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História Sem Censura - Dinheiro sujo


Escrita por: exotomic e minseokbaek

Notas do Autor


Faaaaala galera, tamo chegando com os refri!!!

Essa fanfic tomou proporções inimagináveis e nós só temos a agradecer. Todo nosso carinho e dedicação são pra vocês!

Boa leitura <3

Capítulo 10 - Dinheiro sujo


SEM CENSURA

Baekhyun recebeu beijos de Chanyeol mesmo depois do orgasmo.

Ele já tinha deixado o Park tirar a venda porque ficou com as pernas moles pelos espasmos enquanto cavalgava, então o maior precisou virá-lo na cama para o fazer gozar enquanto tomava conta da situação e controlava as estocadas. O gemido alto que Baekhyun deixou escapar quando o ápice veio foi abafado por um beijo quase faminto que o deixou surpreso, mas ele não se incomodou.

Primeiro, porque passou a noite inteira com a boca ocupada ou enfiando a língua na de Chanyeol, nos momentos em que não o tinha chupando seu pau ou não jogava a cabeça para trás em puro reflexo de prazer, e segundo porque ele bem que tinha gostado de ser beijado com devoção enquanto o corpo inteiro formigava num lapso de segundo, deixando seus pensamentos embaçados demais para que ele percebesse que a transa estava chegando ao fim, os lábios úmidos encontrando o ar quando Chanyeol desceu os beijos por seu rosto e pescoço e grunhiu ao gozar também.

O nível de intimidade estava abalado no meio do abraço esquisito que embalava os corpos, as mãos de Chanyeol na cintura do Byun enquanto as do menor se perdiam nas costas largas dele, os olhos fechados aproveitando dos últimos tremores. E o Park só precisou se erguer um pouquinho para beijar Baekhyun de novo, dessa vez com mais carinho que volúpia, moldando o corpo dele com facilidade ao puxá-lo para o lado e se ajustando melhor no colchão, não deixando todo seu peso sobre o corpo letárgico. Sem afastar os lábios.

Baekhyun só se deu conta do que estava fazendo quando gemeu baixinho contra a boca que o explorava, no momento em que Chanyeol saiu de dentro dele, a mão grande deslizando para lhe acariciar nas costas, sobre a camiseta. Foi só enquanto se recuperava do orgasmo, despertando do longo e gostoso sonho que experienciou acordado, que o Byun percebeu que Chanyeol ainda o beijava e o apertava com cuidado. Foi só quando os dedos da mão livre dele subiram por seus ombros até alcançar os cabelos bagunçados atrás da cabeça, que Baekhyun entendeu que era a hora de acabar com a ilusão.

Ao contrário da outra vez, Baekhyun fez questão de ir embora na mesma noite depois de transar com Chanyeol. Se afastou dele como se não tivessem feito nada de diferente, desvinculando-se dos braços firmes e se arrastando na cama. Ele já tinha o plano de ir para casa, mas a opção de ficar se tornou impossível quando percebeu o que os dois tinham feito. Baekhyun tinha beijado Chanyeol e eles nem tinham conversado sobre isso novamente. É claro que ficou constrangido, principalmente porque ele estava vendendo quando começou com os beijos e não havia muito o que pudesse fazer. Talvez retribuí-lo fosse menos complicado do que editar um vídeo inteiro para excluir alguns minutos.

Envergonhado, se desculpou antes de ir embora, várias vezes, mesmo que Chanyeol tivesse dito que não tinha sido ruim. Que ele tinha gostado. Mas Baekhyun não deu espaço para que o Park questionasse alguma coisa ou o tranquilizasse de qualquer maneira. Não conseguia nem lembrar muito bem o que aconteceu no tempo entre tomar um banho rápido e colocar as próprias roupas, deixando a camiseta dele suja com seu sêmen no banheiro, e então saindo do condomínio caro já dentro do carro. Só sabia que tinha se despedido com um boa noite jogado no ar de qualquer jeito, com medo de receber perguntas ou rejeições ou qualquer coisa que o fizesse se arrepender por ter cedido. O trajeto até a própria casa também era um borrão, mas ele preferiu dormir a pensar no que tinha feito.

No domingo, não fez absolutamente nada além de rolar a tela do Twitter e passar o dia na cama. Nem tomou coragem o suficiente para cozinhar, sobrevivendo com algumas besteiras que tinha no armário e comida que pediu por telefone. Espiou quase sem querer os novos comentários no seu antigo vídeo de Chanyeol e tudo o que tinha ali eram pedidos para novos conteúdos. Por algum motivo, isso o fez sorrir durante a manhã, porque apesar de ignorar — para o próprio bem — o tanto que cruzou os limites e beijou o Park, estava até satisfeito com a performance da noite anterior. O sexo foi tão gostoso que ele nem queria que acabasse…

Ainda assim, ele não estava com expectativas altas o suficiente para o retorno que aquele segundo vídeo recebeu. Ele nunca se daria tanto crédito para alcançar o tamanho daquele feedback quando a prévia foi publicada e a íntegra disponibilizada no site de pagantes.

As pessoas estavam surtando. E Baekhyun estava surtando ainda mais.

Dessa vez, ele não tinha se feito de rogado, excluindo o fato de que evitou olhar nos olhos do Park nos momentos em que se cumprimentavam no trabalho. Quando Chanyeol entregou um pen drive idêntico ao anterior, cerca de três dias depois da noite que dividiu com ele, Baekhyun já sabia o que ia encontrar dentro. No mesmo dia, ao chegar em casa, ele abriu o arquivo no computador e assistiu ao vídeo o mais rápido possível. Estaria mentindo se dissesse que não estava curioso para ver de perto seu desempenho praticando um papel mais dominante. O resultado não tinha sido tão decepcionante, ao contrário do que esperava.

O que surpreendeu Baekhyun realmente foi que Chanyeol não mexeu no take onde os dois se beijaram. Onde Baekhyun o beijou descontroladamente, na verdade. Ele tinha escolhido manter apenas a visão da câmera que pegava os pés da cama, Baekhyun de costas inclinado sobre o corpo dele. Nada de blur ou censura nos rostos. Quem assistisse aquilo, saberia exatamente o que estava acontecendo, principalmente por causa dos ruídos que o microfone tinha captado. Foi uma surpresa, porém uma surpresa boa. Baekhyun chegou a se perguntar se Chanyeol tinha reparado em sua sensibilidade aos sons eróticos, escolhendo aquela edição para o agradar de algum jeito.

Sabendo ou não, ele acertou, e Baekhyun ficou ainda mais envergonhado quando viu de verdade a quantidade de vezes em que se inclinou para beijá-lo, porque não lembrava muito bem daquele tipo de detalhe. E, caramba, ele quase não quis parar depois do primeiro. Não podia negar, também, que as cenas eram muito sensuais. Chanyeol alterava a câmera para a lateral toda vez que Baekhyun erguia o corpo para se mover, o deixando com o rosto embaçado e o próprio com uma leve camada de mosaico, só para que todo mundo pudesse ver como ele ficava gostoso até vendado.

E então movia para a filmagem da ponta da cama quando, quase com sede, Baekhyun não aguentava e se abaixava para beijá-lo de novo. Era uma escolha muito inteligente de edição e o Byun ficou chocado quando se deu conta de que estava ficando excitado ao se assistir em cima de Chanyeol. Ou voltando a gravação para o minuto em que estava sendo provocado com o vibrador, seguido daquele estranho momento de calmaria que compartilharam, sem fazer nada sobre a cama. Não conseguia acreditar que ele tinha mantido aquilo. Foram quase dois minutos inteiros de silêncio, exceto pelos beijos suaves que ele deixava em sua bochecha e pescoço.

Mesmo assim, ele gostou de tudo. Decidiu até parar de ver antes que sua situação no meio das pernas piorasse, abafando um gritinho no travesseiro porque foi olhar os comentários para acalmar o início de ereção. E, bem...

Aparentemente, ele não tinha sido o único a gostar.

Depois que o vídeo foi publicado, muito mais rápido do que o anterior, as pessoas estavam comentando o dobro. Se Baekhyun tinha ficado assustado com a quantidade de elogios e comentários positivos antes, agora ele estava apavorado. Todo mundo falou dos beijos. Mesmo que na maioria dos takes, não conseguissem ver nem os rostos embaçados, com tudo deixado para o estímulo auditivo. Muita gente também falou sobre sua segunda aparição e era um pouco desesperador ver Chanyeol respondendo as insinuações de que estava viciado nele. Respondendo como se concordasse. Afirmando que ele era o garoto preferido. Deixando óbvio que gostava de gravar com ele. Que faria de novo, como continuavam pedindo.

Caramba… Baekhyun não estava preparado para receber tudo aquilo.

Nem sabia onde enfiar a cara quando chegou no trabalho no dia seguinte às explosões de comentários. Dessa vez, não por receio dos colegas, mas especificamente por não saber como processar aquelas pouco indiscretas investidas de Chanyeol. Não tinha como ter certeza, por exemplo, de que ele não estava falando aquelas coisas só pela interação na conta, só para animar os seguidores. Ele não poderia afirmar nada.

