História Sem Rumo - Quem é você?

A música estava de volta á Fronteira, alguns grupos estavam espalhados pelas ruas cantando, rindo, bebendo... Ainda era quarta-feira. Itachi estava na rua improvisando rap com alguns amigos, como era raro ver dos últimos tempos.

 — O que faz aqui? – Itachi perguntou estranhando a visita.

— Preciso falar com você. – O homem se aproximou.

— Vamos para minha casa então. – Sua expressão não era de diversão ou de agrado. Deixou os amigos e foi à frente para que o homem o seguisse.

— A Fronteira parece bem... sem graça, para ser gentil. – Disse o homem seguindo Itachi.

 Chegaram à sala espaçosa, Itachi puxou uma cadeira e se sentou encarando o homem que estava á sua frente. Cheio de tatuagens com quase dois metros de altura, ele se jogou no sofá, como se fosse de casa.

— Olha Itachi serei direto. – Disse sem delongas. – Queremos você de volta á Akatsuki.

A Akatsuki era uma gangue que estava tomando proporções grandes, se tornando a primeira grande e temida máfia de Konoha, que teve fim há pouco mais de três anos.

— Como? – Perguntou sem acreditar. Konan tinha razão, a organização estava de volta.

– Isso mesmo! Queremos todos os membros de volta! – Tornou a dizer. – Já falamos com o Pain, Konan, Deidara, Sasori. Todos aceitaram voltar! – Itachi franziu o cenho e estreitou os olhos, não estava gostando do rumo da conversa.

Ninguém quis voltar, todos provavelmente estavam sendo coagidos a tal. O líder não tinha nome, agia nas sombras. Itachi liderou a queda da Akatsuki e eles quase não saíram vivos, a volta deles não era só desesperada como também suicida.

— Como você falou com eles antes de falar comigo? – Itachi perguntou aparentemente irritado.

— Isso é o de menos. Precisamos de você. – Disse o encarando com um sorriso de canto.

— Caralho Hidan, você só vem trazer merda? – Perguntou colocando a mão na testa. – O quanto lutamos pra isso acabar? O que querem com á gente de novo?

— Queremos reunir o grupo outra vez. – Disse simplesmente.

— Por qual motivo? Não somos traidores? – Itachi se levantou nervoso e Hidan levantou também, porém calmo.

— Deixa de ser desconfiado Itachi. – Repreendeu sério. – O chefe só está cansado da sociedade e ele os querer de volta é bom sinal.

— E o que ele quer lá que precise de nós? – Se mostrou um pouco mais interessado, afinal o que o grande e misterioso mandante da Akatsuki queria na Sociedade que o colocasse em posição de juntar quem já se virou contra ele uma vez?

— Golpe de estado. – Murmurou.

— Eu não vou voltar. – Itachi negou na mesma hora. Queria saber dos planos da Akatsuki, mas se envolver, nunca mais.

— Você tem potencial pra crescer lá dentro Itachi, ele está disposto a esquecer do passado. Larga essa Fronteira. – Exclamou. – Se liga Uchiha, essa porra vai acabar essa brincadeira vai ter um fim! – Tentou convencê-lo, estava irritado assim como Itachi. Ambos se mantinham em pé.

— Eu não fiz tudo o que fiz pra voltar pra lá. – Retrucou. – Não adianta jogar comigo falando de redenção.

— Há muito tempo a Fronteira não é a mesma. A Sociedade quer derrubar isso aqui e vai conseguir. – Debochou.

Itachi não conseguia diferenciar o que era informação e o que era provocação da parte de Hidan, afinal ele era o espião, os olhos e ouvidos na Sociedade e se isso fosse verdade ele saberia.

— A Fronteira não morreu e não vai, traga-os aqui para a festa de sábado! Vai ver que a Sociedade não tem poder aqui. – Itachi foi até a porta em passos duros e a abriu.

