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História Selvagem - Um almoço com o passado


Escrita por: MrsLoser

Capítulo 26 - Um almoço com o passado


Fanfic / Fanfiction Selvagem - Um almoço com o passado

— Zitao? — repetiu.

O ômega se virou devagar, colocando seu esforço em controlar a respiração. Olhou para o alfa em questão, analisando os traços faciais que embora parecessem envelhecidos e cansados ainda remetiam ao mesmo homem de oito anos atrás.

— Tian… — cumprimentou umedecendo os lábios secos.

— Você está bem? — o alfa se aproximou com um semblante preocupado.

Tao assentiu, mesmo não conseguindo disfarçar a rigidez em sua postura e a respiração já pouco menos descompassada. Um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente enquanto o ex-xerife analisava o mais novo com um olhar indecifrável. Tian coçou a garganta — um hábito comum do alfa — antes de se pronunciar:

— Já faz algum tempo… — comprimiu os lábios. — Você já almoçou?

— Não. — mordeu o interior da própria bochecha.

— Gostaria de me acompanhar? — o ômega pareceu ponderar. — Sei que pode parecer estranho mas eu realmente gostaria da sua companhia. — sorriu de canto.

— Acho que não faria mal. — respondeu calmamente, ainda incerto sobre sua decisão. 

O alfa sorriu.

— Tem um bom restaurante aqui perto. Não é tão bom quanto o da mama Kim era mas acho que você vai gostar! — se empolgou. — Vamos? — o ômega assentiu.

O caminho até o restaurante mencionado, apesar de curto, pareceu demorar devido ao silêncio incômodo entre os dois. Era impossível para o alfa não olhar para Zitao e lembrar do adolescente alegre e falante de antigamente e notar como o Huang estava silencioso parecia, de certo modo, errado.

Quando chegaram no local, Zitao escolheu a mesa ao lado da janela. Um hábito que se tornou comum desde que voltou a frequentar locais públicos, já que sempre que se sentisse desconfortável poderia focar em algo aleatório do lado de fora enquanto esperava pacientemente até se sentir confortável novamente.

Aguardavam seus pedidos em silêncio. Tao sabia que o olhar do alfa estava preso em si e aquilo só o deixava mais nervoso, além do fato de não ter conseguido se recuperar totalmente do ataque de pânico que sofreu mais cedo. 

— Você não deve se lembrar muito de mim… — o alfa sussurrou, alto o bastante para que escutasse.

— Eu lembro. — comprimiu os lábios, olhando para as próprias mãos em seu colo.

O silêncio novamente pairou sobre a mesa. Minutos se passaram até que os pedidos fossem entregues e ambos começassem a comer. Um suspiro satisfeito foi solto pelo ômega ao sentir o gosto do alimento e Tian sorriu. Zitao ainda parecia a mesma pessoa de anos atrás com os olhos azuis brilhando ao comer algo de seu agrado. Era impossível não associar o ômega com a própria mãe e chegava a ser engraçado a semelhança entre os dois. No fundo, sabia que os Zitao e Jongin eram mais parecidos com Lian do que com Joon.

— Eu te devo desculpas, Zitao. — disse repentinamente, atraindo a atenção do mais novo. — Não deveria ter desistido de procurar por você. — Tao pôde sentir sinceridade nas palavras do alfa e engoliu em seco.

— Não precisa se desculpar… — falou baixo.  

— Preciso sim! — olhou para baixo. — Eu fui negligente. O sofrimento de muitas pessoas poderia ter sido amenizado se eu tivesse feito o meu trabalho corretamente.

— Não é como se pudéssemos mudar o que aconteceu, de qualquer modo. — suspirou.

— Não, não podemos… — sussurrou, alheio. — Vi nos jornais que Joon e a mama Kim são suspeitos. Eu sinto muito por isso…

Zitao balançou levemente a cabeça, sinalizando um “obrigado”. O ômega claramente estava desconfortável em conversar com o mais velho. Não sabia como deveria agir ou se referir à Tian, tendo em vista que a última vez que tiveram contato direto fora há anos, quando ainda era um adolescente. 

— Sabe, quando nos encontramos na delegacia há algum tempo, meu pai não reagiu muito bem com a sua presença. — proferiu com cautela, analisando as expressões do alfa. — O que aconteceu entre vocês dois?