Mas era como se Chanyeol sentisse quando Baekhyun estava no limite para ter um ataque por causa dele. Ou quando sentia desesperadamente falta dele mesmo sem perceber. A saudade o atingiu desde o momento em que viu o vídeo e ele não fez nada com ela porque evitava pensar que ela existia, então o Park aparecia o tirava dos eixos sem ter ideia do quanto o afetava. O expediente mal tinha começado, ele tinha acabado de beber um café mocaccino bem doce para acalmar os ânimos, variando do preto e puro, quando o celular vibrou sobre a mesa.

Ele não sabia quem o mandaria mensagens no seu número pessoal, já que Jongdae estava bem ao seu lado e, honestamente… não tinha mais amigos. Era contra usar celular no trabalho para mais que o necessário, mas imaginou que talvez algo tivesse acontecido com alguém da família ou até com Yixing, esquecendo completamente que Chanyeol tinha seu número. O jeito que o coração acelerou ao ver o nome na tela era mais proveniente da saudade que do nervosismo, mas Baekhyun não estava alerta o suficiente sobre os próprios sentimentos para se dar conta.

 

Chanyeol: Baek, pode me encontrar na sala de cópias? Queria falar com você rapidinho.

Chanyeol: Tem muita gente na copa.

 

Baekhyun olhou para os lados e todo mundo estava concentrado nos afazeres, incluindo Jongdae. Ninguém notaria se ele levantasse e a curiosidade o pegou assim que leu as mensagens do Park. Mordiscando o lábio, respondeu que iria, pegando uma folha qualquer de papel em cima da mesa para dizer a Jongdae que iria na copiadora, arrastando-se para lá em passos rápidos.

A porta estava fechada e só Chanyeol estava lá dentro quando ele abriu, encostado em uma das máquinas enquanto apertava alguns botões. O Park notou sua presença rapidamente, o pedindo para entrar.

— Oi! Tranca a porta. — disse, fazendo Baekhyun erguer as sobrancelhas.

— E se alguém quiser entrar?

— É só dizer que emperrou, melhor que qualquer um entrando no meio da nossa conversa, né? — Com um sorriso de canto, ele convenceu Baekhyun, que assentiu e trancou a porta antes de andar até a copiadora ao lado dele. Não iria aparecer de volta sem a cópia que disse a Jongdae que faria.

— Então… — murmurou, sem olhar para Chanyeol. — O que quer falar comigo?

— Na verdade, te chamei aqui porque vamos precisar conversar sobre… sabe, os vídeos. Você viu as últimas postagens? — O Byun queria dizer que não, só para que Chanyeol não ficasse sabendo que ele viu suas respostas aos seguidores, mas ele parecia sério sobre o que ia dizer, então assentiu com a cabeça ainda baixa. — Então você viu como repercutiu… eu pensei em algumas coisas e quero conversar com você, mas não dá pra fazer isso no trabalho ou no estacionamento, não é o lugar mais seguro do mundo pra gente.

— É muita coisa?

— Dependendo do resultado, sim. Por isso, quero saber se você tem algo pra fazer hoje à noite. Queria que pudéssemos conversar em outro lugar.

Baekhyun umedeceu os lábios, dessa vez encarando o rosto de Chanyeol. Não conseguia identificar o que ele estava sentindo ou querendo passar, as feições eram inexpressivas.

— Quer que eu vá na sua casa?

— Não dá. — Com um sorrisinho, ele negou, e o coração de Baekhyun sofreu um sobressalto. — Minha irmã chegou em Seul hoje e vai passar uns dias no meu apartamento.

— Ah… então… — Baekhyun olhou para o papel que saiu da impressora, o pegando sem o menor jeito. Onde ele estava tentando chegar? — Quer conversar comigo em que lugar?

— É isso, quero saber se você tá livre pra sair comigo hoje à noite. Podemos comer e conversar sobre isso com mais tranquilidade que aqui, entende?

— Entendi. — Olhando para os lados, Baekhyun tentou controlar a própria reação. Estava sendo convidado para um encontro ou um jantar de negócios? Ele queria ter um encontro com Chanyeol? Melhor ainda: Chanyeol tinha qualquer interesse de sair com ele por esse motivo? A intenção era apenas conversar sobre a questão deles? — Não tenho nada planejado.

— Ótimo então, a gente pode se encontrar depois do trabalho, umas oito e meia tá bom pra você?

— Tudo bem. — O modo automático já estava tomando conta de Baekhyun, que ficou parado no meio da sala com os papéis nas mãos, sem ter mais o que fazer além de escutar o que Chanyeol tinha a dizer. — Em que lugar?

— Bom, eu pensei em buscar você, se não tiver problema. É que eu não sei ainda onde poderíamos ir. — Coçou a nuca. O menor pressionou as folhas com os polegares. — Se não tiver problema, eu posso te pegar na sua casa. E então decido no caminho ou algo assim, porque não vou ter muito tempo de pensar agora, tenho bastante trabalho. Mas se for um problema, eu dou um jeito de te mandar um endereço até às oito.

Baekhyun não sabia se iria sobreviver sendo levado por Chanyeol no carro enorme dele. Se iria suportar vê-lo chegando na porta de sua casa ou se despedir dele na mesma calçada na volta. Mas também não queria que ele se preocupasse com isso no meio de expediente só porque era fraco demais para aguentar sua presença constante. E, no fundo, ele queria dividir o caminho com o Park, soubesse ele disso ou não. Foi só por isso que negou com a cabeça.

— Não tem problema. Te mando meu endereço por mensagem.

— Certo. — Ele sorriu. Baekhyun estremeceu discretamente. — Até mais tarde?

— Até.

Tentando retribuir a gentileza, o Byun curvou os cantos dos lábios para dar um sorriso sem graça, virando-se para sair, lutando para que as pernas molengas não o traíssem naquele momento. Destrancou a porta e saiu como se nunca tivesse trancado, imaginando que Chanyeol ainda estava copiando alguma coisa pela quantidade de papel que estava na copiadora.

Cruzou o caminho de volta para a mesa e bebeu um gole de água da garrafinha térmica, ajeitando-se na cadeira e tentando controlar os batimentos cardíacos. Tinha um — possível — encontro com Chanyeol à noite. Não sabia nem se tinha roupa para sair com um homem como ele, que devia frequentar lugares muito acima de seu orçamento só pelas fotos que via no Instagram ou a decoração do loft em bairro nobre. Também não sabia se tinha coração para sair com ele, para início de conversa. Sem sexo, sem câmeras, só se sentar e conversar com ele por mais que cinco minutos, como fazia no trabalho.

No mínimo desafiador.

— Você encontrou um fantasma dentro da copiadora? — Jongdae quase o fez pular no lugar quando se aproximou com a pergunta, a cadeira esbarrando na quina de sua mesa. Colocou a mão sobre o peito e o amigo soltou uma risada baixa. — Aconteceu alguma coisa?

— Não, só fiquei com sede de repente. — Inventou a primeira coisa que apareceu em sua mente, bebendo mais um gole de água. Jongdae não pareceu acreditar, franzindo o cenho, mas não disse nada. — Tem muito trabalho?

— Até que não, mas eu tô brigando um pouco esse módulo no Sistema SAP, ainda tá com muita sede ou pode me dar uma ajudinha? Te pago a sobremesa do almoço hoje.

— Não precisa me pagar, é meu trabalho te treinar. — Baekhyun rolou os olhos, ignorando a provocação e se aproximando do computador de Jongdae para saber que dificuldade ele estava tendo com o software da empresa.

Ficou feliz sabendo que a ideia de almoçarem juntos continuava firme na rotina dele, mesmo que eles não tivessem dito com todas as letras que fariam aquilo todo dia, deixando um sorriso aparecer no rosto enquanto explicava como usar as funções do módulo. Chanyeol passou por eles minutos depois que o deixou sozinho na sala, e Baekhyun acabou cedendo e trocando um olhar rápido com o maior, que estava sério.

Mas Baekhyun não refletiu muito sobre isso, também. Se distraiu com o trabalho pelo resto da manhã, vez ou outra falando algo com Jongdae, colocando o computador em modo de espera quando o horário de almoço chegou e ele vestiu o sobretudo bege para sair com o amigo. Chanyeol estava cheio de papel na mesa, com o fone de ouvido nas orelhas e o olhar focado na tela quando passou perto dele, e Baekhyun ficou até com pena. Devia estar mesmo atolado de coisa para resolver, talvez aquele fosse mais um dia em que o veria puto da vida no andar, reclamando de algo que deu errado.

Jongdae sugeriu que fossem para o restaurante de churrasco daquela vez, e Baekhyun viu que tinham minutos sobrando e decidiu ir, mesmo com a caminhada mais longa. Tinha bastante tempo que não fazia churrasco em casa e muito menos saía para comer. Se não tivesse tanto tempo almoçando com Jongdae, talvez nem soubesse como existir em um jantar com Chanyeol, depois de anos sem ter aquele tipo de programa, nem mesmo sozinho.