Era o grande dia, passou pela porta do hospital e correu pela recepção atraindo olhares confusos para si. Logo se esbarrou em uma mulher, era Anko.

 — Ino pra que á pressa? – Perguntou segurando brevemente a garota pelos ombros.

— Gaara já acordou? – Disse a parando.

— Ah, é isso. – Riu. – Vai vê-lo, ele já está acordado há mais ou menos uma hora. – Ela a soltou.

Ino estava feliz, finalmente falaria com ele. Neji não estava lá para atrapalhá-los, e agradeceu por deixar seu orgulho em casa. Dois andares os separavam. Esperou impacientemente o elevador, que por algum motivo estava parado no último andar. Ela esperou os três minutos mais demorados da sua vida. Cogitou subir pelas escadas, mas como honraria o cargo de “segunda pessoa mais preguiçosa de Konoha” desse jeito?

Pegou o elevador e logo estava no terceiro andar. Respirou fundo, sentiu seu coração acelerar e suas mãos suarem. Foi até a porta do quarto e bateu na porta. Precisava de mais alguns segundos antes de vê-lo novamente. Temari e Shikamaru saíram e deram espaço para ela entrar.

— O que aconteceu? – Perguntou vendo o rosto sério dos dois.

— Nada Ino. – Temari respondeu num suspiro.

 Estranhou o comportamento de ambos, mas não comentou, estava ansiosa demais para analisar a situação. Adentrou o quarto sem olhar a cama em que o ruivo estava. Fechou á porta a encarando e suspirou fechando os olhos brevemente. Virou para o ruivo que mantinha uma sobrancelha arqueada, só assim pode ver o quão estava nervosa e não preparada para aquele momento.

 — Gaara... – Sussurrou para si, e ele a olhou confuso.

— Quem é você? – Perguntou com os olhos estreitos, esperando a loira se apresentar.

— Não se lembra de mim? – Ela perguntou, e só assim sentiu uma lágrima escorrer. Ele negou.

— Você é alguma coisa minha? – Perguntou com o semblante confuso, mas tranquilo. Ino se aproximou da cama, tinha certeza que seus olhos estavam mais abertos que o normal.

— Eu sou sua... – Segurou para dizer. Pensou em mentir, seria mais fácil se ele pensasse que ela era sua namorada, mas não seria justo.

— Minha? – Perguntou para que á mesma continuasse.

— Sua... Amiga. – Custou em dizer. Não encarava Gaara nos olhos.

— Tem certeza? Parece em dúvida. – Sorriu de canto.

— Tenho, sou apenas amiga. – Disse mais controlada e convicta. – Você conhece á Temari? – Perguntou.

— Lógico! Ela é minha irmã. – Disse rapidamente, rindo da pergunta. Então notou que ela não significava nada, e Temari agiu normal por nada ter mudado com ela.

— Entendo... – Murmurou ainda de pé.

— Senta aqui, me conta quem é você. – Ino sentou na ponta da cama.

— Não tem nada pra contar, nos conhecemos em uma festa e por ser amiga da sua irmã eu estou aqui. – Mentiu encarando a porta novamente, não queria que ele visse seu pouco controle se romper.

— Que feio mentir. Não me esqueceria de você Ino. – Ele sorriu de lado e isso despertou a ira da Yamanaka.

— Não tem graça. – Disse séria quando o ruivo começou a rir. – Vi que está de volta... – Se levantou irritada e bateu o pé até a porta. Num pulo Gaara levantou depressa e foi até a porta.

— Não precisa ficar brava, foi só uma brincadeira. – Disse colocando á mão sobre a maçaneta e á encarando. – Obrigada. – Murmurou á beijando.

Gaara com a mão não enfaixada pegou a nuca de Ino e a deixou contra a porta. No começo de um beijo tímido, Ino deu passagem para algo mais intenso. Não pode deixar de compará-lo com Neji, ele beijava bem, mas não era como o ruivo, lembrou-se de como ele havia a beijado na festa e como sentia falta daquele beijo. Uma simples aproximação dele lhe faltava o ar. Sim, odiava ele ter esse poder.