— Eu disse e fiz coisas que o magoaram, Zitao. — Tian suspirou. — Talvez ele nunca tenha superado o fato de que eu não dei o suporte que ele precisava quando tudo pareceu desmoronar, mas acredito que o pior de tudo foi nunca ter conseguido fazer a justiça que a sua família merecia. Coisas que hoje em dia eu me arrependo amargamente.

— Entendi…

Tian franziu as sobrancelhas, olhando para o jovem.

— Como foi viver oito anos em sua forma lupina? — questionou. As sobrancelhas do ômega se arquearam e o alfa notou o quão inoportuna foi sua pergunta. — Desculpe! Não queria parecer tão invasivo.

— Tudo bem… — deu de ombros. — É esquisito, na verdade. É como se os últimos oito anos tivessem sido apagados.

— Uma vez eu li que quando não se recebe o treinamento adequado é quase impossível manter o lado racional em controle durante a transformação. — contou. — É como se o seu consciente se desligasse e você fosse capaz de fazer qualquer coisa, até atos que você nunca faria em seu estado são. Atos bruscos e violentos como um…

— Como um animal selvagem. — Zitao completou, suave.

— Não foi o que eu quis dizer… — tentou se corrigir.

— Eu entendi o que você quis dizer, Tian. — o ômega acusou. — Eu sei onde você quer chegar com essa conversa. — o ex-xerife sorriu sem graça.

— Você está mais observador do que antigamente.

— Convivendo com um lúpus é difícil não ficar… — deu de ombros.

De fato, por estar vivendo com Yifan e Jennie, tinha que se atentar mais aos detalhes, já que os dois tinham sentidos muito mais apurados do que si — além do fato de Yifan ser o xerife, o que parece elevar ainda mais os sentidos do Wu.

— Lúpus?! — o mais velho arqueou a sobrancelha. — Como Wu Yifan?

Zitao demorou alguns segundos para responder, engolindo em seco.

— Sim, como Wu Yifan.

— Não sabia que vocês dois eram tão próximos.

— Ele me ajuda muito. — falou, não querendo entrar em detalhes.

— Entendi… — analisou o ômega, notando o Huang se tencionar levemente. — Não precisa ficar na defensiva, Zitao. Eu não sou uma ameaça, nem para você e nem para Yifan.

O ômega franziu as sobrancelhas, olhando ao seu redor e se levantando com calma, pegando a mochila que estava ao seu lado, no chão.

— Você tinha razão, eu gostei da comida daqui! — disse, colocando a mochila em seus ombros. — Obrigado pelo almoço, Tian.

xXxXxXx

Zitao abriu a porta com a chave que pegou emprestado com Junmyeon. O barulho da televisão atraiu sua atenção e automaticamente Jennie pareceu notar sua presença, olhando para si.

— Oi, querida! — sorriu de canto, sendo respondido. — Onde está o seu pai?

— Ele está lá em cima. — a pequena lúpus informou, apontando para o andar de cima como se estivesse confirmando o que acabou de dizer.

— Eu vou conversar com ele, e quando eu voltar eu quero saber como foi o seu dia na escola, pode ser? — perguntou suave, segurando o riso quando a Wu assentiu várias vezes com a cabeça, alegre por ter alguém para compartilhar seu dia.

Zitao deixou a mochila no sofá vazio, subindo as escadas com rapidez. Andou até o quarto do alfa, batendo na porta e escutando um “pode entrar” e fazendo o que lhe foi dito. Foi impossível não se sentir envergonhado em ver o lúpus acabando de vestir sua camiseta e ajeitando o cabelo antes de olhar para si.

— Ei! — sorriu. — Você demorou. — franziu as sobrancelhas ao notar como o menor parecia tenso. — Aconteceu alguma coisa? — andou até o ômega.

— Será que você pode… — pigarreou. — me abraçar?

Os olhos vermelhos o observaram preocupados. Por mais fofo que Tao estivesse no momento, Yifan podia notar o nervosismo vindo do mais novo e isso não o agradava de forma alguma. Se aproximou ainda mais envolvendo seus braços na cintura do ômega, notando como os braços do menor envolveram seu pescoço e o rosto do mesmo se encaixou na curvatura de seu pescoço perfeitamente. O corpo do mais novo estava tenso e graças ao olfato apurado, o Wu conseguiu identificar um cheiro de alfa vindo do outro, um cheiro já conhecido por si.