— Eu vou pedir carne mesmo, porque tô com vontade de comer alguma coisa mal passada faz tempo. — O Kim disse, abrindo o cardápio. — Te falei, né? Que minha mulher não quer mais comer muita coisa pesada e quase nunca tem carne vermelha? Só o necessário pra dieta de grávida dela. E eu já tô em abstinência.

— Eu também. Ou costela… Você gosta? A gente pode dividir esse misto grande. — Baekhyun apontou no cardápio e Jongdae ergueu as sobrancelhas, concordando.

Chamaram o garçom para registrar o pedido e passaram a conversar, como já era de costume. O Byun estava tentando se controlar para não falar demais, mas a vontade de pedir um socorro amigo por causa do encontro com Chanyeol estava fazendo sua língua formigar e sua perna sacudir debaixo da mesa, enquanto escutava o amigo falar mal dos preços de enxovais. A comida chegou e eles colocaram as carnes na grelha, o cheiro bom fazendo o estômago de Baekhyun roncar.

— Ah, não esquece do chá de bebê. Eu já falei pra ela que ia chamar meu amigo do trabalho e ela já quer te conhecer, não achou que eu fosse me dar bem numa empresa assim, é mole? — Jongdae pegou um pedaço de carne e melou no molho, mastigando. Era engraçado porque ele não conseguia ficar calado por muito tempo, e Baekhyun não se surpreendeu quando ele mal tinha terminado de engolir e já retomou o papo. Entendia o argumento da esposa dele, de fato. — Mas tô indo muito bem e ainda te conheci.

— Tá mesmo. — Baekhyun riu baixinho, se sentindo bem. Jongdae o considerava mesmo um amigo e apreciava sua amizade, isso era muito acalentador. Talvez por isso juntou coragem o suficiente para tentar desabafar com ele sobre seu futuro problema à noite, mesmo que não pudesse falar muito por motivos óbvios e variados. — Posso te perguntar uma coisa?

— É claro que pode, Baek.

— Se você fosse chamar uma pessoa pra sair… — enrolou, usando os palitos para virar a carne na grelha. — Pra onde você a levaria?

— Tá querendo convidar alguém pra um encontro, garanhão? — Levantando as sobrancelhas, sugestivo, Jongdae perguntou.

— Não. — Como ele conseguiria explicar? Não podia dizer que era gay, não podia dizer que era alguém do trabalho, não podia dizer que tinha relação com o sexo gravado que faziam… Que palavras ele podia usar? — É que eu estou me envolvendo com uma pessoa, mas não é nada sério. Uma coisa casual. Mas ela me chamou pra sair e eu não sei bem por qual motivo e nem pra onde vamos.

— Casual? Talvez ela tenha te chamado pra sair porque quer deixar as coisas mais sérias, não sei?

Baekhyun esganiçou uma risada. Primeiro porque Chanyeol nunca teria a intenção de ter algo sério com ele, e segundo porque não tinha como dizer que o tópico do jantar com o Park era parte de um acordo de sexo, de um segredinho sujo.

— Não é uma relação que vai se tornar séria exatamente… Eu estou mais preocupado porque não sei pra onde a gente vai. Não sei como me vestir, quer dizer, não sei o que seria do agrado dela. Roupa, comida, enfim, você entendeu. — Ignorando o quanto aquilo pareceu bobo, Baekhyun comeu um pedaço de carne, apreciando o sabor. Estava morrendo de fome.

— Ah, bom, não sei. Talvez se você pensar mais como é o estilo da pessoa, que lugar ela poderia sugerir pra vocês irem… se é uma pessoa mais despojada, mais séria? Não sei, acho que só dá pra descobrir na hora. — Jongdae deu de ombros, ciente de que não estava ajudando muito. — Tenta usar algo não muito desleixado e nem muito espalhafatoso? Não entendo nada de moda, só uso as mesmas roupas se deixar.

— Vou tentar fazer isso. — Baekhyun deu uma risadinha. — É uma pessoa meio chique? Eu não frequento lugares muito refinados assim… então não sei se vou passar vergonha.

— Ah, que nada. É só seguir a onda e topar tudo o que puder topar, se não for algo que você não aguenta. Escargot? Claro. Hamburguer? Com certeza. Só não pode concordar com coisas que você não gosta.

— É verdade. Valeu. — Levando o conselho para o lado certo da história, até que fazia sentido. Chanyeol iria propor alguma coisa a ele e, bem, aceitaria se gostasse da ideia. Não podia passar por cima do que conseguia suportar, por mais atraído e, infelizmente, facilmente rendido pelo que o Park fazia.

Também estava mais tranquilo por ter conseguido falar com Jongdae sobre alguma coisa dele, mesmo não diretamente ou por completo. Um dia, talvez fosse possível, mas por enquanto era suficiente ser capaz de pedir um conselho a ele, se abrir um pouquinho mais, fazer parte daquela amizade de forma mais ativa. Gostou de ver como Jongdae tentou ser útil, mesmo que não compreendesse o problema a fundo. Ele se importava mesmo. Era bom saber disso.

Por algumas horas, Baekhyun aproveitou da falta de preocupações. Que ficasse nervoso apenas quando tivesse que ficar, ao menos.

 

[...]

 

Baekhyun chegou afobado em casa para conseguir se arrumar a tempo. Não fazia a menor ideia do que vestir e Chanyeol também não tinha dado nenhuma dica de onde iriam, mas considerando o gosto pessoal dele, resolveu optar por algo menos casual. Ele vestiu uma camisa azul marinho de botões, uma calça preta e um par de sapatos sociais. Não eram seus favoritos, mas gostava deles porque o deixavam mais alto, mesmo que minimamente.

O apartamento estava com um cheiro proeminente de perfume quando Baekhyun recebeu uma mensagem de Chanyeol avisando que já estava esperando em frente ao prédio. Tinha plena certeza de que nunca tinha se arrumado tão rápido em sua vida, motivo pelo qual não gostava de sair em dia semana, pelo menos não sem se programar antes. Mas Chanyeol tinha que surpreendê-lo de alguma forma, é claro. Ele precisou se esforçar para ficar pronto na hora.

Antes de sair, Baekhyun deu uma última olhada no espelho próximo à porta de entrada. Ele tinha arriscado colocar um pouco de maquiagem escura no canto dos olhos, somente porque era de noite e ele quase nunca saia nessas condições. E porque ele estava um pouquinho confiante depois de todos os elogios que tinha recebido no último vídeo. Sua intenção sequer era impressionar Chanyeol se alguma forma, mas pelo menos Baekhyun gostou de como seu rosto pareceu no espelho. Costumava gostar muito de usar maquiagem como aquela, ou esfumaçada ou como delineador, mas tinha deixado o hábito de lado ao tempo em que deixou de sair de casa para algo diferente do trabalho.

Estava frio, como todos os outros dias daquela semana, e Baekhyun se enrolou ainda mais dentro do sobretudo escuro que tinha vestido por cima da roupa. Ele não se permitiu olhar para nada além do ladrilho branco que adornava o caminho até o portão até que estivesse do lado de fora. Chanyeol aguardava encostado contra o carro, e quase imediatamente ao vê-lo, sentiu que alguma coisa definitivamente estava errada. O Park estava usando uma calça escura, jeans, meio rasgada em um dos joelhos, uma camiseta estilo grunge e uma jaqueta jeans. Além disso, ele estava calçando um par de tênis casual e não estava com o típico penteado. O cabelo estava solto, caindo na testa, e parecia macio.

Para ser honesto, nunca tinha o visto usando peças como aquelas e concluiu que ele ficava lindo. Porém, ele estava totalmente casual enquanto Baekhyun poderia ir a um casamento e não seria colocado para fora por não se encaixar nos trajes exigidos.

Os dedos do menor dentro do bolso do casaco se contorceram.

— Boa noite. — Baekhyun foi o primeiro a falar assim que parou a poucos centímetros de Chanyeol. Ironicamente, ele parecia ainda mais bonito daquela forma despojada. Ainda assim, o Byun continuava preocupado. — Eu tô muito arrumado? Eu não sabia pra onde a gente ia. Eu posso subir e mudar de roupa.

Chanyeol o olhou dos pés à cabeça, um sorriso pequeno surgindo no canto dos lábios. Amor cada detalhe, mas sabia que não era a melhor ideia colocar para fora todos os elogios que surgiram em sua cabeça. Muitos deles eram até levemente vulgares. Por isso, ele apenas balançou a cabeça negativamente e afastou o corpo da lataria do carro.

— Você tá lindo assim. Ficou bonito com a maquiagem. — Chanyeol apontou para o rosto do outro, destacando onde um pouco de sombra preta contornava os olhos. Baekhyun ergueu uma sobrancelha e Chanyeol percebeu como tinha soado realmente. — Quer dizer, você é sempre bonito, Baekhyun. Mas ficou ainda mais bonito assim, entende?

Honestamente, Baekhyun sentiu vontade de enfiar a cabeça em um buraco de vergonha. Era evidente o constrangimento entre os dois, por mais que Chanyeol sempre se esforçasse para não deixar que o clima se tornasse estranho de alguma forma. Se comparar com ele o fazia se sentir ridículo, e aquela discrepância de vestimenta realmente o deixava com vontade de subir e procurar uma camiseta de banda qualquer para usar. Mas se acharia ainda mais bobo depois, então só encerrou o assunto.