 — Me desculpa. – Disse deixando outra lágrima cair, não parou de abraçá-lo. – Por ter medo, por ter ficado com o Neji...

— Esquece isso Ino. – A interrompeu voltando á beijá-la.

 Não sabia ao certo o que sentia, e não se lembrava do que passou todo esse tempo, mas sempre ouvia uma voz suave chorando e dizendo coisas que nunca ninguém lhe dissera. Tinha certeza que era Ino.

 — Você me deixa confusa. – Disse fechando os olhos com força e os abrindo em seguida.

— Eu sei que deixou o Neji, e ficou comigo esse tempo todo. – Ele comentou, Temari teria contado. – Talvez você tenha errado, mas se errou eu errei primeiro. – Disse e levou a mão que não estava enfaixada na cabeça.

— Gaara? – O ruivo foi até a cama e deitou. – Você está bem? – Perguntou preocupada sentando ao lado dele.

— Estou. – Respondeu fechando os olhos momentaneamente.

— Você não devia ter levantado. – Se sentiu culpada.

— Você vale á pena. – Sorriu, e ela o bateu de fraco. – O que foi dessa vez? – Perguntou rindo.

— Você é muito idiota. – Sorriu. – Vou deixar a Temari com você, ela está com saudades. – Informou saindo do quarto. Como apressaria as coisas? Uma coisa era estar com ele desacordado e outra era ele estar lá, interagindo com ela.

Sakura e Sasuke subiam a Fronteira, ele a tinha convidado como de costume, precisava falar com ela, mas encontraram Itachi que os barrou.

— Sakura preciso muito falar com você. – Disse Itachi descendo á escada.

— Claro Itachi o que foi? É algo importante? – Perguntou visivelmente preocupada.

— Não se preocupa. Só preciso falar com você em particular... – Acrescentou, não queria Sasuke presente.

— Claro...

— Pra que quer falar com ela sozinho? – Sasuke perguntou sem disfarçar o desgosto do pedido.

— Eu já volto Sasuke. – Sakura respondeu por Itachi que encarou Sasuke sem dizer nada, não gostava da postura dele com a Sakura, ela não era propriedade, para ele falar daquela maneira.

 — Sakura eu preciso de um favor seu. – Pediu quando entraram na casa dele.

— O que foi Itachi? – Perguntou se sentando no sofá, á pedido do garoto.

— Quero que seja minha namorada. – Pediu.

— O que? – Perguntou surpresa.

— Calma Sa, eu quero que seja minha namorada na festa de sábado á noite. – Disse acalmando a garota.

— Tipo, uma namorada falsa?

— Quase isso. Então? Aceita? – Perguntou estendendo a mão á garota. Ele não aceitaria não como resposta.

O sorriso do Itachi era daqueles de tirar o chão de qualquer garota. Sakura pensou por um segundo em Sasuke, mas era um pedido de Itachi, não poderia negar e Sasuke nunca rompeu a barreira da amizade, mesmo ela estando disposta.  

— Isso tem algo a ver com aquele homem que vai vir aqui na festa? – Perguntou desconfiada. – Sasuke me contou. – Concluiu.

— Mais ou menos. – Se limitou a dizer.

— Itachi, você não precisa provar nada á ninguém. – Alertou. Itachi sorriu outra vez e á olhou nos olhos. – Você é o líder da Fronteira, pode ficar com qualquer uma, porque eu? – Perguntou querendo explicação.

— Por que eu gosto de você Sakura. – Ela revirou os olhos sem graça. – Nenhuma garota da Fronteira traria tanto impacto quanto a Sra. Haruno. – Ele não tirou o sorriso e Sakura sorriu de volta.