Tao apertava o lúpus como se ele pudesse sumir. Estava satisfeito com o aperto forte em volta de si, lhe dando a sensação de estar em um lugar seguro. O cheiro de sândalo invadia seus pulmões, o acalmando aos poucos. Ficaram ali por minutos até que Zitao decidiu abandonar a quentura do alfa — mesmo que a contragosto de seu ômega interior — e se sentar na cama.

— O que aconteceu, Zitao? — Kris perguntou sério, se sentando ao lado do outro. — Foi o Tian? Por que eu juro que se ele tiver feito alguma coisa contra você…

— Não foi o Tian! — negou. Realmente, não havia sido somente o ex-xerife. — Sou eu… — suspirou, escondendo o rosto em suas próprias mãos. — Digo, tudo que envolve a mim e a minha família. — confessou. — É tudo tão complicado… — Yifan ouvia atentamente. — Seria bom pertencer a uma família comum. — segredou.

— Você é bem-vindo na família Wu! — o lúpus brincou, arrancando um riso anasalado do menor. — Não sei se somos comuns mas acho que Wu Zitao fica bem em você.

— Obrigado!

Os olhos azuis buscaram os do alfa, quase se perdendo na vermelhidão dos mesmos. Um arrepio percorreu ambos, que não quebraram o contato visual por alguns segundos. No fundo, Zitao sabia que o lúpus estava falando sério e era inevitável não se sentir feliz só de pensar em si fazendo parte da família de Yifan e Jennie.

— Jennie e eu decidimos em pedir pizza para o jantar, mas eu não sei qual sabor você gosta. — deu de ombros.

— Qualquer um está bom! — franziu as sobrancelhas. — Vocês não deveriam comer esse tipo de comida tão frequentemente, faz mal! — apontou.

Uma coisa que havia notado era que Yifan e Jennie eram apaixonados por pizzas e comidas de fast food, o que de certa forma o preocupava pois não era um hábito nenhum pouco saudável.

— Eu não sei como funciona com os Huang’s, mas para os Wu’s o dia da pizza é sagrado! — o lúpus cruzou os braços como uma criança mimada.

— Bom, eu ainda não sou um Wu.

— Ainda, é?! — o alfa sorriu, provocativo.

— Não começa! — sentiu o rubor em suas bochechas. — Eu posso muito bem mudar de “ainda” para “nunca”. — ameaçou.

— Não! — Kris respondeu rápido. — Continua com o “ainda”! “Ainda” é um ótimo status para o nosso relacionamento! — pediu, se atrapalhando com as palavras.

Os olhos azuis miraram o chão e a cabeça do ômega se inclinou levemente. Os lábios finos se partiram em um sorriso e Yifan sentiu seu coração quase parar e seu fôlego se esvair ao admirar pela primeira vez o sorriso tímido de Zitao, julgando naquele momento que o sorriso do ômega era uma das coisas mais belas que já viu na vida. Tao notou a intensidade do olhar do alfa e foi inevitável não retribuir.

— O que foi? — perguntou, ingênuo.

— Você fica lindo sorrindo! — elogiou, sorrindo ao ver o mais novo corar.

— Obrigado!

Se entreolharam por alguns segundos, antes do ômega interromper o contato visual dizendo:

— Eu tenho que ir, prometi para a Jennie que iria ouvir como foi o dia dela na escola. — avisou.

Em um ato impensado, se aproximou rapidamente do lúpus sentado ao seu lado e repetiu a mesma ação que fez de manhã, segurando o rosto do alfa com sutileza e beijando a bochecha do mesmo com rapidez, se levantando em seguida. Zitao saiu do quarto com velocidade, sem notar que deixou para trás um Yifan atônito, tocando na própria bochecha e olhando para a mesma direção em que seguiu.


Notas Finais


SURPRESAAAAAAAAA
A autora se encontra morta depois desse Taoris, então sem notas finais complexas por hoje!
Kissus =3

Twitter: https://twitter.com/wuyifxxck


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