sentir-se assim, não fora programado para importa-se com coisa alguma no mundo além de sua música, mas lá estava ele, querendo dar a felicidade que nem acreditava ser real a outro alguém. Estava prestes a dizer algo quando BaekHyun colocou o hamburguer  sobre a mesa. Levantou-se com pressa, a mão direita agarrando o pulso de ChanYeol para o puxar. ChanYeol deixou-se ser guiado, o calor da palma pequena, que nem ao menos conseguia dar a volta completa em seu pulso, era reconfortante, alimentava a vontade que possuía de senti-lo a cada maldito segundo.

 

    Estavam indo para o fundo da The Empire 80, precisamente onde se encontrava a pista de dança. BaekHyun soltou seu pulso, foi até a grande Jukebox[3]. Colocou uma moeda, que o viu tirar do bolso de sua jaqueta. Time of my life soou extremamente alto, BaekHyun virou-se antes do primeiro verso começar, o sorriso largo, que deixava sua boca pequena ainda mais bonita. Os olhos brilhavam mais do que os globos sobre suas cabeças. Caralho, isso era tão BaekHyun.

 

   O garoto cor-de-rosa começou a dançar em sua frente, o vestido azul balançando de um lado a outro, a jaqueta preta, que ficava realmente grande no corpo miúdo, cobria as mãos por completo enquanto mexia os braços no ritmo da música. Cada pequeno movimento era de hipnotizar. ChanYeol perguntou-se se ele estava reproduzindo os mesmo passos de Dirty Dancing[4].

 

     — Você conhece os passos? — BaekHyun perguntou, chegando mais perto. — Dirty Dancing?

 

      Bom, ele realmente estava.

 

    — Dançar não é realmente o meu forte, pirralho. — Admitiu, a voz tão baixa que não sabia se foi ouvido. Estava vidrado nos movimentos que BaekHyun fazia. Os olhos cor de mel radiante, preso aos seus quase como se comprovasse que estava sendo assistido. Ele girou, o vestido rodopiando junto, deixando ChanYeol bestificado. Queria colar o corpo junto ao do menor, senti-lo dançar enquanto se esfregaria em si, apenas para saber se ele estava tão quente quanto parecia.

 

     — “Agora com paixão em seus olhos” — BaekHyun cantou junto com a música, os olhos ambivalentes lhe dizendo coisas que a boca não conseguia. — “Não há como disfarçar”[5] — Com um sorrisinho sapeca BaekHyun levou o dedo médio ao peito largo de ChanYeol, escorregando-o sobre a camina negra até chegar no cos da calça Jeans. Mordeu os lábios, o rosto moldado em malícia quando ameaçou puxar o cós, mas não fez, rindo faceiro.

 

 

    BaekHyun era um provocador nato, sabia muito bem como jogar, conseguia deixar o grande Park ChanYeol sem reações, levá-lo a visitar o seu lado mais impulsivo, animal. Farto de manter-se dentro de um controle que acreditava não mais o ter, ChanYeol puxou BaekHyun pela cintura, com força, os troncos se batendo com um som oco. Os olhos mel lhe fitaram, em um primeiro momento, surpresos, não estava esperando pelo contado, para logo depois ficarem quentes, entregues.

 

     — “Você é a única coisa da qual não consigo me cansar”[6] — Cantou ao ouvido de BaekHyun, sussurrando baixo, rouco. As mãos pequenas agarraram seus ombros, enquanto as suas apertavam a cintura delgada, sentindo os dedos afundarem-se na pele coberta pelo vestido. Os corpos estavam próximos, realmente colados, eram capazes de sentir os corações alheios batendo forte, quase violentos, criando uma música que para ChanYeol beirava a sensualidade, o desespero. Procurou pelos olhos vorazes do Byun, comendo-os dentro daquele olhar revelador, pois ali eles gritavam os desejos secretos de suas almas. — Eu estava surtado por tê-lo achado lindo pra caralho, BaekHyun.

 

 

    BaekHyun não precisou de esclarecimento, sabia que o mais velho referia-se a primeira vez que o viu.

 

   ChanYeol testemunhou os olhos mel nadarem em espanto, a boca pequena se abrindo, soltando o ar que ele parecia estar segurando por tempo demais. As feições de BaekHyun revelavam uma timidez afável, que o fazia parecer um garotinho inocente, um tanto diferente da faceta devassa que ele sustentava costumeiramente. Gostou disso para um caralho, ver que suas palavras causaram uma reação tão bela em BaekHyun enlouquecia ChanYeol, fazia com que se visse ávido por assisti-la mais uma vez. Levou a mão esquerda a face de BaekHyun, contornando com as pontas dos dedos  a boca rosada, sentindo nos dígitos a respiração quente, solta em pequenas lufadas de ar.