— Eu entendi, Chanyeol. Obrigado.

Chanyeol assentiu levemente com a cabeça.

— Vamos entrar, então. Está frio aqui fora. Acho que o Kyungsoo não ficaria contente se algum de nós dois ficasse doente.

Baekhyun concordou, afinal de contas, não havia muito o que ele pudesse dizer. Kyungsoo realmente ficaria chateado se algum dos dois ficasse doente, mas ele ficaria assim por qualquer funcionário, porque cada um exercia uma função específica dentro do setor. Ficar com um empregado a menos com certeza deixaria o gerente estressado.

Dentro do carro, Chanyeol ligou o ar condicionado. Não era a primeira vez de Baekhyun ali dentro, mas ele sempre se assustava com o quão grande aquele carro conseguia ser. Mesmo assim, parecia pequeno para Chanyeol e todos aqueles músculos e pernas compridas. O cheiro gostoso dele também estava por todo lugar e Baekhyun se encolheu ainda mais no banco, inspirando discretamente enquanto mantinha o olhar na rua, pela janela.

Mais uma vez, o silêncio constrangedor os envolveu. Havia uma camada densa e invisível de tensão dentro do carro, e Baekhyun tentou se concentrar no trajeto que reconheceu como o caminho para o centro da cidade. Chanyeol ligou rádio em uma estação de notícias, talvez para aplacar a estranheza que era estar ali dentro, fechado, consigo.

— Está com muita fome? — Chanyeol perguntou, uma mão no volante e outra encostada na porta, perto do vidro. Baekhyun rolou os olhos até o console do carro, onde havia um relógio digital mostrando o horário. Oito e quarenta e sete. — Eu nem almocei direito hoje. Passei o dia todo praticamente com a orelha colada no celular.

Baekhyun quis dizer que Chanyeol passava quase todos os dias daquela forma, mas achou um pouco grosseiro de sua parte. O colega estava abertamente falando sobre o trabalho, puxando assunto sobre algo que os dois tinham em comum e compartilhavam. Sendo sincero, Chanyeol era até bom nisso. Ele parecia alguém naturalmente simpático, e isso deixava Baekhyun um pouco aterrorizado, porque por mais que não estivesse tentando impressionar Chanyeol ali, ele também não queria parecer alguém antipático.

— Estou com fome. — Baekhyun respondeu. Ele não quis dizer que tinha almoçado com Jongdae e que os dois, definitivamente, tinham comido bem. Seria cruel com o Park, que tinha acabado de revelar sobre seu péssimo dia de expediente. — Eu cheguei tarde em casa. Precisei me arrumar correndo, não consegui comer nem uma fruta.

— Você devia ter me avisado. Eu podia ter ido mais tarde. — Chanyeol olhou para o lado por um único segundo antes de voltar o rosto para frente, para a pista avenida movimentada. — Me avise na próxima.

Na próxima.

Aquilo deixou Baekhyun ligeiramente paranoico. Ele ainda não sabia o que Chanyeol queria conversar e porque precisava ser em um lugar onde, bom, ninguém pudesse ouvir. Não sabia principalmente onde estavam indo, mas não queria perguntar e soar inadequado. Durante todo o percurso, por mais conhecida que fosse aquela parte central da cidade, Baekhyun não conseguiu tirar o que Jongdae tinha dito da mente.

A ideia de Chanyeol querer deixar as coisas mais “sérias” entre os dois sequer passava por sua cabeça. Eles não tinham nada realmente. Era só sexo. Não tinha como sexo virar uma coisa mais séria. Mas talvez ele estivesse sendo tão misterioso porque queria, sei lá, avisar que não dava mais pra continuar daquela forma. Que gravar duas vezes tinha sido uma péssima ideia. Baekhyun acreditava muito nessa possibilidade.

E, pra ser sincero, não se surpreenderia se esse fosse o tópico daquele encontro. Independentemente do que o Park tinha insinuado com aquelas palavras.

— Certo.

Quando eles pararam na cancela do estacionamento do shopping, Baekhyun ficou atento. Ele não era um assíduo frequentador daquele tipo de lugar. Limitava-se bastante em fazê-lo apenas para quando precisava de algo muito específico, como comprar algum presente. Ele não se lembrava quando tinha sido a última vez que tinha saído para fazer compras ou que tinha entrado em um shopping para comer. Baekhyun costumava ir ao cinema quando ainda namorava com Yixing, porém.

Ele não se lembrava de nenhum restaurante memorável ali dentro. Mas novamente, Baekhyun não era um assíduo frequentador de shoppings, então muita coisa podia ter mudado desde a última vez que esteve ali. Chanyeol, por outro lado, parecia alguém que costumava visitar bastante esse tipo de lugar.

— Você tá com frio? — Chanyeol disse assim que estacionaram não muito longe da porta de entrada do shopping e Baekhyun se remexeu no banco, fechando o sobretudo como se precisasse se proteger do frio metropolitano. ­­— Eu acho que tenho um suéter no porta-malas. Posso te emprestar.

Sendo honesto, Baekhyun estava mesmo era começando a suar de nervoso por debaixo da roupa. Ele não estava com frio de verdade, só estava procurando alguma coisa para se distrair. E a boa vontade e atenção de Chanyeol não eram o tipo de distração que ele estava procurando naquele momento. Queria morrer por ele ser sempre tão gentil e prestativo, cuidadoso. Baekhyun gostava de se sentir mimado, mesmo que nunca na vida fosse admitir aquilo em voz alta.

— Estou bem, mas obrigado.

Chanyeol não tentou intervir. Essa era uma das coisas que Baekhyun mais gostava nele. Chanyeol não ficava insistindo em batalhas perdidas. Quando dizia não, ele não tentava arrancar um sim a contragosto. Mesmo que Baekhyun tivesse certas dúvidas quanto à sua capacidade de negar alguma coisa que ele pedisse com jeitinho — Chanyeol não precisava saber disso, entretanto.

Dentro do shopping, as pessoas olhavam para os dois. Mais especificamente, olhavam para Chanyeol. Baekhyun não tirava o direito delas, porque ele mesmo já tinha feito isso inúmeras vezes. Compreendia mais do que ninguém a magnitude que aquele homem tinha e é óbvio que ele chamava atenção. Até tentou caminhar mais afastado dele, para que ninguém tirasse conclusões precipitada dos dois, mas Chanyeol, de alguma forma, acabava muito perto de si, tão perto que o braço dele acabava esbarrando em seu ombro.

— Faz muito tempo que não venho aqui. — Baekhyun acabou dizendo quando passou em frente ao fliperama. Aquilo nem existia a última vez que estivera no shopping. — Acho que a última vez que vim, eu assisti Guerra Infinita ou algo assim.

— Esse filme é de quando? Dois anos atrás? — Chanyeol olhou para o lado, sorrindo. Baekhyun precisava levantar a cabeça para falar olhando para ele e daquele jeito, caminhando, isso ficava mais evidente.

— Por aí.

O shopping em si não estava tão cheio, afinal de contas, era meio da semana. Mas a praça de alimentação estava lotada e Baekhyun, que não era o maior fã de aglomerações, não reclamou quando Chanyeol colocou uma das mãos no meio de suas costas, por cima do sobretudo. O que não o impediu de ficar nervoso sentindo a quentura da palma grande sobre seu corpo, o guiando com cautela. Ficou tão desconcertado que não percebeu para onde ele e Chanyeol estavam caminhando até que já estivessem praticamente dentro do estabelecimento.

Quando viu a fachada restaurante que estavam entrando na praça de alimentação, Baekhyun ficou tão chocado que não conseguiu segurar a risada. Infelizmente, ele era do tipo que ria quando estava nervoso. E ele estava nervoso pra caralho ali, então o riso apenas saiu sem que ele pudesse controlar. Chanyeol parou, tocando-o no braço quando Baekhyun inclinou o corpo para frente e colocou as duas mãos nos joelhos, fazendo o possível para evitar a gargalhada. A recepcionista os encarava com uma sobrancelha erguida em um dos cantos do restaurante.

— Baekhyun, aconteceu alguma coisa? — Chanyeol perguntou, demonstrando estar verdadeiramente preocupado com a situação. Ele se abaixou um pouco, somente o suficiente para ficar da altura do Byun, então percebeu que ele estava, na verdade, rindo. Escutou as risadinhas esganiçadas e, mesmo confuso, sorriu de canto, porque ele era muito fofo quando estava rindo. — Do que você tá rindo?

Baekhyun negou com a cabeça, puxando o ar com a boca e endireitando a postura. O rosto dele estava vermelho, assim como as pontas das orelhas, e ele segurou na barra da jaqueta de Chanyeol, como se buscasse equilíbrio, antes de dizer qualquer coisa. O maior deslizou a mão pelo sobretudo dele em sequência, mantendo-a confortável na altura das omoplatas, quase o abraçando pelos ombros. O menor nem se importou. Na verdade, ele só continuou apoiado ali e tentando controlar os pensamentos engraçados. Tinha colocado um sapato social sem necessidade. Estava até usando um perfume caro… definitivamente não imaginava que iriam para aquele lugar.

