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História Sem coroa por você - Sasunaru (ABO) - Afetados pela distância


Escrita por: 4St44fd4 e Aest_

Notas do Autor


Oiii gente @_pudim-chan_ aqui! Como todas as terças e sextas mais um capítulo delicinha pra vcs e agora com uma visão mais ampla do nosso loiro em relação a tudo que aconteceu!

Espero que vocês gostem e comentem aí suas teorias. Todas que lemos até agora foram muito interessantes, vocês são espertos KKKKKK

Boa leitura! 💞

Capítulo 10 - Afetados pela distância


Pov's Naruto

Mesmo me sentindo destruído por dentro juntei forças pra arrumar o quarto que usamos, não tinha como deixar daquele jeito, a cama estava toda revirada devido a tudo que fizemos.

Aproveitei pra tomar um banho ali mesmo, deixando para trocar de roupa no meu quarto quando voltasse, era melhor do que sair cheirando a ele.

Depois de deixar o cômodo como encontramos, a tirar pelo odor da mistura dos nossos feromônios que eu esperava que se dissipasse até alguém entrar, segui para meu quarto. Troquei de roupas e parti para a cozinha do castelo, não havia tempo para descansar, então apesar de odiar o gosto eu precisaria de uma caneca bem grande da bebida preta amarga para suportar o dia.

Em todo o caminho as lembranças do que aconteceu naquele quarto se repetiam em minha mente como em um looping infinito. O prazer imenso que senti, o desejo por aquele alfa e depois o desespero e a raiva por conta daquela marca... Foi tudo tão confuso.

Nossa opção de guardar segredo era o mais sensato, apesar de me sentir levemente incomodado não havia o que fazer, contar a alguém poderia levar a uma sentença de morte, e se um de nós morresse não era exagero dizer que o outro morreria também, se não, chegaria bem perto.

Naquele momento podia ter sido só meu instinto ômega me dominando mas eu desejei aquela marca, nós desejamos, claro que o instante de euforia passou rápido e logo depois o desespero me dominou, mas eu ainda não conseguia parar de pensar naquele segundo em que ansiei estar ligado a ele.

Mesmo com tudo que tinha acabado de acontecer eu não podia falhar em meus deveres então pus um falso sorriso no rosto e me juntei a todos para o café.

- Credo Naru, que olheiras são essas. - Tenten comentou quando me sentei à sua frente na mesa.

- Tive um pesadelo horrível e acabei não dormindo direito. - Dei uma resposta pronta a ela, mas quem dera tivesse sido só um pesadelo a me manter acordado.

- Hmm, entendi, sabe o que é bom pra isso? Aquelas ervas roxas num chá antes de deitar, você dorme igual pedra.

- Agradeço a dica. - Sorri a ela que tentava ser tão prestativa, queria que alguma erva pudesse realmente curar meu problema.

- A gola da sua blusa tá levantada. - Choji ao meu lado esticou a mão para arrumar.

- Não! - imediatamente recuei como se ele tivesse algum tipo de doença. - Quer dizer. - Me apressei em inventar uma desculpa. - Estou com frio hoje por isso deixei assim. - Ri de forma nervosa.

- Aaah, tudo bem então. - Ele deixou pra lá rápido voltando a atenção a sua comida.

Tenten não pareceu ficar pensando no ocorrido e eu me apressei em terminar de beber meu café e correr dali.

Decidi me afogar em trabalho para não ficar pensando demais, comecei pelos quartos principais como me estava designado para o dia de hoje, uma parte de mim ficou aliviado por não ter que fazer nada na ala onde passei a noite com o Uchiha, mas minha sorte também não estava das melhores já que pelos quartos principais eu estava encarregado dos aposentos da futura rainha e depois de fazer tudo que fiz com seu futuro marido me senti meio sujo e envergonhado ao entrar ali.

- Nossa... não deveria esperar menos. - Soltei uma risada nasal quando observei a decoração impecável do cômodo.

O quarto em si era lindo, os móveis em tons claros, a cama enorme e espaçosa, uma escrivaninha linda com um espelho grande, tudo incrivelmente luxuoso.