 

   — Você é lindo pra porra, pirralho. — Disse mais uma vez, quase gemendo quando as bochechas pálidas tingiram-se de um tom discreto de vermelho. O filha da mãe estava tendo a cara de pau de corar. A voz tornou-se ainda mais rouquenha quando continuou, aos sussurros: — Me deixa com vontade de fazer cada coisa com você, garoto.

      

  BaekHyun piscou, parecendo sair do transe a qual estava imerso. Não podia acreditar no que seus ouvidos escutavam e no que seus olhos viam, parecia uma bela quimera.

 

   — Espero que essas coisas envolvam foder com pirralhos, senhor Park. — Sem hesitar colou a língua para fora, lambendo a ponta do dedo que ainda circulava sua boca, sem nunca desviar o olhar dos olhos negros. — Quer foder com garotos ChanYeol? Quer foder comigo?

 

  A porra do controle que fosse para a casa do caralho, ChanYeol era descomedido quando BaekHyun lhe tentava de modos tão descarados. Era insensatez, eram seus desejos, era de BaekHyun. O leão rugira, implorando para se render, entregar-se ao seu domador. 

 

    — Mas que porra garoto! Cacete, mano. Você só pode ser o filho do diabo. — Meteu os dedos nos fios de cabelos rosados, puxando o rosto talhado em malícia para junto do seu.

 

    — Não Yeol. — Os olhos puxadinhos se faziam de inocente, mordendo o lábio inferior daquele jeito sapeca. – Eu sou o pirralho que você vai foder.

 

   — Mas que caralho!

 

   As palavras deixaram sua boca com gosto de insanidade, e sem perder um segundo, fez o que estava desejando loucamente por vinte dias. Beijar a porra daquele garoto insolente.

 

  Como da primeira vez o contato se deu rudemente, violento. A mão esquerda de ChanYeol segurou o rosto do menor pela nuca, mantendo-o próximo, a língua lambeando os lábios rosados como se estivesse lambeando um sorvete, sugando a carne suave com força, o barulho indecente do ato sendo abafado pela música alta.

 

 BaekHyun retribuiu a altura, as mãos buscando apoio nos ombros largos, colando-se nas pontas do pés para que pudesse morder o queixo de ChanYeol, descendo a boca para o pescoço comprido, sugando o pomo-de-adão com vontade, a saliva escorrendo sobre a pele do Park.

 

— É assim... — A boca fechou-se em torno do pomo-de-adão, sugando com força, a ponta da língua mexendo-se sobre ele, devagarinho, um belo contraste com a sucção vigorosa e indecente. — Que eu gosto de chupar um pau. — Afastou-se apenas o suficiente para que pudesse fitar os olhos de ChanYeol, a qual estavam envoltos por aquela áurea animalesca, um espelho da dominação. BaekHyun se ajoelharia naquele exato momento apenas com um aceno de ChanYeol.

 

  — Você quer acabar comigo, BaekHyun. — ChanYeol gemeu, gutural. Segurou o rosto menor com ambas as mãos, olhando a bagunça que ele mesmo havia feito. A boca, o queixo e o pescoço estavam babados, brilhando sobre as luzes do globo, vermelhos pela pressão contra a sua pele. Os olhos vorazes pareciam esperar por ordem, algo inédito até então, fez ChanYeol gemer outra vez, os olhos quase revirando-se tamanho o prazer que sentia em olhá-lo naquele momento.

      

   — Você que vai acabar comigo, Yeol. — o sorrisinho sapeca tornava-se imoral demais em meio a face molhada e vermelha. — Porque eu sou um garoto muito mal, você não vai me punir, Park?

 

  A quebra na música o fez notar que haviam muitas pessoas dançando ali, todas pareciam focadas no próprio mundo, a luz baixa os deixava ocultos, todos eram imperceptíveis sobre aquele globo.

 

  Antes que a nova música começasse, ChanYeol puxou BaekHyun para junto do seu corpo, segurando-o pela cintura e o arrastou para próximo da parede, ao lado da imensa Jukebox que facilmente os escondia. As costas de BaekHyun colidiram com a parede, o sorrisinho de canto ganhou os lábios inchados, mostrando como ele estava adorando tudo aquilo.

 

   — Será que terei que colocá-lo sobre meus joelhos e lhe dar umas palmadas, hem pirralho? — ChanYeol curvou-se sobre a figura pequena, lambendo o queixo e a boca de BaekHyun, vertendo para si a saliva que estava por cima da pele. BaekHyun pareceu gostar muito disso, pois colocou as pernas abertas sobre a coxa de ChanYeol e se esfregou ali sem vergonha nem uma, subindo e descendo devagarinho, enquanto gemeia, os olhos querendo se fechar para apreciar o roçar descarado que fazia contra o mais velho.