— Desculpa, Chanyeol. — Baekhyun disse com dificuldade, porém constrangido de simplesmente não conseguir parar de rir. De alívio. Ele precisou de um pouco mais de tempo se esgueirando sobre o maior para se recuperar, meio afetado. — Eu não tava esperando que a gente fosse comer no Pizza Hut.

Chanyeol arregalou os olhos e deu um passo para trás. Os corpos de afastaram e Baekhyun se deu conta de quão próximos ficaram por conta de sua pequena crise.

— Você quer ir em outro lugar? Podemos escolher outro restaurante. — O Park disse, rapidamente. Ele parecia preocupado.

— Está tudo bem, Chanyeol. Eu gosto de pizza. — Baekhyun riu novamente, desviando o olhar. Tinha um tempo que não comia, na verdade. Bastante tempo. Ficou um pouco paranoico com pizza e hambúrgueres e quase sempre evitava. Mas, naquele momento, sentiu vontade mesmo de comer. — Eu só pensei que, considerando seu estilo, você ia querer ir em um lugar caro.

— O Pizza Hut é caro. — Chanyeol retribuiu a risada daquela vez e deixou o menor mais tranquilo. Ficou com medo de ter estragado tudo por ser estúpido. — Eu vou fingir que você não supôs nada pela minha aparência.

— Eu não achei que você fosse aparecer de tênis e jaqueta jeans na porta do meu prédio. Por isso eu me arrumei assim. — Baekhyun fez um biquinho inconsciente que derreteu Chanyeol por inteiro.

Um dos garçons se aproximou e perguntou se eles queriam uma mesa. O Park olhou para si por um segundo. Ele ainda aparentava estar um pouco sem jeito e Baekhyun sabia que precisava tirar da cabeça dele a ideia de que tinha odiado.

— Você quer comer em outro lugar? Última oportunidade.

Baekhyun não queria comer em outro lugar. Na verdade, ele estava era feliz de que eles comeriam numa rede de fast food e não em um restaurante com menu superestimado com o valor de um rim, onde ficariam olhando para os dois como se um terceiro olho tivesse surgido no meio de sua testa. Então ele negou com a cabeça.

— Eu já disse que aqui tá bom, Chanyeol. Não se preocupe.

— Tudo bem.

Eles escolheram uma mesa próximo a uma das paredes, onde havia um grande sofá americano em uma das partes da mesa. Baekhyun estava se ajeitando para se sentar na cadeira, de frente para Chanyeol, quando ele o chamou.

— Acho que seria melhor se você se sentasse do meu lado. — Ele disse, o rosto com uma expressão séria. Era engraçado que, mesmo daquela forma, ele ainda parecia ridiculamente gentil. — Não acho que as pessoas vão querer ouvir sobre o que eu vou falar.

Aquele suspense todo sobre o assunto daquela conversa estava deixando Baekhyun com o estômago embrulhado. A sorte de Chanyeol era de que ele, acima de tudo, estava com fome. Não via a hora de pedir e encher a barriga de pizza, deixando o arrependimento para depois. Se sentar ao lado dele foi, de longe, a coisa menos desconfortável que Baekhyun já tinha feito, mas ele ainda se sentia como se fosse íntimo demais. Era ridículo agir dessa forma quando se lembrava que os dois já tinham feito sexo. Que Chanyeol já tinha visto seu corpo de todos os ângulos possíveis, mesmo parcialmente coberto. Ele já tinha o tocado em lugares demais e ainda assim Baekhyun ficou tenso quando o braço encostou no do maior.

— Quais sabores você mais gosta? — Chanyeol perguntou, tirando o Byun da pequena bolha. — Estou morrendo de fome, então vou pedir duas. Escolhe dois.

— Eu… nossa. — Baekhyun umedeceu os lábios, um pouco envergonhado porque o maior estava muito perto quando olhou para ele. — Gosto da que tem abacaxi… e marguerita. Mas eu gosto de outros, eu sei que são sabores meio odiados, não precisa pedir por minha causa.

— Não se preocupe com isso. Eu também gosto.

Chanyeol chamou o garçom e pediu a sua pizza com mais dois sabores, calabresa e quatro queijos, e Baekhyun duvidou consideravelmente que ele também gostava dos outros, já que fez escolhas tão tradicionais. Não soube muito bem o que sentir com a suposição de que, outra vez, o Park fez algo para agradá-lo. Esperava que ele gostasse mesmo das opções que escolheu, ou se sentiria muito culpado.

Ficou tudo silencioso por um instante e Baekhyun se remexeu no lugar, pousando as mãos no colo. Não sabia bem como se portar ao lado de Chanyeol naquele momento, nunca chegaram perto de ter uma conversa direta e ele não tinha ideia de que iniciativa deveria tomar.

— Não imaginaria nunca que você gosta de pizza havaiana. — Talvez percebendo sua falta de jeito, Chanyeol puxou assunto.

— Por quê?

— Não sei, é uma escolha bem peculiar. Se bem que você faz várias escolhas ousadas nos nossos encontros… — Ele deixou no ar ponderando, e Baekhyun sentiu as bochechas esquentarem. Virou o rosto e pegou o cardápio só para dizer que estava fazendo alguma coisa.

— Eu gosto de coisas incomuns às vezes.

— Tipo o quê? — Parecendo muito interessado, Chanyeol apoiou o cotovelo na mesa e virou o corpo em sua direção.

— Pizza havaiana. — Baekhyun sorriu breve, apertando o cardápio nos dedos para ganhar impulso e coragem para o que pretendia dizer. Se o Park podia fazer insinuações, ele queria também. — Algemas.

Chanyeol soltou uma risada, mas não parecia que ele estava tirando sarro. Era só como se ele tivesse o achado divertido, mesmo. Foi o que sentiu no momento.

— Gosto do jeito que você pensa.

A pizza demorou um pouco para chegar. Baekhyun tentou não reparar tanto nisso, compreendendo que o horário não contribuía para um atendimento eficiente. Mas ele estava ansioso e seus olhos não paravam de vagar até o canto oposto do restaurante, onde havia um grande relógio na parede, mesmo que Chanyeol estivesse tentando manter uma conversa agradável entre os dois.

— Você quer conversar agora ou quer esperar a pizza chegar? — Chanyeol perguntou em algum momento, quando já tinha passado quase vinte minutos, e o desconforto de Baekhyun se tornou evidente.

— Pode ser agora? — Baekhyun mais perguntou do que afirmou. Ele não tinha parado de pensar naquilo o dia inteiro e quanto mais rápido pudesse sanar sua curiosidade, mais rápido tiraria o peso dos ombros. Independente se fosse bom ou ruim, ele queria saber. — Eu posso ser sincero, Chanyeol?

— Claro, Baek. Você sempre pode ser sincero comigo.

Embora tivesse se tornado comum, Baekhyun ainda ficava um pouco mexido com o apelido saindo dos lábios de Chanyeol. Parecia tão carinhoso, mesmo que a maioria das pessoas que fossem próximas de si o chamassem daquela forma. Baekhyun gostava, mas não ia admitir.

Baekhyun engoliu em seco, esfregando o dedo na pontinha da toalha da mesa onde havia uma mancha minúscula. Chanyeol estava muito próximo, o cotovelo apoiado na mesa e o rosto contra a palma da mão e o perfume dele era quase intoxicante aquela distância.

— Eu pensei sobre isso o dia todo. Sobre o que você queria conversar, quero dizer. Agora eu tô me sentindo bastante nervoso, então quanto mais rápido você falar, melhor.

Chanyeol passou a língua entre os dentes. Ele fazia isso com bastante frequência, e por mais que Baekhyun soubesse que não era algo intencionalmente provocativo, era um pouco difícil não acompanhar o movimento com os olhos. Pra ser sincero, era difícil não fazer muitas coisas. Antes de conhecer Chanyeol, Baekhyun não tinha ideia do tamanho do autocontrole que possuía.

— Eu sinto muito. Não quis deixar você nervoso.

— Eu sei. — Baekhyun sorriu, tentando tranquilizar mais a si mesmo do que a Chanyeol. — Só vamos conversar logo, tudo bem?

— Tudo bem. — Chanyeol mudou a posição no banco, dobrando uma das pernas para poder ficar de frente para Baekhyun. Ele colocou um cotovelo sobre o encosto de novo e se aproximou ainda mais. Baekhyun ficou tentado a se afastar, somente por precaução, mas permaneceu no mesmo lugar, na mesma posição. — Você viu o desempenho do último vídeo, certo? E o feedback.

— Sim.

— É claro que muitas pessoas pediram novamente para que gravássemos juntos. Mas bom, você sabe, eu não costumo repetir.

Ali estava. Baekhyun estava esperando tanto por esse toco que sequer conseguiu ficar surpreso em descobrir que Chanyeol estava, como suspeitava, colocando um ponto final em todas as esperanças inúteis que tinha criado.

— Eu sei. — Baekhyun riu sem graça. De alguma forma, o nervosismo tinha até mesmo ido embora. Ele estava frustrado naquele momento, na verdade. — Falando sério? Eu nem estava esperando uma segunda vez. Eu entendo que você não queira repetir, Chanyeol. Você tem um negócio. Não precisava me chamar pra sair pra me dizer o óbvio. Podia só ter mandado uma mensagem.