Já devia saber que a princesa era uma pessoa cuidadosa, o ambiente estava quase todo limpo, somente a cama estava bagunçada, mas por ainda ser de manhã era claro que ela tinha acordado a pouco tempo. Comecei organizando ali, recolhi os lençóis deixando-os de lado e coloquei outros limpos, arrumei a escrivaninha, guardando a escova de cabelo na gaveta e tirando todo o pó, além de lustrar o imponente espelho.

Deixei para limpar o chão por último, então fui em direção a janela e abri as cortinas, sorri minimamente com a iluminação ampla no cômodo, o sol da manhã era muito confortável na pele e a brisa parecia me renovar junto da visão que eu tinha lá de fora. Dali eu podia ver a entrada do castelo e um pouco mais da vila mais ao fundo, era magnífico e comecei a sentir um pouco de paz, porém, ao notar uma carruagem com tons destoantes das usadas pelos nobres Hyuuga meu sorriso foi diminuindo e ao perceber Sasuke parado ao lado dela.

Não só ele, como Hiashi o rei e Hikari a rainha, até mesmo a princesa, todos estavam ali junto dele e de Shikamaru e Gaara. Eu já estava ciente de sua partida, o buraco no meu peito causado pela marca não me deixava esquecer, mas ver fazia doer absurdamente mais.

Meu estômago embrulhou e eu fechei a cortina rapidamente tentando voltar no tempo, somente 10 segundos atrás onde eu poderia quase ser descrito como feliz, mas tal façanha era impossível, se não fosse eu tinha outro momento que desejava mudar, mas era de fato irreal a possibilidade de alterar ações passadas e agora ali estava eu de volta ao poço escuro da tristeza e do desespero.

- Droga... - Resmunguei com ódio.

Para que tentar esquecer uma coisa que não sai da sua mente? Todas as lembranças vieram à tona outra vez e eu cerrei os punhos. Estava com raiva, raiva por ele ter me marcado, mas também raiva por ter gostado daquilo, por ter gostado de estar nos braços dele mesmo sabendo que era a última vez.

Não importava o que acontecesse dali pra frente, em qualquer futuro que me aguardasse, no fundo eu tinha consciência de que Sasuke mexia comigo de uma forma diferente. E ao mesmo tempo que pensar nele me causava um calor gostoso também me irritava a ponto de fazer lágrimas rolarem pelo meu rosto.

Terminei de arrumar o que faltava às pressas enquanto meu choro silencioso não cessava.

Quando saí daquele quarto o ar pareceu entrar mais fácil em meus pulmões então respirei fundo enxugando o resto das lágrimas e foquei no trabalho, bloqueando qualquer outro pensamento enquanto cumpria minha obrigação de retirar todo o pó daquele corredor, fiquei alguns minutos ali até toda aquela poeira me fazer espirrar repetidas vezes.

Terminei e segui para os outros corredores onde mais empregados trabalhavam, mas minha crise de espirros não dava trégua.

- Que saco! - Reclamei, já cansado dos espirros e dos olhares julgadores que recebia.

[...]

Apesar de ter me dispendido toda a manhã eu estava orgulhoso de todo meu trabalho naquele setor, como terminei após o horário do almoço achei melhor ajudar nos serviços de limpeza da cozinha e só depois parar pra almoçar, isso também me livraria de conversas com os outros criados, eu não estava bem para levar qualquer assunto adiante.

Enquanto eu caminhava pelo corredor a caminho do meu próximo local, um grande espelho pendurado na parede chamou minha atenção, ele tinha as bordas banhadas a ouro e era incrivelmente bonito.

- Nossa... - Olhei um pouco impressionado, nunca tinha percebido ele ali e agora parecia gigante. Passei a olhar cada detalhe dele até que meus olhos se arregalaram - Aí meu Deus!

Eu tinha esquecido completamente da marca enquanto trabalhava e a gola que antes estava alta em meu pescoço tinha baixado consideravelmente. Tentei de qualquer maneira tampar aquilo, levantei a gola novamente mas percebi que mesmo assim uma pequena parte ainda era visível, tentei cobrir com o cabelo, mas ele não era tão grande assim, eu estava a manhã toda daquele jeito e o pânico de alguém ter percebido se instaurou em mim.