 

  — Sim, sim. — As mãos procuraram pela nuca de ChanYeol, cravando as unhas curtas, sem um pingo de dó, quando a alcançou. Ouvindo o maior xingar ao passo em que levava as mãos grandes para a sua cintura, movendo-o sobre a coxa malhada, ajudando-o a se esfregar em si. — Por favor. —Implorou, todo manhoso, a voz arrastada.

 

  ChanYeol levou a boca ao ouvido alheio, sentindo o tesão queimar em seu corpo de um jeito quase nocivo por sentir o pau duro de BaekHyun em sua coxa, esfregando-se em si de um jeito gostoso de olhar. Seu corpo todo tremia pela excitação, a mente de ChanYeol não conseguia pensar sobre nada que não fosse o garoto revolto em sua frente tão perto de si. Sua única vontade era provar de tudo que ele quisesse oferecer. Lambeu a cartilagem da orelha do Byun, mordendo o lóbulo para ver o garoto se arrepiar, contorcendo-se sem nunca parar de se esfregar.

 

   — Posso colocar a mão por debaixo do seu vestido, BaekHyun? — ChanYeol pediu, cheio de uma vontade que lhe era nova, mas tão poderosa que o dominava completamente. Queria desesperadamente sentir o pau de BaekHyun sobre sua mão, saber qual seria a sensação de tê-lo entre seus dedos.

 

 BaekHyun mordeu os lábios, quase acanhando. Pegou a mão direita de ChanYeol, essa que estava em sua cintura até então, e a colocou logo a baixo de seu vestido.

 

   — Toque-me ChanYeol, veja se eu estou tão duro quanto você.

 

  ChanYeol colou a boca abaixo do ouvido de BaekHyun, gemendo contra a pele leitosa antes de subir a mão que tremia vergonhosamente em meio a ansiedade. O pau pulsando dentro da calça a cada segundo que ficava mais próximo do meio das pernas do menor, sentindo sobre a ponta dos dedos a textura da meia que o Byun usava.

 

  BaekHyun resfolegou quando ChanYeol pousou a mão sobre seu pau, este que estava coberto pela meia e a boxer, para logo depois lhe apertar com firmeza.

 

  — Cacete. — ChanYeol afastou-se do pescoço leitoso, procurando os olhos cor de mel que encontravam-se quase fechados enquanto ele gemia, mordendo os lábios com força. O pau de BaekHyun estava duro pra caralho, seus dedos formigavam sobre ele, sentindo uma vontade urgente de tocá-lo por debaixo da boxer, sentir o pau duro sem impedimentos, para descobrir se ele já estava molhado com a cabeça do pau inchado. Nunca havia sentido tanto tesão em sua vida, nem parecia tão absurdo que estivesse quase gozando simplesmente por está sentindo o pau de outro cara, a porra do caralho de BaekHyun.

 

  Estar junto do garoto cor-de-rosa era como encontrar um caminho cósmico, muito além do que conseguiria explicar, mas está lá, dentro de si. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

[1] Tradução livre do trecho de telescope, música do álbum Melophobia da banda norte-americana Cage the Elephant.

[2] Os Embalos de Sábado à Noite é um filme americano de 1977, um drama musical produzido por Robert Stigwood, dirigido por John Badham e com roteiro de  Norman Wexler.

[3] Jukebox é um aparelho eletrônico, criado em 1980, geralmente acionado por moedas, dinheiro ou cartão que tem por função tocar músicas escolhidas pelo cliente que estejam em seu catálogo.  

[4] Dirty Dancing é um filme estadunidense lançado em 21 de agosto de 1987, do gênero romance, dirigido por Emile Ardolino.

[5] Tradução livre do trecho de "(I've Had) The Time of My Life", canção tema do filme Dirty Dancing (1987), gravada por Bill Medley e Jennifer Warnes.

[6] Tradução livre do trecho de "(I've Had) The Time of My Life", canção tema do filme Dirty Dancing (1987), gravada por Bill Medley e Jennifer Warnes.


Notas Finais


Eu to desanimada pra caralho com isso aqui e nem sei o que dizer, só quero agradecer o carinho de vocês. Vocês são fodas de mais! obrigada por cada palavrinhas que deixaram pra mim, serio gente, eu amo ler o que vocês escrevem. Obrigada por isso S2 aqueles que panfletaram a fanfic meu amor eterno a vocês.


Podem me gritar por aqui: @PervassWorldd https://twitter.com/PervassWorldd

Ate mais breve ^_^


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