Baekhyun não fazia ideia de onde tinha saído aquela súbita coragem de colocar pra fora o que estava sentindo. Se não estivesse tão frustrado e motivo a adrenalina, teria ficado quieto e assentido. Chanyeol inclinou a cabeça para o lado, uma sobrancelha meio erguida e os lábios separados.

— Na verdade, eu ia fazer uma proposta.

Baekhyun arregalou os olhos. Por aquilo ele não estava esperando, sinceramente.

— Que proposta?

Chanyeol mudou de posição para abrir a jaqueta e tirar o celular do bolso interior. Baekhyun acompanhou os movimentos dele com o olhar e viu ele abrir a galeria de fotos, mas achou que era invasivo continuar observando-o daquela forma.

Em casa, Chanyeol tinha preparado um gráfico. Na verdade, a plataforma onde ele costumava vender conteúdos, tinha um gráfico mensal de vendas. Desde o primeiro vídeo gravado com Baekhyun, ele tinha notado tamanha discrepância nos números. Era evidente o quanto as pessoas gostavam dos dois juntos, não somente pelos comentários exacerbados no Twitter, como também pelo site.

— Pega aqui. — Chanyeol estendeu o celular para Baekhyun, que relutantemente o segurou. Estava aberto em uma foto de um gráfico detalhado. Baekhyun sabia ler aquilo com facilidade porque trabalhou com muitos gráficos quando era do setor financeiro. — Essas são as vendas do site quatro meses atrás, quando não tínhamos gravado nenhum vídeo.

Na imagem, mostrava os gráficos dos primeiros seis meses do ano, todos com as vendas e uma média de quanto Chanyeol faturava por mês. Baekhyun sabia que era um valor considerável porque ele recebia em dólares e a cotação era alta. Ele também morava em um loft chique em uma zona nobre da cidade. Ele tinha um carro ridiculamente caro. Ele se vestia bem também. Mas o valor naqueles meses era... razoável. Não era nada assustador.

Chanyeol estar compartilhando algo tão privado era estranho e Baekhyun se perguntou qual era a intenção dele com aquilo, mostrando os rendimentos mensais dele. Eles nem eram tão próximos assim. Nem mesmo o ex-namorado de Baekhyun sabia com exatidão o valor de seu salário.

Uma mão grande envolveu a de Baekhyun que segurava o celular, desligando a imagem para o lado. Um novo gráfico apareceu, com outras cores, mostrando o semestre que estavam.

— Esse gráfico aqui inclui os vídeos que eu e você gravamos. — Chanyeol ampliou a imagem para o gráfico de um mês atrás, que remetia a maior parte das vendas do primeiro vídeo. — A última vez que eu postei conteúdo com outra pessoa que não fosse você foi três meses atrás.

Baekhyun se permitiu ler o gráfico e seus olhos se arregalaram imediatamente. O valor arrecadado era um pouco mais do que o dobro dos outros meses. Era muito dinheiro, pra ser sincero. Baekhyun nem saberia o que fazer se recebesse algo como aquilo todo os meses. Ele já ficava confuso quando sobrava uma graninha no final do mês e acabava aplicando na poupança.

— Isso é muito dinheiro, Chanyeol. — As palavras escorregaram de forma áspera pela língua de Baekhyun. Ele estava bastante desconcertado pra não dizer completamente chocado. — Como isso aconteceu?

— É realmente muito dinheiro. E a maior parte de tudo isso é por sua causa. — Chanyeol desligou a tela do celular e o colocou em cima da mesa. Baekhyun esfregou os dedos pelo cabelo, o olhar perdido em algum canto atrás de Chanyeol, onde um casal estava rindo. — Bom, por nossa causa. Eu esqueci de colocar na pasta, mas eu sei que a maior parte das vendas foram os nossos dois vídeos porque aparece a contagem de download no painel de configurações do site.

— Eu tô realmente surpreso. Não sei o que te dizer.

— Não precisa ficar assim. Acho que eu e você temos bastante química. Isso ficou evidente nas duas vezes em que nós transamos. Talvez porque nós já nos conhecíamos, então isso meio que passou pro público. — Chanyeol sorriu. Aquela porra de sorriso bonito que desconcertava Baekhyun por inteiro. — As pessoas querem mais, Baekhyun. E sendo honesto? Eu também quero.

O ar ficou preso no peito de Baekhyun. Ele se perguntou onde estava o garçom com a pizza e quanto tempo mais aquilo demoraria. Ele também procurou no rosto de Chanyeol algum resquício de que aquilo tudo fosse uma grande piada, uma conversa de mal gosto, mas ele parecia estar sendo sincero. Os olhos de Chanyeol eram muito verdadeiros. Baekhyun conseguia ver o ódio neles quando o encontrava nos corredores discutindo com alguém no telefone, tentando resolver problemas do trabalho, e felicidade quando o setor batia alguma meta. Eles não pareciam estar mentindo naquele momento.

— Você quer... gravar mais vídeos comigo? — Baekhyun pressionou os dedos contra o estofado de couro do banco, sentindo as unhas ameaçarem afundar no material sintético. Chanyeol assentiu. — É sério?

— Não apenas isso. Eu queria, na verdade, que a gente pudesse chegar em um acordo se estiver tudo bem pra você. — Chanyeol arriscou dizer, analisando os mínimos movimento no rosto de Baekhyun. Ele era muito sincero com suas expressões faciais. — Poderíamos dividir o lucro se isso se tornar uma coisa fixa.

Os olhos bonitos do Byun se tornaram maiores e Chanyeol torceu que aquele não fosse um sinal muito ruim. Nunca iria propor algo daquele tipo se não tivesse pensado em tudo o que poderia ser melhor para os dois. Estava sendo um pouco irresponsável consigo mesmo, porque gostava daquele homem e tinha certeza de que era um gostar unilateral, mas não se importava muito. Não só porque poderia dividir momentos quentes com ele como também por saber que cuidaria bem dele.

— Coisa fixa? — Baekhyun perguntou, baixo, depois de processar a informação. Chanyeol concordou. — Como isso aconteceria?

— Bom… como eu disse, adoram te ver comigo. Então eu pensei se não poderíamos fazer disso uma constante. Gravar vídeos, não sei, mensais? Isso a gente pode ver depois, mas seguindo esse raciocínio. Transamos uma ou duas vezes por mês e programamos a publicação dos nossos vídeos. — O Park gesticulou. Muito. Só fazia isso quando estava nervoso. — E como você seria um parceiro fixo, dividimos o lucro. Tudo de igual pra igual. Eu pensei muito nisso, acho que seria muito bom. Como eu também disse, gosto da nossa química. Achei que poderíamos fazer disso algo legal e proveitoso. Se você aceitar, claro.

Era muito para refletir, mas Baekhyun tinha uma resposta na ponta da língua tão rápido que precisou se controlar para não ser impulsivo. Transar com Chanyeol duas vezes por mês, como direito a tudo o que ele quisesse experimentar? Não aceitar era um crime. Mal tinha se passado uma semana e ele já queria retocar as marcas que o Park deixou em sua pele. Com aquela proposta, ele teria passe livre para aquilo. Só estava incomodado com uma coisa.

— Não é uma ideia ruim. — Começou dizendo, se remexendo no sofá confortável. Chanyeol o olhava atentamente. — Mas se eu quiser aceitar continuar gravando, preciso receber por isso?

Baekhyun não gostava da ideia de ganhar dinheiro por fazer sexo. Ele não queria o lucro.

— Bom, seria o certo? O lucro dos vídeos, na verdade, é em pagamento da manutenção dos meus equipamentos, do servidor e do meu trabalho de edição. Porque eu não mexo com direitos de imagem nem meus nem de quem grava comigo. E não uso sexo como moeda de troca. Como eu nunca repeti, não havia necessidade de pensar sobre isso. — Ele explicou com propriedade. Parecia mesmo ter pensado bastante em como convencer Baekhyun, o menor pensou. Estava sendo injusto, mas não conseguia acreditar na cara de bom moço de Chanyeol. — Mas sendo fixo, você vai dispor do seu tempo.

— Mas eu não quero. Se eu aceitar, não quero dinheiro. Você pode ficar com tudo, eu não quero me envolver com essa parte. — Baekhyun deu de ombros. — Não levo uma vida luxuosa e estou confortável com meu salário. Não acho ruim que a gente concorde em manter as filmagens, eu… gostei. Da experiência. É legal, posso continuar. Mas não quero que me pague porcentagem de nada.

— Tem certeza? Eu vou fazer um contrato exclusivo se aceitar mesmo. Então eu colocaria a questão financeira…

— Não precisa. Coloque facultativa, eu não me importo. — Baekhyun estava decidido e as feições sérias dele deixavam isso bem à mostra. Chanyeol meneou a cabeça. Não iria contrariá-lo. — Se for desse jeito, eu aceito. Podemos fazer disso uma coisa fixa.