Será que alguém viu e não falou nada?

Meu coração gelou só de pensar que algum dos criados poderia ter visto. Eu havia esquecido completamente desse problema, por mais que as lembranças fossem frequentes eu estava tão concentrado em lidar com a ausência dele que nem percebi que tinha um problema maior praticamente tatuado na minha pele.

- Merda, merda, merda... - murmurei buscando alguma solução.

- Naru?

A voz conhecida me fez olhar para trás rapidamente.

- Kiba?! - Dei um pulo. Ele tinha que aparecer justo agora?

- Tudo bem? - Ele caminhou a passos lentos até mim, com uma expressão confusa no rosto.

- Sim, tô sim. - Respondi tentando parecer o mais convincente possível, dando um passo para trás, ele não podia saber disso.

Ninguém podia saber, a questão não era só o segredo por conveniência, era meu futuro e o de Sasuke.

- Naruto! - Kiba chamou mais alto e eu saí dos meus pensamentos.

- O-oi? - Um sorriso falso tomou conta dos meus lábios, eu tinha que arrumar uma desculpa, mas agindo tão nervoso daquela maneira estava praticamente me entregando de bandeja.

- O que deu em você loirinho? - Kiba riu me olhando de cima a baixo.

- Nada não. - Aproveitei do seu bom humor para rir um pouco também, o distraindo daquela situação. - Hã... o que você faz aqui? Devia estar de guarda. - Me recompus lentamente e passei a andar, tomando cuidado para manter a parte de trás do meu corpo fora de sua vista.

Kiba riu da minha provocação e passou a me seguir.

- Meu turno é para lá. - Ele apontou na direção que eu estava indo. - E você? O que fez até agora?

- Bom... limpei os quartos e o corredor. - Respondi em um tom cansado, mas com um sorriso curto. - Não foi tão difícil quanto pensei, até que estava tudo bem organizado, só faltava tirar aquela poeira toda.

- Imagino que trabalhar como um criado por aqui deve ser desgastante... - Ele fez uma careta que me fez rir.

- Bom... cansa às vezes - Fui sincero - Mas eu até que estou me acostumando rápido. - Completei.

Sempre ajudei a Obaa-chan em casa, então digamos que já estava acostumado com faxina e essas coisas, embora nossa casa seja apenas um pequeno grão de arroz perto desse castelo enorme.

- Entendi... então, vai me contar o porque que estava agindo que nem um pateta na frente daquele espelho? - Ele riu e me olhou com um sorriso divertido.

Soltei uma risada nervosa. Porque ele não podia esquecer isso meu Deus?

- Não é nada - Comecei a me explicar, buscando uma desculpa MUITO convincente, Kiba não é bobo. - Eu só estava... Atchim! - não sei se deveria agradecer aos meus espirros voltando novamente para me tirar daquela situação ou se me irritava.

- Naru? - Kiba me olhou com preocupação. Sua mão foi até o meu ombro, mas eu a retirei gentilmente.

- Não se preocupe... isso é só porque passei a manhã inteira tirando pó de vários móveis. - Expliquei andando um pouco mais devagar, não queria que ele ficasse nem um centímetro atrás de mim.

- Tem certeza que não é um resfriado? - Perguntou ainda não convencido o suficiente.

Ri de toda aquela preocupação.

- Qual foi a última vez que você me viu doente, Kiba? - perguntei já sabendo a resposta e ele ficar em silêncio só comprovou meu argumento. - Viu só? Eu não sou uma pessoa que fica doente fácil, não tem porque se preocupar tanto.

- Tsc. - ele revirou os olhos. - Você também não é imune né Naruto? Pode ficar resfriado de qualquer jeito e...

Espirrei outra vez o fazendo parar de falar. Péssimo momento.

- Olha só! - apontou para mim com os olhos semicerrados, estava me acusando. - Acho melhor você ir até o Orochimaru ver isso.

- Eu estou bem Kiba, relaxa. - O acalmei - Agora eu preciso ir para a cozinha, tenho mais trabalho a fazer. - Comecei a caminhar de costas, um pouco mais a frente - Deveria fazer o mesmo. - brinquei.