— Vou fazer esse favor, só essa noite! – Disse vencida, seria fictício. – Essa noite eu digo, até a festa acabar. – Riu vendo a cara de safado do Uchiha.

— Faço você mudar de ideia até o final da festa. – Levantou acompanhando a rosada.

— Acho difícil. – Disse saindo da casa com Itachi.

— Pronto Sasuke! A Sakura está aqui! – Disse com o olhar debochado, olhando para o irmão que demonstrava impaciência.

 Sasuke bufou e saiu de perto, Sakura acenou brevemente para Itachi que ria internamente pela reação do irmão. Sakura percebeu e revirou os olhos indo atrás do Uchiha mais novo.

Descendo as escadas percebeu que Sasuke andava em passos largos, não deixando ela o acompanhar. Ele parecia estar bem irritado. Sakura andou mais depressa até alcançar Sasuke e chamou seu nome.

— Sasuke. – O chamou com a voz firme. O moreno parou de andar ainda com sua expressão de impaciência.

— Qual o seu problema Sasuke? – Perguntou irritada com a reação sem motivo de Sasuke. – Disse que queria falar comigo, por que isso agora?

— Eu que deveria te fazer perguntas, tipo, o que foi que Itachi te pediu? – Perguntou autoritário, Sakura suspirou como se buscasse paciência.

— Itachi me pediu pra ser a namorada dele. – Disse desviando o olhar, já que Sasuke mantinha seu olhar fixo nela.

— E você respondeu que não, não é? – Perguntou sério como se não tivesse outra resposta.

— Por que diria não? – Respondeu com outra pergunta, ingênua. O olhando no olho.

Não conseguiu naquele momento interpretar o que havia por de trás dos olhos do Uchiha. Uma mistura de emoções que não conseguiu decifrar nem por um instante.

— Responda minha pergunta. – Sakura ouviu quase como uma súplica, agora quem estava brava era ela, que estava sendo tratada daquela forma sem motivos.

— Sim Sasuke, eu aceitei ser a namorada do seu irmão. E qual é o problema? – Perguntou parcialmente irritada. – O que queria de mim era me pedir em namoro? Só assim pra eu dizer não. – Concluiu. Sasuke a encarou com um sorriso de canto, o que fez dobrar sua irá.

— Você não sabe o preço de ser a namorada do Itachi. – Ele a alertou ignorando o que ela havia dito.

— É só essa noite, de mentira. – Reforçou.

— Não se engane, espero que se divirta essa noite! – Sorriu e deu as costas para Sakura que tinha seus olhos queimando de raiva.

 Como ele conseguia aquela reação dela? Ele despertava as mais diversas emoções. Sasuke não iria mudar seu temperamento, não queria que mudasse, mas também não conseguia se adequar a ele.

— Ino querida nós precisamos conversar. – Anko a encontrou na lanchonete. – Houve uma complicação e não vai poder ver o Gaara essa semana. – Informou.

— Que tipo de complicação? Tem a ver com a dor de cabeça de mais cedo? – Ela perguntou nervosa com um copo de isopor nas mãos.

— Ele está se recuperando, bateu a cabeça e quase sofreu um grave traumatismo craniano, foi sorte só ter rachado. Ele ainda vai ter dores.

— E por que não posso vê-lo? Qual o problema? – Perguntou se exaltando.

— Agora que ele está no quarto, ele decide. – Disse simplesmente.

— Como assim?

— Ele precisa se recuperar esses dias. Ele quer ficar sozinho, rever tudo o que perdeu essas semanas de coma... – Tentou faze-la compreender.

— Isso não é justo. – Retrucou inconformada.

— Entenda Ino, a ideia foi de Gaara.

— Em não me ver? Por quê? – Perguntou sem acreditar.

— Vá pra casa Ino. Descanse, faça como Gaara. Dê um tempo. – Aconselhou. Ino bebeu o café e analisou a situação, Gaara estava de volta e não sabia o que isso significava.

Continua...