— Bom, se você insiste… — O Park finalmente cedeu e Baekhyun suspirou, aliviado. — Faremos do seu jeito, então. Ainda assim, preciso que você leia tudo o que eu vou te mandar.

— Tudo bem.

Chanyeol sorriu, cativante, e Baekhyun apertou um pouquinho mais o estofado. Fazendo graça, ele levantou a mão grande o Byun rolou os olhos, entendendo o que ele queria propor. Não mentiria que achou engraçadinho quando devolveu o cumprimento e firmou o aperto de mãos, precisando segurar a risada quando Chanyeol as sacudiu dramaticamente.

— Acordo feito, então.

O garçom parecia estar dentro da mente deles, porque o timing dele entregar a pizza foi quase simultâneo ao final daquela conversa. O homem se desculpou pelo atraso e garantiu que a bebida ficaria por conta da casa. Baekhyun ainda estava atordoado com aquilo, confuso, inquieto, mas também excitado e ansioso.

Ele não estava esperando grandes coisas. Ficou evidente para ele que Chanyeol estava fazendo aquilo por dinheiro, por mais que ele tivesse tentado mascarar com explicações contratuais ou elogiando-o, falando que os dois tinham química, que as pessoas gostavam deles juntos. Mas tudo bem. Baekhyun também tinha aceitado com um objetivo e ele não podia julgar Chanyeol. Por mais que não tivesse dinheiro envolvido, ele também o usaria da mesma forma.

Eles comeram com as mãos. Baekhyun estava envergonhado de fazer aquilo na frente de Chanyeol, mas quando o viu pegar o primeiro pedaço com os dedos, ele mandou a vergonha para o espaço. Comer deveria ser a última coisa do qual poderia se constranger depois que os dois tinham acabado de concordar em transar fixamente para entretenimento alheio, dinheiro e satisfação pessoal.

Chanyeol estava... feliz que Baekhyun tinha aceitado. Mas ele estava se sentindo culpado por ele não concordar em ficar com metade dos lucros, afinal de contas, aquele dinheiro não se fazia sozinho. Pelo menos não todo. De qualquer forma, Chanyeol daria um jeito de fazer esse mesmo dinheiro chegar nas mãos dele, mesmo que não fosse em espécie.

— Eu esqueci de dizer mais cedo..., mas você ficou muito bonito vestido assim. — Chanyeol disse casualmente, limpando os lábios com o guardanapo. Baekhyun agradeceu o fato de já ter engolido o pedaço de pizza ou teria se engasgado naquele momento. — Gosto de quando você usa camisa social.

— Você só me vê de camisa social. — Baekhyun disse em tom de brincadeira, embora fosse verdade. No fundo, ele só estava tentando disfarçar o constrangimento pelo elogio repentino. — Obrigado, Chanyeol.

A conversa entre eles fluiu bem, apesar do tópico anterior. Chanyeol deixou Baekhyun ficar com o último pedaço de pizza, somente porque ele estava olhando como um filhote de cachorro, e porque Chanyeol sempre tinha a impressão de que Baekhyun comia muito pouco.

Tinha sido uma noite agradável e engraçada, na medida do possível. A presença de Baekhyun era leve. Chanyeol sabia que ele era tímido, mas aos poucos, cada vez que se encontravam, ele se soltava um pouco mais. Para o grande coração mole do Park, isso era como uma dose grande de serotonina.

Às vezes, Chanyeol achava que era impossível se apaixonar mais por Baekhyun. Ele tinha certeza de que tinha chegado no ponto mais alto daquela paixão e estava esperando pelo momento que aquele sentimento, ao invés de consumi-lo, ia começar a se despedir. Outras vezes, como ali, com Baekhyun fazendo beicinho, os lábios brilhantes por causa do queijo e as bochechas constantemente vermelhas por causa do frio, ele tinha certeza de que ainda havia muito mais para se apaixonar em Baekhyun.

Chanyeol estendeu o braço com um guardanapo e limpou a lateral da boca de Baekhyun. Ele se assustou levemente e encolheu os ombros. Chanyeol achou uma gracinha. Ele nunca parecia esperar por nenhum movimento seu, por mais simples que fosse.

— Estava sujo. Não quis te assustar.

— Tudo bem. — Baekhyun riu. Chanyeol viu ele esticar as pernas por baixo da mesa e sutilmente se espreguiçar. A bandeja onde estava a pizza estava vazia. — Comemos toda a pizza.

— Sim. Estava gostosa.

— Eu não achei que você comesse esse tipo de coisa. — Baekhyun foi sincero. Ele vivia de delivery e comidas de qualidade questionável, mas Chanyeol tinha cara de quem comprava as coisas a olho no Mercado dos Fazendeiros. — Uma bomba calórica de carboidrato.

— Eu não como com tanta frequência, mas tava morrendo de vontade.

Baekhyun sorriu, somente pela lenta desconstrução da imagem distorcida que tinha sobre Chanyeol. Era divertido descobrir novas coisas sobre ele, principalmente porque quase nenhuma delas estava dentro de uma linha de raciocínio que ele tinha criado.

Pagar parte da conta deixou Baekhyun mais tranquilo depois daquela conversa. Não estava nem fazendo sexo e nem saindo com Chanyeol para tirar proveitos financeiros de qualquer instância e só queria que isso ficasse bem claro, apesar de se incomodar um pouco com a ideia de que o Park tinha proposto aquilo tudo justamente pela grana. Continuava torcendo que ele não fosse esse tipo de pessoa, mas considerando a si mesmo, Chanyeol não teria lá muito motivo para insistir em gravar as transas com ele além desse.

De qualquer maneira, não quis pensar muito sobre aquilo. Aceitou porque não se perdoaria se negasse. Ser parceiro fixo de Chanyeol o daria muitas experiências incríveis na cama e, suprimindo sentimentos ou não, ele queria todas. Talvez fosse muito egoísta de sua parte, mas se o Park estava supostamente usando de seu sexo por visualizações e dinheiro, ele podia usar para riscar itens na sua lista de desejos e fantasias que não conseguiria cumprir com outra pessoa, já que se achava incapaz de fazer alguém se interessar por ele nesse sentido.

Estava muito tarde quando saíram do shopping e Baekhyun notou os restaurantes estavam quase todos fechados. Eles foram os penúltimos clientes a deixar o Pizza Hut, seguindo para o estacionamento em um silêncio esquisito enquanto o Byun pensava demais no que não devia. Chegou a se assustar quando Chanyeol o segurou pelo pulso delicadamente, interrompendo seus passos

— Hm? — O encarou, confuso, e o Park riu baixinho.

— Preciso pagar o estacionamento antes. — Apontou para a fila pequena de clientes na máquina com a mão livre. Baekhyun ergueu as sobrancelhas e assentiu. — Vem.

Os dedos de Chanyeol escorregaram pelo pulso do menor, alcançando a mão dele como se não quisesse deixar claro o que estava fazendo. Baekhyun sentiu a pizza embrulhar no estômago quando se deu conta de que o colega o levou pela mão para a fila, soltando-a só quando estavam muito próximos e atrás de um casal. Soltou o ar pela boca, dando um passo curto e discreto para o lado, fingindo que estava ajeitando a postura.

— Não vai demorar. Está com sono? — Chanyeol perguntou, delicadamente inclinado para ver melhor seu rosto. Baekhyun assentiu, breve. — Se você quiser dormir no caminho, não vou me importar.

— Não estou com tanto sono assim. Aguento meia hora de trânsito.

— Fica com os olhos pequenos quando está com sono. — O maior soltou, de repente, deixando Baekhyun estagnado no lugar porque o casal a frente deles terminou de usar a máquina e ele ocupou o espaço. Por que ele disse aquilo? Melhor ainda, em que momento tinha reparado naquilo?

Baekhyun tinha olhos caídos e a divisão da pálpebra dupla era leve. Quando dormia pouco, ela quase sumia por conta do inchaço suave e seus olhos ficavam menores. Mas alguém precisaria olhar para ele com atenção para perceber a diferença, e ninguém no trabalho ligava o suficiente para seu rosto quando ele aparecia meio abatido de sono. Chanyeol aparentemente sim. Talvez ele tenha achado feio e o Byun não o culparia, porque também não gostava muito quando se descuidava e precisava sair assim.

Não disse uma palavra, abaixando um pouco a cabeça quando voltaram a caminhar, dando uma pequena espiada no próprio reflexo quando passaram pelos carros para saber se estava com o rosto sonolento e esquisito demais, mas não conseguiu observar com atenção.

— Quer que eu coloque alguma música pra tocar? — Chanyeol quebrou o silêncio quando entraram no carro e Baekhyun se perguntou se estava incomodando por estar calado.

— Pode ser. Mas não coloca nada lento… pra eu não dormir. — Quase sussurrou o resto da frase, porque não pensou muito bem nela quando começou a dizer e não queria que ele lembrasse mais de sua aparência sonolenta.

— Você pode dormir, é sério. — O Park riu, breve. — Eu não me importo, te acordo quando chegar na sua casa. Fica muito fofo dormindo, não vai me incomodar.