- Há há - Me olhou feio e eu sorri - Só estou preocupado com você, ingrato.

- Sei disso, mas não precisa. - Voltei a tranquilizá-lo da melhor maneira possível. - Agora eu tenho que ir, até mais! - Fui andando mais rápido.

- Qualquer coisa você me chama! - Escutei ele dizer antes de virar o corredor e finalmente me virei de frente para o caminho que seguia.

[...]

Tenho que dizer que a cozinha sem a Obaa-chan estava uma grande bagunça. Os criados andavam de um lado para o outro, uns tentando limpar e os outros preparando os pratos para o jantar, como não tinha ninguém que desse algum tipo de ordem exata para eles tudo estava sendo mais conturbado.

Para mim não era diferente, bastou toda aquela zona e meu estresse para que eu piorasse ainda mais. Meus espirros só aumentaram, comecei a tossir bem mais e meu nariz não estava ajudando, ter que limpar tudo só piorava a minha situação.

Os olhares dos criados me deixava desconfortável, fora o medo de alguém perceber alguma coisa. Em minha atividade de limpeza acabei "esquecendo" um pano em volta do pescoço e ele estava sendo muito útil em encobrir a ferida me deixando um pouco mais tranquilo, mesmo que aqueles olhares a cada espirro testassem minha sorte.

- Naruto? Está tudo bem, querido? - Shizune aproximou-se com uma expressão preocupada.

- Hm? - Tirei minha atenção do chão onde estava limpando o fundo do armário para olhá-la. - Bom... - eu até poderia dizer que sim, mas meu corpo inteiro pedia por um descanso. - É só um resfriado Shizune-san, eu estou bem. - Forcei um sorriso.

- Tsunade não gostaria de te ver trabalhando assim. - Repreendeu-me e se abaixou colocando a mão na minha na minha testa. - Pelos Deuses, você está ardendo em febre! - Constatou.

- Estou? - falei um pouco desorientado, pensei que fosse somente uma crise por conta do trabalho e da falta de sono. - Não é nada Shizune-san, eu estou bem. - Sorri tentando passar uma confiança, que não tinha.

- Vamos, levante-se, vou te levar ao Orochimaru. - Shizune segurou meu braço e me ajudou a levantar.

- Shizune está tudo bem... - Tentei me afastar mas ela se manteve firme. Meu Deus ela parecia a Obaa-chan só que um pouco menos desesperada. - Shizune! - No que eu fui me soltar com mais força meus pés me traíram e eu perdi toda a força, cai de bunda no chão. - Porra...

- Naruto! Aí meu Deus. - Shizune veio até mim e me ajudou a levantar novamente, dessa vez tive que aceitar. - Está vendo? Vamos no Orochimaru agora. Sem mais conversa. - Praticamente ordenou me puxando para fora da cozinha.

Ouvi os murmúrios dos criados e engoli em seco mas continuei a seguindo, ou melhor, sendo puxado.

Embora eu estivesse negando a todos que estava mal quando Shizune me puxou para fora e ficamos sozinhos pelos corredores eu praticamente explodi, deixando que toda aquela tosse seca e os espirros que tentava segurar saíssem. Coloquei a mão no meu rosto e realmente estava quente, meu corpo também estava um pouco fraco mas eu não sabia explicar o que era.

- Naruto?

Fechei os olhos com força perguntando aos céus porque tanto castigo quando ouvi a voz de Kiba mais perto.

- Oi Kiba... - Era ridículo eu estar ali, todo acabado depois que disse que estava bem.

- Ele está com febre e tossindo muito, estou levando ele para o Orochimaru. - Shizune explicou brevemente, seu tom estava irritado e eu apostava que era por eu ter dado tanto trabalho a ela.

- Eu te disse! - Kiba me olhou com repreensão. - Pode deixar Shizune, eu ajudo esse idiota, pode voltar aos seus deveres, sei que deve estar enlouquecendo na falta da Tsuna-san. - Kiba segurou minha mão e me arrastou para perto de si. - Você é um teimoso! - Brigou comigo e eu me encolhi porque ele tinha motivo.

- Tem certeza? - A morena me encarou como certificando-se se eu ficaria bem sem ela.

- Pode deixar Shizune... você precisa ir e eu já arranjei problemas demais. - Tranquilizei com um sorriso fraco, estava envergonhado por ter tirado duas pessoas dos seus postos.

- Okay então, depois me diga tudo o que aconteceu. - Ela não falou para mim e sim para Kiba que assentiu com a cabeça e começou a me guiar.

- Eu avisei você! Não deveria ter continuado a trabalhar doente assim. - Kiba começou com os seus sermões e eu revirei os olhos.

- Pode guardar a bronca para depois? - Pedi - Minha cabeça não está grandes coisas agora.

- Eu deveria prender você! Sabe como eu... - Grunhiu e eu senti seu olhar sobre mim quando caiu no silêncio, aquilo me fez olhá-lo.

- O que foi? - perguntei estranhando sua atitude.

- Naruto... essa marca não é o que eu estou pensando, né?

Meus olhos se arregalaram.

Me soltei rapidamente e me afastei, ele ainda me olhava assustado e com confusão.

Que merda... Quando caí na cozinha o pano que cobria meu pescoço deve ter escorregado e eu não percebi devido a urgência de Shizune em me tirar de lá, agora Kiba tinha visto e era tarde demais para tampar com a mão mas mesmo assim eu o fiz.

- I-isso não é nada! - O meu desespero não ajudava minha tentativa de ser inocentado. Tentei voltar me afastando mais dele mas fui impedido.

- Não, você não vai fugir de ir até o Orochimaru! - Insistiu e eu suspirei - Mas antes vai me dizer se é isso o que eu estou pensando. - Ele me encarou com seriedade.

- Kiba... - Eu não queria dizer nada sobre aquilo, mas ele já tinha visto, não tinha como mentir. - Sim... é o que você tá pensando. - suspirei vendo ele me olhar surpreso e decepcionado.

- O QU... - Tapei sua boca impedindo que qualquer escândalo que eu sabia que ele estava prestes a fazer. Olhei para os lados vendo que não havia ninguém e suspirei aliviado, mas voltei a encará-lo com raiva.

- Não precisa fazer nenhuma cena, sim eu fui marcado mas não quero falar sobre isso. Podemos ir logo para o Orochimaru? - Pedi tirando minha mão lentamente. - Ou eu vou embora.

- Tudo bem... - Ele passou a mão no rosto, estava confuso e atordoado. - Vamos.

O caminho até a enfermaria foi silencioso, Kiba parecia processar a informação e eu estava pensando em como iria explicar aquilo tudo a ele, porque podia fugir por hora mas não pra sempre.

Eu não podia simplesmente dizer que desde algumas horas mais cedo eu tinha virado o ômega do futuro rei e que tudo aconteceu por um inevitável (mentira) acidente, dizer isso era o mesmo que assinar uma sentença de 100 anos ouvindo incontáveis sermões dele e minha mente já estava me punindo o bastante por uma vida.

Quando chegamos à sala de Orochimaru, Kiba ficou encostado perto da porta enquanto eu me sentava na cadeira para ser examinado.

- Você está mesmo com muita febre. - Orochimaru começou a falar depois de checar minha temperatura. - Faz quanto tempo que está assim?

- De manhã eu só espirrei algumas vezes, acho que foi por causa da poeira dos móveis. - Expliquei. - E depois do almoço foi piorando, agora estou me sentindo muito cansado. - Admiti.

- Entendi. - Ele se afastou um pouco - Acha que comeu alguma coisa que não te fez bem?

- Bom... - Podia-se dizer que sim, mas eu não falaria isso ao médico. - Não, eu não comi nada de diferente.

Ouvi um estalar de língua e olhei em direção a porta, Kiba parecia nervoso, me olhava com os olhos semicerrados em acusação.

- Não esqueça de mencionar sua marca. - Ele me denunciou e Orochimaru rapidamente o olhou.

- KIBA! - Praticamente gritei, ele não tinha o direito de falar isso. - O que você pensa que tá fazendo?!

- Você foi marcado, Naruto? - Orochimaru voltou seu olhar para mim e eu engoli em seco - Se for isso você precisa me dizer, você parece estar ficando muito doente e preciso entender o que está acontecendo para poder ajudar antes que seja tarde. - Me intimou com gentileza.