— Não quero. — Soando mais emburrado que gostaria, Baekhyun cruzou os braços depois de prender o cinto de segurança. Por que diabos ele continuava o elogiando assim, caramba? — Demoro pra acordar.

— Isso é verdade. Me lembro bem.

A menção à noite em que pegou no sono na cama do maior fez Baekhyun sentir vergonha, então ele afundou mais no banco, escutando a risada suave e até um pouco contagiante de Chanyeol enquanto tirava o carro da vaga com uma mão só no volante. Exibido. Mas o Byun até esboçou um pequeno sorriso, disfarçando ao olhar para a janela.

A música que começou a tocar era animada, ao menos. Um pop internacional que Baekhyun não conhecia muito bem, mas que o impediria de relaxar para tirar um cochilo. As ruas estavam tranquilas e o ar condicionado ligado deixava o ambiente confortável, especialmente por sentir com frequência as bochechas quentes pensando em tudo o que escutou e disse naquela noite. Ele se embrulhou no sobretudo e encostou a cabeça na janela, feliz por Chanyeol escolher manter o silêncio. Com certeza ele ainda estava achando que iria dormir a qualquer momento.

Tentando se manter acordado, Baekhyun se perguntou quando o próximo encontro iria acontecer. Ainda não estava acreditando que sua rotina incluiria sexo casual com Park Chanyeol. Provavelmente nunca tinha sido tão sexualmente ativo assim, talvez só durante o namoro — e ele nem poderia dar certeza. Só de pensar que voltaria ao loft do colega de trabalho outras vezes, ficava em um misto de nervosismo e alegria. Mal podia esperar e, ao mesmo tempo, tinha receio do quanto aquele envolvimento podia ser perigoso. Mas não pensaria nem um pouco no lado ruim.

Ficou um tanto orgulhoso de si mesmo por ter decidido beijar Chanyeol na última noite, sem medo do futuro. Agora tinha certeza de que transariam de novo e ele não precisava ficar com medo de sucumbir em vontades, já que teria data e hora marcada para matar todas elas quando fosse necessário. E Chanyeol beijava tão gostoso, o tocava com tanto jeito, que Baekhyun sabia que seria absurdamente bem tratado. Não estava nada arrependido da escolha que tomou e não se importava mesmo com dinheiro à essa altura do campeonato.

— Ainda tá acordado? — Ouviu a voz do Park quando pararam em um sinal vermelho. Olhou para ele, descobrindo que ele já estava encarando. — Já estamos chegando.

— Eu sei, é o meu bairro. — Baekhyun murmurou, mas se sentiu culpado por parecer grosseiro. — É brincadeira, ok? Não foi sarcasmo ou algo assim.

— Não precisa se preocupar, eu entendi. — Sorrindo, Chanyeol acelerou quando o sinal abriu, dirigindo com confiança. Ele aprendeu seu endereço em uma única viagem, quase como se tivesse se esforçado bastante para lembrar de cada rua ou esquina. Viraram à direita e Baekhyun se ajeitou no banco, porque em duas ruas estaria em casa.

— Você já pensou em algum dia pra um próximo vídeo? Quer dizer, não é pressa. É só pra eu me programar.

— Te levaria pra casa hoje mesmo se pudesse, Baekhyun. Não precisa ficar acanhado com isso. — Chanyeol tinha os olhos fixos no caminho e o menor mordiscou o interior da bochecha, começando a se sentir quente. Não podia se deixar levar. Não era certo ficar excitado naquele momento por causa do Park. — Eu te aviso quando minha irmã voltar pra casa. Mas se não fosse por ela… — deixou no ar. — Tenho que redigir um contrato novo pra gente, com nossas cláusulas especiais. Então de certa forma vai ser bom.

— Tá… — Com vergonha, Baekhyun virou o rosto. Chanyeol abafou uma risadinha quando estacionou na porta do prédio dele, virando-se na direção do menor e encostando o braço no encosto do banco.

— Vamos fazer isso direito, tudo bem? Não precisa se preocupar ou sentir vergonha de mim, estamos transando, quero sempre poder saber o que te agrada ou não. — Ele estava sendo gentil de novo, quase carinhoso. Baekhyun quis escorregar pelo assento ou bater a cabeça no vidro. — Se não gosta de qualquer coisa que eu faça, você pode me dizer. Não precisa ficar constrangido. Mesmo se não for sobre sexo, pode ser só nessas horas, como agora. Não quero te deixar desconfortável.

— Não estou. Fique tranquilo.

— Não mesmo? É sério. Eu não me importo de falar sobre nossas transas, mas se conversar sobre isso fora do momento te incomoda, eu paro. Fale agora ou cale-se para sempre? — insistiu e Baekhyun acabou rindo, achando-o descontraído. Aliviado, Chanyeol suspirou. Queria sempre falar sobre como ele era lindo e gostoso, como gostava de ficar com ele, mas não tinha certeza se exagerava vez ou outra. Não media as coisas muito bem quando estava misturando sentimentos.

— Eu gosto. Só é um pouco estranho. Mas não tem problema… — desviou o olhar para o painel do carro, indeciso. Queria muito retribuir. — Também iria hoje, se pudesse. Pra sua casa, quero dizer. Gravar

— É uma pena então que não podemos. — Sorrindo, Chanyeol inclinou o corpo para a frente, discreto. — Mas eu prometo que te aviso com antecedência pra você se preparar como quiser. Vamos ter muitas oportunidades agora, pra fazer tudo o que você pensar.

— Tudo bem. — Tirou o cinto com cuidado, quase triste por encerrar aquela noite. Apesar de tudo, gostou de sair com Chanyeol. Foi estranho, incomum para ele, o deixou pisando em ovos em muitos momentos, mas ainda assim… gostou da companhia. E depois daquela conversa esquisita, ficou até meio bobo. — Até amanhã, então?

— Claro. — Ele sorriu de novo e Baekhyun mordeu o lábio inferior para se conter. Não queria parecer idiota sorrindo como um palhaço. — Te vejo amanhã.

Chanyeol estava quase tão perto como quando estavam sentados lado a lado no restaurante, porque ele costumava se aproximar das pessoas para conversar com elas olhando nos olhos. Tinha essa pequena regra social própria porque gostava de comunicação direta. O sorriso estava espelhado no de Baekhyun quando foram ganhando seriedade nas expressões de novo e bastou um olhar trocado para que a mente dos dois decidisse fazer uma sabotagem.

A aproximação de Baekhyun foi natural e Chanyeol respondeu tão automático quanto, e nenhum dos dois percebeu muito bem o que estavam fazendo até que as bocas se encostaram em um selinho carinhoso, como se fossem um casal de anos se despedindo. Por um instante, estavam na ilusão novamente, por milésimos de segundo, e então se afastaram, alarmados.

Baekhyun ficou paralisado e arregalou os olhos, o toque perdido dos lábios de Chanyeol ainda marcando os dele enquanto processava o acontecimento. O Park, igualmente surpreso, ajeitou a coluna para que não ficasse tão perto, com total certeza de que tinha assustado o menor ao agir por impulso.

— Eu… — Começou, passando a língua pelos lábios. Atônito, Baekhyun ainda estava reaprendendo a piscar. Eles compartilharam do silêncio pelo que pareceu a eternidade, mas não durou mais que dez segundos.

— Boa noite. — Baekhyun murmurou, virando-se abruptamente e abrindo a porta de uma vez, afobado ao ponto de quase cair para fora. Chanyeol o assistiu com o coração batendo forte. Não podia acreditar que tinha feito aquilo.

— Boa noite. — Respondeu, alto, quando ele fechou a porta. E então relaxou o corpo no banco e o observou andar em passos rápidos para dentro do prédio. Fechou os olhos, respirando fundo, ainda sentindo o aroma gostoso do perfume de Baekhyun que se espalhou pelo carro. — Te beijaria muito mais se pudesse, Baek.

Suspirando, desejou apenas que as coisas não fossem por água abaixo. Ao menos, Baekhyun pareceu tão confuso quanto ele. Sem qualquer outra saída, ligou o carro e seguiu o caminho, se preparando para escutar alguma conversa qualquer da irmã antes de cair na cama e dormir. Se o universo estivesse a seu favor, não seria tão estranho ver o Byun no trabalho no dia seguinte.

Enquanto ele dirigia, Baekhyun se encolhia no elevador com a mão sobre os lábios, andando quase perdido até o apartamento. O que ele tinha na cabeça para beijar Chanyeol como se fossem parceiros íntimos? Claro que não foi por querer — ao menos, não intencional — mas o que ele iria pensar de si?

— Qual o meu problema? — murmurou, com um biquinho nos lábios salientes, encostado na porta de casa.

A pior parte era que não havia desculpa para dar. Apenas o beijou e pronto. Não havia nada que ele pudesse fazer e o máximo que conseguiria era tentar apagar aquela informação da mente. Não aconteceu nada demais. Ele definitivamente não grudou a boca na de Chanyeol e não tinha qualquer pretensão de fazer algo assim de novo se não estivessem transando.

No fundo, porém, ele queria mais.

E em algum lugar de seu inconsciente, ele sabia disso.


Notas Finais


Agradecemos a todos os chegaram até aqui! Nos vemos daqui 15 dias <3


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