- O que isso tem a ver com essa gripe idiota? - Eu não queria falar, eu não podia falar! Primeiro o Kiba, agora o médico do castelo?! E isso que minha vida dependia desse segredo.

- Talvez isso não seja uma simples gripe Naruto. - Ele me olhava de forma séria, esperando que eu dissesse algo mas eu não conseguia, só queria fugir dali e fingir que nada estava errado apesar de eu me sentir piorando mais a cada minuto. - Kiba, será que você pode sair por um momento? - Orochimaru pediu surpreendendo a mim e ao Inuzuka.

- O que? Porque? Não, eu vou ficar com o Naru. - Ele se negou irritado mas Orochimaru não perdeu a calma.

- Eu preciso examiná-lo e acho que ele se sentiria mais confortável só nós dois, por favor, sim? Prometo cuidar bem dele. - Retomou a fala já se levantando para fechar a porta, seu tom não era de alguém pedindo algo, era uma ordem e Kiba saiu, mal humorado, mas saiu.

Orochimaru então fechou e trancou a porta se voltando a mim.

- Pronto, agora que estamos só nós dois você pode conversar comigo?

Encarei o chão ainda em silêncio pensando se deveria ou não dizer algo.

- Prometo que qualquer coisa que for dita aqui não saíra por essas portas, pode confiar em mim, só quero ajudá-lo.

- Mas você e Tsunade obaa-chan são amigos. - Sussurrei meu medo e isso o fez rir.

- Sim, é verdade que somos, mas isso não quer dizer que direi qualquer coisa a ela contra sua vontade. - Me acalmou levantando e indo até a mesa no canto do consultório. - Vem. - Deu alguns tapinhas no colchão. - Vamos descobrir o que está acontecendo com você.

Respirei fundo e fui até lá sentando onde ele indicou.

- Pode tirar a blusa? - Perguntou e eu acenei puxando sobre minha cabeça.

- Tudo bem, pelo que eu vejo parece uma marca bem recente, eu diria um dia no máximo, estou certo? - Senti seus dedos gelados encostarem suavemente na minha pele enquanto ele examinava.

- Sim, algumas horas pra ser exato. - Admiti.

- Tudo bem... Vou fazer uma limpeza e colocar um curativo pode ser? Normalmente não se tem nenhum problema com essas coisas mas como parece que foi uma mordida forte acho melhor cuidarmos um pouco.

Acenei permitindo enquanto ele arrumava os itens que precisava para o curativo, senti um algodão embebido em algo gelado passando pela região, me encolhi quando ardeu um pouco mas no geral ele foi bem cuidadoso porque logo eu estava pronto com o curativo feito.

- Aqui. - Me entregou um potinho marrom. - Passe isso 2x ao dia, vai ajudar na cicatrização, e vou te dar mais alguns itens para repetir o curativo todos os dias de manhã, assim não vai correr o risco de alguém ver, a noite pode deixar respirar. - Me passou as orientações me entregando tudo que eu ia precisar, quando terminou eu já estava de volta a cadeira. - Agora, sobre sua febre e mal estar, não vou perguntar que alfa te marcou Naruto, mas preciso saber, ele está no reino?

Ele ficou esperando minha resposta e eu só balancei a cabeça negativamente.

- Entendo. Bom, imagino que essa marca não tenha sido proposital estou certo? - Ele continuou investigando.

Eu estava com muita vergonha de falar então só continuei balançando a cabeça em resposta e ele acenou entendimento.

- O que acontece Naruto é que alfas e ômegas ligados não podem ficar longe um do outro por muito tempo, quanto mais tempo de ligação mais forte vocês vão ficando, o nosso corpo tem uma ótima capacidade de adaptação mas isso leva tempo entende? - Acenei tentando entender onde ele queria chegar. - Pela sua ligação ser tão recente e vocês já terem se separado isso pode estar fazendo você adoecer.

- Ele também pode ficar doente? - Pela primeira vez desde que entramos naquele assunto delicado consegui falar alguma coisa.

- Alfas são mais resistentes que ômegas então ele pode progredir mais lentamente, mas sim, ele também vai ficar tão doente quanto você. Os sintomas acabaram de começar então pode parecer uma gripe leve, mas você vai ficar cada vez pior, até não conseguir mais sair da cama.

Fiquei apavorado, como se já não fosse suficiente todo o transtorno de sermos marcados agora essa de doença.

- E não tem uma cura?

- Se vocês ficarem próximos vão melhorar, com o tempo poderão se afastar por curtos períodos, mas não se verem por muito tempo sempre vai causar mal estar. - Explicou o que eu temia.

- Mas que merda. - Abaixei a cabeça na mão incapaz de controlar minha raiva.

- Vou te dar algumas ervas que são boas para se acalmar, faça um chá com elas. - Foi até seu armário. - Também vou providenciar uma liberação de suas atividades por motivo de doença até se recuperar, mas insisto que permaneça no castelo para que qualquer emergência eu possa ajudar. - Acenei concordando e ele continuou. - Meu diagnóstico oficial será gripe, mas isso é só o que eu posso fazer no momento. - Voltou me entregando um punhado de folhas roxas. - Lembre-se que se não vê-lo não vai melhorar, pelo contrário, irá só continuar piorando.

- Obrigada Orochimaru, principalmente por não fazer uma comoção com isso. - Eu estava grato de verdade.

Ele sorriu gentil.

- Não se preocupe, é meu trabalho.

Ia sair mas parei antes de girar a maçaneta, eu tinha uma dúvida e se tinha uma pessoa que podia saber a resposta era Orochimaru, tido como o melhor médico de todas as vilas.

- Antes de eu ir... - Me virei de volta encarando seus olhos curiosos. - Queria saber se o Senhor sabe de algum jeito de... Bem, de reverter a ligação.

Sua expressão ficou empática.

- Sinto muito Naruto, que eu saiba não existe.

Não é como se eu esperasse algum tipo de milagre mas ver que nem o melhor médico de todos sabia uma forma de desaparecer com essa maldição me deixou sem chão.

- Não se desespere, olha. - Se aproximou de mim. - Eu sei que agora parece a pior coisa do mundo mas confia em mim, você vai se descobrir bem mais com isso e talvez até achar um companheiro para a vida.

Companheiro pra vida? O Sasuke?

Minha vontade era de rir mas eu sabia que ele só queria ajudar então somente agradeci sua gentileza e saí dali.

- Naruto! Como está? O que ele disse? - Kiba se desencostou da parede vindo até mim no mesmo instante que me viu.

- Estou bem. - Sorri fraco. - Disse que preciso de repouso e me deu uma licença para descansar até melhorar. - Comecei a andar para meu quarto, eu precisava urgentemente deitar.

- Tá, mas o que você tem? - Perguntou me seguindo.

- Gripe.

- Corta essa Naruto, eu sei que não é uma simples gripe, é por causa dessa marca? - Ele me pressionou.

- É Kiba, é por causa da marca. Feliz? - Parei de andar e me virei pra ele decidido a fazê-lo me dar um tempo. - Olha, minha cabeça tá me matando, eu preciso de paz, então vou pro meu quarto, depois a gente conversa pode ser?

- Naru... eu só quero te ajudar. - Respondeu parecendo magoado o que me deixou mal, ele não tinha culpa de nada e realmente só estava preocupado mas eu mal tinha forças pra lidar com meus próprios problemas então ignorei o sentimento de culpa.

- Sim, e eu agradeço muito. - Segurei um de seus braços de forma amigável, eu não queria que ele ficasse triste comigo. - Mas agora você ajuda me deixando descansar, e prometendo que não vai falar nada sobre o que viu pra mais ninguém. - Olhei fundo em seus olhos castanhos implorando.

- Tudo bem Naru, mas em troca você promete que me chama se eu puder ajudar em algo? - Pediu e eu acenei positivamente grato por sua amizade.

- Obrigada Kiba.

Lhe dei um abraço rápido e segui sozinho pelo resto do caminho até meu quarto onde sem cerimônias caí na cama exausto.


Notas Finais


Kiba fofoqueiro 💁🏻‍♀️💅


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